Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 22 de fevereiro de 2022
Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, participa na reunião do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros do G20
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, participa, nos dias 1 e 2 de março próximo, na Reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 em Nova Deli.
Consideramos esta plataforma como fórum-chave para a governação global. A procura pelo diálogo diplomático no âmbito do G20 aumentou muito face à exacerbação do confronto nas relações internacionais, ao aumento dos riscos para a economia global e, de facto, aos abusos praticados pelos regimes políticos ocidentais.
A reunião, a ser realizada sob o lema aglutinador da Presidência indiana sobre a uniformidade do planeta e do seu futuro, pretende abordar a problemática do reforço do potencial das instituições internacionais e da reforma das mesmas, assim como as questões relacionadas com o reforço das posições dos países em desenvolvimento no processo de tomada de decisões coletivas. A segurança energética e alimentar e o combate ao terrorismo estarão também na ordem do dia.
O quadro conceptual dos próximos debates delineado pelo lado indiano está de acordo com a lógica da formação de um sistema económico mundial policêntrico. A Rússia pretende concentrar-se nas questões relacionadas com a construção de uma cooperação interestatal em pé de igualdade e respeito mútuo, reafirmar o papel central das Nações Unidas e do direito internacional, chamar mais uma vez a atenção para a natureza perniciosa das sanções ilegítimas, da concorrência desleal e do protecionismo e salientar a necessidade de uma resistência coletiva ao domínio do Ocidente e às suas práticas neocoloniais.
Serguei Lavrov tem uma agenda cheia de reuniões bilaterais, devendo encontrar-se, à margem da reunião, com os seus homólogos de outros países, entre os quais o Brasil, a China e, naturalmente, a Índia, anfitriã do encontro.
Ponto da situação na crise da Ucrânia
Há exatamente 9 anos (na noite de 21 para 22 de fevereiro), um golpe de Estado inconstitucional orquestrado pelo Ocidente ocorreu em Kiev. Os nacionalistas radicais, que não fizeram segredo da sua russofobia nem dos seus agressivos planos antirussos, foram levados ao poder no país. O golpe sangrento foi o ponto de viragem e o ponto de partida da tragédia ucraniana ocorrida diante dos nossos olhos. Tudo o que aconteceu depois na Ucrânia não pode ser descrito a não ser caos político, niilismo legal e ultranacionalismo e nazismo desenfreado.
Este roteiro poderia ter sido evitado se o acordo de 21 de fevereiro de 2014 entre o então Presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovitch, e os líderes da oposição tivesse sido implementado. Publicámos o texto deste acordo no nosso sítio web. Foi mediado pela Alemanha, França e Polónia e divulgado como documento oficial na OSCE e outras organizações.
Os "vencedores" dos protestos na Praça Maidan, porém, espezinharam este documento logo depois de ter sido assinado, puseram-no lixo porque não era mais necessário e se esqueceram dele, evitando posteriormente fazer quaisquer comentários sobre o seu destino. Com efeito, havia algo para comentar? Cometeram mais uma falsificação. Isso quando a implementação do acordo abriria uma perspetiva de saída pacífica da crise política interna. Em vez de formar um governo de unidade nacional e realizar novas eleições, os oposicionistas enveredaram pelo caminho do confronto e da violência, tornando-se assim participantes num golpe de Estado, mostrando a sua verdadeira natureza e o objetivo da encomenda generosamente paga (com recursos financeiros e com a vida dos ucranianos) pelos regimes ocidentais. Tudo isto aconteceu com a aprovação tácita dos garantes europeus do acordo, que não se deram o trabalho de disciplinar os "revolucionários" desenfreados (na realidade, os golpistas) e incitados pelos emissários norte-americanos que distribuíram bolachas na Praça Maidan e constataram a "mudança de poder". Isto teve como pano de fundo a anarquia e as conversas sem fim sobre a democracia. A lei fundamental de um país, a Constituição, não pode ser implementada e perde a validade se o acima exposto não for respeitado. Apesar destas teses, não se aperceberam de que o poder em 2014 foi mudado com a sua ajuda e de forma completamente ilegal. Como resultado, os esforços de pseudo-pacificadores do Ocidente tiveram consequências desastrosas para a Ucrânia, consequências essas que são muito bem conhecidas.
