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Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 16 de outubro de 2024

1946-16-10-2024

Sobre a 16ª Cimeira dos BRICS

 

Gostaria de falar sobre um evento global no qual o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia também participa. Será realizado ao mais alto nível. Trata-se da Cimeira dos BRICS em Kazan, de 22 a 24 de outubro. Recorde-se que esta será a 16ª cimeira. O evento cuja presidência rotativa é detida atualmente pela Rússia realiza-se no nosso país. O tema da reunião é “Reforçar o multilateralismo para um desenvolvimento global mais justo e a segurança”.

A agenda da reunião é muito densa. Os líderes debaterão questões atuais da agenda mundial e regional, os resultados do trabalho conjunto no âmbito da parceria estratégica dos BRICS nos domínios político, económico, cultural e humanitário. Farão o balanço da cooperação em matéria de segurança, nomeadamente através dos Altos Representantes responsáveis por estas questões e dos mecanismos de trabalho pertinentes. Será dispensada especial atenção à reforma do sistema financeiro internacional e ao reforço do papel dos países BRICS, ao desenvolvimento da cooperação interbancária e à expansão da prática de pagamentos recíprocos em moedas nacionais. Outro tema importante é a criação de uma nova categoria de “Estados parceiros” dos BRICS.

Os principais entendimentos alcançados na cimeira serão estipulados na declaração final. O documento refletirá igualmente as posições consolidadas dos Estados membros do BRICS sobre uma série de questões internacionais e regionais prementes e o desenvolvimento do BRICS.

Está prevista para 24 de outubro uma reunião no formato Outreach/ BRICS Plus com a participação de delegações de mais de 30 países em desenvolvimento, incluindo os que presidem aos mecanismos de cooperação regional, bem como de chefes das instituições executivas de organizações internacionais. O tema central da reunião será “BRICS e o Sul Global: Construir juntos um mundo melhor”. O debate centrar-se-á nas questões atuais da interação entre os Estados da Maioria mundial e no reforço do seu papel na elaboração de decisões sobre questões da agenda internacional. Pretende-se igualmente fazer o ponto da situação nos focos de tensão, com especial destaque para a situação no Médio Oriente, o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar e energética.

O Gabinete do Presidente da Rússia e o Ministério dos Negócios Estrangeiros divulgaram uma grande quantidade de informação. Os nossos representantes, embaixadores, estão a trabalhar. Dão entrevistas, falam sobre os próximos eventos em declarações aos mass média, realizam conferências de imprensa, briefings, intervenções e sessões de perguntas e respostas. Se houver perguntas, teremos todo o gosto em responder-lhes.

Gostaria também de mencionar que o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, tem agendada uma série de reuniões bilaterais e multilaterais com os nossos parceiros à margem da cimeira dos BRICS. Faremos a comunicação sobre as suas datas. Tudo será publicado no sítio Web do Ministério e nas nossas contas nas redes sociais.

 

Sobre a Reunião Anual do Conselho Empresarial do BRICS e o Fórum Empresarial do BRICS

 

A Reunião Anual do Conselho Empresarial do BRICS e o Fórum Empresarial do BRICS realizar-se-ão em Moscovo nos dias 17 e 18 de outubro.

O Conselho Empresarial do BRICS é um dos principais mecanismos de interação empresarial na associação. No dia 17, será aprovado o relatório anual, que incluirá propostas e iniciativas dos grupos de trabalho do Conselho. Este documento será apresentado aos Chefes de Estado dos BRICS durante a sua reunião em Kazan.

No dia 18, terá lugar o Fórum Empresarial dos BRICS, que precede tradicionalmente a Cimeira dos BRICS e constitui um fórum importante para o estreitamento de laços entre as comunidades empresariais dos países BRICS. Este ano, as sessões de discussão de painéis centrar-se-ão na cooperação financeira e em investimento, nas questões relacionadas com o comércio internacional e conetividade logística, o desenvolvimento do agronegócio e a segurança alimentar, a transição energética sustentável e o papel da cooperação tecnológica na implementação da agenda ESG. Trata-se de três principais critérios destinados a avaliar as empresas. Na sessão plenária esperam-se discursos dos líderes dos países BRICS.

O Fórum acolherá igualmente as cerimónias de entrega dos prémios aos vencedores do concurso internacional de boas práticas BRICS Solutions Awards e do concurso de empresas start-up femininas.

 

Resumo da sessão de perguntas e respostas:

Pergunta: A revista norte-americana Foreign Affairs publicou, na sua edição de setembro, um artigo intitulado “A Batalha pelo BRICS – Porque o futuro do BRICS definira a ordem mundial?”. O artigo diz, entre outras coisas, que muitos analistas ocidentais têm vindo a prever há 15 anos o colapso do BRICS, desde a sua criação. Afirmam também que os seus membros são tão diferentes uns dos outros, discordando frequentemente numa variedade de questões, e estão tão espalhados por todo o mundo que é difícil construir uma parceria significativa. No entanto, podemos ver que o BRICS não só sobreviveu como está a evoluir bem. Tem algum comentário sobre as declarações dos analistas ocidentais e quais são as principais causas do desenvolvimento do BRICS?

