Briefing da porta-voz da diplomacia russa Maria Zakharova Moscovo, 26 de março de 2021
Ministro Serguei Lavrov presidirá à reunião conjunta do Conselho de Supervisão e do Conselho de Curadores da MGIMO
No dia 31 de março, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, presidirá à reunião conjunta do Conselho de Supervisão e do Conselho de Curadores da MGIMO (Universidade de Relações Internacionais de Moscovo).
Durante a reunião, será apresentado um relatório sobre as atividades realizadas pela MGIMO em 2020 e os objetivos fixados para o ano em curso. Também se pretende analisar desafios e avanços na implementação da Estratégia de Desenvolvimento da Universidade e outras questões relacionadas com projetos a longo prazo da instituição.
Rússia receberá visita do Vice-Primeiro-Ministro do Turquemenistão
Entre os dias 30 de março a 2 de abril, a Rússia receberá a visita de trabalho do Vice-Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros do Turquemenistão, Rachid Meredov. Durante a visita, o governante turcomeno terá uma reunião com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, e participará na reunião do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade de Estados Independentes (CEI). Entre as questões incluídas na agenda da visita do governante turcomeno, as principais estão relacionadas com as atividades da Comissão intergovernamental Rússia-Turcomenistão de Cooperação Económica, da qual é Co-Presidente. Também serão abordadas questões-chave da cooperação bilateral, da segurança regional e global, bem como a cooperação entre os dois países em organizações internacionais. Está pronto para ser assinado pelos responsáveis pelos Negócios Estrangeiros dos dois países um Memorando de Entendimento sobre Biossegurança entre o Governo da Federação da Rússia e o Governo do Turquemenistão.
A Rússia encara a próxima visita do governante trucomeno como componente importante das medidas abrangentes para o aprofundamento da parceria estratégica bilateral, em conformidade com o Tratado entre a Federação da Rússia e o Turcomenistão sobre a parceria estratégica, assinado pelos líderes dos dois países por iniciativa do Presidente do Turcomenistão, Gurbanguli Berdymukhamedov.
Ministro Serguei Lavrov participará em reunião especial do Clube Internacional de Discussões Valdai
No dia 31 de março, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, participará numa reunião especial sob o lema "A Rússia no Médio Oriente", no âmbito da Conferência "Médio Oriente em busca da Renascença Perdida" promovida pelo Clube Internacional de Discussões Valdai.
O Ministro Serguei Lavrov pretende expor a posição da diplomacia russa em relação às questões prementes do Médio Oriente, com destaque para a situação na Síria, Líbia, processo de paz árabe-israelita e a situação no Golfo Pérsico e reafirmará a necessidade de busca de uma solução pacífica para os conflitos na região, observância rigorosa das normas relevantes do direito internacional, respeito pelos princípios da soberania, independência, integridade territorial dos Estados e da não-interferência nos seus assuntos internos.
Ministro Serguei Lavrov participará em reunião do Conselho Ministerial da CEI
No dia 2 de abril, Moscovo acolherá uma reunião do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados membros da CEI, cuja presidência rotativa é exercida, este ano, pela Bielorrússia.
A ordem de trabalhos inclui questões relacionadas com as principais áreas de cooperação na CEI. Os participantes trocarão opiniões sobre tópicos relevantes da agenda regional e internacional, identificarão perspetivas do estreitamento da cooperação multidisciplinar no âmbito da Organização nos mais diversos domínios, incluindo jurídico e humanitário.
A fim de reforçar ainda mais as posições dos países membros da CEI no cenário internacional, os ministros analisarão os resultados da implementação do Programa de Ação para o Reforço da Parceria entre os Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos Estados membros da CEI e do Plano de Consultas Multiníveis entre os Ministérios dos Negócios Estrangeiros em 2020.
Com a aproximação do 80º aniversário do início da Grande Guerra Patriótica de 1941-1945 completado este ano, os responsáveis pela política externa dos países membros da CEI irão considerar um projeto de Apelo dos Chefes de Estado da CEI aos povos da Comunidade de Estados Independentes e à comunidade internacional.
Alguns dos projetos de documentos adotados na reunião serão submetidos para aprovação do Conselho de Chefes de Governo da CEI (28 de maio de 2021, em Minsk) e do Conselho de Chefes de Estado da CEI (15 de outubro de 2021, em Minsk).
É possível que, "à margem" do Conselho Ministerial da CEI, o Ministro Serguei Lavrov tenha reuniões com os seus homólogos da Armênia e do Azerbaijão, Ara Aivazian e Jeihun Bairamov, respetivamente.
Situação do coronavírus continua alarmante em alguns países
A situação epidemiológica da Covid-19 no mundo continua alarmante em alguns países. Segundo os dados disponíveis até ao dia 26 de março, o mundo chegou a 126 milhões de infetados pela Covid-19, registando 46 milhões infetados só este ano. O número total de vítimas desde o início da pandemia ultrapassou os 2,7 milhões.
A taxa de incidência diária da doença voltou a subir em março, enquanto que as mortes diárias pelo coronavírus apresentam uma tendência de queda instável. Em alguns países os sistemas de saúde estão a funcionar no limite das suas capacidades em termos de atendimento, cerca de 80% dos seus estabelecimentos de saúde estão envolvidos no combate à pandemia.
As cepas britânica, sul-africana e brasileiras do coronavírus continuam a propagar-se por todo o planeta. Os governos encaram regimes de emergência principalmente como medida preventiva destinada a minimizar o risco de ressurgimento da epidemia que pode ser provocado por surtos primaveris da doença, especialmente em grandes aglomerados urbanos.
A situação em termos de medidas restritivas altera-se praticamente todos os dias, alguns países levantam medidas restritivas, outros as impõem, outros ainda as reforçam. Isso ocorre a quase cada hora.
Estamos a acompanhar as notícias dos desafios enfrentados pelas campanhas de vacinação no mundo. Entre eles estão a falta de atitudes sistémicas em alguns países, sobretudo ocidentais, a falta de compreensão do esquema de vacinação, os problemas com as vacinas. Não estou a dizê-lo para assinalar uma vez mais que toda uma série de países está a enfrentar uma crise, mas para advertir contra eventuais viagens ao estrangeiro. Com a aproximação da época de férias, é preciso que os turistas em potencial avaliem objetivamente a situação epidemiológica e as perspetivas da sua viagem ao estrangeiro.
Na Rússia, a campanha de vacinação está em pleno andamento e a envolver cada vez mais grupos etários. No início desta semana, o Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, também tomou a vacina da Covid-19.
Gostaria de recordar que, no momento, a Rússia tem registadas três vacinas: a Sputnik V, do Centro N.F. Gamaleya, a Epivaccoron, do Centro "Vektor", de Novosibirsk, e a Covivac, do Centro M.P. Chumakov da Academia das Ciências da Rússia. No dia 25 de março, o Vice-Ministro da Saúde da Rússia, P.S. Pugachev, disse: "Todas as três vacinas são igualmente eficazes, pelo que não vale a pena esperar por uma ou por outra vacina, qualquer uma das três pode ser tomada em segurança".
Gostaria de dizer algumas palavras sobre a atenção para com a vacina russa no estrangeiro. A vacina Sputnik V está a ser muito procurada no mundo. Todos os dias, estamos a receber pedidos de entrega da mesma ou notificações de que a nossa vacina passou por todas as formalidades para ser aprovada. Foi certificada em 57 países e está a ser comprada por 21 países. Alguns países prontificam-se a produzi-la no seu território nacional. Registamos um número crescente de reações positivas por parte de personalidades oficiais estrangeiras. Os mass media estão a publicar cada vez mais materiais objetivos sobre a nossa vacina. Estamos à espera da conclusão dos procedimentos de registo da Sputnik V pela Organização Mundial de Saúde e pela União Europeia.
O Comité de Prevenção da Entrada e Propagação da Infeção pelo Novo Coronavírus da Rússia está a monitorizar a situação epidemiológica no mundo e a tomar decisões necessárias, de acordo com a situação epidemiológica. No dia 25 de março, por exemplo, foi anunciado que, a partir do dia 1 de abril, a Rússia retoma, na base de reciprocidade, voos regulares para a Venezuela, Alemanha, Síria, Tajiquistão, Uzbequistão e Sri Lanka e aumenta o número de voos regulares para a Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Egito, Cuba e Emirados Árabes Unidos. Finalmente, a partir do início do próximo mês, serão permitidos voos internacionais a partir dos aeroportos de Barnaul, Belgorod, Volgograd, Voronej, Kaluga, Krasnodar, Lipetsk, Nalchik, Oremburgo, Saratov, Sochi, Tiumen e Iujno-Sakhalinsk, desde que os requisitos sanitários e epidemiológicos estabelecidos sejam observados.
Voltamos a chamar a atenção dos cidadãos nacionais que tencionam viajar para o estrangeiro para as recomendações do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia. Instamo-los a planear as suas viagens de uma forma mais equilibrada, ponderada e cuidadosa possível para evitar os riscos injustificados e, se possível, a ajustarem os seus planos de viagem às circunstâncias reais e a prestarem especial atenção à sua vida e à sua saúde e às dos seus entes queridos. Dadas todas as circunstâncias, recomendações do Comité de Combate à Pandemia, do Ministério da Saúde, instamo-los e as pessoas idosas a vacinar-se. Aqueles que pretendem fazer uma viagem internacional, devem compreender que podem ficar em risco devido aos problemas logísticos em outros países. Como é do vosso conhecimento, em muitos países, a situação em termos de dinâmica da doença e de lotação dos hospitais é mesmo alarmante. Portanto, aqueles que planeiam viagens internacionais devem fazer os possíveis para se proteger a si próprios e aos seus entes queridos.
Também recomendamos que sigam as informações atualizadas no website do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e nas páginas das nossas embaixadas na Internet e nas suas contas nas redes sociais.
Aconselhamos mais uma vez aqueles que pretendem viajar ao estrangeiro a instalar a aplicação móvel oficial "Assistente de Viagens Internacionais" desenvolvida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. Este software ajuda a encontrar informações de contacto atualizadas.
