Boa tarde,

As conversações com o meu colega, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Vietname, Bui Thanh Son, tiveram como traço marcante a construtividade e amizade. Tivemos uma conversa aprofundada, tendo trocado opiniões sobre uma vasta gama de questões de interesse mútuo. Reafirmámos a vontade das partes de reforçar consistentemente a parceria estratégica global entre os dois países, com base nas longas tradições de amizade, solidariedade e apoio mútuo.

Congratulámo-nos com o diálogo político regular e substantivo mantido a alto e ao mais alto níveis apesar da pandemia da infeção pelo coronavírus.

Dispensámos especial atenção à implementação dos acordos alcançados pelos nossos líderes, inclusive durante a sua conversa telefónica de 16 de setembro deste ano.

Ao discutir as nossas relações económicas e comerciais, concordámos que o Acordo de Livre Comércio entre a UEE e o Vietname contribuiu realmente para um aumento do comércio bilateral. Em 2020, as trocas comerciais entre os dois países cresceram 15%, apresentando um aumento de 24% no período de janeiro a julho deste ano. Considerámos as possibilidades de retificar o desequilíbrio no comércio bilateral, inclusive através da ampliação da presença dos exportadores russos no mercado vietnamita.

Acordámos em contribuir para que o projeto de instalação de linhas de montagem de grandes conjuntos de peças de veículos automóveis russos no Vietname seja levado à prática, o mais rapidamente possível. As nossas prioridades incluem a implementação de iniciativas de grande escala na produção industrial, obras de infraestrutura e transportes. 

Falámos sobre as perspetivas da conjugação dos esforços em áreas como a segurança da informação, criação de governo eletrónico e cidades inteligentes, banca, setor agroindustrial, telecomunicações e vias de comunicação. 

Elogiámos o estado de coisas no setor do petróleo e gás. Concordámos em continuar a criar condições favoráveis ao funcionamento eficaz da empresa de capital aberto Gazprom, a S/A Zarubezhneft e a empresa de capital aberto NOVATEK no Vietname e KNG Petrovietname na Rússia.

Reiterámos a intenção das partes de intensificar coerentemente a cooperação técnico-militar e a cooperação em defesa e segurança entre os dois países. 

Consideramos importante impulsionar as obras de construção do Centro de Ciência e Tecnologia Nuclear no Vietname, bem como assegurar operações estáveis do Centro Misto Russo-Vietnamita de Investigação e Tecnologia Tropical.

Temos uma visão positiva da cooperação nos sectores de ensino e formação de pessoal, especialmente no que diz respeito ao ensino dos estudantes vietnamitas na Rússia por conta de recursos orçamentais russos. Este ano, um milhar de estudantes vietnamitas são beneficiários deste programa. O número total de estudantes, pós-graduados e estagiários do Vietname no nosso país ascende a seis mil. O Vietname está entre líderes neste indicador entre os nossos parceiros.

Temos uma coincidência ou uma proximidade de posições em relação à maioria dos problemas mais importantes da atualidade. Falámos sobre a nossa interação na ONU, bem como sobre a situação na Região Ásia-Pacífico (APAC). Partilhamos a opinião de que existe a necessidade de criar na APAC uma arquitetura de segurança igual e indivisível adequada às realidades modernas, baseada em normas do direito internacional universalmente aceites. Partilhamos a opinião de que as tentativas de traçar novas linhas divisórias na APAC são contraproducentes.

As conversações foram muito proveitosas e permitiram-nos compreender como continuar a trabalhar eficazmente para implementar os acordos alcançados pelos líderes dos nossos países.

Obrigado.

Pergunta: O dia anterior marcou o aniversário da segunda guerra de Nagorno-Karabakh entre o Azerbaijão e a Arménia que foi feita parar há um ano pelos tremendos esforços da Rússia. Como o senhor avalia o período pós-guerra em termos da implementação da declaração trilateral? Que realizações são, na sua opinião, as mais importantes? Recentemente, os nossos parceiros franceses e americanos têm promovido ativamente a ideia da necessidade de resolver a questão do estatuto de Nagorno-Karabakh. O senhor não acha que esta é uma tentativa prematura de avivar o assunto que mencionou anteriormente? Quais são agora os objetivos do Grupo Minsk? Esperam-se alguns resultados em matéria de transporte e desbloqueio económico até ao final do ano em curso?

Serguei Lavrov: O principal resultado de quase um ano decorrido desde 9 de novembro de 2020 é o de que a situação foi estabilizada. A estabilidade está a ser mantida. A força de paz russa está a fazer com que agora não estejamos a assistir a nenhumas ações violentas. Os pequenos incidentes que se verificaram na fase inicial foram rapidamente resolvidos. Quero sublinhar que a situação é estável agora. No entanto, existem muitos problemas, em primeiro lugar, em termos de organização da vida pacífica, fim do processo de desminagem, regresso dos detidos e assim por diante. 

O mais importante é estabelecer uma vida pacífica e estável na região e fazer com que as comunidades arménia e azeri estabeleçam entre si a confiança, que existiu ali durante muitas décadas antes da primeira guerra de Nagorno-Karabakh, e as questões do regresso dos refugiados e outros problemas quotidianos sejam resolvidos.

Quanto aos co-presidentes do Grupo de Minsk da OSCE, no outro dia os três co-presidentes que representam a Rússia, EUA e França reuniram-se em Nova Iorque com os Ministros dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão e da Arménia. Pelo que estou a entender, concordaram em retomar as suas viagens à região para visitar e falar com os representantes da Arménia e do Azerbaijão in loco e planearam algumas reuniões em Stepanakert. Parece-me que a sua principal tarefa é contribuir para as tendências positivas, reforça-las por todos os meios e garantir a coexistência pacífica e cooperação entre as comunidades arménia e azeri. Nesta fase, não faria planos mais ambiciosos.