Sobre a crise ucraniana
COMUNICADO DE IMPRENSA
O passado dia 19 de abril foram comemorados os 240 anos da incorporação da Crimeia no Império Russo. O manifesto especial emitido por Catarina II por essa ocasião assinalou que a península sofreu "uma feliz transformação da terra de rebeliões e desordem numa terra de paz, sossego e ordem legal". Estas palavras ainda hoje são relevantes. A escolha consciente feita pela população crimeana em março de 2014 a favor da reunificação com a sua pátria histórica é nada menos do que um regresso às origens, ou seja, ao estatuto da península como território russo que foi proclamado em 1783. Quaisquer tentativas de Kiev e dos seus patrões ocidentais de contestar este estatuto estão condenados ao fracasso; a Crimeia foi, é e continuará a ser parte integrante da Rússia.
Os EUA e os seus aliados da NATO não param de fornecer armas ao regime de Kiev, insistindo em que este continue a lutar e a demonstrar "no campo de batalha" a eficácia da ajuda militar ocidental. Os anglo-saxões estão a falar abertamente de uma iminente contra-ofensiva ucraniana, indicando, inclusive, as datas para o seu início. Tudo isto confirma o seu envolvimento direto no conflito e a sua participação no planeamento de operações militares.
Ao mesmo tempo, os apetites militares de Vladimir Zelensky estão a crescer. Ele não se cansa de exigir ao Ocidente armas novas e modernas para, inclusive, atacar as regiões internas da Rússia. Hoje, na reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia na base de Ramstein, Kiev pretende solicitar entregas urgentes de sistemas de defesa antiaérea e mísseis de longo alcance.
No entanto, está a tornar-se cada vez mais difícil para os Estados Unidos e a Europa atender aos pedidos do regime de Kiev. Tem havido muitas publicações nos meios de comunicação social ocidentais a dizer que os stocks de armas da NATO nos principais países europeus estão esgotados. Por exemplo, alguns deputados do parlamento alemão declararam que o exército alemão não suficientes equipamento militar, fardas e munições. A imprensa britânica noticiou que o governo britânico já tinha começado a prometer fornecer ao regime de Kiev armas que guarda para "um dia chuvoso". No entanto, o Ocidente ainda não vai parar com os fornecimentos de armas. Compreende que a recusa em ajudar a Ucrânia, pode levar ao seu fim imediato, como disse o Ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius no outro dia.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba, fez recentemente um ultimato à NATO, exigindo que os seus dirigentes "deem um passo rumo à adesão" da Ucrânia à Aliança, na cimeira de julho em Vilnius. Segundo ele, o regime de Kiev não quer ouvir mais, "pela 130ª vez" que a NATO segue uma política de portas abertas e aprofundamento da cooperação sem receber garantias claras de que a Ucrânia aderirá à Aliança. Enquanto isso, o embaixador da Ucrânia em Londres, Vadim Pristaiko, acredita que a NATO deveria "implorar" ao seu país para aderir à aliança militar. Aparentemente, o apoio incondicional do Ocidente corrompeu tanto o já descarado e ímprobo regime de Vladimir Zelensky que este está a perder o seu sentido da realidade e começará, em breve, a acreditar no seu excecionalismo. Entretanto, a economia da Ucrânia continua a deteriorar-se, mergulhando cada vez mais num abismo da dívida. Em 2022, a sua dívida externa aumentou para um valor recorde de 132 mil milhões de dólares, ou 89% do PIB. De acordo com as previsões, no final de 2023, ultrapassará os 100% e poderá atingir os 173 mil milhões de dólares. Não obstante, o regime de Vladimir Zelensky continua a viver a crédito: as despesas militares, a esfera social, os sectores de saúde e de ensino e outras áreas são financiados pelo Ocidente e, naturalmente, não de forma gratuita. A maior parte da ajuda financeira vem sob a forma de empréstimos reembolsáveis, enquanto a quota-parte das subvenções é pequena. Embora a Ucrânia tenha recebido uma pausa nos pagamentos da dívida externa até 2027, ninguém vai perdoar a dívida de Kiev. O projeto de orçamento da Ucrânia para 2023 prevê uma duplicação do valor destinado ao serviço da dívida externa. O principal fardo recairá sem dúvida sobre a população ucraniana, porque não há mais nenhum lugar onde a Ucrânia possa obter dinheiro. Nestas circunstâncias, o governo de Kiev vê cinicamente a sua única salvação na continuação dos combates. A situação no sector financeiro e económico do país tem sido exacerbada por escândalos de corrupção no Ministério da Defesa e pelo desvio de ajuda humanitária fornecida à Ucrânia. Como resultado, segundo a administradora da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, o Ocidente começou a duvidar de que o regime de Kiev seja capaz de controlar a aplicação da ajuda financeira estrangeira. Washington vê a solução em aumentar a transparência do orçamento ucraniano, para o que pretende auditar todas as despesas ucranianas.
