22:02

Briefing da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 12 de Fevereiro de 2020

253-12-02-2020

Com relação à participação do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, na 56a sessão da Conferência de Segurança de Munique

Em 14-16 de Fevereiro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, participar na 56a sessão da Conferência de Segurança de Munique na qualidade de chefe da delegação russa.

Uma série de encontros, contratos, negociações em diferentes formatos (bilaterais e multilaterais) está planeada para se realizar durante o evento. Os formatos da Conferência, inclusive as sessões plenárias e mesas redondas, preveem um estudo abrangente dos assuntos de segurança em várias regiões do mundo, inclusive no Médio Oriente e no Norte da África, no Ártico, nos Balcãs, sendo prevista ainda discussão dos problemas atuais da segurança energética e na área da Saúde. Um enfoque especial será dado à situação corrente nas relações transatlânticas, os novos desafios e ameaças contemporâneas, inclusive a mudança climática e também a influência do incremento do protecionismo no comércio e do progresso tecnológico acelerado na segurança internacional.

No seu discurso para a sessão plenária “Ordem global: chances alternativas para uma nova agenda”, o chefe da diplomacia russa quer explicar a atitude principal da Rússia para com a segurança internacional e a estabilidade global nas condições da fragmentação crescente da ordem mundial contemporânea. O Ministro pronunciará mais um discurso, intitulado “As prioridades da política externa da Rússia na época de um novo confronto de grandes potências”, na mesa redonda do fórum Leituras de Primakov.

É uma tradição estabelecer contatos informais no âmbito da Conferência. O horário de tais contatos está a ser preparado. Vamos manter-vos informados. Consta dos planos a participação de Serguei Lavrov e do seu homólogo alemão, Heiko Maas, no tradicional “almoço de negócios” com os representantes do empresariado alemão e russo. Planeia-se uma série de encontros bilaterais de Serguei Lavrov com os seus colegas estrangeiros: o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, o da China, Wang Yi, o do Japão, Toshimitsu Motegi, o da Croácia, Gordan Grlic-Radman, com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Africana do Togo, Robert Dussey, e também com o Alto Representante da União Europeia para Política Externa e Segurança, Josep Borrell.

Na véspera do 75o aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov participará na cerimónia solene de entrega de medalhas comemorativas “75 anos da Vitória na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945” aos veteranos russos na sede do Consulado Geral da Rússia em Munique. Os pormenores desses eventos serão divulgados oportunamente.

Com relação ao encontro dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e Ministros da Defesa da Rússia e da Itália no formato “2+2”

Em 18 de Fevereiro, terá lugar em Roma mais um encontro dos chanceleres e Ministros da Defesa da Rússia e da Itália no formato “2+2”. Do lado russo, participarão nele o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, e o Ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e do italiano, o Ministro das Relações Exteriores e Cooperação Internacional, Luigi Di Maio, e o Ministro da Defesa, Lorenzo Guerini.

O formato foi criado conforme um acordo entre o Presidente da Federação da Rússia e o Presidente do Conselho dos Ministros da Itália e é vigente desde 2009.

O futuro encontro será o quarto neste formato. Planeia-se discutir um amplo leque de questões internacionais com especial enfoque na estabilidade mundial e na solução de problemas inter-regionais mais agudos. Particularmente, serão discutidas questões ligadas ao controlo dos armamentos e à segurança na Europa e também à regularização no Médio Oriente e à situação no Norte da África.

As consultas em Roma preveem encontros separados entre os titulares da pasta diplomática da Rússia e da Itália e também contatos bilaterais entre os Ministros da Defesa. Será realizada uma troca de opiniões sobre o estado das relações bilaterais.


Com relação à visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros e Emigrantes do Reino Haxemita da Jordânia, Ayman Safadi, à Federação da Rússia


Em 18-19 de Fevereiro, estará em Moscovo, em visita de trabalho o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Emigrantes da Jordânia, Ayman Safadi. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, manterá negociações com ele em 19 de Fevereiro.

Vai ser realizada uma troca de opiniões sobre questões atuais da agenda mundial e regional com enfoque nos conflitos no Médio Oriente. O assunto da pacificação síria terá enfoque especial no contexto de solução de assuntos humanitários agudos relativos à ajuda no regresso dos refugiados sírios à pátria e também à situação das relações entre os países árabes e Israel. Planeia-se discutir amplamente as tarefas de promoção multifacetada da cooperação entre Moscovo e Amã, inclusive a ampliação da parceria comercial, económica e de investimentos.

Observamos a intensidade crescente do diálogo russo-jordaniano: é caracterizado por um alto nível de confiança e pela proximidade ou coincidência de abordagens de muitos problemas importantes.

Com relação às medidas tomadas perante surto da nova infecção por coronavírus na China

Antes de tudo, gostaríamos de observar que em 31 de Janeiro, o Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, enviou uma mensagem ao Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, manifestando apoio e compaixão em relação à infecção por coronavírus. Ofereceu também ajuda aos amigos chineses.

Em 1 de Fevereiro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, falou por telefone com o seu colega chinês, Wang Yi, confirmando mais uma vez a nossa disposição de cooperar com a China na luta contra a epidemia.

Na Rússia, por encargo do Primeiro-Ministro, Mikhail Mishustin, foi criado o centro de prevenção da propagação de nova infecção, presidido pela Vice-Primeira Ministra Tatyana Golikova. O MNE da Rússia, junto com outros órgãos competentes, participa no trabalho deste estabelecimento. Já informamos disso. Foi aprovado um plano de ação à escala nacional. Foi instituído também um centro operativo no MNE da Rússia russa encarregado de coordenar o trabalho neste sentido. Espero que vocês recebam informações atualizadas dos nossos estabelecimentos estrangeiros: Embaixadas, Consulados Gerais e Representações Permanentes. Quero lembrar que existem linhas telefónicas “quentes”, funcionam contas nas redes sociais, contas do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, portais de serviço consular e dos nossos estabelecimentos estrangeiros. Lembro-vos da aplicação “Ajuda no Exterior”, que podem ativar no seu dispositivo (smartphone, tablet, computador) para obter informações online estando num país estrangeiro.

A parte russa está a cooperar intensamente com os parceiros chineses para tomar todas as medidas necessárias a fim de prevenir a propagação do novo coronavírus pelo território da Federação da Rússia. Foram aprovados decretos governamentais (n.º 140-r de 30 de Janeiro de 2020, n.º 153-r de 31 de Janeiro de 2020, n.º 194-r de 3 de Fevereiro de 2020).

A Embaixada e os Consulados Gerais da Rússia na China estão a acompanhar atentamente a situação, comunicam-se com os cidadãos russos na China que estão em regiões afetadas.

Em cooperação estreita com a nossa Embaixada em Pequim, os aviões do Ministério da Defesa da Federação da Rússia repatriaram cidadãos da Rússia e países da CEI da cidade de Wuhan da província de Hubei. Todos os cidadãos que tinham desejado abandonar o foco da infecção na China, chegaram à pátria.

Nas áreas fronteiriças, organizam-se regularmente corredores de evacuação para cidadãos russos desde o território chinês e para cidadãos chineses desde o território da Rússia.

As missões diplomáticas mantêm as “linhas quentes” telefónicas que os cidadãos russos que estão na China podem usar para comunicar-se com diplomatas e obter ajuda.

Em 9 de Fevereiro, um avião especial do Ministério das Situações de Emergência da Rússia com o apoio do MNE russo levou a ajuda humanitária a Wuhan. Correspondendo ao pedido chinês, o total de 23 toneladas de cargas humanitárias incluía diversos meios médicos de proteção individual, que faltam nas regiões chinesas afectadas.

