Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 5 de setembro de 2023
Ponto da situação na crise ucraniana
Esta noite, o regime de Kiev tentou atacar com drones várias regiões russas. Os drones ucranianos foram abatidos nas Regiões de Moscovo, Kaluga e Tver. De acordo com dados preliminares, não há registo de vítimas. Ao mesmo tempo, os ataques com drones ucranianos a instalações civis confirmam mais uma vez que o regime de Kiev é terrorista. Isso é óbvio para todos, inclusive os habitantes dos cantos mais remotos do nosso planeta.
Os neonazis de Kiev continuam a cometer crimes contra a população civil das regiões russas. Estão agora a utilizar as armas fornecidas pelos ocidentais, incluindo artilharia pesada, lançadores múltiplos de foguetes e drones de ataque, projéteis com urânio empobrecido, etc.
No dia 1 de setembro, data celebrada como o Dia do Conhecimento e importante para as crianças e para as gerações futuras, o regime de Kiev e as suas unidades armadas bombardearam Donetsk, matando uma menina de seis anos e ferindo mais de 10 civis. Viram alguns artigos na imprensa ocidental sobre o assunto? Não há nenhum. Porquê? Porque são mortas pessoas de "outra categoria" e crianças de outra nacionalidade, que não pertencem à categoria de pessoas vista pelo Ocidente como digna de comiseração. A 31 de agosto passado, um grupo de comandos ucranianos tentou infiltrar-se na Região de Briansk, na Rússia. Graças às ações rápidas e profissionais das forças de segurança russas, a tentativa foi frustrada.
O regime de Kiev intensificou as práticas terroristas contra a Crimeia. Nos dias 1 e 2 de setembro, no Dia do Conhecimento, dia em que as crianças vão à escola pela primeira vez, dia em que as escolas abrem as portas, as forças ucranianas tentaram novamente atacar a Ponte da Crimeia com drones marítimos - sem sucesso. Para além dos bombardeamentos, a retórica do Ocidente e dos seus protegidos em Kiev também está a endurecer, o que sugere que os países da NATO não estão a abandonar as suas intenções de infligir um golpe doloroso na Crimeia por intermédio dos seus sequazes ucranianos. Não podem ficar descansados ao ver que a península vive uma vida pacífica. Não estão interessados em saber a opinião da população desta região russa. Optaram por uma solução militar e tomaram a trilha da guerra. Numa entrevista à Newsweek, a 31 de agosto passado, o general Ben Hodges, ex-comandante do Exército dos EUA na Europa, apelou à destruição da Ponte da Crimeia para isolar a península.
Dificilmente pode-se dizer que que esta gente são seres humanos e muito menos políticos ou personalidades públicas. Coisas como esta podem vir à cabeça dos humanos? Não, não podem. Coisas como esta não podem vir à cabeça daqueles que falam há décadas de direitos humanos, de valores humanistas, de liberdades. Portanto, disseram inverdades nalguns momentos. Eu até sei em quais momentos. Acho que toda a gente sabe isso agora. Disseram inverdades nos momentos em que juravam que estavam comprometidos com as liberdades, com os direitos humanos, em que diziam que tudo isso era um valor real para eles. Nunca foi um valor para eles. Agora o "reboco" caiu, deixando à mostra a sua verdadeira face.
No Fórum Económico Internacional Abrosetti, em Itália, Vladimir Zelensky disse que era a favor da saída das tropas russas da Crimeia sem pressão das forças ucranianas e que a tomada da Crimeia e do Donbass eram os objetivos prioritários do regime de Kiev, esquecendo completamente que a península não era apenas um objeto geográfico, era também pessoas que tinham as suas próprias opiniões.