Site do MNE russo disponibiliza relatório "Política Externa e Atividades Diplomáticas da Federação da Rússia em 2020"
Gostaria de chamar a vossa atenção para o facto de o website oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia ter disponibilizado o relatório "Política Externa e Atividade Diplomática da Federação da Rússia em 2020" elaborado pelo Ministério. O documento enfatiza os principais vetores da política externa da Rússia em 2020 que visaram, entre outras coisas, diminuir o impacto negativo dos fenómenos de crise no cenário internacional e desenvolver a cooperação com os nossos parceiros interessados com vista a contribuir para a segurança e o desenvolvimento socioeconómico do nosso país.
Entre as atividades mais importantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia em 2020 podem ser destacadas: a cooperação interestatal no quadro dos princípios e normas de direito internacional universalmente reconhecidos com o papel coordenador central da ONU, as atividades para o repatriamento de russos e apoio àqueles que ficaram em situações difíceis no estrangeiro, a participação ativa na resolução de conflitos e crises regionais, as atividades no âmbito da presidência russa dos BRICS, grupo RIC, OTSC e OCX. Entre os resultados importantes dos esforços da Rússia no domínio da diplomacia económica estiveram a estabilização dos preços no mercado mundial de hidrocarbonetos e o ajustamento dos acordos de dupla tributação com alguns países. Além disso, no contexto da celebração do 75º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e da criação da ONU, o MNE russo fez um grande trabalho no estrangeiro e em fóruns internacionais para eternizar a memória das vítimas da guerra e impedir a glorificação do nazismo e a falsificação da história.
Recomendamos a todos os jornalistas e interessados em assuntos internacionais que leiam este relatório.
Rússia e PAM da ONU ajudam Tadjiquistão a desenvolver Sistema de Alimentação Escolar
A Federação da Rússia e o Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU estão a ajudar o Tadjiquistão a desenvolver o sistema de alimentação escolar. Como resultado, todos os anos, mais de 600 mil alunos do ensino primário de 52 distritos rurais do Tadjiquistão recebem ajuda alimentar.
Gostaria de lembrar que, entre 2013 e 2019, a Rússia disponibilizou para este fim ao PAM 17,1 milhões de dólares. No ano passado, a nova fase do projeto, com duração de 2017 a 2024, financiada em 11,2 milhões de dólares pela Rússia foi lançada.
No dia 20 de março deste ano, na vila de Pianj, da Região de Khatlon, foi inaugurada uma padaria. Dotada de equipamento moderno, a padaria abastecerá de pão fresco cerca de nove mil alunos de 31 escolas do distrito de Pianj.
Além disso, no âmbito do PAM da ONU, a Rússia presta ajuda alimentar ao Tajiquistão, cujo valor desde 2005 excedeu 87,5 milhões de dólares. Somos a favor de um desenvolvimento sustentável deste país amigo. Parece-me que estes factos demonstram claramente a nossa solidariedade para com os esforços do Tadjiquistão para cuidar das jovens gerações.
UE impõe sanções contra cidadãos russos
A agenda internacional apresenta também algumas notícias negativas. O Ocidente contrapõe a uma cooperação humanitária normal e a uma cooperação nos assuntos internacionais uma política de sanções unilaterais.
Não ficamos surpreendidos ao saber que, no dia 22 de março, o Conselho da União Europeia decidiu impor medidas restritivas contra dois cidadãos russos e alguns representantes de outros países, ao abrigo do "Regime Global de Sanções em Matéria de Direitos Humanos". A União Europeia prossegue a sua política ilegal de sanções unilaterais contrária ao direito internacional. Esta política provoca tendências destrutivas e caos nos assuntos internacionais e pode ter como consequência o aumento da confrontação e a degradação das relações internacionais. Esta política é arcaica. Há que compreendê-lo. Esta política é inaceitável e está fora de lei.
Somos terminantemente contra a politização da problemática dos direitos humanos. A União Europeia deve deixar de reivindicar liderança e exclusividade em matéria de direitos humanos e não fechar os olhos aos problemas em matéria de direitos humanos em alguns dos países comunitários. Há que haver atitudes iguais, livres da prática de dois pesos, duas medidas, para com a temática dos direitos humanos em todos os países e que as suas peculiaridades culturais e civilizacionais, tradições, diversidade e vias de desenvolvimento sejam respeitadas. Ninguém pode ensinar aos outros o que ele próprio não consegue fazer. Isto diz respeito à União Europeia, a Bruxelas. Podemos ver a crise dos direitos humanos que se tem vindo a desenrolar perante os nossos olhos nos últimos anos. Refiro-me não só à repressão violenta dos protestos devido às medidas restritivas impostas por causa da pandemia, não só à repressão violenta contra os meios de comunicação social por meio de bloqueio ou políticas seletivas como também à situação absolutamente inaceitável devido à migração em massa do continente africano, do Médio Oriente e da região do Norte de África, a um monte de problemas em matéria de direitos humanos, inclusive aqueles decorrentes do racismo, nacionalismo e neonazismo. Este é um emaranhado de problemas que a União Europeia é incapaz de resolver de nenhuma forma. Ao mesmo tempo, a UE está a tentar fingir que estes problemas simplesmente não existem e ensinar atitudes corretas a outros países, regiões e continentes. Isto assim não pode ser. Esta é uma política estranha, sem saída, absolutamente fútil e muito perigosa. Já fizemos a nossa visão destas medidas.
Gostaria de dizer mais uma vez que estas medidas inamistosas contra a Rússia não passarão, como de costume, sem resposta adequada.
Ucrânia aplica sanções contra 26 cidadãos russos
Uma vez que a União Europeia atuou, em tempos, como co-patrocinadora de todas as "mudanças" que estão agora a ocorrer na Ucrânia, uma vez que a Bruxelas está a apoiar o regime de Kiev em tudo o que ele faz a pretexto de estar a seguir rumo aos valores e princípios da democracia ocidentais, poderia ter reagido (pelo menos em fóruns públicos) ao facto de o Presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, ter promulgado, a 23 de março, a resolução do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia de impor, por um período de três anos, sanções contra vinte e seis cidadãos da Rússia, oitenta e uma empresas russas e alguns meios de comunicação social russos, entre os quais a agência de notícias internacional "Rossiya Segodnya", portais noticiosos "Lenta.ru" e "Gazeta.ru", bem como agregadores de notícias, etc.
Tenho a impressão de que o regime ucraniano está a explorar desta maneira o "fundo" da democracia na Ucrânia. A questão é que as referidas medidas restritivas incluem o bloqueio de ativos, a restrição ou corte dos serviços de telecomunicações e da utilização de redes públicas de telecomunicações e proíbem as empresas provedoras de serviço internet a facultar o acesso à internet aos referidos recursos.
Um novo lote de sanções completou as já alarmantes estatísticas do mês passado em que mais de 400 recursos da Internet e sete cadeias de televisão foram encerrados. Por outras palavras, a caminhada da Ucrânia rumo à democracia apresenta uma clara tendência decrescente. Consideramos estas medidas como contrárias aos princípios fundamentais da garantia da liberdade de expressão e pluralismo de opinião e não conformes com o espírito da Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais. É possível que, em breve, a Ucrânia estabeleça proibição de lê-la, porque, aquele que ler este documento, verá que a Ucrânia está a ir na direção contrária.
Encaramos isso como continuação da política da liderança de Kiev de implantar a censura, retirar do seu espaço mediático os meios de comunicação indesejáveis, discriminar os ucranianos russófonos e intimidar todos os que discordam do que se está a passar na Ucrânia.
Faço lembrar que, desde 2014, ano em que um golpe de Estado ocorreu em Kiev e o governo ucraniano optou por romper todos os laços com a Rússia, a Ucrânia realizou várias campanhas para restringir a presença russa e de língua russa no seu território nacional. De acordo com diferentes estimativas, cerca de 2.300 pessoas singulares e mais de 1.000 pessoas coletivas sofreram sanções ucranianas. Gostaria também de recordar que dentre as entidades que não agradam ao regime de Kiev constam a Universidade Lomonossov de Moscovo, o Museu Hermitage, o Museu de Belas Artes Pushkin e outras.
Para justificar o seu ataque às fontes alternativas de informação, a Ucrânia mudou a sua legislação. As novas normas aprovadas e ainda em desenvolvimento contêm disposições evidentemente discriminatórias. Todavia, o regime de Kiev não responde por isso. Bruxelas está ocupada com outras coisas: está a aplicar sanções unilaterais ilegais contra Moscovo e a inventar uma ameaça mítica por parte da Rússia.
Desta vez, também não vimos nenhuma reação das estruturas da OSCE, das Nações Unidas, do Conselho da Europa nem da UNESCO especializadas na temática da liberdade de imprensa dos direitos humanos às medidas restritivas tomadas pela Ucrânia desde 23 de março.
Exortamos a comunidade internacional a abandonar não só a política de dois pesos e duas medidas como também a de não tomar medidas eficazes contra os evidentes ataques aos princípios democráticos e a dar uma avaliação objetiva a todos os numerosos episódios de assassinato, intimidação, responsabilização penal de dissidentes e outras formas de perseguição de jornalistas na Ucrânia. Da nossa parte, enviamos e continuaremos a enviar todo o material necessário a estes organismos internacionais.
Conselho da NATO reuniu-se a nível de Ministros dos Negócios Estrangeiros
Nos dias 23 e 24 de março, o Conselho da NATO reuniu-se a nível de Ministros dos Negócios Estrangeiros. Os debates e os resultados da reunião não trouxeram surpresas. Os participantes voltaram a demonstrar a sua incapacidade de dar sentido à continuidade da existência da Aliança e formular uma agenda positiva. Concordaram em continuar a considerar a Rússia como principal desafio à segurança do Ocidente coletivo. Nem pandemias, nem infodemias, nem terrorismo internacional, nem problemas da migração, nem crises económicas e financeiras nos territórios nacionais dos países membros foram vistos pela Aliança como a principal ameaça da atualidade nem como ameaça à sua existência. Bruxelas continua a usar o mito da "agressão" de Moscovo para justificar o pedido de aumento das verbas para as suas atividades e o aumento, o maior desde a Guerra Fria, do seu potencial militar, incluindo no "flanco de Leste". Tentaram responsabilizar a Rússia pela destruição do Tratado INF. Isso quando, ao contrário das suas próprias declarações sonoras sobre a necessidade de diminuir a tensão no continente europeu, a NATO continua a ignorar sistematicamente as nossas propostas de retomar o diálogo substantivo e competente sobre a problemática da estabilidade e segurança no euro-atlântico.