Os acontecimentos trágicos ocorridos em Kiev, nos finais de 2013, princípios de 2014 continua a ser um segredo guardado a sete chaves. Durante todo este tempo, as autoridades ucranianas têm tentado esconder a verdade. Ainda não há resultados da investigação sobre as execuções em massa de pessoas no centro da capital ucraniana. Apenas constaram que as mortes haviam sido causadas por armas de fogo, e depois? Algo semelhante se verifica no caso dos Nord Streams: nenhuma investigação está a ser realizada. Penso que todos se lembram de como todo o Ocidente e o público "iluminado" da Ucrânia e da Europa disseram que a culpa era daqueles que começaram a trocar tiros. E quem o fez? Os tiros ricochetearam muitos anos mais tarde. Então, quem é o culpado?
O "caso do franco atirador" continua por resolver. Os detalhes escandalosos da história da falsificação das listas de vítimas dos protestos de Maidan, heróis da centena celestial, vieram à tona. Verificou-se que entre eles se encontravam pessoas que morreram não tanto devido a ferimentos de bala sofridos durante os tumultos como devido a problemas de saúde e que não foi em Kiev que vieram a óbito. Este foi um dos pilares da propaganda do regime de Kiev e do Ocidente. Durante oito anos, eles produziram filmes, clips e cartazes dedicados à centena celestial. As atuais autoridades ucranianas estão sem vergonha a construir a sua "nova história" com base nas mentiras e falsificações. Uma nova normalidade, que na realidade é uma anormalidade.
É simbólico que a 20 de fevereiro deste ano, na véspera do aniversário dos protestos de Maidan, Kiev tenha sido visitado pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, um dos promotores do sangrento golpe de Estado de 2014 enquanto Vice-Presidente dos EUA. As razões são muitas. Os peritos norte-americanos estão a falar do lançamento da campanha eleitoral, pois, em breve, começa o ciclo eleitoral. Uma vez que têm vindo a "pedalar" tanto o tema da Ucrânia e da Rússia nos últimos anos, acham necessário começar a sua campanha eleitoral com precisamente esta temática. Cientistas forenses e psicólogos dizem que o criminoso volta sempre ao local do crime. Como foi o caso do personagem de Fiodor Dostoievski, Raskolnikov, e como é o caso de Joe Biden na Ucrânia.
A visita do líder americano teve um enredo pomposo. A Casa Branca tentou mostrar ao mundo que acreditava no sucesso do regime de Vladimir Zelensky e pretendia ajudá-lo "até ao fim vitorioso" (o que na linguagem da Casa Branca significava "até ao último ucraniano"). Na realidade, toda a visita fez lembrar uma peça mal encenada de um teatro provinciano e condenada ao fracasso. Até o alarme antiaéreo foi ativado para conferir uma tonalidade dramática ao momento, como havia sido o caso de um outro fantoche norte-americano, Milkhail Saakachvili. Este último caiu ao chão perante a câmara, gritando histericamente que uma "chuva" cairia do céu. O roteiro é o mesmo, com a única diferença de que, no caso de Saakachvili, previa a queda no chão e no caso de Vladimir Zelensky, a ativação do alarme antiaéreo. A população de Kiev foi avisada de antemão para não prestar atenção porque não haveria nenhuma ameaça real. Sabemos como isso acontece: avisaram de que Joe Biden estaria a chegar e que eles ativariam o alarme antiaéreo como parte do espetáculo. A propósito, o Presidente dos EUA, no meio de uma retórica grandiloquente de que têm o controlo total da situação e estão prestes a "vencer», etc., não se atrevera a ir a Kiev sem avisar a Rússia e pedir-nos para lhe fornecermos a segurança. Isso é no que diz respeito à questão de quem tem o controlo da situação.
Se Washington queria mostrar aos seus aliados da NATO mais um exemplo de como apoiar Kiev, não conseguiu fazê-lo. O novo pacote de assistência militar à Ucrânia no valor de 460 milhões de dólares anunciado pelos EUA foi mais do que modesto em comparação com as parcelas anteriores. Nenhuma encenação dará resultado. O dinheiro flui em abundância, mas o fluxo não é infinito.