Também no domingo passado, Zelensky disse que iria nomear como novo ministro da defesa do país o presidente do Fundo de Gestão de Bens Públicos da Ucrânia, Rustem Umerov, em substituição de Aleksei Reznikov. É difícil perceber se Aleksei Reznikov foi demitido por causa do escândalo de corrupção ou se teve outra ideia, porque a demissão do ex-ministro foi causada pelo escândalo de corrupção, deve haver processos criminais. O meu palpite é o seguinte. O barulho é grande e vai ao encontro da propaganda do regime de Kiev. Mas voltemos a Rustem Umerov. Quem é este homem? Foi formado na "cidadela dos direitos humanos" - os EUA. É também "famoso" pela sua atitude desumana para com os crimeanos, embora tenha sempre defendido os interesses dos habitantes da península. Recorde-se que este homem apoiou, em tempos, o bloqueio da água na Crimeia. Foi assim que defendeu os interesses dos crimeanos.
Sejam quais forem os crimes que os neonazis ucranianos cometam, não só os listaremos, como também diremos qual o castigo que recebem por eles. Todas as suas atrocidades são cuidadosamente registadas pelas autoridades policiais russas, investigadas e fazem-se acusações.
Com base nas provas recolhidas pelo Comité de Investigação da Rússia, os tribunais russos lavram sentenças contra os militantes ucranianos, incluindo aqueles que cometeram crimes graves contra a população civil. O tribunal condenou a 22 anos de prisão numa colónia penal de segurança máxima o militar ucraniano M. Ovcharenko, que, em abril de 2022, em Mariupol, juntamente com dois outros militares ucranianos, matou a tiro um civil por ordem do seu comandante. O neonazi ucraniano D. Zayets, que disparou um lança-granadas antitanque contra uma casa residencial em Severodonetsk em maio de 2022, foi condenado a 15 anos de prisão numa colónia de segurança máxima. O nacionalista V. Prokopchuk, que disparou e matou um civil com uma metralhadora de mão na primavera de 2022 foi condenado a uma pena de 25 anos de prisão numa colónia de segurança máxima.
As atividades para a identificação e punição dos combatentes ucranianos responsáveis pelos crimes contra civis vão continuar. Todos os criminosos serão certamente identificados e punidos.
Neste contexto, os países da NATO, que são indiferentes aos crimes dos seus pupilos de Kiev, continuam a prestar ajuda militar ao regime. O 45º "pacote" de armas dos Estados Unidos, no valor de 250 milhões de dólares, deve ser enviado à Ucrânia num futuro próximo. Incluirá, entre outras coisas, munições para os sistemas de defesa antiaérea e a artilharia. Além disso, de acordo com os meios de comunicação social, os primeiros 10 tanques Abrams dos EUA chegarão à Ucrânia em meados de setembro. Não é de excluir que possam levar a bordo projéteis com urânio empobrecido. Recorde-se que o Ocidente está a lutar até ao último ucraniano, isso não é para hoje, é para o futuro. Entretanto, os primeiros 200 militares ucranianos foram treinados para manobrar este veículo blindado em campos de instrução na Alemanha. No total, até ao final do ano, os países da UE planeiam treinar 40 mil soldados ucranianos. Assim, os países da NATO continuam a aumentar os seus esforços para agravar a situação em torno da Ucrânia. A sua responsabilidade pela continuação do conflito e pela perda de vidas está a tornar-se cada vez mais óbvia.
Por sua vez, o regime de Kiev, empenhado em agradar aos seus patrões ocidentais e criar uma sensação de atividade no contexto do fracasso da "contraofensiva", está a atirar cada vez mais os seus concidadãos para a guerra. Agora, os ucranianos vão ser "caçados" em quase todo o mundo. No outro dia, o chefe da fação parlamentar do parlamento ucraniano "Servo do Povo", conhecido como "ukr antigo", David Arakamia, afirmou que as autoridades ucranianas podem pedir a outros países para extraditarem os homens em idade militar que haviam saído para o estrangeiro com atestados médicos de incapacidade para a prestação do serviço militar falsos. Já sabemos que o regime ucraniano está a recrutar todos os homens, incluindo os deficientes. Agora, a mão sangrenta do regime de Kiev vai estender-se àqueles que dele escaparam. É óbvio que, para os ocidentais, os ucranianos são pessoas de segunda categoria, que são utilizadas pelos países da NATO no seu interesse, a fim de causar o caos na região. Em geral, a Aliança não faz segredo das suas tendências nazis. Para além disso, de acordo com os meios de comunicação social, Kiev tenciona agora recrutar cidadãos com capacidade limitada para a prestação do serviço militar. Está a acontecer algo de que temos falado repetidamente.