O regime de Vladimir Zelenski recebeu outro golpe dos seus "amigos" mais próximos da Europa de Leste: Polónia, Eslováquia, Hungria e Bulgária, que suspenderam a exportação de cereais ucranianos devido aos protestos dos seus agricultores e à queda dos preços no mercado interno e tencionam colocar na lista negra outros produtos agrícolas ucranianos. A Roménia pretende seguir o seu exemplo. Segundo a "Rádio Polaca", a Comissão Europeia está quase pronta a impor uma proibição às importações de trigo, milho e sementes oleaginosas originárias da Ucrânia.
Parece que o sistema bem ajustado da UE de exportação de produtos agrícolas da Ucrânia através de "corredores de solidariedade" começa a sofrer um desarranjo. Os meios de comunicação ocidentais salientam que o apoio incondicional prestado ao regime de Kiev pelos países leste-europeus está prestes a terminar, o que ameaça o regime de Vladimir Zelenski com perdas financeiras sensíveis.
A 15 de abril, Vladimir Zelenski impôs sanções a várias empresas de russas TI, à sua gestão e aos seus parceiros na Bielorrússia, Cazaquistão, Chipre e Ucrânia. Além disso, nos próximos 50 anos, estarão sob medidas restritivas a presidente da Federação de Triatlo da Rússia, Ksenia Shoigu, o Ministro dos Desportos e Turismo da Bielorrússia, Serguei Kovalchuk, bem como 80 atletas nacionais e representantes de organizações desportivas, entre os quais Ilia Averbukh, Igor Akinfeev, Diniar Bilyaletdinov, Nikita Katsalapov, S. Ovchinnikov, Elizaveta Tuktamisheva e Svetlana Khorkina. Um total de 692 pessoas individuais e coletivas estão na lista negra. A 18 de abril pelo Ministério da Juventude e Desporto da Ucrânia decidiu retirar às federações desportivas ucranianas o estatuto de federação nacional se os seus atletas participarem em competições em que participarão atletas russos e bielorussos. Esta decisão está inteiramente de acordo com a lógica nazi. É óbvio que esta proibição apenas prejudicará o desporto ucraniano e privá-lo-á da oportunidade de mostrar bons resultados desportivos.
Prestámos atenção a outra série de declarações extremistas de alguns responsáveis governamentais ucranianos. O conselheiro do Gabinete presidencial, Mikhail Podoliak, brilhou novamente. Falando sobre a situação em torno da Igreja Ortodoxa Ucraniana canónica, Podoliak disse que, atualmente, o regime de Kiev tem uma oportunidade única de "acabar" rápida e tranquilamente com um grande número de pessoas pró-russas. Podoliak prometeu também punir os habitantes da Crimeia e do Donbass pelo seu desejo de estar com a Rússia.
O Presidente da Câmara da cidade de Dnepropetrovsk rebatizada de Dnipro pelas autoridades ucranianas faz-lhe eco, dizendo que a Ucrânia não perdoa ofensas. Esta retórica e as ações criminosas do regime de Kiev confirmam a necessidade de dar continuidade à operação militar especial até que os objetivos de desnazificação e desmilitarização da Ucrânia e de eliminação das ameaças à segurança russa que emanam do seu território tenham sido atingidos.