Os media ucranianos relataram que Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do Presidente dos EUA que acompanhava o seu chefe, exigiu, numa reunião com o chefe do Gabinete presidencial ucraniano, que a Ucrânia realizasse uma contraofensiva bem-sucedida no sul nos próximos seis meses e chegasse para junto das fronteiras da Crimeia. É verdade, para Jake Sullivan, lá não há seres humanos. Os cidadãos da Ucrânia nunca foram vistos como humanos pelos EUA. Acho que não há quem possa ser visto por eles, "excecionais", como iguais. Caso contrário, Washington não fornecerá a Kiev aviões de combate nem mísseis de longo alcance. E se, em seis meses, já não houver na Ucrânia quem possa manter este equipamento? O que fará Jake Sullivan? Não pergunto o que ele dirá, olhando nos olhos de Vladimir Zelensky (a julgar pelo que está a acontecer neles, é perigoso olhar neles). Quem irá utilizar os aviões de caça e o material de guerra? Em geral, os contactos de Joe Biden com Vladimir Zelensky mostraram aos ucranianos (embora já tenha havido um exemplo em que Biden viera, enquanto Vice-Presidente, à Ucrânia para dirigir os trabalhos do seu governo), que realmente está no comando da Ucrânia e é o seu verdadeiro dono. Note-se que os norte-americanos não mencionaram sequer que desejavam encontrar uma solução política para a crise. Tudo isto mostra a intenção irresponsável e aventureira dos EUA de fazer escalar o conflito com a Rússia. Isto é criminoso por parte da Casa Branca.
A 19 de fevereiro, Vladimir Zelensky falou por videoconferência na Conferência de Segurança de Munique. Não disse nada de novo, repetindo apenas o que havia dito em San Remo e noutros locais onde cantam canções e dançam: acusou como sempre a Rússia e pediu como sempre nova ajuda militar aos seus supervisores ocidentais, além de fazer demagogias habituais sobre a iminente "vitória" do regime de Kiev e ausência de alternativas à sua adesão à UE e à NATO.
Vladimir Zelensky entremeou este fluxo de consciência com histórias bíblicas. Não prestamos, há muito tempo, atenção ao que ele diz, mas, por vezes, dispara excentricidades verbais que não podem passar despercebidas. Em primeiro lugar, em relação à sua afirmação de que Sílvio Berlusconi, que governou a Itália durante muitos anos (com sucesso, ao contrário de Vladimir Zelensky) não sabia o que era um bombardeamento. Isso foi dito sobre Sílvio Berlusconi que, aos seis anos, costumara sair correndo para fora da casa com os seus pais para se salvar dos bombardeamentos efetuados pelas tropas aliadas.
Há outro "algo" que não pode deixar de impressionar. A ilogicidade é algo retirado do contexto, um encadeamento errado de pensamentos por falta de factos ou devido ao menosprezo pelas circunstâncias. O que nós temos no caso de Vladimir Zelensky não é algo ilógico, não é algo absurdo, mas uma espécie de misticismo. Vladimir Zelensky comparou a Rússia com Golias, e a Ucrânia e o Ocidente, com Davi que derrota um adversário mais forte. Esta história teve mesmo lugar e foi descrita na Bíblia. Existe, porém, uma pequena nuance que inverte o quadro e coloca todas as coisas no seu lugar, mostrando a absurdidade do que Vladimir Zelensky costuma dizer.
De acordo com o Antigo Testamento, Davi venceu Golias porque tinha uma fé profunda em Deus. Vladimir Zelensky é apóstata. Destruiu a Igreja Ortodoxa canónica no seu país, incitou a um cisma religioso e escarneceu dos sentimentos dos crentes que imploravam que poupasse os seus santuários. Menciono os sentimentos dos crentes, mas há também direitos dos crentes. O respeito por eles por parte do regime ucraniano há muito que está fora da questão. Talvez seja a sua atitude pessoal para com uma religião ortodoxa que lhe é estranha. Suponhamos que professa o judaísmo (ouvimos falar muito sobre este aspeto da sua vida). Então deve ter presentes os Dez Mandamentos do Antigo Testamento e da Torá, dos quais dois são mais relevantes do que nunca para o regime de Kiev e pessoalmente para Vladimir Zelensky: não matarás e não furtarás. Isto é exatamente o que o regime ucraniano tem vindo a fazer há anos, passando como bastão o mandamento de matar mais e roubar mais. Isto se tornou o seu métier, o único ofício que os seguidores do regime de Kiev aprenderam e ensinam aos outros. Antes de citar os textos sagrados para milhões, centenas de milhões e até milhares de milhões de pessoas, Vladimir Zelensky (quando alguém não tem consciência, não adianta procurá-la nele) deveria ter consultado obras de referência, pensar no que ia dizer, ou seja, nas coisas compreensíveis para milhões de pessoas do nosso planeta.