Durante muitos anos, os países da NATO têm cultivado o neonazismo ucraniano e o ódio à Rússia. Como resultado, o neonazismo está a crescer na Ucrânia. Atualmente, tem na mira não só a Rússia, os russos e os húngaros, em relação aos quais cultivaram o ódio durante muito tempo. O nacionalismo agressivo e o chauvinismo acabam por ser completamente "desligados" de qualquer objetivo ou tarefa. Este é ódio por ódio. É o mal puro e absoluto. Sob os auspícios das autoridades de Kiev, os "cânticos" nazis estão a ser honrados. São transmitidos à geração mais jovem do país, são implantados falsos valores e um conceito pervertido do bem e do mal. Gostaria de citar um exemplo (exemplos como este não faltam), no dia 1 de setembro, numa escola ucraniana, foi tocada uma canção a exortar matar os russos. O facto de o regime de Kiev odiar crianças era claro há muito tempo. Mas muitas pessoas pensavam que se tratava de crianças russas, de crianças que falavam russo e de outras nacionalidades que vivem em determinados territórios. Mas eles também odeiam as suas próprias crianças. Só quem odeia tanto os seus filhos, pode incutir nos seus filhos tal raiva. Tudo isto indica claramente que esta política tem vindo a ser conduzida há muito tempo, de forma sistemática e propositada. Isto vai ao encontro da política do Ocidente de transformar as crianças ucranianas em zombies estúpidos que serão usados até ao fim, como estão agora a ser usado os seus pais.
Entretanto, nas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk e nas Regiões de Kherson e de Zaporojie, a reconstrução do parque habitacional e das infraestruturas e a execução de projetos educativos estão em bom andamento. Por exemplo, em Mariupol, graças ao trabalho ininterrupto dos trabalhadores da construção civil, os edifícios da Universidade Técnica Estatal de Azov e da Universidade Estatal de Mariupol Arkhip Kuindzhi foram reconstruídos, e a escola nº 15 teve obras feitas em menos de um ano. No distrito de Volnovakha, os trabalhadores da construção civil provenientes da Região Autónoma de Yamalo-Nenets restauraram mais cinco escolas até ao Dia do Conhecimento. No total, mais de 1250 instalações escolares abriram as portas nestas regiões no dia 1 de setembro.
Gostaria de recordar que, há cinco anos, a 31 de agosto de 2018, o governador da República Popular de Donetsk, Aleksandr Zakharchenko, foi tragicamente morto num ataque terrorista organizado pelo regime criminoso de Kiev. Em 2014, ele fora dos que não quiseram aceitar as novas autoridades ucranianas nazis e a violação dos direitos dos habitantes do Donbass. Não queria aceitar as tentativas de reescrever a história, a humilhação da memória dos seus antepassados e a formação de mankurts na sua terra natal. Aleksandr Zakharchenko foi e continua a ser um herói para nós, que não se poupou a defender a sua terra natal da escória nazi.
Por muito que o regime de Kiev tente, por muito que "envenene" os habitantes da Ucrânia com ódio primitivo e russofobia, as suas tentativas estão condenadas ao fracasso. Gostaria de citar algumas estatísticas. De acordo com factos e números, desde fevereiro de 2022, mais de cinco milhões de pessoas chegaram ao nosso país vindas do território da Ucrânia. Podem calcular quantos por cento eles representam da população da Ucrânia. As pessoas sensatas que não queriam ter nada a ver com os neonazis de Kiev compreendem perfeitamente que têm aqui uma oportunidade de ter um bom futuro para si e para os seus filhos, e não de se tornarem objetos de novas experiências psicológicas, de "género" e políticas. Para além disso, compreendem que deixaram a Ucrânia não porque não amem a sua terra, mas porque a experiência sangrenta do Ocidente com o regime de Kiev ainda não terminou.