Teremos em conta o facto de a Aliança do Atlântico Norte manter a atitude de confronto na nossa política externa e no nosso planeamento militar, o que temos dito repetidamente.
Todas as declarações do Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, de que a Rússia se recusa a dialogar são mentiras. Propusemos iniciar um diálogo substantivo para evitar a politização do assunto, prática muito em voga entre os nossos parceiros ocidentais, exortámo-los a entabular um diálogo concreto, com a participação de peritos, incluindo militares, sobre um vasto leque de questões. As nossas propostas estão com Jens Stoltenberg. Pode consultá-las para deixar de divulgar a desinformação de que a Rússia se recusa alegadamente a dialogar. Isso não é connosco, não. A Rússia dificilmente pode recusar-se a um diálogo, e muito menos àquele com a participação de peritos militares, uma vez que foi ela a propô-lo.
Reino Unido publica "White Paper» de Defesa Nacional
Prestámos atenção ao "Livro Branco" de Defesa Nacional publicado pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. O documento descreve detalhadamente os desafios e etapas da modernização das forças armadas do país, afirma ser de âmbito global e é de natureza agressiva.
O principal alvo (como é costume de Londres desde há algum tempo) é, sem dúvida, Moscovo. Para proteger o país contra as suas "intrigas", os autores do relatório sugerem desenvolver o potencial ofensivo e não defensivo do país e criar forças especiais que a imprensa apelidou imediatamente de "forças especiais anti-russas".
Ao reproduzir atitudes de confronto duras, o relatório apresenta novamente a Rússia como fator-chave que obriga Londres a aumentar e a modernizar o seu poderio militar e a orientá-lo para teatros de guerra remotos. Não é difícil conjeturar onde estes teatros de localizam.
Durante a apresentação do "Livro Branco" no Parlamento britânico, o Ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, disse sem hesitar, ao responder a uma pergunta dos seus colegas deputados, que o documento em causa foi o resultado de uma análise das atividades militares e das ações "subversivas" da Rússia, inclusive na Crimeia, da destruição do Tratado INF e da utilização por Moscovo de um vasto leque de formas "híbridas" de confrontação.
Tenho uma pergunta para o Ministro da Defesa do Reino Unido. Os senhores de Londres lembram-se da existência dos Estados Unidos da América? Se sim, como é que os britânicos avaliam as ações desse país no cenário internacional? Se se esqueceram, lembrar-lhes-ei hoje.
Consideramos a publicação do "Relatório Branco" e as declarações do Ministro britânico como outra prova da política de confronto de Londres.
Isto, sim, é uma verdadeira agressão. Hoje em dia estes planos estão em papel, mas nos pensamentos, na ideologia, na mentalidade de Londres, estes planos são bastante realistas, a julgar pelo que estamos a ler no relatório britânico. O facto de o governo britânico reservar à Rússia, a nível doutrinal, o papel de "inimigo" não pode deixar de nos preocupar. Gostaríamos de acreditar que, no final de contas, o instinto de sobrevivência irá prevalecer na mente dos "falcões" de Londres.
EUA fazem operações ilegais
Quero sugerir a Londres e à NATO que analisem, num contexto histórico recente, o que realmente estava a ameaçar o mundo não só em teoria, mas também na prática (estou a falar de ações dos EUA). No meio de acusações anti-russas por parte dos EUA, NATO, e Grã-Bretanha, é-nos dito constantemente que praticamos algumas operações híbridas, minando as democracias ocidentais, tentando influenciar o resultado das eleições, etc. Gostaria de fazer aqui uma pequena observação.
É característico das elites americanas e dos americanos comuns acreditar num papel especial dos EUA no mundo, numa espécie de messianismo americano. É a noção de que os EUA têm supostamente o direito de intervir em todos e quaisquer assuntos em todo o mundo que justifica, para eles, as suas ações para influenciar a situação noutros países. Consideram-se no direito de impor a sua vontade aos outros, de não só ensinar o mundo inteiro, mas também de impor a outros países, povos, sociedades civis a sua visão de como esses países e o mundo em geral se deveriam desenvolver.
Vou repetir aquilo que o nosso país, a nossa liderança diz de forma regular. Não nos dedicamos a mudar regimes, a intervir nos assuntos internos de outros países, a encenar campanhas no estrangeiro. Exortamos ao respeito e ao cumprimento das disposições fundamentais da Carta das Nações Unidas, o documento diz tudo. Ao mesmo tempo, notamos que estas técnicas foram perfeitamente aprendidas por aqueles que nos acusam disto, em particular os EUA, que possuem uma grande experiência nesta área. A lista dos seus méritos e exemplos de mau comportamento em todo o mundo é impressionante. Antes ainda havia dúvidas, mas, a partir de agora, dedicaremos certamente algum espaço do nosso briefing para levar ao vosso conhecimento exemplos semelhantes.
Os EUA têm violado regularmente a soberania nacional de outros países ao interferirem nos seus assuntos internos. A tática favorita dos serviços secretos americanos é interferir nos processos eleitorais de países estrangeiros e realizar golpes de Estado com o objetivo de derrubar regimes inconvenientes.
Isto é reconhecido tanto por peritos como por antigos funcionários de serviços secretos americanos. Numa entrevista ao New York Times em 2017, o ex-chefe do setor russo da CIA, S. Hall, disse que "os EUA empreenderam operações para interferir nas eleições de outros países" e que esperava que essas operações prosseguissem. Esse mesmo periódico cita as afirmações do professor catedrático da Universidade da Geórgia, L. Johnson, de que a CIA havia interferido em eleições estrangeiras desde a sua criação em 1947.
De acordo com as pesquisas do cientista político D. Levin, Universidade Carnegie Mellon, baseadas nos documentos dos serviços secretos norte-americanos tornados públicos, entre 1946 e 2000, os EUA intervieram mais de 80 vezes em eleições de 45 países (tirando as operações de organização de golpes militares e revoluções "coloridas"), ou seja, só se trata das operações realizadas sem o emprego de armas. Essas operações eram secretas e incluíam o financiamento e a organização de campanhas eleitorais, assim como campanhas de desinformação e propaganda e de pressão económica sobre a liderança dos países-alvo. De acordo com D. Levin, em 59% dos casos os americanos alcançaram o resultado desejado.
O perito independente N. Thurs (jornalista de investigação, historiador e autor do site TomDispatch.com, funcionário científico do The Nation Institute) afirma que os EUA estão a travar uma guerra oculta em 141 dos 190 países do mundo. A sua opinião é partilhada por W. Hartung, diretor do Projeto de Armas e Segurança do Centro de Política Internacional, que afirmou que a "maioria dos americanos ficaria surpreendida ao saber que as forças de operações especiais dos EUA estão instaladas em três quartos dos países do planeta. Há pouca ou nenhuma transparência sobre o que elas fazem nestes países, não se sabe se as suas ações aumentam a segurança ou tensão e conflitos".
M. Weisman, assessor de imprensa do Comando de Operações Especiais dos EUA na Europa, disse, em tempos: "Tirando a Rússia e a Bielorrússia, estamos envolvidos na capacitação de pessoal em praticamente todos os países da Europa, ao abrigo de acordos bilaterais e multilaterais. Unidades das Forças de Operações Especiais encontram-se permanentemente, a convite dos nossos aliados, nos países bálticos e na Polónia desde 2014, como parte da Iniciativa de dissuasão mais ampla do Comando Europeu e do Departamento de Defesa dos EUA. A presença permanente das Forças de Operações Especiais dos EUA e dos nossos aliados é uma prova clara da fidelidade dos EUA ao compromisso de apoiar os nossos aliados e de defender a aliança da NATO". A recente reunião do Conselho dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO debateu estas informações ou tema dos EUA nunca é abordado devido à posição exclusiva desse país?
Em 2019, a Universidade Conjunta de Operações Especiais, um centro de treino do Comando de Operações Especiais dos EUA, publicou um relatório de 250 páginas com um título ilustrativo: "Supporting Resistance: Strategic Challenge and Effectiveness" (Apoiando a Resistência: Desafio Estratégico e Eficácia) no qual o seu autor, antigo oficial das Forças de Operações Especiais do Exército dos EUA, W. Irwin, detalhou as abordagens, práticas e resultados de casos conhecidos de interferência direta dos EUA nos assuntos internos de outras nações.
O autor sublinha que o seu estudo se baseia unicamente em documentos abertos e tornados públicos e que o quadro geral das atividades subversivas do Pentágono contra outros países é, de facto, muito mais amplo do que os factos apresentados no relatório. Mesmo assim, o autor não se abstém dos habituais padrões de propaganda, apelidando, em quase todos os casos, de "rebeldes" ou "resistência" todas as forças apoiadas pelos EUA, embora muitas vezes se refira às "criaturas" do Pentágono ou da CIA. Esta é outra prova das atividades subversivas dos EUA, da sua interferência nos assuntos internos de outros países e da manipulação dos processos eleitorais nos países que afirmam ser democráticos.
Este relatório mostra claramente que a política dos EUA para outros países se baseou sempre no princípio da "excecionalismo" de Washington que pressupõe o "direito legítimo", declarado pelos EUA, de interferir nos assuntos internos de outros países. A questão não é que ninguém, senão os EUA, tem o direito de interferir nos assuntos dos outros países. Os EUA, acreditam eles, têm o direito absoluto de o fazer porque são "excecionais" e porque só eles é que sabem como o mundo atual deve evoluir.
Para justificar esta posição unilateral, W. Irwin teve de falsificar os dados ao dizer que, na altura das operações especiais, todos os países vítimas estavam a ser governados por um "regime repressivo e autoritário", ou que o seu governo era composto por "forças hostis e ocupacionistas", o que é absurdo e o que está a ser afirmado atualmente pelos representantes do establishment americano nos casos em que o governo se compõe de acordo com os procedimentos democráticos normais.