Quero também fazer algo que fazemos muito raramente. De costume, damos avaliações políticas, respondemos a perguntas. Emocionalmente, às vezes. Sempre apoiamos a nossa postura nos factos. Pode ser que no nosso mundo não faça sentido apelar à consciência, à moral, porém fazemos isso também. Gostaria de acentuar isso hoje. A ler os média internacionais, acompanho as agências de notícias ocidentais, reportagens, artigos, para falar a verdade fico horrorizada pelo facto de tudo isso estar a ser publicado nos países que não somente se consideram civilizados, mas defendem os altos ideais da democracia, defendem os direitos humanos nas plataformas internacionais. Não posso lembrar tal humilhação quase direta da China e o seu povo, que se permitem os autores destas publicações, com desinformação, rumores, desrespeito e a simples falta de compaixão tão necessária hoje para o país e as pessoas que lidam com a propagação tão inédita do novo vírus. É preciso pensar e lembrar e eventualmente reler tudo o que se assinou e se declarou na ONU e nas suas instituições. Estes princípios não são para serem lembrados somente nas sessões políticas. São princípios para se viver. Se o país e o povo lidam com essa epidemia, esse mal e esse desafio, pode-se e deve-se mostrar compaixão.

Portanto, quero apoiar o povo chinês, os nossos amigos chineses, não só pessoalmente, mas também em nome de todos os cidadãos da Rússia simpatizantes, que nos escrevem, ligam-nos transmitindo palavras de apoio à China nestes dias nada fáceis. E quero fazer isso dirigindo-me aos nossos amigos chineses em idioma chinês – que é, enfim, uma língua oficial da ONU.

Queridos amigos,

Desejamos sinceramente que a China e o povo chinês se reúnam num afã, à semelhança das antigas torres do Grande Muro, se consolidem na luta contra a epidemia. Neste tempo difícil, toda a alma da Rússia está com a China. A Rússia manifesta o seu apoio total ao povo da China e almeja para ele a vitória definitiva sobre a epidemia.


Com relação à situação atual na Síria

Recentemente, a situação em Idlib tem-se agudizado. Os terroristas do Hayat Tahrir al-Sham e grupos afiliados têm intensificado ataques contra as forças governamentais sírias, contra as cidades próximas, entre as quais está Alepo, atacam a base aérea russa em Hmeymim com drones. No resultado, durante o mês passado 150 civis morreram e 300 sofreram lesões; entre os militares sírios, houve 400 mortos e mais de 900 feridos. Vemos como a causa dessa degradação a crónica falta de cumprimento pela Turquia das suas obrigações assumidas conforme o Memorando de Sochi de 17 de Setembro de 2018 e na transferência por Ancara de unidades controladas da oposição armada “moderada” para o Nordeste da Síria, ou seja, para a zona da operação Fonte de Paz, e para a Líbia.

Apesar de tudo, a Rússia mantém-se fiel aos acordos de Astana sobre Idlib, quer continuar a trabalhar em conjunto para cumpri-los completamente. Acreditamos que as tarefas principais nas condições atuais são a redução do nível de violência, a garantia de segurança para os militares dos países garantes que estão dentro e fora da zona de desescalada e também a prevenção da provocação de confrontos armados por ações de força mal pensadas.

Esperamos que no futuro mais próximo, os representantes russos e turcos continuem o seu trabalho no sentido de preparar uma solução complexa do problema de Idlib. Recentemente, uma delegação russa visitou Ancara, agora está em vias de preparação o horário de novos contatos entre diferentes ministérios. Portanto, devo destacar que todas as zonas de desescalada na Síria foram criadas como uma medida temporária, que em nenhum caso pode afectar a soberania e a integridade territorial do país, nem impedir o combate aos grupos reconhecidos pela ONU como terroristas.

O problema da presença dos terroristas mantém-se em outras regiões da Síria também. Particularmente, na região trans-Eufrates, apesar das declarações dos EUA e seus aliados sobre a derrota do “Estado Islâmico”, observamos a ativização das “células dormentes”. Os militantes destas células organizam regularmente ataques sangrentos contra as unidades curdas, tentam prejudicar a infraestrutura em outras regiões da Síria. Assim, em 27 de Janeiro, os terroristas atacaram vários depósitos de petróleo no porto de Baniyas. Em 3 de Fevereiro, algumas instalações da infraestrutura de petróleo e gás na província de Homs tornaram-se alvo de ataques com morteiro. O campo al-Hol criado para membros das famílias de terroristas presos, terroristas estrangeiros e militantes, tem sido uma fonte de preocupação especial. O campo está à beira de catástrofe humanitária, com o acesso restrito.

Por isso, eu gostaria de notar os esforços que a parte russa faz para retirar as crianças russas da Síria. De 1 a 6 de Fevereiro, um grupo de trabalho composto por representantes de vários ministérios da Rússia esteve na Síria, em resultado disso 35 crianças russas foram levadas de al-Hol. Em 6 de Fevereiro, 26 delas foram repatriadas e 9 permaneceram em Damasco para preparar os documentos necessários para a saída do país.

Os factores desestabilizadores incluem os ataques de Israel contra o território sírio. Tais ações unilaterais não somente afectam a soberania da Síria, mas também colocam em perigo direto a vida e a segurança dos civis. Foi isso exatamente o que aconteceu em 6 de Fevereiro, quando as ações da Força Aérea de Israel um avião civil com 172 passageiros a bordo por pouco não esteve em zona de fogo mortal.


Com relação à declaração do ex-Vice-Presidente dos EUA, Joe Biden, sobre o Afeganistão

Notamos a declaração do ex-Vice-Presidente dos EUA, Joe Biden, a respeito do Afeganistão, que ele fez durante a sua campanha eleitoral. Compreendo que vamos ouvir muitas coisas extravagantes dos representantes dos EUA, em virtude da corrida eleitoral que está a passar para a sua fase final. Na sua declaração, Joe Biden descreve de maneira muito negativa a situação no Afeganistão e duvida das perspectivas desse país de tornar-se um Estado multinacional unido.

A Rússia não ficou nada surpreendida com tal declaração de um dos antigos funcionários públicos dos EUA, que afirmam ter estado não a combater o terrorismo no Afeganistão durante mais de 18 anos, mas também de estar a construir um Estado democrático afegão. Sabemos que Washington não conseguiu alcançar nenhum destes objectivos. Neste contexto, as palavras de Joe Biden só podem ser percebidas como o reconhecimento direto pelos gerentes políticos norte-americanos da falta de impotência nestes assuntos e do fracasso da sua campanha afegã, o que a Rússia tem dito muitas vezes. Queria dizer que não se trata de um defensor dos direitos humanos, não de um representante de uma estrutura humanitária e não de um perito, mas de um representante do alto poder executivo nos EUA, que por muitos anos teve a seu alcance todas as alavancas podendo influenciar inclusive esta situação. Neste sentido, é muito compreensível a reação muito negativa a estas afirmações do político dos EUA por parte da comunidade civil e política do Afeganistão, inclusive de vários representantes do governo afegão que coopera estreitamente com os EUA.

Tudo isso, a nosso ver, confirma mais uma vez que os EUA e os seus aliados esgotaram os recursos para a sua presença no Afeganistão. Chegou a hora de retirar o contingente militar estrangeiro desse país. Os próprios afegãos precisam sentar-se à mesa das negociações para determinar o futuro do seu Estado, já que ninguém pode fazê-lo, senão eles.

Com relação à situação no espaço dos média na Ucrânia

Hoje comemoramos um aniversário da assinatura dos Acordos de Minsk. Ontem, publicamos um extenso comentário com a nossa avaliação da situação em geral e concretamente em que etapa está o cumprimento dos Acordos de Minsk. Não estou segura se a palavra “etapa” convém aqui. Acho que devemos concentrar-nos na definição presente na nossa declaração, ou seja “imitação” do cumprimento dos Acordos de Minsk pela Ucrânia. Gostaria de comentar separadamente a situação no espaço mediático da Ucrânia.

