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Seguem abaixo alguns dos principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 12 de janeiro de 2024

21-12-01-2024

 

Sobre os ataques da "coligação" liderada pelos EUA e o Reino Unido ao Iémen

 

Segundo as informações disponíveis, na madrugada de sexta-feira, dia 12 de janeiro, a "coligação internacional" (seria mais apropriado chamar-lhe "coligação ilegal") liderada pelos Estados Unidos e o Reino Unido efetuou ataques com mísseis e bombas contra uma série de instalações no território do Iémen soberano controladas pelo movimento Houthi Ansar Allah. Foram relatados ataques às instalações aeroportuárias de Sanaa, da cidade de Al Hodaydah e Taiz, bem como do porto de Midi, na província de Hadjjah. Os Houthis anunciaram a sua intenção de retaliar contra alvos norte-americanos na região. Confirmaram-se os nossos receios de que a posição dos EUA no Conselho de Segurança da ONU sobre o Mar Vermelho seja apenas um pretexto para uma nova escalada da situação na região.

Condenamos veementemente estas ações irresponsáveis dos Estados Unidos e dos seus aliados. Uma escalada militar em grande escala na região do Mar Vermelho poderia pôr fim às tendências positivas patenteadas ultimamente no processo de resolução do conflito no Iémen e provocar a desestabilização da situação em todo o Médio Oriente.

Como alertámos, para justificar a sua agressão, os anglo-saxões estão a tentar utilizar a Resolução 2722 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada no dia anterior por sua iniciativa, sob o pretexto de garantir a segurança da navegação no Mar Vermelho. Há muito tempo que os norte-americanos utilizam métodos tão sujos e contrários ao direito internacional. Todo o mundo se lembra de como terminaram as suas aventuras militares na Líbia e no Iraque causadas pelas suas interpretações perversas das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os povos desses países e dessa região ainda estão a sentir as consequências devastadoras das intervenções militares ilegais de Washington e dos seus cúmplices.

Apelamos à comunidade internacional para que condene veementemente o ataque ao Iémen efetuado por um grupo de países sem a aprovação da ONU. Partilhamos as preocupações expressas pelos nossos parceiros na região, em particular a Arábia Saudita, e apelamos à intensificação dos esforços internacionais para evitar uma nova escalada da situação. Consideramos que esta aventura das forças da "coligação" ilegal constitui uma ameaça direta à paz e à segurança mundiais. Movidos por este entendimento, exigimos a convocação urgente de uma reunião do Conselho de Segurança para expressar a nossa avaliação de princípio destas ações ilegais.

 

Sobre a presidência russa do BRICS

 

No passado dia 1 de janeiro, a Federação da Rússia assumiu a presidência do BRICS. Nessa ocasião, o Presidente russo, Vladimir Putin, proferiu um discurso em que identificou as principais prioridades da presidência russa.

O lema da presidência russa é "Reforçar o multilateralismo para um desenvolvimento e uma segurança mundiais equitativos". Está prevista a realização de mais de 200 eventos durante o ano em três vertentes-chave: política e segurança, economia e finanças e contactos culturais e humanitários. O culminar da presidência russa será a Cimeira dos líderes dos países do BRICS que se realizará em Kazan, em outubro próximo.

A agenda da nossa presidência está cheia de eventos. Uma das nossas tarefas mais importantes consiste em assegurar a integração dos novos membros nos mecanismos da associação, sem comprometer a sua eficácia. Em conformidade com a II Declaração de Joanesburgo, teremos de definir as modalidades para a criação de uma categoria específica para "Estados parceiros do BRICS" e criar uma lista de potenciais candidatos, a fim de apresentar o respetivo relatório na Cimeira de Kazan. Tencionamos igualmente aprofundar o diálogo com os países amigos no formato BRICS Outreach/BRICS Plus.

As prioridades da presidência russa no cenário internacional incluem o reforço da coordenação em fóruns multilaterais, a cooperação no combate ao terrorismo, ao tráfico de droga, ao crime de informação, à corrupção, ao branqueamento de capitais e às operações de legalização de rendimentos ilícitos.

Contribuiremos para a implementação abrangente da Estratégia de Parceria Económica do BRICS 2025 e do Plano de Ação para a Cooperação em Inovação para 2021-2024. O nosso objetivo é reforçar o papel dos países BRICS no sistema monetário e financeiro internacional, desenvolver a cooperação interbancária, promover a transformação do sistema de liquidação internacional e expandir a utilização das moedas nacionais dos países BRICS no comércio mútuo. Entre as áreas importantes está a promoção do diálogo entre as autoridades fiscais, aduaneiras e antimonopolistas.

O nosso trabalho centrar-se-á em questões como reforço da cooperação nos domínios de saúde, ciência e inovação, ampliação dos contactos entre centros científicos e instituições de ensino superior. Continuaremos a trocar experiências e melhores práticas com os nossos parceiros do BRICS em domínios como transformação digital e aplicação da inteligência artificial, bem como a reforçar a cooperação multilateral no domínio de atividades de inovação, de tecnologias avançadas. Esperamos dar continuidade à cooperação com os nossos parceiros do BRICS na execução de projetos conjuntos de investigação e desenvolvimento e do Plano de Ação para a Cooperação em Inovação para 2021-2024.

Prestamos grande atenção à vertente humanitária da cooperação. Tencionamos promover um maior desenvolvimento dos contactos no domínio de cultura, desporto e intercâmbio de jovens. Em particular, planeamos realizar, em junho próximo, os Jogos Desportivos BRICS 2024.

 

Seguem abaixo algumas das respostas às perguntas dos mass media:

Pergunta: No passado dia 2 de janeiro, foi perpetrado um ataque terrorista contra o Líbano que ceifou a vida de várias figuras políticas do Hamas em Beirute. Segundo alguns relatos, trata-se dos líderes que foram abordados por emissários ocidentais, aquando da sua visita a Beirute, sobre a hipótese de troca de reféns, prisioneiros de guerra, etc., no conflito israelo-palestiniano. Este foi um atentado terrorista. Infelizmente, a Rússia não se pronunciou sobre este facto. Como é que Moscovo encara este tipo de ações?

Maria Zakharova: Em primeiro lugar, gostaria de repetir a nossa posição geral: a Rússia é contra todas e quaisquer atividades terroristas, independentemente de quem seja o seu autor. Conhece muito bem a nossa posição sobre este assunto.

Em segundo lugar, acreditamos que a solução do conflito está exclusivamente no plano político e diplomático. Somos contra todas e quaisquer ações que possam fazer escalar ainda mais o conflito e ampliar o seu âmbito geográfico.

A Rússia prosseguirá os seus esforços com vista à resolução, o mais rapidamente possível, do conflito. Estamos a trabalhar em estreita coordenação com os principais atores regionais e com os nossos correligionários tanto em formatos bilaterais como multilaterais.

 

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