O golpe de Estado orquestrado pelo Ocidente em Kiev em 2014 e os acontecimentos de Maidan que o acompanharam provocaram um surto de tendências neonazis na Ucrânia. Infelizmente, há pessoas e países que preferem fazer vista grossa a isto e fingir que nada está a acontecer e continuam a manter relações com a Ucrânia "amiga". Exortamos os apoiantes desta posição a olhar para a situação de forma objetiva. Afinal, todos os dias o mundo vê novos e novos factos que confirmam a perigosa propagação do nazismo na Ucrânia.
Há teoria e há prática e factos que confirmam o que estamos a dizer. A 14 de fevereiro, Vladimir Zelensky (zombando de todos e, em primeiro lugar, do bom senso) deu a uma das brigadas ucranianas das forças armadas da Ucrânia o nome "Edelweiss". Estou certa de que, para muitos jovens, o 14 de fevereiro significa presentes e flores. O que há de errado nisso? Nada seria errado, se isso não tivesse sido feito por analogia com a unidade nazi da época de Adolf Hitler.
As unidades armadas ucranianas fazem uso extensivo de emblemas nazis e os sinais nazis e pintam suásticas em veículos blindados. Há numerosos vídeos na Internet e nos meios de comunicação social que mostram soldados de artilharia ucranianos a fazer a saudação nazi perante a câmara após cada tiro disparado. No entanto, a Europa "civilizada", que passou pela tragédia da Segunda Guerra Mundial faz vista grossa ao nazismo ucraniano. Talvez porque os colaboradores ideológicos e seguidores do Terceiro Reich também estão a acordar ali?
O processo de mobilização total na Ucrânia continua sem parar e faz lembrar uma caçada pelas pessoas. A Internet está inundada de vídeos e relatos de pessoas a serem recolhidas nas ruas como animais vadios. O regime de Kiev trata as pessoas como animais. Em mercados, estações do caminho de ferro, centros comerciais, bares, restaurantes e até funerais, são colocadas armadilhas para capturar pessoas. Atolado em corrupção, o regime de Kiev trata o povo da Ucrânia como material dispensável a fim de satisfazer as suas próprias paixões devoradoras e consumidoras e no interesse dos seus patrões ocidentais.
A máquina de sanções antirrussas do regime de Kiev não está a afrouxar a sua marcha. Desta vez, o nosso setor financeiro é alvo da sua pressão. A 19 de fevereiro deste ano, Vladimir Zelensky assinou um decreto, aplicando, por um período de dez anos, medidas restritivas a 333 pessoas singulares russas, entre as quais financeiros e gestores de bancos russos e da Bolsa de Valores de Moscovo MICEX-RTS. Anteriormente, a "lista negra" ucraniana incluía homens de cultura, de artes, do show business, jornalistas, cientistas e ativistas sociais. Foram também impostas restrições aos hierarcas da Igreja Ortodoxa Russa. Por detrás de tudo isto, podemos ver o desejo do regime de Kiev de tentar exercer pressão sobre várias camadas da nossa sociedade e provocar uma desestabilização política interna.
Este é um terrível ato de desumanização no coração da Europa, sob a sua "supervisão" e com a pressão e violência dos EUA. Todos estes planos estão condenados ao fracasso. Os cidadãos russos compreendem com quem estamos a lidar na Ucrânia e não vão permitir que a praga neonazi penetre na sua casa e que um viveiro nazi se instale perto das nossas fronteiras. Diz-se por vezes que num certo lugar houve um incidente. Os incidentes podem ocorrer em todos os lugares. O mundo é, usemos uma linguagem moderada, é imperfeito e o homem é fraco. A questão é saber como um Estado, uma sociedade e um governo o encaram.