Vemo-nos obrigados a tratar de novo o tema da liberdade de palavra na Ucrânia, onde o regime de Kiev continua a sua política pensada de reforço do controlo estatal sobre os média e pressão aplicada a fontes de informação incómodas.

As recentes iniciativas legislativas no campo mediático provocam séria preocupação. Os projetos de leis “Sobre os Media” e “Sobre o Combate à Desinformação” preveem sérias restrições para os media, estabelecendo de facto censura estatal para materiais incómodos para as autoridades.

É difícil não enxergar nestas iniciativas legislativas antidemocráticas um sentido exclusivamente antirrussos. Particularmente, observamos mais uma tentativa das autoridades ucranianas de impedir a publicação dos conteúdos russos e privar a população da possibilidade de obter informações objectivas, imparciais sobre os acontecimentos nacionais e internacionais. Mesmo se não possamos chamar de objectivas uma fonte ou grupo de fontes de informação, vemos pelo menos uma tentativa de privar a própria população de ponto de vista alternativo e adicional.

Vejam só. O projeto de lei inclui instrução direta aos mass média para fazer cobertura das atividades das autoridades russas de maneira negativa. Planeia-se aceitar ao nível legislativo a proibição de “popularizar e fazer propaganda dos órgãos de poder do Estado agressor”. Se considerarmos a política de Kiev para com os moradores de Donbass, o Estado agressor é a Ucrânia. O mais horrível é que é Estado agressor para o seu próprio povo. O projeto de lei menciona também justificação ou negação da agressão armada e anexação do território da Ucrânia, violação da sua integridade territorial e soberania. Claro que certa interpretação pode fazer qualquer matéria jornalística objecto destas restrições.

Planeia-se também introduzir a norma legislativa de recusa de registo de agências de notícias estrangeiras com sedes administrativas na Rússia. É interessante que convenção europeia ou mundial sobre a atividade de jornalistas, que materiais, acordos, declarações prevêem isso? Onde isso é permitido ou encorajado? Que documentos estimulam para essa conduta? Tal conduta será objecto de crítica por parte da comunidade profissional no formato nacional e supranacional.

Além disso, o mercado ucraniano seria fechado para empresas de média cujos proprietários ou beneficiários sejam cidadãos ou residentes da Rússia. Não é permitido retransmitir sinais do território da Rússia.

Kiev oficial não é muito amável nem com os média nacionais incómodos para o regime. Na semana passada, o Serviço de Segurança da Ucrânia realizou buscas no escritório do canal de televisão 1+1, declarando que a investigação criminal não é nenhuma “pressão sobre os médios ou ataque à liberdade da expressão. Será que era profilaxia? Faziam controlo do sistema eléctrico? De que estamos a falar? Onde estão as estruturas internacionais? Onde estão todos aqueles que monitoram assiduamente a situação com os direitos e liberdades dos média e jornalistas?

Já manifestaram a sua preocupação pelas ações de forma contra jornalistas e pelas recentes novidades legislativas ucranianas o Representante da OSCE para Liberdade de Imprensa, Harlem Désir, as ONGs profissionais ucranianas e internacionais, inclusive a União Nacional de Jornalistas da Ucrânia, a Federação Europeia de Jornalistas, a organização “Repórteres sem Fronteiras”. O problema é que essa reação é pontual e ligeira, no entanto deve ser – e eles sabem fazer isso – como nos casos de Oleg Sentsov e Nadiya Savchenko. Pois eles já mostravam faixas perto de Embaixadas, escreviam petições, faziam manifestações diárias em apoio deles. Pode-se levar comida ao escritório do canal, é também uma forma de apoio. Sei que os jornalistas ucranianos gostam de fazer tais coisas.

Esperamos que as autoridades em Kiev prestem ouvidos à comunidade internacional, releiam as obrigações assinadas pelas autoridades em Kiev, terminem a violência contra os média e voltem para o mundo civilizado para o qual tanto querem caminhar. Mais uma vez, apelamos Kiev oficial para respeitar as obrigações assumidas internacionalmente na área da liberdade da palavra e de imprensa.

Com relação à situação com os média russos e russófonos nos Países Bálticos

Preocupa a piora da situação dos meios de comunicação russos e russófonos na região do Báltico. A atitude semelhante das autoridades de diferentes países para com os média russos não tem outro fundamento senão o político, o que prova que trata-se da pressão contra os média. Prova que se trata duma campanha antirrussa. É uma campanha dirigida contra os jornalistas e meios de comunicação russos. Se houvesse algum facto concreto, seria demonstrado. Mas não há nenhuma relação com factos, mas há medidas políticas idênticas de influência, restrição e agressão direta.

Em 4 de Fevereiro, o Serviço de Segurança Estatal da Letónia realizou em Riga buscas nos escritórios da Aliança Báltica dos Media (Baltic Media Alliance, BMA), da qual fazem parte 25 canais de televisão nos países da região e que retransmite os conteúdos dos canais russos Piervy e REN TV.

Como pretexto oficial para estes raids, Riga diz haver suspeitas em relação a um grupo de pessoas do qual fazem parte os coproprietários e membros da administração do BMA, Oleg Solodov e Alexei Plyasunov, que teriam violado o regime das sanções europeias. Pois pode estabelecer uma produção em série de tais casos, a usar só estas fórmulas. Este pretexto oferece a oportunidade de acusar quase todo meio de comunicação. Porém, no contexto da perseguição sistemática das fontes de informação russas pelas autoridades letãs, o caso parece absolutamente fabricado e as declarações dos serviços especiais letões soam como uma tentativa pouco feliz de Riga de justificar a sua política de discriminação e repressão em relação aos média. E de novo a pergunta: onde estão todos? Onde estão as fileiras de multidões manifestando nas entradas das embaixadas respectivas – em primeiro lugar da Letónia – e doutros países da União Europeia? Onde estão as manifestações, o apoio?

A notícia sobre o Tribunal Administrativo Regional do país ter confirmado a decisão do Conselho Nacional dos Media Electrónicos de cessar a retransmissão de nove canais em língua russa veio confirmar que a Letónia não pretende rever a sua atitude para com os recursos de informação russos. Mais do que isso, ontem, o Presidente da República da Letónia, Egils Levits, dirigiu-se para a Comissão para os Direitos Humanos e Assuntos Públicos do Sejm letão propondo aumentar a proporção de programas televisivos em línguas oficiais da União Europeia nas redes nacionais de TV por cabo até 80%. O que dizer? Claro, mais vale fazer enfoque nas línguas dos países da UE da “velha Europa” (espanhol, português). Seria muito atual para a Letónia. Tampouco ninguém vê isso?

Consideramos tais passos como violação direta dos direitos e liberdades dos média e discriminação da população russófona da República, cujo acesso à informação em língua russa fica restrito.

Outras repúblicas do Báltico mostram tendências semelhantes.

As autoridades da Estónia, ao recorrer à pressão inédita em relação ao escritório local da Sputnik Estónia, ao recorrer a ameaças de perseguição criminal em relação aos empregados deste meio de informação russo, obrigaram a agência de notícias suspender o trabalho da redação a partir de 1 de Janeiro de 2020.

Na Lituánia, a Sputnik também é objecto de pressão. Em Maio de 2019, as autoridades do país proibiram o editor-chefe da agência, Marat Kasem, de viajar à República por cinco anos. Vou lembrar que no ano passado, vários pretextos foram usados no país para proibir retransmissões dos canais russos RTR Planeta e Rossiya 24, sites de informação russos na Internet eram bloqueados.

