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Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova,Moscovo, 23 de outubro de 2024

1985-23-10-2024

 

Sobre a cimeira dos BRICS em Kazan

 

O principal fluxo de informações vem nestes dias da capital do Tartaristão (unidade federada da Rússia). A cimeira dos BRICS em Kazan, com todos os seus eventos, é um acontecimento internacional que marca não só estes dias, mas também este ano (ou até os últimos anos, a última década, eu diria), dado que o mundo está a avançar rumo à multipolaridade. Neste momento, os instrumentos e os mecanismos baseados nas aspirações do nosso país a resistir ao mundo unipolar, ao mundo do hegemonismo, começam a funcionar, proporcionando resultados concretos.

Já dissemos várias vezes que a cimeira dos BRICS que decorre nestes dias em Kazan, sob a presidência russa (a primeira, note-se, após o alargamento desde janeiro deste ano) é, sem exagero, um dos acontecimentos internacionais mais impactantes.

Esta é já a 16ª cimeira dos BRICS. Começou ontem, dia 22 de outubro, na capital do Tartaristão, e terminará na quinta-feira, dia 24 de outubro, reunindo representantes de 36 países e seis organizações internacionais, incluindo o Secretário-Geral da ONU, António Guterres. Espera-se que, em três dias, os eventos de Kazan sejam presenciados por cerca de 20.000 delegados. Cerca de dois mil jornalistas de 59 países irão cobrir a cimeira.

Recebemos muitas perguntas sobre se os meios de comunicação social ocidentais iriam cobrir a cimeira e se lhes tínhamos concedido a acreditação. Estou a confirmar. Os meios de comunicação social de países “hostis” (ou seja, de países com regimes hostis) e os Grandes Média também estão presentes na cimeira. Foram autorizados a cobrir as reuniões bilaterais que se realizarão à margem do fórum e a conferência de imprensa final que está prevista para 24 de outubro corrente. Só tomamos medidas de retaliação quando os jornalistas e os meios de comunicação social russos são assediados.

Hoje e amanhã, decorrem reuniões no grupo restrito e alargado, bem como uma reunião BRICS Plus/Outreach. Em cima da mesa estão a cooperação entre os países membros no cenário internacional, a resolução de conflitos regionais e muitos outros tópicos, entre os quais a criação de uma categoria de “países parceiros” da associação, tema muito sensibilizante para muitos.

Gostaria, mais uma vez, de chamar a vossa atenção para o sítio Web da presidência russa que publica informações cabais sobre todos os eventos em Kazan.

Sigam as informações publicadas no sítio Web do Presidente da Rússia e nas nossas contas nas redes sociais. Aí estão disponíveis materiais para a consulta, fotografias e vídeos. A transmissão em direto está também disponível nos sítios russos de alojamento de vídeos Rutube e VK. De facto, nós somos testemunhas, e muitos de nós são participantes nos acontecimentos históricos que estão a ter lugar em Kazan.

 

Sobre a rede internacional TV BRICS

 

Continuando com o tema dos BRICS, gostaria de me referir a uma outra área de atividades dos países BRICS. Trata-se da rede internacional TV BRICS. Foi criada em 2017, na sequência da cimeira dos Chefes de Estado dos BRICS na China. É um exemplo da aplicação prática da iniciativa apresentada na cimeira pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e apoiada pelos líderes do Brasil, da China, da Índia e da África do Sul. A iniciativa referia-se à necessidade de “estabelecer uma cooperação na esfera dos meios de comunicação social e examinar a hipótese de criar um canal de televisão comum dos Cinco para divulgar informações objetivas sobre as atividades dos BRICS”. Este é o caso em que se pode dizer: "Dito e feito".

Atualmente, a TV BRICS é uma rede internacional de meios de comunicação social parceiros nos países BRICS+. As transmissões 24 horas por dia em russo, inglês, chinês, português, espanhol e árabe nas emissoras de rádio e de TV nacionais contribuem para uma ampla cobertura dos principais eventos internacionais.

Além disso, a TV BRICS tem vindo a desenvolver nos países membros uma rede internacional de festivais de cinema parceiros, instituições de ensino, unindo jornalistas e bloguistas, realizando eventos culturais e educativos e gravando podcasts do projeto BRICS Podcast sobre a história, a economia, a política interna e as relações internacionais.

Em sete anos, mais de 70 meios de comunicação social de diferentes países: Rússia, Brasil, Índia, China, África do Sul, Egito, Irão, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Arménia, Venezuela, Zimbabué, Cazaquistão, Quénia, Cuba, Moçambique, Tunísia e Chile, aderiram à rede TV BRICS. Atrevo-me a assegurar-vos que este não é o limite. O interesse pelos BRICS cresce diariamente, a cimeira de Kazan é disso um bom exemplo.

Os nossos detratores ocidentais pensam que algo pode mudar. Não, a sua raiva impotente apenas faz com que nos aproximemos ainda mais uns dos outros e mostra que a nossa opção de seguir um rumo orientado para a paz, a parceria, relações de aliados baseadas no direito internacional é correta. Este rumo tem por base o respeito mútuo, a consideração dos interesses de cada parte e todos os princípios fundamentais do direito internacional consagrados na Carta das Nações Unidas.