Maria Zakharova: A previsão é uma das componentes importantes do planeamento estatal, incluindo na esfera da política externa. Prestamos muita atenção aos materiais divulgados por estruturas analíticas sérias, incluindo as estrangeiras, que não foram apanhadas a fazer uma "propaganda negra", a serem tendenciosas ou a cumprirem uma encomenda política.

Agora sobre o “colapso dos BRICS”. Como a revista Foreign Affairs assinala com razão, os slogans ou maldições têm acompanhado a associação desde o seu nascimento. Tivemos a oportunidade de conhecer essas “obras”. Posteriormente, tornou-se claro que não se tratava de uma previsão, mas de uma encomenda política. Aparentemente, foram investidas somas avultadas em dinheiro na distribuição de "manuais de instruções". A indicação foi sempre a mesma: fazer vista grossa e não comentar (as primeiras cinco ou seis cimeiras dos BRICS não tiveram nenhuma cobertura na comunicação social do Ocidente). Quando se tornou impossível ignorar os processos nos BRICS, especialmente nos últimos anos em que dezenas de países começaram a declarar, um após outro, o seu desejo de aderir a esta associação, a ordem foi apresentar tudo apenas de forma negativa.

Esta não é uma previsão, é uma encomenda política. Estas encomendas permitem-nos julgar a atitude para com os BRICS daqueles que encomendam tais “materiais”. Refiro-me aos nossos “não parceiros” ocidentais.

Para nós, a lógica é a seguinte: quanto mais profunda e eficaz for a interação nos BRICS, mais numerosas serão as publicações do gênero. Portanto, a associação está a seguir o caminho certo.

Os BRICS não ameaçam o Ocidente de forma alguma - não fazem discursos agressivos, não incitam os países da associação ao confronto. Não fazem nada disso. Não obstante, o Ocidente está em histeria.

Quanto às causas do desenvolvimento dos BRICS. É óbvio para nós que o fator fundamental é a própria natureza da associação. Trata-se de um formato inovador de interação interestatal que une diferentes culturas e civilizações, países com diferentes potencialidades económicas e políticas, sistemas e níveis de desenvolvimento e, como os analistas dizem com razão, muitas vezes com visões diferentes da agenda global. Cada um tem as suas próprias nuances.

Ao mesmo tempo, estamos unidos por um objetivo comum - um firme compromisso de prosseguir políticas externas e internas independentes, defender a nossa soberania e os nossos interesses nacionais.

Ao longo dos anos de cooperação, o BRICS criou uma cultura especial de diálogo, relações abertas e de confiança baseadas nos princípios da igualdade soberana, do respeito pela escolha do caminho de desenvolvimento e da consideração dos interesses uns dos outros. Isso ajuda os nossos países a encontrar pontos em comum e até mesmo “soluções” para questões difíceis, que, obviamente, devem surgir, porque são questões que estão na agenda da associação e estão ligadas à vida dos cidadãos dos nossos países.

Este formato deve tornar-se uma base para uma ordem mundial multipolar mais justa, um modelo de diálogo interestatal em pé de igualdade destinado à procura construtiva de respostas para os desafios enfrentados pelo mundo, sem impor quaisquer receitas externas, valores alienígenas que não correspondem às prioridades, visões e perspetivas humanas universais.

O segredo do sucesso do BRICS está no facto de a associação não ter uma agenda de confronto, agressiva ou “escondida”. Esta é uma associação de correligionários que podem ter pontos de vista diferentes sobre determinados temas, questões ou problemas. Esta é a amizade. Afinal, quando somos amigos, não obrigamos o nosso amigo a partilhar absolutamente todos os nossos interesses ou a pensar da mesma forma que nós. Não exigimos que o nosso amigo abdique da sua visão do mundo, daquilo que é importante para ele. Não tentamos isolar o nosso amigo dos contactos com os seus conhecidos, companheiros, amigos. A amizade é uma coisa completamente diferente. A amizade é um apoio, compreensão, não traição, não violência. É aquilo a que mundo só começou a aspirar no século XX e depois, devido à política do Ocidente, caiu em contradições e conflitos fomentados pelos anglo-saxónicos.

Os contactos dos países membros dos BRICS não se baseiam na relação líder e liderado. Não vou citar outras comparações. É claro do que se trata. Os países BRICS comunicam-se entre si com base em consenso, acerto de posições, elaboração de uma visão comum e consideração dos interesses de cada parte.

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