Fica evidente que trata-se duma campanha abertamente russófoba. Aliás, representantes desses países participam de discussões a diversos níveis (oficial, de comunidade civil), por exemplo, no Fórum de Paz de Paris, verdade? Pois há secções dedicadas exclusivamente à liberdade da palavra, aos processos democráticos, à liberdade de imprensa. Como é que se sentem lá? Para que então frequentar aqueles fóruns, se ao voltar aos seus respectivos países, dedicam-se à eliminação do ponto de vista alternativo? Mais do que isso, humilham os direitos das minorias nacionais. Na verdade, eu acho que qualquer povo, qualquer nacionalidade merece ser chamada pelo nome. A expressão “minorias nacionais” é aceite geralmente, mas é humilhante. As pessoas nasceram e cresceram lá, fizeram muito para a prosperidade e desenvolvimento desses países, e o fizeram falando e pensando em língua russa, elas também merecem respeito. O mais importante é que os seus direitos são protegidos ao nível internacional.

Apelamos as ONGs internacionais de proteção dos direitos humanos e as estruturas profissionais internacionais a avaliarem a situação dos média e dos direitos dos jornalistas na região. Antes de tudo, aguardamos uma reação da OSCE.

Com relação à comemoração do Dia Mundial da Rádio

Em 13 de Fevereiro, comemora-se o Dia Mundial da Rádio, proclamado pela Conferência Geral da UNESCO em 2011 em memória da primeira emissão em 1946, da Rádio da ONU.

No ano corrente, esta data celebra-se com o lema de “Rádio e Diversidade”. Espera-se que os assuntos relativos à pluralidade de opiniões e à luta contra a discriminação dos jornalistas por raça, ascendência social, idade, religião e gênero estejam no foco das atenções. Estou falando tudo isso depois daquilo que eu falei – e que vocês já sabiam – sobre a situação no espaço que também faz parte da UNESCO, inclusive em relação da rádio Sputnik. Como isso pode ser? É um paradoxo.

Quero sublinhar especialmente que recentemente cresceu o nível de discriminação em relação às emissoras russas, com as autoridades de toda uma série de países de restringir a sua atividade com todos os meios possíveis.

Mais alguns exemplos. A rádio na Ucrânia. Depois de aceitar em Maio de 2019 a lei sobre a língua estatal, as autoridades em Kiev introduziram quotas linguísticas na televisão e na rádio, determinando que a presença da língua ucraniana nas emissões nacionais e regionais do país não pode ser menor de 90%. De facto, os conteúdos de emissões por rádio também é objecto de censura. Como é que calculam este 90%? Tem a ver com o quê? Com o número de habitantes? Com a popularidade das línguas? Como este indicador foi determinado? Será que a parte ucraniana tenha realizado consultas com parceiros mundiais, ONGs, estruturas de gestão profissional? A propósito, podiam perguntar a opinião da UNESCO para saber se esta novidade corresponde às regras e normas internacionais reconhecidas internacionalmente nesta área.

Nos EUA a emissora Sputnik vê o seu funcionamento restrito por motivos políticos. Em Fevereiro de 2019, a produtora de conteúdos dos EUA RIA Global, que colaborava com a mesma, foi forçada pelo Departamento de Justiça dos EUA a registar-se como agente estrangeiro, o que complica o seu funcionamento. É diretamente ligado à atividade da empresa. São gastos financeiros e jurídicos junto com todo um leque doutros problemas.

Além da RIA Global, o Departamento de Justiça dos EUA obrigou várias empresas parceiras da Sputnik que usam frequências FM e retransmitem conteúdos da emissora russa, a registarem-se como agentes estrangeiros.

Frequentemente, emissões por rádio, em vez de serem um meio de comunicação de informações importantes, tornam-se ferramenta de propaganda, desinformação e mentira. No site do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, na secção dedicada à revelação de publicações com informações falsas sobre a Rússia, mencionamos uma emissão da emissora Krym.Realii de 10 de Dezembro de 2019, quando os apresentadores acusaram as autoridades russas de impedir o acesso à península de representantes oficiais estrangeiros, observadores internacionais e grupos de monitoramento. Nós convidamos a cada dia, organizamos viagens de imprensa, visitas, perguntamos os jornalistas. E muitos dos presentes nesta sala já participaram dessas viagens. O nosso principal objectivo é abrir a Crimeia o mais amplo possível para os visitantes estrangeiros, delegações oficiais, estruturas não-governamentais, jornalistas. E aparecem tais notícias absolutamente falsas. A situação é diametralmente oposta. A Rússia não cessa de convidar representantes estrangeiros, como eu já disse, e inclusive jornalistas. Não se trata somente de viagens organizadas. Eis aqui toda possibilidade de viagem independente. Só vão precisar de nós quando necessitarem ajuda ou apoio na organização duma entrevista, se o processo for complicado ou burocrático demais. Se há o desejo de chegar e ver tudo com os seus próprios olhos, não há nenhum obstáculo. Tem que avaliar o estado real das coisas na península com os seus próprios olhos. E depois comparar com as informações prestadas por Krym.Realii. A entrada à Crimeia pode ser impedida só pelo desrespeito das regras do regime de vistos, mas qualquer país pratica isso, e esta prática não discrimina ninguém que estiver com vontade de visitar a Crimeia. Claro que há restrições ligadas com a segurança, medidas de lutar contra o terrorismo e o extremismo, tomadas e realizadas em plena conformidade com a lei nacional, como em qualquer outro país. Não há nenhum outro obstáculo.

Esperamos que o Dia Mundial da Rádio torne-se um pretexto não para novas especulações políticas, senão para uma discussão honesta da comunidade profissional sobre os problemas das emissoras, perspectivas do crescimento do sector com respeito aos altos padrões do jornalismo objectivo de qualidade. Pois, apesar de se surgirem novos formatos mediáticos, a rádio não cessa de ser um dos principais meios de comunicação importante com amplo público.

Com relação à publicação na República da Guiné do dicionário da língua kpelle, criada pela linguista russa Maria Konoshenko

Em Outubro de 2019, teve lugar em Sochi a primeira cimeira Rússia-África na história, que deu um impulso adicional importante a todo o complexo das relações russo-africanas. O trabalho neste sentido continua, inclusive na área da ciência e cultura. Assim, na República da Guiné acaba de ser publicado o dicionário da língua kpelle, criado por Maria Konoshenko, docente sénior do Instituto da Linguística da Academia das Ciências da Rússia. O livro é fruto de trabalho que levou muitos anos, durante os quais a linguista russa passou mais de 20 meses na região da Guiné Florestal, morando principalmente com famílias que usam esta língua, que faz parte da família das línguas mandê e que é falado por mais de meio milhão de guineenses. O trabalho científico de Maria Konoshenko foi apresentado em Conakri e produziu ampla reação pública. Este é mais um elemento da cooperação humanitária entre a Rússia e a África, a Rússia e a Guiné. E comprova a nossa atitude para com o apoio à cultura linguística.


Com relação ao discurso da Vice-Presidente da Comissão Europeia para Valores e Transparência, Vera Jourova, na conferência “Horizontes da Desinformação: Reagindo a Ameaças Futuras”

Notamos o discurso da Vice-Presidente da Comissão Europeia para Valores e Transparência, Vera Jourova, na conferência “Horizontes da Desinformação: Reagindo a Ameaças Futuras” (“Disinfo Horizon: Responding to Future Threats”).

No seu discurso, feito em tom alarmista, Vera Jourova reproduziu os clichés bem conhecidas sobre a “ameaça da Rússia”. Em vez de provas, novas especulações infundadas com referência a pesquisas de centros interessados.

Na sua tentativa de acusar a Rússia, Vera Jourova mencionou a catástrofe do Boeing malaio e o “caso Skripal”. Perfeitos exemplos. Há de que falar com a senhora Jourova. Se na sua alta posição de gerente da União Europeia, a senhora Jourova conhece os pormenores da investigação destes incidentes, pedimos para ela que comente a proibição da participação da Rússia, se até a Ucrânia foi admitida, apesar de ocultar os controladores aéreos que acompanhavam o avião. E por que as provas materiais e a perícia fornecidas pela Rússia não foram adicionadas ao processo? É para acrescentar à questão de desinformação. São questões reais que têm a ver com desinformação.

