Briefing realizado pelo Vice-Porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Alexei Zaitsev, Moscovo, 30 de setembro de 2021
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, recebe homólogo egípcio
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, recebe, no dia 4 de outubro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Árabe do Egito, Sameh Shoukry, que estará em visita de trabalho a Moscovo entre os dias 3 e 5 de outubro.
Na reunião, serão abordadas questões de uma maior ampliação da interação russo-egípcia nos domínios político, comercial e económico, cultural, humanitário e outros. Os Ministros discutirão também a situação no Médio Oriente e no Norte de África.
Moscovo atribui especial importância à manutenção de um elevado nível de cooperação com o Egito, principal parceiro da Rússia no mundo árabe e no continente africano. As relações multifacetadas da Rússia com este país estão em bom andamento. O Tratado de Parceria Multidisciplinar e Cooperação Estratégica assinado em outubro de 2018 em Sochi pelos líderes dos dois países deu um grande impulso qualitativo a este processo. As relações entre Moscovo e o Cairo têm tido sempre por base as tradições de amizade, respeito e consideração mútua de interesses.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, recebe homólogo ruandês
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, recebe, no dia 7 de outubro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional da República do Ruanda, Vincent Biruta, que fará uma visita de trabalho a Moscovo nos dias 6 e 7 de outubro.
O tema do encontro serão as principais opções do desenvolvimento da parceria russo-ruandesa nas áreas política, comercial e económica, humanitária e outras. Os Ministros dispensarão especial atenção às questões da promoção da cooperação empresarial mutuamente benéfica, em particular no domínio de energia, uso de energia nuclear para fins pacíficos, prospeção geológica, tecnologias digitais e da formação do pessoal ruandês nas universidades russas.
Os dois Ministros terão uma troca de pontos de vista abrangente sobre questões relevantes da agenda global e regional, incluindo a manutenção da paz e a gestão de crises em África, combate a novos desafios e ameaças, como o terrorismo internacional e o extremismo. Abordarão aspetos práticos da cooperação entre a Rússia e o Ruanda na ONU e noutros fóruns multilaterais. Os preparativos para a segunda cimeira Rússia-África, a decorrer em 2022, serão um dos principais assuntos em foco.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, reúne-se com membros da Associação de Empresas Europeias na Rússia
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, reunir-se-á, no dia 8 de outubro, com membros da Associação de Empresas Europeias na Rússia que engloba mais de 500 empresas e bancos dos Estados-Membros da UE, da Associação Europeia de Livre Comércio e de outros países que atuam na Rússia. Estas reuniões são realizadas regularmente (a última foi em outubro de 2020) e já se tornaram uma boa tradição.
O tema da reunião serão as questões mais relevantes da cooperação entre a Rússia e a União Europeia em áreas económica, comercial e outras, bem como o papel dos círculos empresariais na criação das condições necessárias para que as relações entre a Rússia e a UE voltem ao normal e sejam pragmáticas e mutuamente vantajosas.
Ponto da situação na Ucrânia
A política das autoridades ucranianas na resolução do conflito em Donbass e a proteção dos direitos humanos e das minorias nacionais continua a ser um motivo de grande preocupação.
Nos dias 28 e 29 de setembro, o Grupo de Contacto para a resolução da crise no leste da Ucrânia Oriental e os seus subgrupos tiveram mais uma reunião online que não resultou em acordos concretos entre as partes do conflito, o governo de Kiev e as Regiões de Donetsk e de Lugansk, o que não surpreende mais a ninguém. Os negociadores ucranianos mostraram-se outra vez relutantes em cumprir os seus compromissos ao abrigo dos acordos de Minsk.