Se não reagirem de imediato para não permitir que este fenômeno seja legalizado, louvado e aceite, isso dá um problema. Pelo contrário, se reagirem de imediato, com a sociedade a condenar este fenômeno e o poder legislativo a atuar de forma adequada, então isso pode ser visto como incidente isolado que causa uma resposta saudável de todas as partes de um Estado.
Vimos na Ucrânia e em muitos países da UE e da NATO como as manifestações isoladas se uniam, formando uma "chama" comum, com absoluto silêncio por parte das autoridades. Todas as tentativas da opinião pública de dizer que isto é inaceitável foram coibidas, tornando-se aqueles que tentaram dizer que o neonazismo era inaceitável alvo de perseguição. Isto assusta e pode ter os respetivos resultados.
O notório secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Aleksei Danilov, destacou-se por novas excentricidades verbais. Numa entrevista à publicação britânica The Sun, ele prometeu que "nos próximos 12 meses a Rússia será inevitavelmente dividida" e "a guerra terminará com um desfile de tanques ucranianos na Praça Vermelha". Porque é que isto é terrível? Não porque seja um disparate, é típico do regime de Kiev dizer disparates, tem muitas pessoas mentalmente debilitadas. Isso é terrível porque, em junho de 1941, Hitler formulou o sue objetivo exatamente desta forma: desfile das suas tropas e blindados na Praça Vermelha. Todo o mundo sabe como esta história acabou em maio de 1945. O regime de Kiev não tem sequer tanques, pedinchando por Leopardos e tentando aprender a conduzi-los.
Nove anos após o golpe de Estado em Kiev, o "Ocidente coletivo" continua a sua política de destruir a Ucrânia, deixando de esconder o seu verdadeiro objetivo de lutar contra a Rússia e de nos infligir a famigerada "derrota estratégica". O Ocidente não se importa que esta política criminosa esteja a causar numerosas baixas não só entre os militares, mas também entre os civis da Ucrânia.
O Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, disse tudo isto ontem e repetiu isso hoje, discursando no Pavilhão dos Desportos de Lujniki durante um concerto comemorativo do Dia do Defensor da Pátria.
Sobre a reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre as explosões nos gasodutos Nord Streams
Na véspera da reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, vocês puderam ver a mesma abordagem dos países ocidentais. A Rússia apresentou a sua resolução, não a submeteu à votação, apenas a apresentou para discussão e trabalho futuro. Um passo semelhante foi visto com bons olhos pelos nossos parceiros chineses. Como de costume, os países ocidentais ficaram histéricos.
A dificuldade era que era difícil falar negativamente sobre uma resolução russa que apelava a uma investigação internacional dos ataques terroristas ao Nord Stream 1 e Nord Stream 2, com a supervisão ou envolvimento do Secretário-Geral da ONU. Não há nada nessa tese a criticar. Eles tiveram muitas dificuldades em inventar alguns argumentos, mas não conseguiram porque não havia nenhum.
Foi organizada uma explosão deliberada das infraestruturas civis que faziam parte do conceito de segurança energética global. Esta catástrofe, resultante das ações criminosas feitas pelos humanos e que não poderiam ter sido cometidas por particulares ou por alguns grupos extremistas não controlados, causou enormes danos ao ambiente. Esta é a agenda ambiental que preocupa tanto o Ocidente.
É, afinal de contas, um ato de terrorismo. Lembre-se de quão efusivamente os países ocidentais reagem a tudo o que é, no seu entender, um atentado contra a liberdade, legalidade e democracia. O terrorismo e a democracia não são, em princípio, compatíveis. Dos valores liberais nem devo evidentemente falar. O ataque às infraestruturas civis, que automaticamente causou danos às economias de muitos países em todo o mundo, pôs em dívida a segurança energética e a segurança em geral. Os liberais em geral deveriam ter ficado histéricos e exigido que fosse iniciada de imediato uma investigação internacional.
Então, porque é que o pedido da Rússia para realizar uma investigação internacional (feito no Conselho de Segurança da ONU) causou um problema? Ou o pedido foi feito por um país errado? O problema é que eles estão a tentar, como de costume, apagar os seus rastos.