Sobre a Cimeira do G20 no Rio de Janeiro
Nos dias 18 e 19 de novembro, o Rio de Janeiro (Brasil) acolherá a próxima Cimeira do G20. Por ordem do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, a delegação do nosso país no evento será chefiada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov.
A reunião dos líderes começará com o lançamento da Aliança Mundial contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa emblemática do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Este mecanismo de coordenação temporário foi concebido para encontrar uma solução para os problemas de cooperação internacional no domínio da segurança alimentar.
A Rússia pretende anunciar a sua adesão a esta aliança durante a cimeira. O "G20" declarou, este ano, que o mundo produz alimentos suficientes, o problema reside no facto de o acesso efetivo aos mesmos estar limitado. Isto deve-se, em grande parte, à fragmentação geoeconómica criada pelo Ocidente, às sanções ilegais contra as exportações agrícolas russas e à tentativa ocidental de bloquear os fluxos logísticos e financeiros globais.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia discursará a 18 de novembro, durante as sessões plenárias, sobre a luta contra a desigualdade, a fome e a pobreza, bem como sobre a reforma das instituições mundiais. Prevê-se igualmente que o Ministro russo tenha uma série de conversações e contactos bilaterais à margem da cimeira.
Tomamos nota de que o rumo tomado pela presidência rotativa brasileira visa encontrar um denominador comum, um compromisso sensato e um equilíbrio justo de interesses. Seguindo os seus antecessores dos países da Maioria Mundial - Índia (2023) e Indonésia (2022) - os nossos parceiros estão a adaptar com firmeza a agenda do G20 à nova configuração do mundo multipolar.
Tomamos nota de que a coordenação das economias emergentes, cujo núcleo é constituído pelos países membros e parceiros do BRICS, melhorou. Pela primeira vez, estão convidados para cimeira o Novo Banco de Desenvolvimento e a Liga Árabe. A União Africana, admitida no G20 em 2023, acomodou-se bem no grupo.
Da nossa parte, pretendemos promover, na cimeira, ideias unificadoras destinadas a implementar o conceito de desenvolvimento sustentável de modo a levar em conta os diferentes modelos e estratégias económicas nacionais. Pronunciamo-nos a favor da implementação racional das transições energéticas, para que o comércio internacional se mantenha aberto e não discriminatório, a favor da criação de mecanismos de mercado não sujeitos à influência dos interesses egoístas de alguns países, no espírito das resoluções da Cimeira dos BRICS de Kazan, como uma bolsa de cereais independente e mecanismos de relações financeiras.
Promoveremos uma maior despolitização do G20, lutaremos para que a prática ocidental de padrões duplos seja submetida à condenação (ou para que os padrões ocidentais sejam destruídos), contra as tentativas dos EUA e dos seus aliados de silenciar a crise humanitária na Faixa de Gaza, a utilização de ferramentas económicas como instrumentos de confronto, a supressão da dissidência e a exploração neocolonialista. Congratulamo-nos com o facto de, este ano, o G20 ter voltado a emitir declarações ministeriais sem interpretações geopolíticas impostas pelo Ocidente.
Dedicaremos especial atenção para que na declaração dos líderes sejam registados os entendimentos alcançados pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 durante a sua reunião à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, a 25 de setembro passado, que delinearam claramente o vetor das respetivas transformações: reforçar a voz dos países da Maioria Mundial nas estruturas decisórias globais, do Conselho de Segurança ao FMI e ao Banco Mundial, bem como restabelecer o funcionamento normal da OMC bloqueado atualmente pelos Estados Unidos.
Reafirmaremos a disponibilidade da Rússia para continuar a garantir o fornecimento de alimentos e energia aos países amigos do Sul e do Leste Globais. Destacaremos oportunidades adicionais no âmbito da implementação da iniciativa do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, de construir uma Grande Parceria Euroasiática e criar cadeias de fornecimento, rotas logísticas e sistemas de pagamentos e recebimentos livres do diktat ocidental.
Estamos a trabalhar em estreita colaboração com a presidência e as delegações do G20. Pretendemos dar um contributo significativo para o êxito da próxima cimeira do G20. Desejamos aos nossos amigos brasileiros boa sorte neste caminho!