Temos um enorme interesse também em conhecer a opinião da senhora Jourova sobre as causas da recusa do Reino Unido (que acaba de começar a sua saída da União Europeia) de abrir o acesso aos consulares russos aos cidadãos russos Sergei e Yulia Skripal e da sua retirada do público. Pois a conferência trata de horizontes de desinformação. No Reino Unido, estes horizontes não têm fim. Onde estão os Skripal, se este assunto surgiu de novo no contexto de desinformação? Não havia nada mais fácil: só analisar todas as publicações dos média britânicos em dois anos para chegar à conclusão de que não houve uma campanha de desinformação maior do que o “caso Skripal”. Nenhuma entrevista com os participantes do caso no solo britânico. Vimos um vídeo mostrando Yulia Skripal a ler um texto evidentemente preparado, escrito sobre um papel ou indicado a ela por teleponto, vídeo feito por um operador desconhecido, por um meio de comunicação desconhecido, e o mais verosímil é que teria sido gravado por serviços especiais e apresentado como um texto lido.

Nem sequer podia-se fazer nenhuma pergunta a ela, os jornalistas não tinham com ela nenhuma comunicação direta ou indireta. Já do próprio Skripal ninguém sabe nada de nada. Sério, a senhora cita isso como um exemplo da política de desinformação por parte da Rússia? Pois é um absurdo, mentira pura. Eu não sinto nenhuma incomodidade ou restrição falando isso. Quero repetir que usar estes exemplos concretos como exemplos de ações da Rússia que tenham por finalidade desinformar é mentira.

Não achamos possível omitir a tentativa de Vera Jourova, com outros colegas seus da União Europeia, de reescrever a história, referindo-se a uma suposta responsabilidade da União Soviética pelo início da Segunda Guerra Mundial.

Não é o primeiro caso quando a senhora Jourova mistura suas convicções pessoais com a postura da estrutura que representa. Mais do que isso, a apresenta como uma postura europeia consolidada. Acreditamos que isso não é admissível na realidade histórica contemporânea. Acreditamos que a pessoa deve ser responsável e explicar tais palavras. Já a toda pessoa que estiver com dúvida sobre a responsabilidade das potências mundiais na Segunda Guerra Mundial, recomendamos consultar os materiais do Tribunal de Nuremberga. Há muitos materiais digitalizados e disponibilizadas em sites de arquivos que estão no segmento russo, particularmente no site oficial do Ministério da Defesa da Rússia e das estruturas afiliadas.

Semelhante retórica de confronto não faz mais positivas as relações entre a União Europeia e a Rússia, que não estão na sua melhor época. Além disso, tal permissividade de ataques retóricos à Rússia, infundada, não baseada em factos, é simplesmente perigosa e pode levar a incidentes como aquele da cidade polonesa de Torun, onde desconhecidos atacaram recentemente um grupo de pessoas que falavam em russo. Se compreendo bem, os russófonos representavam vários países. Não adianta fazer provocações como essa num cargo tão alto.

Com relação à demolição do monumento erguido em homenagem ao Exército Vermelho na cidade de Leszno

Mais um ato de vandalismo estatal que visa eliminar o legado memorial soviético foi cometido na Polónia. Em 7 de Fevereiro, na cidade de Leszno, na voivodia da Grande Polónia, foi desmontado, por decisão das autoridades, um monumento instalado em 1946 para honrar os guerreiros soviéticos mortos pela libertação da cidade. A Polónia está a continuar a guerra indigna contra os monumentos soviéticos, a ignorar as obrigações internacionais assumidas conforme acordos e tratados russo-poloneses, a aumentar o prejuízo colossal que as relações bilaterais já sofreram.

Por razões de conjuntura, na tentativa de reescrever os acontecimentos históricos da Segunda Guerra Mundial de modo mais cómodo, eliminando as páginas relacionadas ao papel decisivo do Exército Vermelho na salvação da Polónia dos agressores fascistas, as autoridades polonesas assumem uma conduta que não é de Estados civilizados, humilhando a memória dos 600 mil soldados soviéticos caídos pela libertação do país.

 

Com relação a uma publicação do Instituto Polaco das Relações Internacionais

Notamos uma publicação do Instituto Polaco das Relações Internacionais (PISM, pela sigla polonesa) intitulada “A Segunda Guerra Mundial na Política Externa da Rússia”. O texto sugere que a Rússia teria comentado os acontecimentos relacionados à Segunda Guerra Mundial com o suposto objectivo de fazer da Polónia um Estado antissemita para “minar a aliança europeia” e “aumentar as divergências” nas relações da Polónia com seus parceiros internacionais, como Israel, a Bielorrússia, a Ucrânia, a Lituánia, a Arménia.

Tenho o que dizer sobre o assunto, mas quero saltar para outro tema por um momento. Além do tema histórico da Segunda Guerra Mundial, “a Rússia guia-se pelo objectivo de minar a aliança europeia”. Alguém da Polónia já o disse a Londres? Já é hora de emitir uma declaração da Polónia, da União Europeia, de Bruxelas, de vários grupos dos países europeus, a acusar Londres de minar a aliança europeia. Há razão direta de fazê-lo. Não vi isso. Não é preciso limitar-se. Aliás, podem acrescentar mais sanções em relação ao país que tão perfidamente abandonou a União Europeia. Estão previstas em todos os materiais, documentos, acordos da União Europeia. O que a Rússia tem a ver com isso? O que têm a ver a Polónia, a Rússia e a aliança europeia com isso?

Mais um momento muito interessante. Não cessamos de ouvir os Estados da UE falando em termos de aliança e união da Europa. Os colegas falam-me que nós, lamentavelmente, também começamos a usar estas expressões. A aliança da Europa e a aliança da UE são coisas diferentes. A UE é a UE, e a Europa é a Europa. Há muitos países que são bastante grandes, muitos deles ocupam grandes territórios no planeta Terra: sem formar parte da UE, são europeus. Não se esqueçam disso, colegas europeus.

O artigo faz também notar que a história é uma ferramenta importante da “propaganda russa”, espalhada também pelos média russos. Participam destas atividades os diplomatas da Rússia, a usar plataformas da ONU, da APCE, da OSCE etc. Mas não foram nós a começar. Desde o momento do fim do Tribunal de Nuremberga, seguimos fiéis às suas decisões, todos estes anos, independentemente do nome do nosso país e do seu sistema político. Nunca duvidamos dessas teses. Não há nenhuma mudança na nossa política. São a Polónia e muitos países do Ocidente a mudarem de posição. São os líderes poloneses a mudarem de posição e declarações pelos diametralmente opostos. É a Polónia a desmontar os monumentos aos heróis da Segunda Guerra Mundial. É a Polónia a mentir que o Exército Vermelho nunca libertou Varsóvia sendo um exército ocupante – do ponto de vista destes mentirosos. São a Ucrânia e a Polónia a concordar que Auschwitz foi libertado por um exército ucraniano, e não pelo Exército Vermelho – com a Polónia a insistir nisso. Não foi a Rússia a fazer tudo isso. Repito mais uma vez: a Rússia manifestou os princípios sobre os quais o mundo do pós-guerra foi construído e que foram registados pelos resultados do Processo de Nuremberga. Por isso, prezados senhores representantes de Varsóvia, quando vocês falam que a história tornou-se ou é ferramenta de propaganda, vocês falam de si mesmos. Nenhuma tese relacionada à nossa posição sobre a história da Segunda Guerra Mundial, da Grande Guerra Patriótica não alterou-se.