Além disso, o autor do relatório salienta que o documento não aborda deliberadamente as operações em curso. A causa é a "confidencialidade das informações ou a incerteza quanto ao seu resultado final". No entanto, o próprio autor admite que nenhuma das administrações da Casa Branca (do pós-guerra) não conseguiu evitar a tentação de realizar operações especiais contra outros países, nem mesmo quando os presidentes eleitos declararam formalmente a sua intenção de abandonar estas práticas. A vontade dos EUA de interferir, inclusive por meio de serviços militares ou secretos, cujos agentes atuam sob o disfarce de diplomata, em quase todos os processos ou disputas políticas é bem ilustrada por uma piada que, infelizmente, já se tornou realidade: "Porque não há golpes de Estado em Washington? Porque Washington não tem embaixada americana".
Como os acontecimentos do início do ano demonstraram, os americanos preferem fazer vista grossa aos problemas existentes nos EUA. Simplesmente apelidaram todos os seus problemas internos de "terrorismo doméstico" (sem pensar que tudo isso parece ridículo e assustador ao mesmo tempo). Gostaria de repetir que voltaremos regularmente a este tópico. Os nossos parceiros americanos não nos deixaram outra escolha.
Nota sobre atividade do Comissário do Conselho da Europa para os Direitos do Homem
Já se tornou uma novela não discutirmos os direitos humanos, mas a atitude para com os direitos humanos assumida por parceiros ocidentais.
Não podíamos deixar despercebida a declaração da Comissária do Conselho da Europa para os Direitos do Homem, Dunja Mijatović, publicada no seu site oficial a 18 de março deste ano, referente à situação na área dos direitos humanos na República da Chechénia. Sem examinar pormenores do texto e as formulações empregadas pela Comissária, gostaríamos de dizer o seguinte.
É difícil considerar satisfatória a atividade de Dunja Mijatović no cargo de Comissária do Conselho da Europa para os Direitos do Homem. Qualificamos as abordagens usadas por ela como parciais, não estando elas à altura dos padrões da defesa dos direitos humanos. Trata-se, antes de tudo, da falta total de reação pública da Comissária aos problemas enfrentados por outros países, nomeadamente a segregação dos “não cidadãos” nos países do Báltico, a privação de parte de direitos dos habitantes russófonos da Ucrânia, a proibição extrajudicial de transmissão dos media oposicionistas na Ucrânia, a censura vigente na televisão na Letónia, Lituânia e Estónia, a luta contra a opinião diferente e contra tentativas de ganhar a atenção das autoridades em vários países do continente europeu, a violação grosseira dos direitos humanos no território dos países da UE. Nada disso vem a ser comentado no espaço público. Ao perguntarmos porque não havia uma devida avaliação de um ou outro acontecimento, respondem-nos que todos os problemas são resolvidos bilateralmente: discutem, comunicam, tentam estimular os países a melhorarem a situação. Mas por que isso não acontece em formato bilateral com a Rússia e vários outros países, com os quais a comunicação é realizada ora nas redes sociais, ora ao microfone? Não há resposta. Porém, é evidente.
Reitero: não há reação pública nenhuma frente a todo um “ramalhete” de problemas, nem sequer dos ocorridos na UE no mês passado; em vez disso, persiste uma exorbitante vontade de comentar a situação dos direitos humanos no nosso país. Isso aconteceu, particularmente, com as ações dos órgãos de proteção da ordem pública durante protestos não permitidos em janeiro-fevereiro do ano corrente.
Esperamos que a Comissária venha corrigir em breve estas abordagens, que longe estão da objetividade. Não somente nós. O mundo inteiro está a acompanhar a atividade das organizações internacionais tentando defender o seu papel messiânico global, tentando resistir à pressão e à influência de certos Estados ocidentais, manter a sua imparcialidade e independência, respeitar o direito internacional face à ameaça de se tornarem uma “ferramenta” manipulada por vários Estados. Muitos estão a observar: os atores regionais e os grupos de países. Vamos construir as relações com a Comissária em uma base pragmática, sempre que ela se recuse à política mencionada, seletiva e discriminatória. Tal abordagem parcial é um golpe que alveja as organizações internacionais como instituição.
Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da ONU avalia a situação das minorias nacionais e linguísticas na Letónia
É com preocupação que lemos um estudo efetuado pelo Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da ONU, emitida a 23 de fevereiro, do segundo relatório periódico da Letónia sobre o estado de cumprimento por Riga das suas obrigações no âmbito do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais.
As avaliações dos peritos da ONU têm gerado graves preocupações. Assim, os peritos do Comité constataram a tendência crescente à parcialidade e discriminação manifestadas na Letónia relativamente a certas pessoas e certos grupos por causa da sua língua, religião, proveniência nacional ou étnica, e também a ausência de uma política e legislação antidiscriminatórias que visaria introduzir direitos económicos, sociais e culturais iguais para todos.
Peritos destacaram que a postura assumida pelas autoridades letãs para com os representantes das minorias é discriminatória, inclusive no que toca à garantia dos direitos económicos, sociais e culturais, dificultando o seu acesso aos serviços de saúde, previsão social, educação, limitando as possibilidades de emprego tanto no setor público, quanto no privado.
Entre outros problemas, o Comité da ONU assinalou que a Letónia mantém a indignante categoria de “não cidadãos”, continuando a discriminar esta categoria de pessoas. Os peritos concluíram, particularmente, que os “não cidadãos” são a categoria mais vulnerável ao desemprego. Neste sentido, os representantes da ONU recomendaram às autoridades letãs aplicar maiores esforços no intuito de facilitar a naturalização e a adotar medidas que visem garantir acesso dos “não cidadãos” aos direitos económicos, sociais e culturais sem discriminação.
O Comité dedicou uma atenção especial às questões de política linguística de Riga na área da educação. As conclusões feitas pela ONU não são nada ambíguas: a atitude da Letónia na área da língua acarreta consequências negativas para o cumprimento dos direitos das pessoas que representam minorias. Mais do que isso: as emendas à Lei sobre a educação e o Regulamento do Gabinete dos Ministros da Letónia n.º 716, de 21 de novembro de 2018, foram consideradas pelo Comité discriminatórias, criando impedimentos não justificados à educação em línguas das minorias e ao ensino da língua das minorias em pré-escolas e escolas primárias, as estatais e as privadas.
Neste sentido, o Comité recomendou às autoridades letãs a reverem a sua política linguística e a legislação no intuito de facilitar o ensino da língua das minorias e a educação em língua das minorias, inclusive para evitar o impacto negativo nas notas das crianças que representam as minorias.
As conclusões do Comité coincidem com o sentido das avaliações russas, pronunciadas muitas vezes no decurso de eventos na ONU, na OSCE e no Conselho da Europa, sobre a violação grosseira e sistemática dos direitos dos cidadãos russófonos por Riga.
Insistimos em que as autoridades da Letónia deem ouvidos à opinião das estruturas internacionais de controlo na área dos direitos humanos, inclusive do Comité dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais da ONU, e que tomem medidas necessárias e eficazes a nível legislativo e político com a finalidade de cumprir as suas obrigações internacionais na área dos direitos humanos.
Queremos sublinhar de novo que a Rússia não deixará de defender ativamente os direitos dos seus compatriotas, estejam onde estiverem. Acompanhamos com atenção especial a situação com os cidadãos russófonos nos países do Báltico e na Ucrânia.
Resultados principais da 46a sessão do Conselho da ONU sobre os Direitos do Homem
Decorreu em formato online em Genebra, entre 22 de fevereiro e 24 de março, a 46a sessão do Conselho da ONU para os Direitos Humanos. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, participou na sua seção de alto nível.
No decurso da sessão foi discutido um amplo leque de questões da agenda internacional na área dos direitos humanos, com uma particular ênfase ao acesso igual às vacinas contra a infeção pelo novo coronavírus, o efeito negativo das medidas de pressão unilaterais sobre os direitos humanos, a cooperação no âmbito dos direitos humanos, a garantia da liberdade de religião, a democracia e a primazia do direito, assim como a problemática dos direitos económicos, sociais e culturais, entre os outros temas.
Mais de 30 resoluções foram adotadas após a sessão, inclusive as relativas à situação dos direitos humanos na Bielorrússia, no Irão, na Coreia do Norte, em Mianmar, na Nicarágua, na Síria, no Sudão do Sul e nos territórios ocupados da Palestina. Foram aprovados os resultados do Exame Periódico Universal da Andorra, da Bielorrússia, da Bulgária, da Croácia, dos EUA, das Honduras, de Jamaica, da Libéria, da Líbia, do Malawi, das Maldivas, das Ilhas Marshall, da Mongólia e do Panamá.
Foram nomeados os relatores especiais sobre casos de execuções extrajudiciais no Camboja e também os relatores do Mecanismo de Peritos para os Direitos dos Povos Indígenas, do Grupo de Trabalho sobre Pessoas de Origem Africana e do Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária.
Ao regressar para o Conselho enquanto membro plenipotenciário após uma pausa de quatro anos, a delegação russa aproveitou-se da plataforma da sessão para fazer os parceiros compreender a importância do diálogo internacional construtivo sobre o fomento e a defesa dos direitos humanos, o respeito das particularidades nacionais e histórico-culturais de cada Estado no processo de transformações democráticas sem imposição de sistemas de valores importados, e bem como a inadmissibilidade do uso da dita política de duplos padrões e da politização das atividades do Conselho. A Rússia opôs-se firmemente às tentativas de alguns Estados ocidentais de intervir nos assuntos internos de Estados soberanos através das decisões do Conselho, de pressionar os governos nacionais, de manifestar as suas pretensões territoriais.
Pela primeira vez em toda a história do Conselho, foi adotada, com apoio da Rússia, a declaração conjunta de um grupo de países manifestando preocupação pela situação no âmbito dos direitos humanos nos países da União Europeia e no Reino Unido.
