Ministro Serguei Lavrov fala ao canal Pervy após reunião com o Primeiro Vice-Secretário de Estado dos EUA, Stephen Biegun, Moscovo, 25 de agosto de 2020
Pergunta: Quanto à reunião que acaba de terminar. De que assuntos se tratou? Foi discutida a situação na Bielorrússia e o recente encontro com Svetlana Tikhanovskaya?
Ministro Serguei Lavrov: Sim, claro que falámos da Bielorrússia. Ouvimos que os EUA confirmaram não estarem interessados em criar crise artificial em torno da situação na Bielorrússia. Sublinharam estarem interessados em que todos os jogadores externos favorecessem o estabelecimento do diálogo entre o poder e a oposição. Dissemos em resposta que apoiamos esta abordagem. Mas não consideramos possível tentar impor, desde o exterior, às autoridades bielorrussas e ao povo bielorrusso mediadores, quer que se trate da OSCE, da União Europeia, de um país vizinho. Os bielorrussos são um povo sábio, são capazes de determinar eles próprios as formas de organização do diálogo nacional e os pontos em que ele poderá superar as dificuldades atuais.
Indicámos a iniciativa do Presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukachenko, promovida por ele ainda antes das eleições presidenciais e reiterada já depois das eleições - falo da iniciativa de reforma constitucional como base para a consolidação da sociedade com posterior organização das eleições do Presidente, do Parlamento e de órgãos locais de governo. Acredito que esta mão é estendida a todos os interessados em uma Bielorrússia estável e unida. Claro que deve ser notada pela oposição e pelos nossos parceiros ocidentais que estão a dirigir esta oposição.
Pergunta: Stephen Biegun revelou ao senhor os pormenores da sua reunião com Svetlana Tikhanovskaya? Como o senhor avalia este encontro?
Ministro Serguei Lavrov: Ele disse que o encontro foi útil e que os EUA veem possibilidades de o Conselho Coordenador chefiado por Svetlana Tikhanovskaya iniciar o diálogo com as autoridades da República da Bielorrússia. Respondemos que consideramos importante dar aos próprios bielorrussos a possibilidade de definir a composição do diálogo nacional. Indicámos ao Vice-Secretário de Estado dos EUA, Stephen Biegun, que existem dentro da Bielorrússia, inclusive nos círculos oposicionistas, muitas perguntas a respeito da legitimidade da criação deste Conselho Coordenador. Muitos dos seus membros só aprenderam a posteriori que tinham sido incluídos nele. Ninguém os tinha consultado. Já há exemplos de saída do Conselho de certas pessoas incluídas nele. Gostaríamos muito de compreender quais são os critérios políticos que este Conselho Coordenador quer adotar como fundamento para o seu funcionamento. Houve muitas informações contraditórias a respeito do programa do Conselho. No site de Svetlana Tikhanovskaya publicavam-se objetivos muito contraditórios. Estes objetivos foram depois apagados do site. E a composição, as pessoas representadas neste Conselho geram perguntas a respeito da sua visão das relações com a Federação da Rússia.
Pergunta: Será que há sintomas de incitação ao ódio antirrusso por esta viagem?
Ministro Serguei Lavrov: Não existe nenhuma razão óbvia para que atitudes antirrussas se fomentem na República da Bielorrússia. Mas estamos a observar desejosos de provocar uma nova onda de violência na Bielorrússia. Apelámos hoje ao Vice-Secretário de Estado a que os países ocidentais chave fortaleçam e apoiem as tendências positivas observadas na semana passada em Minsk e em outras cidades, com as manifestações sendo realmente pacíficas, sem provocar o uso de força pela polícia. O nosso apelo consistia em que estes países, principalmente os EUA e os líderes da União Europeia, prestem atenção aos círculos socias, por exemplo, na Polónia, na Lituânia, que manifestam o seu descontentamento pela normalização da situação na Bielorrússia, tentando fomentar a violência para provocar a reação correspondente da polícia e dos militares. Consideramos isso extremamente perigoso, e posso dizer que o senhor Biegun, a meu ver, ouviu as nossas advertências sérias.