Consideramos tais insinuações, teses como a tentativa de certos países, dos círculos no poder em certos Estados de manipular a opinião pública, privar os seus cidadãos de acesso à informação de fontes independentes. Infelizmente, em certos países esta tendência é especialmente preocupante, estendendo-se para fora do campo de informação, chegando à área da ciência, o que é não é menos perigoso. Em toda uma série de Estados da Europa Oriental tal atitude das autoridades nacionais parece exclusivamente cínico, já que beira umas tentativas de justificar os crimes nazistas e de seus aliados, e também o antissemitismo.

Como já foi dito muitas vezes, a Federação da Rússia continuará a contrarrestar as tentativas de falsificar a história. Os apelos a bloquear a divulgação do quadro objectivo dos acontecimentos do passado bem cabem na política atual de eliminação da consciência pública do povo polonês da memória da libertação da Polónia pelo Exército Vermelho em 1944-1945. Estão no mesmo patamar da difamadora “guerra aos monumentos” aos soldados libertadores soviéticos, da onda de vandalismo nos túmulos dos nossos guerreiros que caíram pela libertação das terras polacas do nazismo.


Com relação ao incidente com cidadãos russos na ilha de Phuket, Reino da Tailândia

Recebemos muitas perguntas a respeito do incidente trágico com os cidadãos russos na ilha de Phuket, Reino da Tailândia.

Conforme as informações da Embaixada da Rússia na Tailândia, em 10 de Fevereiro, perto da costa oriental da ilha de Phuket ocorreu uma colisão de duas embarcações turísticas a grande velocidade, resultando no ferimento de 21 cidadãos russos num deles. Todos eles foram levados a hospitais da cidade de Phuket com lesões de diferentes níveis de gravidade. Dois russos menores de idade morreram. No momento, todos os feridos tiveram alta do hospital.

De acordo com informações disponíveis, o Comitê de Investigações da Federação da Rússia também está a investigar as circunstâncias da tragédia.

O Ministério do Interior da Rússia e os estabelecimentos estrangeiros da Rússia na Tailândia estão a acompanhar o assunto em regime prioritário, prestando apoio e ajuda necessários aos cidadãos russos afectados.

Jornalista: A senhora falou muito sobre as tentativas de reescrever a história, tendo comentado recentemente a declaração da Polónia de que a URSS havia invadido a Ucrânia e a Bielorrússia. Os nossos colegas estrangeiros utilizam uma técnica de retórica equiparando o nosso país à Alemanha de Hitler, o comunismo ao fascismo, Estaline a Hitler. Dizem que Estaline causou um grande mal ao nosso país e tem na sua consciência a morte de dezenas de milhões de pessoas. Na Rússia, as opiniões dividem-se quanto aos acontecimentos no país nos finais dos anos 30, princípios de 40 e a Estaline. De acordo com as sondagens realizadas pelo Centro de Estudos de Opinião Pública “Levada Center” em 2012 (o centro foi qualificado como agente estrangeiro e dificilmente pode ser suspeito de simpatias por Estaline), 70% dos russos têm uma atitude positiva para com Estaline. A senhora não acha que as opiniões opostas na Rússia quanto a este período da história e à pessoa que estava à frente do país quando lutávamos contra a Alemanha de Hitler enfraquecem a nossa posição nas negociações no estrangeiro quando falamos da necessidade de defender a verdade histórica e coibir as tentativas de reescrever a história?

Porta-voz: Esta é uma pergunta histórica e, ao mesmo tempo, retórica. Este é um tema de discussão nos círculos acadêmicos, sociedades históricas, para cientistas, especialistas, representantes da sociedade civil.

Disse hoje várias vezes em que se baseia a nossa posição no contexto da Segunda Guerra Mundial. Esta posição reflete não só a nossa atitude, a atitude do nosso povo, de historiadores, militares, civis, cientistas, especialistas e jornalistas como também a atitude decorrente do julgamento internacional dos criminosos nazistas, no qual participaram os países vencedores que se nortearam pelo direito internacional. Eles basearam a sua posição não só em avaliações políticas, mas também na lei e nos instrumentos legais e na sua dor e pesar para condenar definitivamente o nazismo e o fascismo; para pôr um ponto final nesta questão e para garantir que esta jamais fosse revista. Penso que foi este o motivo que levou os especialistas encarregados de tratar deste assunto a convocar um tribunal internacional. Eles não quiseram dar avaliações políticas, mas lavrar uma sentença jurídica que vigorasse por séculos. É por isso que não nos limitamos a dar a nossa avaliação àqueles acontecimentos. No contexto da Grande Guerra Patriótica, da Segunda Guerra Mundial, temos exortado os nossos colegas: os polacos e os nossos colegas da ONU a entender que rever as decisões do Tribunal de Nuremberga é rever os resultados da Segunda Guerra Mundial, o que é inaceitável.

Jornalista: A senhora disse que o governo polaco "passou das medidas” e que a senhora tem informações de que a Polónia pretende “neutralizar” sistematicamente os factos históricos sobre a Segunda Guerra Mundial que serão apresentados por Moscovo. Quais consequências podem ter as tentativas do governo polaco de questionar a história? 

Porta-voz: A tragédia pode repetir-se. Todos devem compreendê-lo. Quando alguém abre uma caixa de Pandora, com artefactos sangrentos e horríveis, fechado com chaves jurídicas internacionalmente relevantes, para fazer vir à luz as imagens e trajes daquela época a título de património histórico, quando criminosos de guerra vêm no lugar de heróis e os heróis são declarados anti-heróis, isso pode resultar na repetição dos mesmos erros com consequências desastrosas. Não estou a impor, de forma alguma, a opinião de um representante do poder executivo à comunidade académica e científica, mas acredito que, se algo pode ser recomendado, é preciso, desde a primeira infância, desde a escola primária, fazer com que, todas as semanas, todos os anos, as aulas comecem com a memória das consequências catastróficas e dos enormes sacrifícios sofridos pela humanidade durante a Segunda Guerra Mundial. Importa fazer com que as crianças, desde cedo, compreendam que a humanidade deve evitar a repetição desta tragédia. Isso só é possível se a memória for preservada não só como homenagem, tributo de respeito, mas como vacina contra erros e tragédias do passado. Infelizmente, parece-me que, hoje na Europa, poucas pessoas entendem isso. 

Atualmente, o mundo enfrenta processos internacionais muito complexos. Estes processos foram causados pela migração e a quebra dos fundamentos e das tradições que serviram de base para a constituição de nações. Como disse um clássico, “confusão total". O que assistimos hoje é à confusão. As religiões deixaram, de uma forma ou de outra, de ser pontos de orientação para as civilizações europeias. A jovem geração não aceita mais os valores religiosos como ponto de referência e muito menos como pilares do Estado ou como princípios da sua existência em uma sociedade. Novas emendas, estranhas às civilizações europeias, às normas da moral social e individual foram feitas. O mundo está a começar a viver de uma nova forma. Nestas circunstâncias, reescrever a história de há 75 anos é condenar as nossas gerações futuras a repetir estes erros terríveis e sangrentos.

Jornalista: O Ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas, disse que, no dia 16 de fevereiro, Munique acolherá uma reunião da Comissão para a Implementação das Decisões da Conferência Internacional sobre a Líbia realizada em Berlim, no dia 19 de janeiro. O Ministro Lavrov também vai participar?

Porta-voz: Estamos cientes desta proposta alemã. Nesta fase, estamos a considerar a hipótese de participação russa e o nível da delegação a ser enviada para o evento. 

Jornalista: A senhora disse que a situação na Síria é extremamente tensa. A questão é que a NATO também pode ficar envolvida, uma vez que o governo turco, segundo o representante do partido no poder, pretende pedir ajuda à Aliança, pois as suas tropas na Síria estão a ser atacadas.