A política de Kiev de sabotar o Pacote de Medidas de Minsk tem também repercussões nas atividades legislativas. Já mencionámos o projeto de lei “Dos Princípios da Política de Estado no Período de Transição” que havia entrado no Parlamento ucraniano em agosto deste ano e que ia contra os acordos de Minsk. O documento, que não fora discutido com Donetsk e Lugansk, não dizia nada sobre o estatuto especial da região, direitos fundamentais e uma amnistia para os seus habitantes. É de notar que o novo relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, publicado a 23 de setembro de 2021, considerou a medida como “contrária aos padrões internacionais e não capaz de garantir a implementação da abordagem centrada na proteção das vítimas”
A prova do desprezo de Kiev pelo destino dos habitantes da região de Donbass é a situação na linha de contacto. Os dados da Missão Especial de Monitorização da OSCE na Ucrânia evidenciam que o exército ucraniano iniciou novos preparativos militares. As obras de engenharia realizadas pelos militares ucranianos no verão inserem-se na categoria de ações ofensivas de acordo com as "Medidas de Reforço do Regime de Cessar-Fogo” aprovadas em julho de 2020. Recentemente, o Comandante Supremo das Forças Armadas da Ucrânia, Valeri Zalujni, disse que os militares ucranianos poderiam abrir fogo de retaliação sem consultar a liderança. Confirmou também que grupos de atiradores furtivos ucranianos tinham chegado à linha de contacto. Tudo isto vai contra as disposições do referido documento. Como resultado, bombardeamentos têm vindo a aumentar e o número de vítimas está a crescer. O relatório afirma sem rodeios que 77% das mortes ocorreram nos territórios não controlados pelo regime de Kiev.
Parece que a liderança ucraniana abandonou completamente a região de Donbass e os seus habitantes, o que afeta os ucranianos que se encontram no estrangeiro. Os postos consulares ucranianos recusam-se a prestar serviços consulares aos ucranianos originários do leste do país, aconselhando-os a se dirigirem às repartições consulares russas. É um fenômeno gritante na prática consular. Claro que os diplomatas russos estão a tentar ajudá-los na medida do possível, uma vez que os ucranianos não são estranhos para nós.
A atitude hostil do regime de Kiev para com os seus próprios cidadãos é evidente em toda a Ucrânia. A população russófona e a de origem russa do país continua a ser discriminada e impedida de viver num ambiente linguístico e cultural materno. Os peritos da ONU salientam que, apesar das garantias do "livre desenvolvimento, utilização e proteção do idioma russo e de outras línguas minoritárias" consagradas na Constituição ucraniana, o país estabelece, de facto, a proibição de usar a língua russa. Aqueles que se pronunciam positivamente sobre a língua russa tornam-se alvo de “ondas de retórica, ódio, ameaças, intimidação, incitação à violência e campanhas de difamação na internet”.
Têm sido cada vez mais frequentes os casos de neonazis e nacionalistas profanarem a memória dos antepassados dos ucranianos e distorcerem a história das terras que hoje pertencem à Ucrânia.
Expressámos várias vezes a nossa preocupação a este respeito e a outros casos. No entanto, o regime de Kiev continua a ignorar tanto as nossas observações críticas como as recomendações dos organismos internacionais. Instamos os curadores ocidentais da Ucrânia, sobretudo os EUA e a União Europeia, a prestarem uma maior atenção à prática de humilhação e aniquilação da população ucraniana pelo regime de Kiev que prossegue há anos e a forçarem as autoridades ucranianas a pôr termo à guerra fratricida em Donbass e às violações maciças dos direitos humanos e à discriminação das minorias nacionais.
Missão de Observadores da OSCE em Gukovo e Donetsk termina o seu trabalho
Hoje, dia 30 de setembro, a Missão de Observadores da OSCE nos postos de controlo fronteiriços de Gukovo e de Donetsk na fronteira russo-ucraniana termina os seus trabalhos devido à expiração do seu mandato. Todo o pessoal da OSCE deixará o território russo nas próximas semanas.
A instalação desta missão no verão de 2014 foi um gesto de boa vontade da parte russa. Fizemo-lo a título de medida de confiança, esperando encorajar desta forma as autoridades ucranianas a optar por um caminho de resolução pacífica do conflito em Donbass. Infelizmente, em sete anos, a medida russa não foi devidamente compreendida nem foi respondida à altura pelas autoridades de Kiev nem pelos seus parceiros ocidentais. Mais do que isso, a presença dos observadores da OSCE foi utilizada por vários países como pretexto para fomentar o confronto e fazer exigências cada vez mais agressivas e absurdas ao nosso país. Nestas circunstâncias, não consideramos conveniente prorrogar o mandato do Grupo. Não temos nenhumas reclamações sobre as atividades do Grupo. Funcionou de forma bem coordenada, cumprindo cuidadosamente as prescrições do seu mandato e colaborando eficazmente com as autoridades russas. Durante todo o período do seu trabalho, o Grupo não registou qualquer deslocação de tropas ou equipamento militar através da fronteira.