Elogiamos a iniciativa de criar a TV BRICS, expandir a sua difusão e procurar novos parceiros. Prestamos assistência necessária a todos os meios de comunicação social empenhados em divulgar informações fidedignas sobre os países da nossa associação.

Aproveito a oportunidade para estender o convite do nosso país a todos aqueles que queiram juntar-se à rede internacional TV BRICS. Podem enviar uma proposta de cooperação e parceria à nossa Embaixada, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros ou diretamente ao sítio da TV BRICS.

 

Resumo da sessão de perguntas e respostas:

Pergunta: Atualmente, muitos peritos e cientistas políticos concordam que os BRICS são parte integrante da multipolaridade de uma nova ordem mundial. Portanto, é lógico que o Ocidente e os países interessados em manter a sua hegemonia e a unipolaridade façam os possíveis para impedir que novos países entrem na organização ou para exercer pressão sobre os países que já a compõem. Acha que uma ameaça dessas existe?

Maria Zakharova: Não o farão “diretamente”. Penso que o farão indiretamente, como sempre, nos bastidores, “impondo” sanções, impondo restrições e exercendo pressões em diversas ocasiões.

Por mais estranho que pareça o seu comportamento, penso que compreendem que este processo é irreversível.

Os BRICS já está constituído e a está a ganhar força, proporcionando resultados concretos a todos - países, povos, empresas, organizações não governamentais e pessoas. É um “farol de esperança” num mundo que estava prestes a ser novamente atingido por uma onda de caos. Mostra que tudo o que de melhor conseguimos fazer e acumular nas relações internacionais pode ser preservado, aplicado e desenvolvido nos BRICS.

Num contexto de profundas transformações na economia e na política globais, as incessantes tentativas do Ocidente de manter a sua posição privilegiada através de mecanismos e táticas ilegítimas e ilegais, sanções, coerção militar e tudo o mais que tentam fazer e utilizar vão contra a lógica da evolução histórico e não têm nenhuma hipótese de alcançar o resultado pretendido pelo Ocidente.

Por isso, promovemos a multipolaridade, estimulamo-la, percebendo que a lógica ocidental liberal-democrática ou ultraliberal nas relações internacionais e nas estruturas internas do Estado chegou a um beco sem saída. Por conseguinte, precisamos de uma alternativa. Cá está ela. É por isso que tudo o que eles fazem é para conter o inevitável. A multipolaridade já está a ganhar força – não faz sentido tentar resistir-lhe. Mas vão fazê-lo.

A deslocação da unipolaridade a um sistema com múltiplos centros e plataformas civilizacionais (como já dissemos várias vezes, citando factos a favor deste conceito) é um processo objetivo que está a ganhar rapidamente impulso. O potencial económico - e com ele o desejo de desempenhar um papel independente nos assuntos internacionais - de novos centros de poder na Ásia, África, América Latina e Médio Oriente está a crescer.

Procuram-se muito formatos assentos nos princípios da consideração mútua de interesses e do respeito pela escolha do caminho de desenvolvimento, assim como uma agenda positiva voltada para o futuro e não para o revanchismo do passado. Os BRICS cumprem todos estes requisitos, ganhando cada vez mais correligionários que partilham uma visão comum de um mundo sem blocos, mais justo e igual e de uma arquitetura abrangente de cooperação internacional e de indivisibilidade da segurança.

Aguardamos as declarações pertinentes dos líderes dos países, que deverão falar sobre os resultados do seu trabalho em formatos multilaterais e bilaterais. Aguardemos as suas avaliações.

Pergunta: A guerra no Médio Oriente será uma das principais questões a discutir na cimeira dos BRICS. Os membros dos BRICS têm pontos de vista, abordagens e posições comuns para resolver a situação no Médio Oriente?

Maria Zakharova: A situação dramática no Médio Oriente é uma das questões centrais da agenda internacional. Sem dúvida, será abordada durante a cimeira dos BRICS em Kazan.

Vale a pena recordar que, desde o início da escalada regional em outubro de 2023, os líderes dos países membros do BRICS dispensaram especial atenção a este tópico. Por iniciativa do então presidente do BRICS, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, a 21 de novembro de 2023, foi realizada, por videoconferência, uma cimeira extraordinária sobre o conflito israelo-palestiniano.

As nossas posições sobre a resolução de uma crise sem precedentes no Médio Oriente são próximas e tiveram reflexos, em particular, na declaração conjunta adotada a 25 de abril deste ano sobre os resultados das consultas a nível de vice-ministros dos Negócios Estrangeiros/representantes especiais dos países BRICS sobre o Médio Oriente e o Norte de África, sob a presidência do Representante Especial do Presidente da Federação da Rússia para o Médio Oriente e África, o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Mikhail Bogdanov.

Um ponto em comum na posição dos países BRICS sobre o Médio Oriente é a compreensão da necessidade urgente de um cessar-fogo e do lançamento de um processo de negociação para a procura de uma solução multidisciplinada para o conflito israelo-palestiniano que causou a atual escalada, tal como estipulado nas resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral das Nações Unidas.

 

 


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