No decurso da sessão, a Federação da Rússia destacou várias vezes perante o Conselho uma situação inadmissível no século XXI, em que os países da Europa que mais sofreram da ideologia fascista mantêm uma política de segregação étnica e religiosa. Junto com os Estados membros do Movimento dos Não Alinhados, a parte russa colocou perante o Conselho a questão aguda da ilegalidade das medidas unilaterais de pressão e do seu impacto negativo sobre os direitos humanos, inclusive no contexto do bloqueio aquático da Crimeia por parte da Ucrânia.
Secretário de Estado dos EUA comenta suposta “desinformação” russa
É com surpresa que percebemos a declaração do Secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, dizendo que a Rússia estaria a “minar a confiança nas vacinas seguras e eficazes” contra o coronavírus. O que é que a Rússia tem a ver com isso? Compartilhe factos concretos pelo menos com os seus media. Observamos muitas críticas recíprocas que os parceiros ocidentais trocam entre si relativamente à vacinação, à atividade das suas próprias empresas farmacêuticas. A Rússia não intervém nos horários de fornecimento, na criação de grupos de vacinação nos países ocidentais, no licenciamento dos preparados ocidentais nem na sua suspensão. Só lemos sobre o que está a acontecer, e lemos isso nas páginas dos próprios media mainstream do Ocidente.
Tal declaração torna-se ainda mais ridícula em comparação com a postura consequentemente despolitizada da Rússia, pronta para cooperar com todas as partes interessadas no âmbito de fornecimento de vacinas, do estudo conjunto da sua eficácia e também de localização da produção em várias regiões do mundo.
Representantes da UE rejeitam vacina russa Sputnik V
Vimos as discussões públicas de alguns representantes da Comissão Europeia, inclusive do Comissário europeu do mercado interno, Thierry Breton, sobre a falta de necessidade para a compra centralizada pela União Europeia da vacina russa Sputnik V.
Portanto, vemo-nos obrigados a constatar que a Comissão Europeia está a continuar a sua política inicial e visivelmente deficiente de cooperar apenas com as empresas ocidentais: a UE como um todo limitou-se a celebrar contratos de fornecimento das vacinas com fabricantes da UE, dos EUA e do Reino Unido.
Gostaríamos de lembrar que a vacina Sputnik V foi registada pelo Ministério da Saúde da Rússia ainda em agosto de 2020. Logo depois, convidámos os parceiros estrangeiros interessados a participar em pesquisas conjuntas, a combinar os parâmetros de fornecimento e até mesmo a discutir a produção local. Porém, até agora, quando a eficácia e a segurança da Sputnik V não suscitas dúvidas, mas pelo contrário, quando a procura mundial desta vacina está a crescer geometricamente, inclusive por parte dos próprios países da UE, o senhor Breton nega categoricamente que a União Europeia precise do remédio russo. Tal abordagem pode não ser chamada de politizada?
Gostaríamos de esperar que semelhante atitude para a Sputnik V, e na verdade, em relação aos próprios cidadãos por parte da Comissão Europeia não afete o processo de estudo do pedido que enviámos à Agência Europeia de Medicamentos (EMA) no sentido de registar a vacina russa. Especialmente se tivermos em conta o interesse manifestado para com a nossa vacina por muitos países membros da UE, bem como as declarações do Diretor da OMS Europa, Hans Kluge, que disse que a Europa realmente necessita da vacina russa.
Moradores de província afegã lançam ação judiciária contra Países Baixos
Não podemos deixar sem comentário a recente decisão dos moradores da província afegã de Uruzgan de lançar uma ação no Tribunal Penal Internacional (TPI) por causa do bombardeamento de alvos pacíficos pela Força Aérea dos Países Baixos na noite de 16 para 17 de junho de 2007, matando 250 civis.
A parte russa tem declarado reiteradas vezes que havia um grande número de vítimas civis no Afeganistão na sequência dos ataques aéreos das forças da coligação internacional. Contudo, nunca ouvimos que os culpados da morte de civis tinham sido punidos. É um desequilíbrio na avaliação dos direitos humanos por parte dos parceiros ocidentais. De um lado, estão preocupados pela situação nas regiões pacíficas que não padecem de conflitos armados, mas, ao mesmo tempo, não veem milhares de civis a morrer por ações ilegítimas das suas próprias forças armadas.
Condenamos firmemente os crimes cometidos contra os cidadãos pacíficos afegãos e apelamos aos Países Baixos a realizarem, eles próprios, uma investigação objetiva e abrangente do incidente mencionado, punindo os culpados. Apelamos a todas as partes envolvidas, inclusive as forças da coligação internacional, a fazer tudo para evitar a morte de população civil no Afeganistão. Estamos convencidos de que isso iria impedir o alcance das tendências radicais na sociedade afegã.
Anistia Internacional exorta investigar ações da polícia holandesa empreendidas em 14 de março
O mundo inteiro acompanhou e observou o nível da crueldade desumana mostrado pela polícia dos Países Baixos no decurso da supressão dos recentes protestos na Haia contra as restrições pandêmicas vigentes no Reino. Os vídeos publicados falam por si: foram usados contra os manifestantes canhões de água, cachorros policiais, porretes; até empurraram uma mulher debaixo de um carro. E isso acontecia no Estado que se autoproclamou o exemplo da democracia e dos direitos humanos, a Meca jurídica do mundo.
Não é a primeira vez que a polícia holandesa “impõe a ordem” desta maneira. Vale lembrar, aos menos, os protestos de janeiro, quando dezenas de pessoas foram feridas e centenas foram detidas.
Mas desta vez, os policiais neerlandeses foram longe demais até para a Anistia Internacional, que antes preferia guardar o silêncio. Os defensores dos direitos humanos ficaram chocados pelas atrocidades cometidas e apelaram a investigar minuciosamente se a polícia agiu de maneira legítima e justificada.
E qual era a reação das autoridades oficiais? O governo recusou-se a dar qualquer comentário concreto. A única reação foi a declaração do Ministro da Saúde dizendo que ele ficou triste vendo pessoas protestarem contra as medidas de restrição da propagação do coronavírus. Em vez de pedir desculpas, o chefe da polícia da Haia veio acusar os manifestantes, afirmando que eles mesmos “teriam pedido” a violência e que os vídeos chocantes eram “tirados do contexto”. Eis a democracia e a defesa dos direitos humanos à neerlandesa.
Mundo comemora aniversário da agressão da NATO contra a Jugoslávia
A 24 de março de 1999, a Aliança do Atlântico Norte começou a bombardear a Jugoslávia.
Aquilo foi o primeiro ato de agressão na Europa contra um Estado independente e soberano depois da Segunda Guerra Mundial. A NATO cometeu uma violação grosseira dos princípios fundamentais do direito internacional estipulados na Carta da ONU, fazendo dos Balcãs um polígono de exercício prático de novos métodos de guerra contra um país evidentemente mais fraco. Foi então lançado o processo de substituição dos mecanismos legítimos que regulam as relações internacionais por uma alegada “ordem baseada em regras”, que na verdade não é outra coisa senão a arbitrariedade cínica encoberta pela propaganda falsa sobre uma “catástrofe humanitária” na região autónoma sérvia de Kosovo.
Em 78 dias da campanha da NATO, foram mortos cerca de 2 mil civis, muitas instalações em dezenas de cidades – inclusive em Belgrado – foram destruídas ou atingidas. O uso de obuses com urânio empobrecido levou à contaminação de amplas áreas e ao surto inédito de doenças oncológicas, que afetam até hoje em dia inclusive os militares das Forças para Kosovo introduzidas depois da guerra por decisão do CS da ONU. Mais de 200 mil habitantes da região de nacionalidade não albanesa abandonaram as suas moradas, sem ter podido voltar até agora, principalmente por considerações de segurança.
Aproveitando a agressão da NATO, os militantes do dito Exército Nacional de Kosovo cometiam atrocidades horríveis, inclusive sequestrando sérvios com fins de tráfico ilegal de órgãos humanos. Muitos daqueles criminosos ainda permanecem em liberdade, apesar de ser necessário que todos sejam punidos, independentemente da sua situação e influência atuais.
A operação armada da NATO contra a soberana Jugoslávia, ocorrida há mais de vinte anos, foi uma tragédia, cujas consequências a longo prazo se fazem sentir ainda hoje em muitas áreas. Uma das suas lições principais – e isso vem sendo confirmado pela crónica falta de progresso na solução do problema de Kosovo – está em que a impunidade e a arbitrariedade não são capazes de resolver nenhuma tarefa, mas só agravam a situação.
A questão da responsabilidade dos aliados da NATO pelos danos que causaram às relações internacionais e ao país concreto permanece aberta.
Novos atentados terroristas no Níger
Ficamos extremamente apreensivos pela onda de ataques terroristas que continuam a acontecer na amiga República do Níger. A 21 de março, um grupo armado não identificado atacou várias aldeias na região de Tahoua, perto da fronteira com o Mali, matando 137 cidadãos nigerinos. Este foi o quarto maior ataque terrorista contra a população civil desde dezembro de 2020. O total das mortes supera 300 pessoas.
Moscovo condena com veemência as ações cruéis dos extremistas. Apoiamos o desejo das autoridades nigerenses de tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança, para deter e julgar os culpados dos crimes cometidos.
Observamos que o surto da atividade terrorista no Níger coincide com o período das eleições legislativas e presidenciais, um período sumamente importante para o país. Estamos convencidos de que os extremistas não poderão impedir a sociedade nigerense de continuar o seu desenvolvimento democrático sustentável.
Transmitimos as nossas condolências aos familiares e aos próximos dos mortos, desejamos uma rápida recuperação aos feridos por mais uma ação atroz das forças terroristas no Níger.
A Rússia mantém a intenção de continuar a contribuir construtivamente para os esforços internacionais que visam fomentar a paz e a segurança na região do Saará-Sahel, apoiar os países, inclusive o Níger, a aumentar a operacionalidade das forças armadas, a formar militares e policiais.
Ponto da insolvência da empresa financeira alemã Wirecard
Como é sabido, está a continuar na Alemanha a investigação da insolvência da corporação financeira alemã Wirecard, anunciada em 2020. Um comité especial foi criado na Bundestag para investigar as atividades desta estrutura comercial. O seu diretor executivo, Jan Marsalek, natural da Áustria que se encontra foragido, é acusado pelas autoridades alemãs de grande fraude cometido por um grupo criminoso organizado (o valor estimado chega aos € 2,8 mil milhões).
