Comentário do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia a respeito de evento temático à porta fechada sobre a problemática da OPAQ
Nós prestámos atenção às informações que apareceram em uma série de publicações on-line ocidentais sobre o que aconteceu em outubro deste ano em Bruxelas, num evento temático, que decorreu à porta fechada e foi dedicado aos problemas que se colocam hoje em dia perante a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), e no qual participaram eminentes representantes dos círculos científicos e sociopolíticos de vários países. Com base em seus resultados, foi emitida declaração com críticas bem fundamentadas sobre a investigação do incidente químico de grande ressonância, ocorrido na cidade síria de Duma, em 7 de abril de 2018, efetuada pela Missão da OPAQ a fim de estabelecer fatos do uso de armas químicas na Síria (MEFS).
Compartilhamos totalmente as dúvidas contidas no documento sobre a validade das conclusões apresentadas pela MEFS como resultado desta investigação. Estamos de acordo que as análises químicas e toxicológicas realizadas pela Missão, os cálculos balísticos e o interrogatório de testemunhas não eram convincentes do ponto de vista da abordagem profissional e, ao mesmo tempo, apresentavam todos os sinais de predisposição política. Estamos solidários ainda com a opinião, expressa a esse respeito por peritos internacionais independentes, de que tudo isso põe em causa a imparcialidade do relatório preparado a propósito da Duma.
A Rússia tem apontado, reiteradas vezes, para sérias deficiências existentes em atividades da MEFS, realizadas em vários casos, com violação dos altos padrões da OPAQ. Os relatórios da Missão se baseiam em testemunhos, recolhidos à distância por grupos de oposição ao governo sírio, enquanto as informações fornecidas pelas autoridades sírias, tem sido ignoradas, as investigações não são realizadas de acordo com o procedimento de ações prescritas pela OPAQ, necessárias para a recolha de testemunhos (chain of custody), persistem ainda perguntas quanto ao quadro orgânico da MEFS, no qual prevalecem representantes dos países ocidentais e seus aliados.
Aderimos, pois, ao apelo lançado por especialistas internacionais à Secretaria Técnica da OPAQ no sentido de se oferecer oportunidade a todos os membros da MEFS, sem exceção, ligados à investigação deste episódio, de responder a perguntas dos países membros da Organização na próxima sessão da Conferência dos Estados Membros da OPAQ que terá lugar em 25 e 29 de novembro em Haia. Sabemos que alguns deles têm algo a dizer.
Por isso, diante de tais sinais, que vêm não somente dos países membros da OPAQ, mas também de especialistas de renome mundial, convinha à direção da Secretaria Técnica da OPAQ fazer conclusões apropriadas sobre verdadeiras causas da atual crise na Organização, que acabou literalmente dividida devido à excessiva politização do “dossiê químico” sírio obviamnte inventado e às decisões impostas a esse respeito por um grupo de países ocidentais, que não só saem dos limites da OPAQ, mas também se intrometem nas competências do Conselho de Segurança da ONU.