Porta-voz: Não tenho esta informação. Quais consequências você espera do pedido da Turquia à NATO? O que deve acontecer? 

Jornalista: Os militares turcos vem-se tornando alvo para os sírios.

Porta-voz: Devemos informar a NATO disso? Pode-se pensar que a NATO não sabe o que se está a passar. Tendo em conta que a Aliança, segundo o Presidente francês, Emmanuel Macron, está em "morte cerebral ", penso que é necessário pensar bem antes de pedir ajuda à Aliança. Por outro lado, é o direito soberano dos membros desta Organização decidir o que devem fazer. Tenho uma pergunta, para que pedir ajuda à NATO? Acho que, se a NATO tivesse recursos para resolver a crise nesta região, tê-los-ia posto em ação há muito tempo. Mas não os tem.

Jornalista: A NATO deve prestar ajuda se um dos seus membros se torna alvo de ataques, mas a Turquia está num país estrangeiro.

Porta-voz: Você deu a resposta que eu queria dar. É difícil não seres alvo de ataques se te encontras em um país alheio que não te convidou.  

Jornalista: O governo turco acusou sem rodeios a Rússia de ter atacado civis em Idlib. O anúncio foi feito pelo Presidente Recep Erdogan. Tem algum comentário a esse respeito? 

Porta-voz: Não aceitamos estas acusações. Estamos a expor a nossa posição. Não contestamos que, em vários assuntos, em particular nesta questão, temos uma discrepância com a Turquia. Foi por esta razão que os nossos peritos estiveram recentemente na Turquia. Em um futuro próximo, pode haver contatos entre os dois lados (eu também falei disso). O objetivo é tirar dúvidas quanto às questões difíceis que temos hoje na ordem do dia. 

Jornalista: O tema do coronavírus faz os jornalistas lembrarem-se da declaração do Presidente russo, Vladimir Putin, (na reunião do Conselho para o Desenvolvimento da Sociedade Civil e Direitos do Homem, de 17 de outubro de 2017) de que as organizações ocidentais são muito ativas na recolha do biomaterial de russos de diferentes origens étnicas em diferentes regiões do país. Naquela altura, o Presidente indagou-se “porque eles fazem isso". O diretor do Instituto Kurchatov, Mikhail Kovalchuk, havia dito reiteradas vezes que o Ocidente intensificou os seus esforços para a criação de novas armas bacteriológicas, ofensivas para alguns grupos étnicos inofensivas para outros. No futuro, poderemos enfrentar uma nova arma de destruição em massa. Neste contexto, a senhora não acha que os atuais acontecimentos na China causados pela disseminação de coronavírus estão a ser influenciados externamente? Não acha que é tempo de os altos escalões diplomáticos entrarem em alerta devido ao novo perigo decorrente do eventual surgimento de uma nova arma de extermínio em massa impiedosa, até agora nunca vista?

Porta-voz: A sua pergunta apresenta vários aspectos que eu gostaria de assinalar. Você disse que o Presidente russo, Vladimir Putin, havia feito uma pergunta retórica: "Porque os nossos parceiros ocidentais estão a fazer isto? Porque é que eles estão a recolher material biológico?". Esta pergunta foi feita em um espaço público, para que todos pensassem nisso. Os especialistas sabem muito bem a resposta. Não há outra interpretação. Especialistas, autoridades competentes sabem muito bem a razão por que o material biológico é recolhido e o que fazem os laboratórios biológicos. É por isso que nos últimos anos, durante os briefings, temos prestado tanta atenção às atividades dos laboratórios biológicos localizados nos estados vizinhos da Rússia. Isto provocava críticas a nosso respeito. Os nossos críticos diziam-nos que isso não era da nossa conta e que este era o direito soberano de Estados. Está certo. Mas hoje todo o mundo ficou arrepiado ao saber que uma epidemia atingiu um Estado soberano. Ninguém sabe como combatê-la por meio de medicamentos e o que deve ser feito para preveni-la. Portanto, as nossas perguntas tiveram justificação. 

A resposta à sua pergunta concreta sobre o que causou a infecção em massa, como isso ocorreu, será dada por especialistas depois de estudarem o problema. Não há resposta política a esta questão. É uma questão dos factos. Caso contrário, vamos assemelhar-nos a políticos britânicos como Theresa May que utilizam a expressão “Highly likely”. Não vamos fazê-lo.

Ao mesmo tempo, a implicação indireta de países estrangeiros na situação do coronavírus na China é óbvia. Veja como esta situação é usada nos mass media, em declarações políticas, com vista a divulgar a desinformação, a prejudicar a imagem e a minar a confiança na China. O governo chinês fala sobre isso, cita factos, dados e provas, tentando desmentir as informações divulgadas a seu respeito. Certamente, a implicação indireta de países estrangeiros é óbvia. Podemos afirma-lo com certeza. 

É tempo de a comunidade internacional se concentrar nestes desafios e ameaças. Em vez de correr por todo o mundo à caça de hackers russos inexistentes e aproveitar-se de situações de “Highly likely”, a comunidade internacional devia ter concentrado, há muito tempo, todos os recursos e conquistas científicas na solução destes problemas. 

Dentro de alguns dias, em Munique, terá início a Conferência de Política de Segurança. Os eventos agendados para a Conferência são realizados em vários locais durante todo o ano, mas o evento mais importante terá início dentro de alguns dias. Em princípio, este evento deve ser dedicado à problemática destes desafios e ameaças. No entanto, os delegados não se cansam de referir, de ano para ano, uma ameaça imaginária que alegadamente vem do Oriente e da Rússia. Estas afirmações não foram confirmadas. Portanto, continuar a afirma-lo é já falta de educação. Os autores destas declarações são críticos profissionais da Rússia que recebem dinheiro pela promoção de teses anti-russas. Eles estão fora do campo de atividades de pessoas decentes. Mesmo assim, eles são convidados a palestrar e são ouvidos. Enquanto isso, desafios e ameaças reais como terrorismo, novas formas de extremismo, extremismo adolescente, tráfico de drogas e pandemias, que infelizmente se vem tornando regulares (basta citar como exemplo o recente surto de Ébola), não recebem a devida atenção.

Recentemente, correu a notícia de que a Rússia e a China foram mencionadas entre as principais ameaças no novo orçamento dos EUA que os EUA querem disponibilizar 700 milhões de dólares para fazer frente à influência russa. A notícia citou um documento oficial publicado pela Casa Branca. Não sei quem vai concretizar tudo isso, mas o documento foi publicado pela Casa Branca. Vejam quão grande é o montante destinado a financiar os esforços para fazer frente ao nosso país no plano político! Afinal, este dinheiro poderia ser gasto com ajuda humanitária e apoio financeiro a centros de pesquisa para a busca de respostas para os novos desafios e ameaças. Em vez disso, cerca de um milhar de milhões de dólares será aplicado na luta contra a Rússia. 

Outra notícia, que também circulou recentemente, dizia que, no Departamento de Estado dos EUA, havia sido criado um cargo de responsável pelo combate à crescente influência da China na ONU e em organizações internacionais. Estamos novamente a voltar às raízes dos erros do início do século XX dos quais parece termo-nos todos despedido. Reparem, não se trata de um responsável pelas negociações, resolução de questões complicadas ou busca de soluções para problemas, mas de um funcionário, cuja função é fazer frente a um país inteiro que não agredia ninguém, mas submetia-se a agressões. Como disse o Ministro do Exterior chinês, Wang Yi, durante o seu discurso na Assembleia Geral da ONU, a "China é um país de pessoas trabalhadoras e corajosas" que tem o que oferecer no cenário internacional. Criar um cargo de representante especial para combater um país como a China é o mesmo que alocar dinheiro para combater a Rússia.