Em setembro de 2020, a Procuradoria Geral da Rússia recebeu de Munique uma solicitação de determinar o paradeiro, deter e colocar Jan Marsalek sob custódia para depois entregar às autoridades da Alemanha caso ele fosse encontrado no território da Rússia. Porém, a parte alemã não apresentou nenhuma informação que confirmasse que o austríaco estaria no nosso país. A solicitação está a ser processada pelas entidades competentes da Rússia e informámos disso à parte alemã através dos canais diplomáticos, prestando reação preliminar.
Neste contexto, não podem senão deixar perplexos as especulações que continuam a circular no espaço público da Alemanha e também as declarações de alguns parlamentares alemães alegando que Jan Marsalek teria laços estreitos com os serviços especiais da Rússia. Esperamos que Berlim não esteja a procurar “pista russa” aqui também. Advertimos a parte alemã contra a futura politização deste assunto e contra o seu uso para mais uma histeria antirrussa.
Monumento russo profanado na Moldova
A 20 de março, foi destruído, perto do povoado de Ivancea, da região de Orhei, na Moldova, o monumento aos guerreiros do Segundo Corpo de Cavalaria caídos no combate contra os ocupantes fascistas no verão de 1941. Os vândalos fragmentaram o monumento em forma de flecha de aço inoxidável que se quebrou depois de cair.
Sabemos que a polícia da Moldova está a buscar provas e a determinar as circunstâncias do incidente.
Condenamos com firmeza este ato de vandalismo. Queremos lembrar que a Moldávia faz parte do Tratado sobre a Eternização da Memória sobre a Valentia e o Heroísmo dos Povos dos Estados da CEI na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945 de 3 de setembro de 2011 que obriga as partes a garantirem “a proteção e a manutenção dos túmulos e monumentos militares situados nos seus territórios respetivos”.
Esperamos que esta obrigação internacional da República da Moldova seja cumprida e que o incidente seja minuciosamente investigado, identificando e punindo os culpados e restaurando o memorial.
Autoridades polacas tiram nome de Herói da URSS de uma rua
Deparamo-nos com mais um exemplo da dita “política histórica” das autoridades polacas. Por recomendação do Instituto da Memória Nacional (IPN, na sigla em polaco) da Polónia, foi renomeada uma rua na cidade de Inowrocław, que tinha muitos anos trazido o nome do herói da União Soviética, Ivan Alejnik (Aleinikov seria a grafia correta), eternizando a memória do valente oficial soviético que deu a sua vida pela libertação da Europa do nazismo. Mas hoje em dia, a Polónia prefere desfazer-se de tais lembranças.
Uma breve nota histórica. A 21 de janeiro de 1945, no decurso da Operação de Varsóvia-Posnânia do Exército Vermelho, o comandante do tanque T-34, tenente de guarda Ivan Aleinikov continuava, não obstante as suas feridas, a cumprir a sua missão de combate. O seu carro de combate foi atingido, o comandante e o resto da equipa foram queimados vivos. Ivan Aleinikov foi nomeado postumamente Herói da União Soviética pelo cumprimento exemplar das tarefas de combate, pelo heroísmo e coragem. Ele é enterrado em Inowrocław num túmulo comum dos guerreiros do Exército Vermelho e dos prisoneiros de guerra no cemitério católico.
Agora, a antiga rua Aleinikov tem o nome de cidadão honorífico de Inowrocław, empreendedor e mecenas, Tadeusz Chęsy. Este caso demonstra bem o cinismo das autoridades polacas que facilmente se esquivam a agradecer ou simplesmente respeitar a memória dos guerreiros libertadores soviéticos, graças aos quais a Polónia permanece hoje no mapa do mundo e, a propósito, tem a cidade de Inowrocław no seu território, tendo esta cidade fazendo parte da Alemanha até de 1945, chamando-se Hohensalz.
Álbum memorial “A Rússia e a China lembram-se deles” foi apresentado em Pequim
A 16 de março, ocorreu na galeria de arte Jintai, em Pequim, a apresentação do álbum memorial “A Rússia e a China lembram-se deles” em russo e chinês, editado pela Embaixada da Rússia na China.
Esta edição ilustrada de quase 200 páginas contém uma descrição detalhada dos principais acontecimentos relacionados com o papel da União Soviética na guerra pela libertação da China dos ocupantes japoneses de 1937-1945. Foram usados para a sua preparação materiais inéditos do Arquivo Militar Central do Ministério da Defesa da Rússia e do Arquivo Estatal Militar Russo, muitos deles pela primeira vez.
Em sinal de agradecimento aos colegas chineses pela sua contribuição à eternização da memória dos soldados e oficiais soviéticos mortos na China nos anos da resistência ao Japão, o Embaixador da Rússia na China, Andrei Denisov, entregou a alguns cidadãos e museus chineses medalhas do Ministério da Defesa da Rússia e do comité organizador russo “Vitória”.
Nas condições de restrições epidémicas, a apresentação foi um dos eventos de maior escala organizados pela Embaixada da Rússia na China recentemente, sendo elogiada pela imprensa chinesa.
Mantemos uma cooperação estrita com a parte chinesa nos assuntos relacionados com os eventos militares. Temos nesta área o desejo conjunto, ativo e positivo, a que esta área das relações bilaterais seja um laço forte, capaz de unir os nossos povos e reforçar a parceria estratégica russo-chinesa.
Corrida de motos “Caminhos da Vitória – Retorno à Casa 2021” comemorará Dia da Vitória
A seção Caminhos da Vitória do moto clube russo Lobos Noturnos, junto com o fundo de apoio e desenvolvimento do movimento patriótico Caminhos da Vitória planeiam organizar em maio deste ano a 7a moto corrida internacional “Caminhos da Vitória – Retorno à Casa 2021”, dedicada ao 76o aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945.
Pela primeira vez nos últimos anos, a corrida de motos irá começar em várias capitais europeias para terminar na Rússia, simbolizando assim o regresso dos guerreiros libertadores soviéticos à Pátria. Membros de moto clubes estrangeiros, da Alemanha, dos Países Baixos, da Eslováquia, da Eslovénia, da Polónia, do Montenegro, da República Checa e de outros países juntar-se-ão aos participantes russos em São Petersburgo, onde a corrida terá o seu início oficial a 2 de maio, para chegar solenemente à meta em Moscovo a 9 de maio.
Acreditamos que o êxito deste projeto fomente a preservação da memória histórica da heroica façanha do povo soviético nos anos da Grande Guerra Patriótica de 1941-1945 e do papel do nosso país na vitória sobre o nazismo, bem como a educação patriótica da geração jovem.
Da nossa parte, como nos anos passados, estaremos prontos para prestar a assistência informacional, consular e outra aos organizadores e aos participantes da moto corrida.
Grécia comemora os 200 anos do início da luta pela libertação nacional
A 25 de março deste ano, a República Helénica comemorou os 200 anos do início da luta pela libertação nacional que levou à criação do Estado independente.
O Império Russo ajudava a Grécia a autonomizar-se, a preservar a sua independência, a sua cultura e a sua religião. É bem simbólico que o primeiro governador da Ellada libertada era um funcionário público russo de ascendência grega, o gerente do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Império Russo, Ioánnis Kapodístrias.
A parceria russo-grega na etapa atual apoia-se sobre uma bagagem histórica sólida, tendo um caráter aberto e dinâmico. Apesar das difíceis condições da pandemia do coronavírus, mantem-se o diálogo político constante. Medidas diversas têm sido elaboradas em conjunto no intuito de estimular a cooperação comercial e económica, o intercâmbio cultural e humanitário. Está em vias de realização o acordo de Ano Cruzado da História Rússia-Grécia 2021. Há uma interação construtiva em formatos multilaterais, inclusive na ONU, na OSCE, no Conselho da Europa e na Cooperação Económica do Mar Negro.
A participação do Presidente do Governo da Federação da Rússia, Mikhail Michustin, nas festividades solenes em Atenas, a 24-25 de março, comemorando o 200o aniversário do início da luta pela libertação nacional grega, vem confirmar a importância do desenvolvimento das relações com a República Helénica.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, enviou uma nota aos organizadores e aos participantes do Fórum da Diplomacia Popular, cumprimentando-os por ocasião deste evento.
Bangladesh comemora Dia da Independência
A 26 de março, a República Popular do Bangladesh comemora o 50o aniversário da independência.
No meio-século que transcorreu, o Bangladesh alcançou importantes êxitos. O país está a avançar rumo ao progresso, participa na solução de problemas globais contemporâneos, inclusive na luta contra a pobreza e contra alterações climáticas, é um grande fornecedor de unidades militares para as missões pacificadoras da ONU.
A Rússia e o Bangladesh são ligados por relações de amizade, cuja base foi lançada em 1971-1972. O nosso país foi um dos primeiros a reconhecer a independência do Bangladesh, usando a sua influência internacional para apoiar o Estado recém-formado. A pedido do governo do Bangladesh, os marinheiros militares soviéticos limparam o porto de Chitagongue de minas e de navios afundados. A URSS prestou importante ajuda aos bengalis na recuperação da economia nacional, destruída no decurso da guerra pela independência, e também na formação de profissionais.
Hoje em dia, o Bangladesh é um importante parceiro comercial da Rússia na Ásia do Sul. A proximidade das abordagens em muitos aspetos da agenda internacional permite-nos manter uma cooperação frutuosa no âmbito da ONU e de outras estruturas multilaterais. Visamos ampliar e reforçar a nossa cooperação no futuro.
Felicitamos os nossos amigos pela data memorável. Desejamos-lhes paz, prosperidade e bem-estar.
Exposição alusiva ao 30o aniversário das relações diplomáticas entre Rússia e Panamá
A 29 de março, completam-se os 30 anos das relações diplomáticas entre a Rússia e o Panamá. No decurso destes anos, os nossos países conseguiram fazer um trabalho importante e frutífero construindo relações bilaterais baseadas nas sólidas tradições de cooperação igualitária e mutuamente respeitosa.