Faço lembrar que a missão foi instalada antes de os acordos de Minsk terem sido assinados e não é mencionada no pacote Minsk-1 nem no pacote Minsk-2 nem nos documentos subsequentes do Grupo de Contacto.
Consideramos que as reclamações sobre esta decisão não são convenientes. Esperamos que as autoridades ucranianas e os seus parceiros ocidentais mostrem agora uma atitude mais responsável e deixem de nos responsabilizar pela falta de progressos no processo de resolução pacífica da crise interna ucraniana.
Ponto da situação no Afeganistão
Acompanhamos com apreensão o aumento da tensão nas relações entre o Tajiquistão e o Afeganistão no meio das declarações rígidas dos líderes dos dois países. Noticia-se que os dois países começam a concentrar tropas na fronteira. Segundo o Movimento Talibã, na província fronteiriça afegã de Takhar estão concentradas dezenas de milhares de unidades especiais. Apelamos a Duchambé e Cabul para que procurem formas mutuamente aceitáveis de resolver a situação criada.
A situação socioeconómica no Afeganistão também é difícil, verificando-se a redução do dinheiro físico no país. O sector bancário está paralisado. A maioria esmagadora dos trabalhadores do setor público, incluindo os militares talibãs, não recebem salários. O deplorável estado da economia afegã está a contribuir para uma drástica alta dos preços, a produção industrial está a diminuir. Nestas circunstâncias, prestámos atenção à decisão do Tesouro dos EUA de permitir que entidades governamentais, internacionais e organizações não governamentais prestem ajuda humanitária ao Afeganistão. Vemos isto como sinal positivo, especialmente porque os EUA são os principais responsáveis pelos processos atualmente em curso no Afeganistão. Os talibãs reagiram favoravelmente a esta iniciativa americana.
Prestámos atenção à nova declaração do porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, sobre a intenção dos talibãs de acabar com o contrabando de drogas provenientes do Afeganistão. Esperamos que as autoridades afegãs envidem esforços para acabar com a ameaça do tráfico de droga.
Antony Blinken acusa Rússia de “sabotar” a reunião anual da OSCE
Prestámos atenção à declaração do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em que este acusou a Rússia de "sabotar” a Reunião Anual da OSCE convocada para analisar a implementação dos compromissos relacionados com a Dimensão Humana.
Consideramos esta declaração como mais uma tentativa de distorcer o verdadeiro estado das coisas. Desde o início deste ano, quando começaram as consultas sobre os temas e modalidades da Reunião de Varsóvia, a parte russa delineou claramente as suas prioridades, seguindo coerentemente a sua posição declarada durante o processo de negociação.
A Rússia insistiu em incluir o tema do combate à glorificação do nazismo e do neonazismo na agenda do evento, tendo em conta o agravamento da situação nesta área no espaço da OSCE. Além disso, considerávamos necessário organizar a Reunião de Varsóvia, de acordo com a prática estabelecida, o que pressupunha garantir a todos os participantes, incluindo as ONG, acesso igual e não discriminatório.
A recusa da Suécia, que exerce atualmente a presidência, e dos nossos parceiros ocidentais em examinar as propostas russas está a causar estranheza. Isso quando a determinação de neonazis e a glorificação dos nazis e dos seus colaboradores estão a crescer. Acreditávamos que, se a reunião não abordasse este tópico, isso significaria "bloquear o controlo da deterioração da situação dos direitos humanos", do que o Secretário de Estado, Antony Blinken, nos acusa. É de salientar que a Rússia fez os possíveis para encontrar "soluções” para a questão da reunião de Varsóvia. Portanto, consideramos as tentativas de apresentar a nossa posição como "sabotagem” como ímprobas e destinadas a minar o espírito de parceria e cooperação no seio da OSCE.
Decisão de suspender emissões do RTR-Planeta é reconhecida como ilegal
Saudamos a decisão do Supremo Tribunal Administrativo da Lituânia, no início de setembro, que reconhece como ilegal a decisão da Comissão Nacional de Rádio e Televisão de suspender as emissões do canal de televisão RTR-Planeta. Faço lembrar que, em fevereiro de 2018, as emissões do canal foram suspensas no território lituano. O tribunal anulou também a decisão de abril de 2018 da referida Comissão que tinha multado o operador de telecomunicações lituano Init por transmitir outra versão do canal, a Rossia-RTR.
