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Declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia por ocasião dos ataques israelitas ao território iraniano

1008-13-06-2025

Expressamos a nossa profunda preocupação com a perigosa escalada de tensões no Médio Oriente. Condenamos veementemente a ação militar do Estado de Israel perpetrada em violação da Carta das Nações Unidas e do direito internacional na madrugada de 13 de junho.

Os ataques militares não provocados contra um Estado soberano e membro da ONU, os seus cidadãos, cidades pacíficas adormecidas e instalações de infraestruturas de energia nuclear são categoricamente inaceitáveis. A comunidade internacional não se pode dar ao luxo de ficar indiferente a atrocidades de tal magnitude que destroem a paz e prejudicam a segurança regional e internacional.

A realização dos ataques israelitas em plena sessão do Conselho de Governadores da AIEA e na véspera de mais uma ronda de contactos indiretos entre representantes do Irão e dos Estados Unidos evidencia um cinismo particular. Deste modo, os esforços multilaterais impulsionados com tantas dificuldades e destinados a diminuir o grau de confronto e a procurar soluções, a eliminar quaisquer suspeitas e preconceitos em relação ao programa nuclear pacífico do Irão foram torpedeados e empurrados para trás.

É evidente que Jerusalém Ocidental optou de forma consciente por continuar a intensificar a escalada de tensões e elevar as apostas. Temos alertado repetidamente sobre a perniciosidade das aventuras militares que  ameaçam a estabilidade e a segurança na região. A responsabilidade por todas as consequências desta provocação será imputada à direção israelita.

Estamos a acompanhar de perto as ações da AIEA, dado o elevado grau de responsabilidade que lhe é atribuído no contexto da difícil situação atual. Os funcionários da agência, em conjunto com cidadãos da República Islâmica do Irão, foram igualmente alvo de ataques por parte das forças israelitas. Esperamos que o Diretor-Geral da AIEA promova uma avaliação equilibrada e objetiva do que está acontecer, bem como uma análise pormenorizada das possíveis consequências radiológicas decorrentes dos ataques às instalações nucleares no Irão.

Esperamos também que os países ocidentais responsáveis pela instigação da histeria anti-iraniana no Conselho de Governadores da AIEA e pela aprovação de uma resolução conjuntural que não obteve apoio universal para satisfazer as suas preferências e fobias políticas, tenham consciência dos resultados desastrosos da sua política destrutiva e do grau da sua culpa pela tragédia.

Acreditamos firmemente que, não obstante as justificações apresentadas por aqueles que conceberam, desenvolveram e executaram o ataque ao Irão, a solução da questão do programa nuclear iraniano não pode ser obtida por via militar, mas sim por intermédio de medidas pacíficas, políticas e diplomáticas. Esperamos que esta abordagem venha a prevalecer. Apelamos às partes para que dêem provas de comedimento de modo a prevenir uma nova escalada de tensões e a evitar que a região se desloque para um conflito de grande escala.

Neste sentido, gostaríamos de recordar a disponibilidade dos EUA para realizar uma nova ronda de negociações com o Irão sobre o programa nuclear iraniano no Omã.