O Ministério costuma comemorar tais datas significativas com grandes exposições. Porém, devido à atual situação com a pandemia do coronavírus, esta exposição temática está preparada em forma eletrónica e será colocada no site do MNE da Rússia. Inclui documentos fundamentais, raras fotos históricas e outros materiais do Arquivo da Política Externa da Rússia que refletem as páginas mais brilhantes da história da cooperação russo-panamense.
A exposição será acompanhada pela felicitação do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, dirigida à sua colega, Ministra dos Negócios Estrangeiros do Panamá, Erika Mouynes, e também pela vídeo mensagem do Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Ryabkov.
Pergunta: Gostaria de perguntar sobre o novo assunto de espionagem sobre a “pista russa”, lançado na Bulgária, e sobre o fomento artificial da mania de espiões. No dia do sétimo aniversário da reunificação da Crimeia com a Rússia, uma “sensação” surgiu na Bulgária. Depois, Sofia expulsou dois diplomatas russos. O Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Aleksandr Grushko, já tinha advertido que se a Bulgária tivesse expulsado diplomatas russos, iria seguir uma resposta. Os habitantes do nosso país estão muito preocupados pelo efeito que esta situação terá sobre as relações bilaterais, compreendendo que este escândalo de espiões é-nos imposto desde o exterior.
Que resposta a Rússia prepara para a Bulgária? Como evitar a piora das relações bilaterais, tendo em conta que seria tal um efeito que os terceiros países pretendem alcançar para reforçar a retórica antirrussa nos Balcãs?
Porta-voz Maria Zakharova: Comentámos este assunto muitas vezes. Não é por iniciativa de Moscovo que as relações bilaterais venham sendo afetadas por demasiados acontecimentos destrutivos, que não são do interesse dos nossos povos. Temos que reagir constantemente.
Um comentário do MNE da Rússia foi publicado a 23 de março. Posso repetir que a 22 de março, o MNE da Rússia declarou personae non grata os dois funcionários diplomáticos da Embaixada da Rússia em Sofia. Foi já a quinta vez no ano e meio recente. E novamente, sem qualquer prova.
Este passo foi precedido por uma campanha, tendo a Procuradoria da Bulgária “revelado” um grupo de pessoas nas estruturas locais de defesa que alegadamente trabalhavam para a Rússia. Como se estivessem a preparar-se a anunciar os diplomatas russos personas non grata.
Constatamos mais um surto de “mania de espiões” antirrussa na Bulgária, que, por alguma razão, voltou a manifestar-se na véspera das eleições legislativas previstas para 4 de abril e no contexto do surto da russofobia no Ocidente, nos EUA principalmente.
Voltámos a apelar a Sofia a deixar de engajar-se em campanhas políticas iniciadas pelos países ou pelas uniões ocidentais, a desistir da “caça às bruxas”. Tudo isso prejudica os interesses da própria Bulgária, as relações bilaterais com a Rússia. Tem que voltar à agenda construtiva, muito mais natural para as relações russo-búlgaras.
Tais ações exigem resposta. A Federação da Rússia reserva a si o direito de medidas “espelho”. Falamos disso cada vez. Infelizmente, vemos repetições e reincidências.
Não posso senão concordar com a senhora que isso não é do interesse do povo da Bulgária. O mais provável existir por trás disso um “estímulo” externo de semelhantes passos e ações. Isso não pode ser explicado pelos interesses nacionais, naturais da Bulgária.
Pergunta: O Alto Representante da UE para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, disse: “Nós devemos discutir os canais de comunicação com a Rússia. A Rússia é um vizinho perigoso, mas nós devemos partilhar com ela algumas questões de interesse comum, como, por exemplo, o acordo nuclear com o Irão e mudanças do clima. Mas ao mesmo tempo, devemos reter a Rússia e opor-nos a ela”.
Como o MNE da Rússia avalia esta declaração? Pode-se dizer que a retórica antirrussa tem sido premeditadamente intensificada para obter algum objetivo concreto? Como a Rússia vê a sua futura cooperação com a Europa nestas condições?
Porta-voz Maria Zakharova: Temos comentado semelhantes assuntos regularmente.
É uma grande estupidez dizer que a Rússia é um “vizinho perigoso”. Para se tomar o contexto histórico, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, não pode desconhecer que na maioria das vezes, os países da atual União Europeia sofriam de si próprios, e nunca da Rússia. Foi a Rússia que se tornava constantemente alvo de agressão por parte destes Estados.
Josep Borrell deve encarar a situação de maneira realista para analisar quem é o real “vizinho perigoso” dentro do agrupamento europeu, sem inventar algo que não existe.
Os colegas europeus discursam (em particular, os britânicos diziam assim quando eram parte da UE, e agora a tese pegou) que a Rússia sempre foi agressiva e é suscetível de sê-lo no futuro. Mas tais exemplos não existem. A Rússia nunca começou guerras mundiais. No decurso desses conflitos, a Rússia mantinha campanhas libertadoras, ajudando a limpar dos ocupantes não somente o seu território, mas também o dos outros países, sempre sendo alvo de agressão. É a nossa experiência histórica, o nosso caráter nacional, a nossa missão.
Quem deu o direito a Josep Borrell a usar tal tonalidade falando com o povo da Rússia? Ele refere-se ao nosso chamando-o de “vizinho perigoso”, mas ele não pode desconhecer a história. E as testemunhas da história do século XX ainda vivem. As provas históricas não desaparecerem, não obstante as tentativas de tirar estas páginas do contexto histórico em muitos países da União Europeia. Falei disso inclusive hoje: o derrubamento de monumentos, a renomeação de ruas, a criação de monumentos a “heróis” que nunca o foram.
Estas comparações, estas formulações, enfim, estes tons são inaceitáveis. O nosso governo tem comentado isso muitas vezes. Sugeríamos à União Europeia abster-se do tom acusativo, a ser realista, a perceber os seus próprios problemas sem tentar minimizá-los por conta de mitos sobre alegado papel agressivo da Rússia. Apelámos muitas vezes a iniciar uma conversação com factos concretos. Nós estamos prontos para tal diálogo. Comunicávamos isso no decurso das negociações e no espaço público. Agora temos assuntos para discutir. E a retórica de confronto deve ceder, deve permanecer no passado. Não é uma questão de relação entre Bruxelas e Moscovo só. A retórica de confronto tem vindo a assestar um golpe muito mais destrutivo (do que podem acreditar) na reputação do Ocidente enquanto um líder, um “produtor de sentidos”. Todos os especialistas em matéria internacional, os peritos compreendem muito bem que a Rússia nunca foi um vizinho perigoso nem agressivo no contexto histórico. Semelhantes declarações, além de serem humilhantes, além de deturparem a realidade, são uma desinformação simples.
Pergunta: Como um novo escândalo de espionagem afetará as relações entre a Bulgária e a Rússia? A senhora não acredita que as regulares expulsões recíprocas (cinco no último ano e meio) reduzem o nível das relações diplomáticas entre a Bulgária e a Rússia?
Porta-voz Maria Zakharova: Tais passos não contribuem para as relações bilaterais com nenhum valor adicional, com nada positivo. Sem dúvida, assestem um golpe contra os laços russo-búlgaros, jogando-os fora sem estimular o movimento progressivo.
Falar em “redução” ou em “aumento” do nível das relações é bom para um artigo de jornal, para um comentário. Mas há cidadãos dos dois Estados, os próprios habitantes da Bulgária, que não querem usar a terminologia política, procurando compreender - por que isso acontece? Quem precisa disso? A que isso serve? Para que as pessoas que se consideram políticos ou querem sê-lo possam promover-se? Eles devem elaborar uma agenda positiva, mas tal implica esforços, ações e resultados. É muito mais fácil criar uma agenda do nada – da conjuntura ocidental de natureza antirrussa. Então, os cidadãos da Bulgária podem perguntar a estes “políticos”: não acham que, ao piorar as relações bilaterais com a Rússia, não trazem nenhuma vantagem ao seu povo, mesmo declarando trabalhar para o bem dos seus compatriotas?
Seria bom discutir esta questão dentro da Bulgária. Não é uma pergunta para a Rússia. Nós confirmámos não com palavras, mas com atos o nosso papel de parceiro responsável e confiável da Bulgária em todo um leque de grandes projetos (inclusive económicos). Não são palavras nem teoria, senão a prática da nossa interação. As nossas ações corroboram a nossa abordagem. Tudo o que pergunta é a questão do diálogo búlgaro interno entre os cidadãos e os ditos “políticos”.
Já que o senhor perguntou, eu acho que este diálogo interno deveria acontecer já: para onde e para que tais pessoas conduzem a sociedade búlgara, como prejudicam as relações bilaterais e o povo da Bulgária agindo assim?
Talvez contenham alguma “vantagem”. Não excluo isso. Talvez apresentem, pelo menos para o público interno, alguns factos que comprovem a vantagem destas ações. Talvez tenham algo que, por alguma razão, não mostram. É uma pergunta a fazer para a sociedade búlgara.
Pergunta: A 23 de março, teve lugar a teleconferência dos representantes especiais do “quarteto” de mediadores internacionais para a solução da situação no Médio Oriente, composto pela Rússia, pelos EUA, pela ONU e pela UE.
No decurso do evento foi confirmado o caráter sem precedentes do “quarteto” enquanto o único mecanismo da solução da situação na região, aprovado pelas resoluções do CS da ONU.
Significa isso que a administração atual da Casa Branca se recusa da política da administração anterior, que sugeriu “o negócio do século” e que as decisões tomadas com Donald Trump enquanto Presidente dos EUA possam ser revistas? Este tema chegou a ser discutido durante a teleconferência?
A senhora disse hoje que Serguei Lavrov participaria nas atividades do clube Valdai. Ele já teve muitos encontros em Moscovo com os colegas da região (inclusive no âmbito da visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gabi Ashkenazi) no decurso da sua viagem ao Golfo Pérsico. Esta ativação da Rússia na zona do Médio Oriente significa que a Rússia estaria a preparar uma iniciativa para reanimar o processo e o trabalho do “quarteto”?