Jornalista: A Rússia continua a ser alvo de acusações de violação da soberania de alguns países. Uma das últimas declarações deste tipo foi feita pela representante permanente dos EUA na NATO Kay Hutchison. Ela afirmou que cada país da Aliança do Atlântico Norte sofreu ataques cibernéticos ou híbridos da Rússia. A senhora tem algum comentário sobre isso? 

Porta-voz: Os recursos de informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia sofrem milhares de ataques por dia. Durante o ano passado, citámos estatísticas, especificando os países de onde estes ataques foram realizados. Todavia, o aspecto geográfico desta questão não nos dá um quadro completo. O autor de ataques pode estar em um país a efetuar ciberataques no interesse de um outro país, de uma estrutura ou de uma organização. As declarações de que estes países teriam sido atacados pela Rússia devem ser confirmadas documentalmente. Além das organizações internacionais, existem empresas privadas que investigam crimes cibernéticos. É possível contactá-las para pedir uma investigação e obter resultados necessários. Qualquer declaração não confirmada por provas concretas é propaganda política.

Jornalista: No dia 15 de fevereiro, fará 15 anos que as tropas soviéticas foram retiradas do Afeganistão. Como é que esta data é vista hoje?

Porta-voz: Tal como foi vista no ano passado. A nossa posição sobre este assunto não mudou. Existem materiais oficiais sobre este assunto, posso enviá-lhos.

Jornalista: O funcionário da Missão Comercial da Rússia no Japão  A. Kalinin foi chamado pela polícia de Tóquio a depor sobre o desvio de informações confidencias. O funcionário ignorou a chamada e regressou à Rússia a 10 de fevereiro. Qual é a posição do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo sobre esta questão e haverá uma reação diplomática por parte de A. Kalinin?

Porta-voz: Foi solicitado a fazer esta pergunta? Ou é uma pergunta de um veículo de comunicação social? Se se trata de uma pergunta dos mass media japoneses na véspera das conversações entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, e o seu homólogo japonês, Toshimitsu Motegi, que devem ser realizadas em Munique, não fica bem ao lado japonês estragar o ambiente antes das conversações. Se o lado japonês tem perguntas a fazer, pode fazê-las pela via diplomática. Tiro esta conclusão da maneira como formulou a sua pergunta. Se o senhor quiser perguntar algo relacionado com aspectos da vida, coloco-me à disposição para a sua pergunta. Todavia, a maneira como a sua pergunta foi formulada, leva-me a crer que alguém lhe havia pedido para fazê-la. Bem, qual reação diplomática deve ser feita por parte de A. Kalinin? O que o senhor tem em vista? 

(silêncio).

Está claro. Então eu estava certa.

Jornalista: O primeiro Presidente da Ucrânia, Leonid Kravchuk, responsabilizou a Rússia pela guerra na Região de Donbass. Para ele, a Rússia aproveitou os problemas da Ucrânia para resolver os seus problemas pendentes. 

Porta-voz: Foi ele quem disse que Hitler e Estalin se tinham encontrado em Lvov antes da guerra? Esta afirmação é absurda. Existem pessoas cujas ações são relevantes: representantes especiais, representantes dos ministérios dos Negócios Estrangeiros, enviados especiais, chefes de departamentos, representantes das partes. As suas declarações podem ser absurdas, mas, de uma forma ou de outra, elas influenciam a agenda política. Porque devemos discutir as declarações de pessoas que fazem afirmações estranhas, estúpidas e absurdas que não têm nenhum impacto sobre a agenda? Eu não acho necessário desperdiçar com isso o meu tempo e o seu. E se ele vir um alienígena, também deveremos comentá-lo? 

Jornalista: No dia 29 de janeiro, o Parlamento estoniano aprovou uma proposta de declaração em que acusou a Rússia de estar a promover uma visão supostamente especial da história da Segunda Guerra Mundial. Aparentemente, eles seguem o exemplo da Polónia e da Letónia. O que a senhora acha que pode ser feito em relação a esta “ação indecorosa”?

Porta-voz: Em primeiro lugar, é preciso constatar esta “ação indecorosa”, como o senhor disse, reagir e não deixá-la passar despercebida. Pode crer, muitos países querem falar sobre esse assunto, mas não podem dar-se ao luxo de fazê-lo. Têm de obedecer à disciplina de aliados ou têm medo de uma eventual represália por parte do "irmão mais velho" ou não querem azedar as relações com os seus vizinhos, têm um monte de problemas por causa disso. 

Anteriormente, os veteranos de guerra, que haviam lutado diretamente contra o fascismo e o nazismo, exigiam que os seus governos dessem respostas claras e condignas. Esta geração está a desaparecer e não tem mais a voz de antes. Os seus filhos e netos parecem não priorizarem este assunto na sua agenda quotidiana. 

Além disso, não devemos esquecer que, nos últimos 30 anos, nestes países tem sido feito um trabalho para mudar as atitudes das pessoas para com esta problemática. Este trabalho tem sido feito principalmente entre os jovens: foram publicados novos livros didáticos, novas obras de literatura. Lembro-me muito bem de como, no início dos anos 90, até na Rússia, ia sendo implantada a nova visão da Segunda Guerra Mundial e da Grande Guerra Patriótica. Lembro-me de como, nos finais dos anos 80, princípio de 90, os criminosos de guerra, traidores, colaboracionistas, que se haviam refugiado no Ocidente, publicavam livro após livro. Todavia, a imunidade do nosso povo era tão forte que esta “moléstia” não lançou raízes no nosso país. 

Também recentemente, houve tentativas de reconsiderar os principais acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e da Grande Guerra Patriótica, o cerco a Leninegrado e o heroísmo dos habitantes da cidade. Na verdade, tratou-se de atacar de frontalmente a nossa posição histórica negativa em relação às tentativas de reescrever os resultados da Segunda Guerra Mundial.

Portanto, não devemos deixar passar despercebidas ações como esta, acima mencionada, devemos reagir, fazer comentários com base em documentos, apresentá-los, digitaliza-los, traduzi-los para línguas estrangeiras. 

Parece que alguém, aqui, perguntou se tínhamos informações de que a Polónia pretendia fazer esforços, inclusive a nível do governo, para neutralizar a posição russa. Sim, temos informações de que foi a nível do governo que a Polónia decidiu realizar uma campanha especial para neutralizar tudo o que a Rússia diz. Esta decisão foi tomada recentemente. Isto, penso eu, explica a enxurrada de artigos de diplomatas polacos, desde o Ministro do Exterior, vice-ministros e embaixadores, publicados recentemente e totalmente divorciados da realidade. Os seus autores chegaram ao extremo de dizer que, em 1945, a URSS havia invadido a Ucrânia e a Bielorrússia. Quando foi dito que o campo de concentração de Auschwitz fora libertado pelas tropas ucranianas e não pelo Exército Vermelho, pensei que a sua mentira chegou ao seu cúmulo. Convenham, há provas, mapas, fotos, crónicas em vídeo. Mas quando eles dizem que a URSS foi invadida por si própria, vejo que estão avariados da cabeça. Trata-se, de facto, de uma propaganda baseada no princípio de que "quanto mais grosseira é a mentira, mais numerosas são as pessoas que nela acreditam”. 

Jornalista: Quais são as expectativas da Rússia em relação à Conferência de Segurança de Munique?

Porta-voz: Já falei das nossas expectativas em relação à Conferência de Munique. Mas posso dizer que, em primeiro lugar, temo-las. Em segundo lugar, esperamos um diálogo construtivo em vários formatos. Esperamos resultados e eficácia das reuniões bilaterais; uma discussão de painel interessante: a oportunidade de contatar com os nossos parceiros sobre os temas prementes. São aproximadamente estas as nossas expectativas. 


Documents supplémentaires

  • Photos

Album de photos

1 de 1 photos dans l'album

Dates incorrectes
Outils supplémentaires de recherche