O tribunal teve em conta as irregularidades cometidas pelo regulador dos meios de comunicação social lituano na tomada destas decisões incorretas. Verificou-se que três dos sete membros da Comissão votantes tinham relações contratuais formais com os canais de televisão locais. Assim, o órgão violou princípio da imparcialidade, podendo, portanto, as suas decisões ser tendenciosas e favoráveis à promoção dos interesses de particulares.
Faço lembrar que o lado russo tentava chamar a atenção para este e outros aspetos incorretos desta decisão publicamente e em contactos com representantes de órgãos internacionais especializadas. Em 2018, os nossos apelos para prestar atenção às violações do procedimento de adoção de decisões e para proteger o direito de boa parte da população lituana habituada a receber informações dos meios de comunicação social de língua russa foram ignorados.
Em vez disso, a liderança da União Europeia fez as vontades da Lituânia. No dia 4 de maio de 2018, a Comissão Europeia reconheceu a proibição de retransmissão do RTR-Planeta como "lícita, proporcional e conforme com a legislação da UE". Já manifestámos a nossa posição sobre o cinismo e a duplicidade de critérios que vemos nesta decisão da Comissão Europeia, gostaríamos de compreender o que acontecerá a esta avaliação agora quando o tribunal provou a ilegitimidade do ato de censura direta contra os meios de comunicação social aprovado por Bruxelas?
Estamos também interessados em saber se será examinada a legalidade de outras decisões do regulador dos meios de comunicação social lituano, que proibiu, entre outras coisas, a retransmissão de uma série de canais de televisão do grupo RT? Ou a Lituânia continuará a seguir teimosamente a sua política destrutiva de erradicação da presença dos meios de comunicação social russófonos, com a aprovação tácita dos seus grandes irmãos europeus?
Sobre entregas de material de guerra dos EUA à Moldávia
Prestámos atenção ao facto de a Moldávia ter recebido, no dia 26 de setembro, uma remessa de material de guerra norte-americano no valor de 5 milhões de dólares. Diz-se que o objetivo é aumentar a capacidade das forças armadas da Moldávia e a sua compatibilidade para a participação em operações internacionais de manutenção da paz. De acordo com os meios de comunicação, trata-se de armas ligeiras, meios de comunicação, sistemas de artilharia ligeiros e veículos blindados. Até ao final deste ano, a Moldávia deverá receber várias outras remessas semelhantes.
Acreditamos que estas medidas, que estão em linha com a política geral de Washington e Bruxelas de fazer com que a Moldávia se junte às estruturas euro-atlânticas, dificilmente contribuirão para o reforço da confiança entre as duas margens do rio Dniestre e complicarão ainda mais o já paralisado processo de paz na Transdniestria.
Noruega pretende implantar controlo fronteiriço no arquipélago de Spitsbergen
Prestámos atenção à notícia de que o governo norueguês pretende instalar um posto de controlo fronteiriço à entrada de Spitsbergen. As autoridades norueguesas associaram alegadamente esta iniciativa à necessidade de garantir a segurança no arquipélago, incluindo a proteção contra o terrorismo. A este respeito, gostaríamos de salientar o seguinte.
Como é sabido, o Artigo 3º do Tratado de Spitsbergen, de 1920, prevê o acesso livre e igual para os cidadãos de todas as partes contratantes às águas, fiordes e portos do arquipélago para qualquer missão e finalidade. Tendo em conta esta disposição, consideramos que a intenção das autoridades norueguesas constitui um evidente atentado ao Tratado de 1920.
Atualmente, nenhum controlo, nem o fronteiriço, são exercidos em relação aos passageiros marítimos e aéreos que seguem de e para o arquipélago sem passar pela parte continental da Noruega. Se os planos do lado norueguês de implantar controlos fronteiriços em Spitsbergen vierem a ser concretizados, isso poderá agravar as condições de acesso ao arquipélago e ter consequências indesejáveis para as atividades dos Estados Partes e das suas pessoas singulares e coletivas, incluindo a Rússia, previstas pelo Tratado.
Partimos da tese de que as autoridades norueguesas se absterão destas ações em violação do Tratado de Spitsbergen, de 1920. No que diz respeito às questões do combate ao terrorismo e da segurança no arquipélago, propusemos repetidamente o aprofundamento da cooperação bilateral nesta área. Cabe agora aos nossos parceiros noruegueses pronunciarem-se a esse respeito.