Porta-voz Maria Zakharova: O senhor está a perguntar sobre a postura dos EUA em diferentes áreas. Será que a posição da Administração atual pode ser percebida como uma revisão da política anterior? É a parte norte-americana que deveria responder a estas perguntas. Eu gostaria que o Presidente dos EUA, Joe Biden, respondesse a esta pergunta, sobre o “grande negócio”, sobre a política no Médio Oriente e sobre outros assuntos. Acompanhei com muita atenção esta entrevista, mas infelizmente, a agenda não previu isso. Era muito rígida nesta conferência de imprensa. Parafraseando pode-se dizer - orquestrava-se em exagero. Nunca vi nada parecido. É uma novidade para tais eventos. Peçam aos EUA para comentarem os planos deles.
O que ouvimos no espaço público? Ouvimos aquilo que as novas autoridades norte-americanas declaram – inclusive sobre os planos de retomar a cooperação com a Autoridade Palestiniana, congelada no período anterior. Isso prevê a retomada da atividade do escritório da Organização para a Libertação da Palestina em Washington, do Consulado dos EUA em Jerusalém, e também da assistência humanitária norte-americana aos refugiados palestinianos através da Agência para o Médio Oriente da ONU para ajuda aos refugiados e organização de trabalhos.
Os nossos países estavam entre os primeiros copatrocinadores do processo de paz no Médio Oriente. Eis aqui uma história complicada. Atualmente, falando do dia de hoje, julgamos que a nossa postura coincide com a dos EUA no que toca à solução da questão palestiniana com base no princípio aprovado pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU de “dois Estados”, Palestina e Israel, coexistindo em paz e segurança, e também no reconhecimento da importância do papel do “quarteto”.
Mas ainda só são intenções declaradas. Da nossa parte, defendemos uma abordagem pública, corroborada pelo nosso posicionamento no palco internacional e nas organizações internacionais, pelo trabalho concreto. Atualmente, esta “semelhança” das abordagens por parte dos EUA tem sido consolidada por declaração de intenções. Esperam-se as ações concretas. Vale a pena contatar os norte-americanos para vocês, os jornalistas, compreenderem a sua estratégia no Médio Oriente. Deve-se aguardar ainda pela definição dos parâmetros da política dos EUA no Médio Oriente no âmbito do “exame de política externa” e do seu exercício prático.
Há possibilidades de coordenação construtiva russo-norte-americana nesta área. Mantém-se um diálogo regular entre o Representante Especial do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia no Médio Oriente, Vladimir Safronkov, e o Vice-Secretário de Estado dos EUA, Hady Amr, responsável por este leque de assuntos.
São eles, por várias razões, quem deve comentar as ações e a política dos EUA neste contexto. A nova Administração, as novas abordagens, a nova equipa. Gostaríamos de obter mais certeza. Ainda não a sentimos a 100%. Acreditamos que assim seja porque as respetivas abordagens estão em vias de formulação. Mas já está na hora de formulá-las definitivamente.
Pergunta: Como a senhora avalia o resultado das eleições extraordinárias ao parlamento (Knesset) de Israel?
Porta-voz Maria Zakharova: A 23 de março, aconteceram as eleições antecipadas ao Knesset. De acordo com os dados preliminares, está a liderar o partido governante Likud, encabeçado pelo Primeiro-Ministro atual de Israel, Benjamin Netanyahu. Os votos ainda estão a ser calculados. Estima-se que a nova composição do Knesset, composto de 120 deputados, representará 13 partidos e blocos políticos.
Depois do anúncio de resultados oficiais, começará a formação da coligação governante e a aprovação do Gabinete dos ministros, que enfrentará sérias tarefas políticas internas e externas, relativas à paz, à estabilidade e à segurança no Médio Oriente.
Esperamos que as prioridades do futuro governo incluam abranjam o reforço da cooperação amigável e mutuamente vantajosa russo-israelita em diferentes áreas. Visamos continuar o trabalho construtivo com o novo Knesset e com o futuro governo de Israel.
Pergunta: A senhora já comentou a conferência de imprensa de Joe Biden. Gostaria de saber como o MNE a avalia em termos gerais?
Porta-voz Maria Zakharova: É evidente que a conferência foi orquestrada. Para dizer a verdade, eu fiquei chocada com isso. Não esperava que pudesse acontecer nos EUA uma ação de informação montada a este nível. Ensinavam-nos tanto a respeitar a liberdade de palavra, a evitar sinais de indecência no trabalho com os media, por isso é estranho ver isso tudo por parte de Washington. Cada um tem as suas tradições, mas recentemente eram as tradições norte-americanas de comunicação direta dos representantes oficiais, das autoridades do país com a imprensa, o que é muito importante. Porém, os media russos têm sido discriminados. Hoje, vemos a discriminação não dos mass media estrangeiros, mas de jornalistas norte-americanos. Há uma recolha de perguntas, de jornalistas. Era óbvio a palavra foi dada para um grupo de jornalistas. Ficaram completamente privados de palavra aqueles que representam – é difícil de dividir em oposição e não oposição – a parte não mainstream ou a outra parte do mainstream da comunidade mediática. Isso é chocante. Não é um nível de estado ou entidade, é o nível superior. É o chefe de Estado interagindo com os media. Ao vermos tratar assim os jornalistas, o jornalismo, a liberdade de imprensa em um evento mediático aberto, quer-se perguntar: como é o trabalho a se realizar à porta fechada? Assustam os métodos usados pelos representantes do poder atuais em Washington. A conferência de imprensa deixou uma impressão chocante.
Pergunta: Qual é a postura do MNE da Rússia a respeito do cancelamento da venda da fábrica norueguesa de motores a diesel Bergen Engines à empresa russa Transmashholding?
Porta-voz Maria Zakharova: É uma notícia desconcertante. Foi justificada pela “defesa dos interesses nacionais”.
Os argumentos usados pela parte norueguesa ao tomar esta decisão são inventados. Os próprios órgãos reguladores noruegueses confirmaram várias vezes que a produção da fábrica e a sua experiência não cabem nas restrições de exportação norueguesa. A transação era puramente comercial e visava abrir a empresa norueguesa Bergen Engines a novos mercados, ampliar a sua produção, criar empregos na própria Noruega. Tudo o que o mundo ocidental nos ensinava muitos anos: fazer negócios, construir o negócio, fazer economia não politizada, não politizar a economia.
O cancelamento do negócio com a Transmashholding corresponde à “política de duas vertentes” que Oslo tem adotado nos últimos anos para com o nosso país, com um desejo evidente de “conter” a Rússia. Existem outros exemplos de bloqueio de contratos comerciais por Oslo. O negócio norueguês tem-se abstido de estabelecer novos projetos com os parceiros russos até em áreas não abrangidas por sanções, temendo haver semelhante intervenção política inadequada na cooperação meramente comercial. Falemos dos resultados. O que a parte norueguesa conseguiu? Fracasso no comércio bilateral, ausência total de projetos importantes na nossa cooperação comercial e económica, refletida nos indicadores internos.
Apelamos à parte norueguesa a não se tornar refém de fobias políticas, mas a seguir as tradições de boa-vizinhança, que se têm em abundância nas relações entre a Federação da Rússia e a Noruega. E o essencial: exortamos a voltar à mentalidade que sempre esteve no fundamento do mundo ocidental e da civilização ocidental: a democracia, a liberdade, inclusive a concorrência, o primado e o respeito da lei, o respeito do parceiro, a autonomia, a independência, a soberania verdadeira. É necessário voltar a isso. E se surgir a pergunta: em nome do quê? Mas acho que a resposta é evidente: em nome não somente da Rússia e das relações bilaterais, mas em prol de si próprios, dos interesses das suas empresas e do seu povo. É evidente.
Pergunta: “Reforçámos a nossa presença em terra, no mar e no ar, mas também reforçámos a cooperação com os parceiros na Geórgia e na Ucrânia. Vamos continuar isso – e estudamos bem assim a possibilidade de ampliar esta parceria através do apoio político e prático”, disse o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, no seu briefing. Ele acrescentou que a NATO não vai limitar-se a isso, mesmo se houver escalada da tensão na região. Aliás, recentemente as Forças Armadas da Ucrânia realizaram exercícios na fronteira com a Crimeia, treinando ataques contra um “adversário convencional”. Como a Rússia vai responder ao reforço da presença militar da NATO no Mar Negro e que medidas ela pode adotar para evitar provocações?
Porta-voz Maria Zakharova: A resposta breve à pergunta do ponto de vista da garantia da própria segurança será tradicional: de maneira adequada.
Quanto às declarações sobre a luta contra ameaças e desafios, eu já comentei isso. A NATO busca ameaças no lugar errado. Não é do lado oriental, não é de Moscovo e da Rússia que vieram os novos desafios e as novas ameaças que pairam sobre a NATO. Os novos desafios e as novas ameaças são a pandemia, a instabilidade financeira e económica, as questões dos direitos humanos e da sua politização, os problemas pendentes do mundo ocidental, como o racismo, o nacionalismo, a discriminação etc. É a crise ideológica, a crise do processo político em muitos Estados da Aliança Atlântica. É a problemática da migração e o acolhimento de migrantes nos países da NATO. A repressão da liberdade de expressão, o uso evidentemente desproporcional dos media, que por vezes sai do âmbito da lei (estou a falar da pressão exercida sobre os media, o uso de suas campanhas mediáticas com fins propagandísticos). Esta é a ameaça real que os países da NATO vão enfrentando. Isso não tem ligação nenhuma com o nosso país.
A Rússia oferece cooperação, parceria, lança a mão para ajudar a resolver todo um leque de assuntos mencionados, complexos e agudos, que realmente ameaçam a paz e a estabilidade não só da NATO, mas todo o mundo. São a questão da vacina – que eu comentei hoje muitas vezes, a cibersegurança (as nossas iniciativas são bem conhecidas), a luta contra o terrorismo internacional, contra as novas formas de discriminação, racismo, nacionalismo. Estamos prontos a cooperar, a compartilhar a nossa boa experiência (que temos e que é grande). Fizemos toda uma série de propostas globais anticrise a todo o mundo, no sentido de superar a pandemia, sendo muitas delas ignoradas pelos próprios países membros da Aliança – novamente, sem vantagem para os seus povos e cidadãos. Buscam a ameaça no lugar errado, e isso é perigoso também.