Intervenção do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, na conferência de imprensa conjunta com Téte António, Ministro das Relações Exteriores de Angola, Luanda, 25 de janeiro de 2023
Senhoras e Senhores,
Gostaria de expressar os meus agradecimentos aos nossos amigos angolanos pelo caloroso acolhimento e hospitalidade de que fomos alvo.
A nossa visita inclui reuniões com o Presidente da República de Angola, João Lourenço, e o Ministro das Relações Exteriores, Téte António.
Acabo de ter conversações com o meu homólogo angolano. Os Ministros dos Recursos Naturais e das Telecomunicações também participaram na nossa reunião.
Foi com satisfação que constatámos que as relações de amizade entre os nossos dois países, testadas pelo tempo e pela história, continuam a desenvolver-se de forma progressiva em conformidade com os acordos alcançados ao mais alto nível e que preveem a intensificação da nossa interação nas áreas política, económica, comercial, técnico-militar e humanitária. Hoje falámos de todas estas questões em pormenor.
O principal resultado é a nossa confiança na necessidade de dar prioridade à nossa cooperação económica e comercial, sobretudo na preparação da próxima reunião da Comissão Intergovernamental Rússia-Angola de Cooperação Económica, Comercial, Científica e Técnica. As áreas promissoras de interação incluem geologia e mineração, energia, telecomunicações, tecnologia da informação, atividades espaciais e agroindústria. Esperamos que a Comissão se reúna nos finais de abril próximo em Luanda.
O lançamento do satélite angolano AngoSat-2 realizado em outubro de 2022 proporciona-nos possibilidades para dar continuidade à cooperação na exploração do espaço para fins pacíficos e em outras indústrias de alta tecnologia.
Qualificámos como positiva a nossa cooperação na área humanitária, especialmente na educação. Em Angola, há ainda um grande interesse pela língua russa. Por esta razão, aumentámos a quota de bolsas de estudo de 150, neste ano letivo, para 300 no próximo ano.
Acordámos em acelerar o processo de ajuste de uma série de novos projetos de acordos intergovernamentais, entre os quais os relativos à abertura de centros culturais, à energia nuclear, às operações humanitárias e à marinha mercante.
Os nossos países têm posições de princípio idênticas sobre o desenvolvimento da cooperação no cenário internacional. Somos fiéis aos princípios da Carta das Nações Unidas, entre os quais o princípio fundamental do respeito pela igualdade soberana dos Estados e da não ingerência nos seus assuntos internos.
Reiterámos a posição da Rússia a favor da reforma do Conselho de Segurança da ONU, de modo a aumentar a representação dos países em desenvolvimento de África, Ásia e América Latina.
A Rússia apoia os esforços consistentes da União Africana, da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, da liderança angolana e do Presidente João Lourenço para contribuir para a resolução dos conflitos na região. O Presidente da República de Angola desempenha um papel importante como Presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos.
Continuaremos a apoiar, no Conselho de Segurança da ONU, as abordagens para a resolução de situações de crise em África, abordagens essas que são promovidas pelos próprios países africanos.
Analisámos a implementação dos acordos alcançados na primeira cimeira Rússia-África realizada em Sochi em outubro de 2019 e trocámos opiniões sobre os preparativos para a segunda cimeira entre a Rússia e o continente africano, a realizar em São Petersburgo no final de julho próximo.
A pedido dos nossos colegas, expusemos a nossa visão dos mais recentes desdobramentos na Ucrânia. Chamámos a atenção da parte angolana para as ações do Ocidente que, durante muitos anos, criou razões para a utilização direta da Ucrânia como instrumento de guerra híbrida total contra o nosso país e para que aquele país conduzisse uma política colonial direta contra a sua população de língua russa. É precisamente para evitar esta política ilegal e flagrantemente racista do regime de Kiev e para impedir a criação de ameaças diretas à segurança da Federação da Rússia em território ucraniano que estamos a realizar a operação militar especial, sobre a qual informamos regularmente a comunidade internacional.
As conversações havidas confirmaram a importância de um diálogo regular e franco, baseado em confiança e espírito de camaradagem, entre os nossos países. Esperamos dar-lhe continuidade durante a próxima visita do Ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, a quem estou a convidar para vir à Federação da Rússia.