Sobre a utilização de armas ocidentais pelas forças ucranianas em ataques a instalações civis
Hoje vamos fazer algo que não costumamos fazer com muita frequência. Para além de factos, números e dados, vamos mostrar material visual.
Temos levantado repetidamente a questão da utilização pelas forças ucranianas de munições fabricadas pela NATO, incluindo munições de fragmentação, em ataques contra instalações civis na zona da nossa operação militar especial. Em resultado destes ataques com lançadores múltiplos de foguetes Ml42 HIMARS, com mísseis M-31 e mísseis aéreos franco-ingleses Storm Shadow, com obuses M-777 e Archer, são mortos civis, nossos compatriotas, entre os quais crianças e idosos.
Gostaria, embora fale frequentemente sobre isso, de vos mostrar hoje fragmentos de munições da NATO que nos foram entregues pelo Ministério da Defesa da Rússia. Iremos também publicá-los sob a forma de fotografias nas contas das redes sociais do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
Estas "imagens" terríveis destinam-se àqueles que, nos países da UE e da NATO, pensam que os seus impostos ou mesmo donativos voluntários servem a causa da paz. Estes projéteis estão manchados com o sangue de crianças, civis, habitantes pacíficos. Estes projéteis foram comprados, produzidos e transportados com o dinheiro dos cidadãos da União Europeia, que todos os dias fala de paz e pensa que ela é importante. É este o tipo de paz que a União Europeia está a financiar? É este o tipo de paz que o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, considera ideal? É este o tipo de paz de que falam as ONG e as comunidades de jornalistas no Ocidente? Olhem com atenção para estes estilhaços e restos de munições.
É de salientar que a liderança dos países da NATO é cúmplice direta dos crimes sangrentos do regime de Kiev contra civis. Quando dou entrevistas e falo com jornalistas ocidentais, perguntam-me muitas vezes o seguinte: já consideram ou quando irão considerar que a participação da NATO, enquanto associação ou países individuais, no conflito com a Ucrânia é um facto comprovado? É uma pergunta engraçada. Quem fornece projéteis, dinheiro, etc.? Tudo isso é fornecido pela NATO. Afirma-se muitas vezes que a sua participação é indireta. Existe alguma diferença? Sim, provavelmente indireta, mas "torta". Todos os valores declarados e declarações sobre direitos humanos foram deformados como num espelho torto. A participação do Ocidente no destino da Ucrânia também foi deformada. O "novo" Estado ucraniano, como disse o Ocidente, foi construído numa fundação deformada. Todos nós sabemos o que é uma fundação deformada. Agora este "edifício" desmoronou-se.
As forças ucranianas coordenam alvos a atacar com mísseis de fabrico ocidental com representantes dos países da NATO, que fornecem ao regime de Kiev as suas coordenadas. Não é um envolvimento da NATO nas hostilidades? As forças ucranianas disparam mísseis Storm Shadow (acabámos de mostrar os destroços de um desses mísseis) que são guiados por satélite, seguem mapas eletrónicos e podem contornar o terreno e grandes objetos como, por exemplo, pontes. No entanto, por mais "modernas" que sejam as armas fornecidas às forças ucraniana, estas continuam a atingir instalações civis e a "trazer a morte para as crianças", como foi o caso dos projéteis Storm Shadow que caíram a 9 de junho passado sobre uma colónia de férias infantil na Região de Kherson. Já viram alguma exposição, mostra, fotografias dedicadas a este incidente na sede da NATO? Não viram? E no perfil da NATO nas redes sociais? Eles não disseram nada sobre o sucesso dos ataques a colónias de férias infantis? Porque se constrangem? A Aliança não pode deixar de perceber que, do ponto de vista militar, estes ataques não tiveram sentido. O seu único objetivo, ou melhor o único objetivo destes atos terroristas do regime de Kiev é exercer pressão psicológica sobre os habitantes dos territórios libertados, que vêem o seu futuro juntamente com a Rússia. Gostaria de sublinhar mais uma vez que, na última década, este tem sido um processo provocado pelo Ocidente que levou as pessoas a fazer esta escolha.
