Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, fala com a imprensa após negociações com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, Reykjavik, 19 de maio de 2021
Como podem ver, levámos mais tempo a conversar do que o planeado. A conversa pareceu-me construtiva. Há uma compreensão da necessidade de acabar com a situação insalubre criada nas relações entre Moscovo e Washington nos anos anteriores. Há muitos “escombros”. Não é fácil removê-los. Senti que Antony Blinken e a sua equipa estão dispostos a fazê-lo. Não nos faremos esperar. Como o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou muitas vezes, estamos prontos a considerar e resolver em pé de igualdade, respeito mútuo e procura de um equilíbrio de interesses quaisquer questões da nossa agenda bilateral, assim como questões regionais e globais, conflitos e crises.
Abordámos o tema das "presenças" diplomáticas da Rússia nos EUA e dos EUA na Rússia. O "círculo vicioso" de golpes foi iniciado pelo antigo Presidente dos EUA, Barak Obama. Quando ele estava a sair da Casa Branca, os nossos bens diplomáticos nos EUA foram invadidos e confiscados, os diplomatas russos e as suas famílias foram expulsas de maneira inadequada e rude. Aguentámos isso durante muito tempo. Pensávamos que a administração de Trump iria reconsiderar estas decisões. Isso não aconteceu. Pelo contrário, em 2017, os EUA adotaram novas decisões anti-russas e anti-diplomáticas. Como resultado, tivemos de responder. Esta reação em cadeia não agrada a ninguém. Senti hoje que os nossos colegas americanos têm a mesma sensação. Prepararemos propostas para os nossos Presidentes sobre estas questões e sobre o desenvolvimento do diálogo sobre estabilidade estratégica: esta é uma tarefa-chave que preocupa a maioria dos países da comunidade internacional. Esta é a responsabilidade da Rússia e dos EUA como as maiores potências nucleares. Reiterámos a nossa proposta de iniciar um diálogo que considere todos os fatores que afetam a estabilidade estratégica: nucleares, convencionais, ofensivos e defensivos. Não senti que eles se opuseram a este conceito, mas os peritos ainda precisam de trabalhar sobre isto.
Concordámos em prosseguir as nossas ações conjuntas, que estão a ir bem, na área de conflitos regionais onde os interesses da Rússia e dos EUA coincidem: o problema nuclear da península coreana; a situação com os esforços para a restauração do JCPOA para o programa nuclear iraniano; o Afeganistão, onde a "troika" alargada, composta pela Rússia, China, EUA e o Paquistão, está a trabalhar ativamente. Falámos sobre como, neste momento, poderíamos tornar todas as nossas ações conjuntas mais eficazes.
Penso que tivemos uma conversa muito proveitosa. Levaremos isso ao conhecimento dos nossos Presidentes. A reunião foi uma consequência da conversa telefónica entre Vladimir Putin e Joe Biden em abril deste ano. Espero que eles venham a identificar vias para corrigir a situação evidentemente insalubre nas relações bilaterais.
Pergunta: A Rússia liberou a realização da cimeira?
Ministro Serguei Lavrov: Não somos uma alfândega para “liberar”.