Ao mesmo tempo, os países da NATO são indiferentes ao destino das pessoas que sofrem com os bombardeamentos diários das forças armadas ucranianas. Os ocidentais continuam a fornecer armas ao regime neonazi e terrorista de Kiev, a fim de infligir "o maior dano possível à Rússia e aos seus habitantes". De acordo com o ex-ministro da Defesa ucraniano, Aleksei Reznikov, desde fevereiro de 2022, a ajuda militar da Aliança à Ucrânia ultrapassou os 100 mil milhões de dólares norte-americanos. Assim, ao ver que a "contraofensiva" das forças ucranianas fracassou, o "Ocidente coletivo" continua a apostar na escalada do conflito por intermédio dos seus fantoches de Kiev, tendo tomado como refém o povo ucraniano de cujos direitos têm vindo a falar quase todos os dias durante a última década. Recorde-se que as autoridades competentes russas estão a registar cuidadosamente todos os crimes do regime de Kiev. Todos os responsáveis serão certamente identificados e responderão nos termos da lei.
Sobre os planos das empresas alemã e britânica de estabelecer produção de material de guerra na Ucrânia
Prestámos atenção ao anúncio feito por alguns fabricantes europeus de material de guerra, nomeadamente a empresa alemã Rheinmetall e a filial sueca da empresa britânica BAE-Systems, sobre os seus planos de estabelecer em território ucraniano a produção, a reparação e a manutenção de equipamento militar destinado às forças armadas da Ucrânia.
Consideramos que estes planos confirmam que a indústria de guerra e dos círculos dirigentes dos países ocidentais estão diretamente envolvidos no conflito armado e apoiam o regime criminoso de Kiev. O desejo cínico da indústria de guerra dos países ocidentais de ganhar dinheiro com esta situação apenas provocará uma nova escalada da situação na Ucrânia.
Gostaria de me dirigir às organizações não governamentais ocidentais, a todas as fundações ambientais envolvidas em atividades políticas, às entidades de direitos humanos. Digam-me, só têm pena das baleias, dos tigres, dos peixes, dos pássaros? Aqui estão a morrer pessoas e isso acontece há muitos anos, diga-se de passagem. Vocês, sendo organizações não governamentais, ativistas sociais, não querem pensar nisso? Eu também tenho pena dos animais. Compreendo como eles sofrem com a atitude insensível para com o ambiente. Mas agora estou a pensar nas crianças que jazem na Alameda dos Anjos e não podem dizer nada, estou a pensar nas crianças que estão agora a morrer às armas fornecidas pelos vossos governos.
Passámos por tudo isto entre os anos 1990 e 2000: a tomada da escola por terroristas internacionais em Beslan, a tomada de reféns em Dubrovka, durante um espetáculo infantil, onde as crianças vinham com os pais, a tomada de um hospital por terroristas em Budenovsk. Em todos os casos referidos houve crianças. Em todos os casos referidos o Ocidente, Washington, Londres, Bruxelas, Paris e Berlim apoiaram moral, psicológica e politicamente os " combatentes da liberdade" que mais tarde se revelaram terroristas internacionais sanguinários. Já se esqueceram de como o Ocidente aplaudiu esses terroristas internacionais? Já se esqueceram de como até culparam a Rússia por estes sangrentos ataques terroristas? Conseguiram ver a mão de Moscovo mesmo nesses ataques perpetrados por terroristas internacionais. Agora preferem não se lembrar destas páginas vergonhosas da sua história, como se elas não tivessem existido. As estrelas do jornalismo ocidental, que faziam reportagens diretas e entrevistavam aqueles terroristas internacionais no Cáucaso do Norte, agora, por alguma razão, não divulgam documentos de arquivo e não fazem filmes, não se orgulham das suas atividades nessa altura. O tempo pôs tudo no seu lugar. É verdade que houve muitas vítimas. Mas a verdade veio à tona. O que é necessário hoje para provar o que o regime de Kiev e toda a cloaca da NATO estão a fazer? Mais vidas arruinadas? Mais território contaminado? Tudo será como dantes. Vamos vencer também isso. Saberemos proteger as pessoas que foram submetidas ao extermínio durante quase dez anos. As tentativas do Ocidente e as tentativas de esconder atrás ajudas maciças, o que é hoje evidente para a maioria, não resultarão em nada além do seu novo vexame. Caso os planos anunciados venham a ser concretizados, a parte russa tomará as medidas necessárias para contrariar as ameaças à sua segurança.
As embaixadas russas em Berlim e Estocolmo efetuaram as respetivas démarches junto dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros da Alemanha e da Suécia. Acreditamos que as duas capitais farão conclusões necessárias. Tenho uma pergunta a fazer para as organizações sociais destes países: não se apercebem disto, não o vêem, ou não querem vê-lo?
Sobre o relatório "A guerra do Kremlin contra as Crianças Ucranianas" elaborado pelo Centro de Envolvimento Global do Departamento de Estado dos EUA
A 24 de agosto passado, o Centro de Envolvimento Global do Departamento de Estado dos EUA publicou um relatório intitulado "A Guerra do Kremlin contra as Crianças Ucranianas". O relatório apresenta um conjunto de acusações absurdas contra a Rússia sobre a problemática "infantil". Utiliza expressões como "deportação forçada", "filtragem", "reeducação", etc. Este relatório é uma falsificação de estilo Goebbels. Produzem tais coisas quase todos os dias, distribuindo-as a organizações não governamentais e a organismos internacionais para "reforçar" as suas posições (precisamente sobre o fornecimento de armas, cujos destroços demonstrámos hoje durante o briefing), a fim de justificar, por pouco que seja, o seu apoio ao regime de Kiev e o que o Zelensky sangrento está a fazer. Sem poder apresentar provas das alegadas "atrocidades" cometidas pelos militares russos, os propagandistas ocidentais e do regime de Kiev elaboram falsificações de baixa qualidade, horríveis e terríveis, mentem descaradamente, tentando fazer passar os seus produtos por material "factual". Isso quando as forças ucranianas violam de forma grosseira o direito humanitário internacional.
Agora, quanto à nossa posição, como se diz no Ocidente, sobre o tema das crianças.
A Rússia nunca fez segredo das suas ações no interesse das crianças ucranianas que se encontram no nosso território. O principal trabalho nesta área está a ser realizado, por ordem do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, pela Provedora dos Direitos da Criança junto do Presidente da Federação da Rússia, Maria Lvova-Belova, que leva regularmente ao conhecimento da comunidade internacional informações, baseadas em números e factos, sobre a situação das crianças evacuadas da zona de hostilidades e sobre as medidas tomadas pelas autoridades competentes russas para entregar menores de nacionalidade ucraniana aos seus familiares, etc. Para o efeito, foi estabelecida uma cooperação com o Comité Internacional da Cruz Vermelha e foram estabelecidos contactos de trabalho com a parte ucraniana. Toda esta informação está disponível para consulta, mas nunca será publicada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. Este prefere elaborar "relatórios" com base nas suas fantasias mórbidas e não com base em factos disponíveis.
Resumo da sessão de perguntas e respostas:
Pergunta: Os EUA vão entregar, pela primeira vez, à Ucrânia munições de urânio empobrecido que fazem parte da nova ajuda norte-americana. As munições destinam-se aos tanques Abrams, que poderão ser entregues a Kiev nas próximas semanas. A notícia foi avançada pela agência noticiosa Reuters. Entretanto, noticia-se que já foi registada a contaminação radioativa do solo nas imediações do armazém ucraniano onde se encontram essas munições. Como avalia estas ações dos EUA?
Maria Zakharova: Temos comentado repetidamente a questão do fornecimento de projéteis de urânio empobrecido à Ucrânia e temos chamado a atenção dos países ocidentais para este problema a diferentes níveis e fóruns internacionais. A utilização destes projéteis pelo regime de Kiev provoca um aumento do sofrimento da população civil que sofre igualmente com a contaminação do solo com substâncias perigosas. As consequências negativas impactarão não só aqueles que se tornam vítimas diretas, mas também aqueles que os utilizam e, na verdade, as gerações futuras que lá estarão. As consequências negativas da utilização de munições de urânio empobrecido foram descritas em vários relatórios internacionais e este facto é bem conhecido de todos. Não se trata de questões que ainda estejam na agenda de cientistas e peritos, mas sim de respostas dadas por estes a estas questões.
Infelizmente, esta ameaça, para a qual a Rússia alertou repetidamente todo o mundo, está a tornar-se real. As munições de urânio empobrecido britânicas e agora norte-americanas estão a transformar a terra ucraniana num território perigoso para a vida. É no que diz respeito aos cereais. Neste momento, as frases mais populares nos meios de comunicação ocidentais são o "acordo dos cereais", "renovar o acordo o mais rapidamente possível", "é necessário para a segurança alimentar", "é preciso fazer tudo", "aplicar algumas medidas à Rússia". E quais cereais eles pretendem exportar? Os que serão "fertilizados" com urânio empobrecido? Então percebo a razão por que a Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, qualificou estes cereais de "cocaína". Porque já não se trata de cereais, mas de um produto mutante. Porque é que ninguém fala disso?
Todas as instalações militares, equipamentos e munições fornecidos ao regime de Kiev são um alvo legítimo, cada carro de combate ou instalação de armazenamento destruídos após serem atingidos por uma munição de urânico empobrecido ameaça provocar um surto de doenças oncológicas entre a população loca e tornar a terra morta e envenenada que representará um perigo mortal para todos os seres vivos. Lembrem-se da Jugoslávia, e quem, a não ser a China, dado que o senhor representa os meios de comunicação social desse país, deve conhecer e lembrar-se das consequências da agressão da NATO à Jugoslávia. Gostaria de recordar que, nessa altura, foram mortos diplomatas chineses em consequência dos bombardeamentos ilegais, terríveis e selvagens da NATO. As consequências catastróficas da utilização e da destruição das munições, guardadas, entre outros, num armazém em Khmelnitski, foram registadas pelos próprios europeus na primavera deste ano. Já citámos os respetivos números.
Pergunta: A minha pergunta é sobre o destino do "acordo dos cereais" após as conversações entre Vladimir Putin e Recep Erdogan. Foi noticiado que a posição da Rússia se mantém inalterada. É verdade que, até à data, não há progressos ou negociações concretas sobre a retomada do "acordo dos cereais"?
Maria Zakharova: Ontem, o Presidente russo, Vladimir Putin, respondeu pormenorizadamente a estas perguntas numa conferência de imprensa. Ele disse que o cumprimento dos compromissos que haviam sido delineados e assumidos perante a Rússia era a chave para este "rebus". Isto tem sido dito há muito tempo por todos os representantes russos. Assim que as condições que fazem parte destes acordos e que dizem respeito à Rússia e aos seus interesses forem cumpridas, haverá discussões e progressos. Agora, não sei nada, acho que o senhor também não sabe, sobre o facto de tudo aquilo de que a Rússia falou, ter sido parcial, total ou, pelo menos, de alguma forma, cumprido. Todos os problemas de que estamos a falar e que levantámos são necessários para a implementação do acordo. Isso não porque o queiramos, nem porque isso seja uma exigência política nossa, sem a qual o "acordo" não funcionará. Que eu saiba, nada disto foi cumprido. Pelo menos, até esta manhã, ninguém tem mais informações de que pelos menos parte disso tenha sido cumprida.
Tem toda a razão em colocar essa questão. Recebemos muitas perguntas do género, mas a maior parte delas são especulações de que a falta de progressos provoca um aumento nos preços dos cereais ou que "a falta de acordos põe em risco a segurança alimentar". Para desmentir, pelo menos parcialmente, todas estas especulações (estou certa de que não conseguiremos acabar com elas, porque fazem parte da campanha política do Ocidente), penso que amanhã publicaremos no sítio Web do Ministério dos Negócios Estrangeiros um artigo com exemplos, números e factos a este respeito.