Dinamarca acusa o russo Alexei Nikiforov de ações de espionagem
No dia 10 de maio deste ano, o Tribunal de Aalborg condenou o russo Alexei Nikiforov, detido na Dinamarca sob a acusação de espionar para a Rússia, a pena de três anos de prisão. O nosso compatriota não se reconhece culpado e interpôs recurso da decisão do tribunal. A audiência do recurso está marcada para 5 de outubro deste ano.
É de notar que o tribunal veio menosprezar completamente os argumentos apresentados pelo cidadão russo de que as acusações que lhe foram imputadas não tinham fundamento. O veredicto não diz uma só palavra de que o trabalho e as atividades científicas de Alexei Nikiforov causaram qualquer dano ao lado dinamarquês. Dados os ânimos antirussos no país fomentados pelo establishment político dinamarquês, tem-se a impressão de que o tribunal apenas consolidou formalmente a decisão sobre o nosso cientista tomada antecipadamente.
Esperamos que o lado dinamarquês trate o caso do nacional russo de forma objetiva e não politizada durante o processo de recurso que está a começar.
Consideramos que Alexei Nikiforov foi vítima de uma arbitrariedade jurídica e esperamos que ele seja libertado.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia está a acompanhar o processo para se convencer de que o julgamento será justo e os direitos e interesses legítimos do nacional russo serão respeitados. A Embaixada da Rússia na Dinamarca continua a prestar a Alexei Nikiforov a assistência consular e jurídica necessária, acompanhando de perto o processo e estando em contacto com o seu advogado.
Sobre a morte do criminoso nazi Helmut Oberlander no Canadá
Mais um criminoso de guerra nazi que se havia mudado para o Canadá após a Segunda Guerra Mundial escapou aos castigos pelos seus crimes.
Como no caso do carrasco de Khatyn, Vladimir Katruk, que morreu em casa em 2015. Efetivo do Sonderkommando SS-10 "a", Helmut Oberlander esteve diretamente envolvido no assassinato de 214 crianças soviéticas num orfanato na cidade de Yeisk e de civis nas Regiões de Krasnodar e Rostov em 1942, faleceu recentemente sem ser justamente punido. A lenta "justiça" canadiana, que, durante duas décadas, só procurou deportar aquele lacaio de Hitler (em vez de condená-lo por genocídio e crimes contra a humanidade), foi incapaz - ou não quis - de aplicar nem mesmo esta medida modesta. Que isso fique na consciência do governo de Otava, que mostra uma clemência inaceitável para com os nazis e os seus colaboradores.
A Rússia lembra-se da aliança dos nossos povos na luta contra o inimigo comum e da participação do Canadá na coligação anti-Hitler. Esperamos que as autoridades canadianas, apesar do seu "curriculum” mais do que insatisfatório na perseguição dos criminosos nazis, nos passem os materiais jurídicos sobre o caso Helmut Oberlander, solicitados pelo nosso país em conformidade com o tratado bilateral de 1997 sobre assistência jurídica mútua em matéria penal.
Por ocasião dos 80 anos da Conferência de Moscovo de 1941
Entre os dias 29 de setembro e 1 de outubro de 1941, Moscovo acolheu uma conferência de representantes da URSS, EUA e Reino Unido para discutir a questão de remessas mútuas para a luta contra a Alemanha de Hitler. A delegação britânica foi chefiada por Lord Beaverbrook, Ministro do Abastecimento, a delegação americana, por Averell Harriman, assistente especial do Presidente dos EUA encarregado das questões de Lend-Lease. A URSS foi representada por Josef Estaline e Viatcheslav Molotov.
O protocolo assinado após a conferência e conhecido como “Primeiro Protocolo de Moscovo”, afirmava que os aliados ocidentais se comprometiam a fornecer mensalmente à URSS uma quantidade acordada de armas, materiais de guerra, matérias-primas e alimentos. O Reino Unido e os EUA comprometeram-se a ajudar a transportar e a fazer chegar as remessas supracitadas à URSS. A conferência também decidiu sobre as remessas soviéticas de matéria-prima ao Reino Unido e aos EUA. Por iniciativa da delegação soviética, foram discutidas as questões da transformação do acordo inglês-soviético, de 12 de julho de 1941, num tratado sobre a aliança dos dois países não só no período de guerra, mas também no pós-guerra, a participação das tropas inglesas nos combates na frente soviético-alemã e várias outras coisas.
A primeira remessa ao abrigo do Protocolo de Moscovo chegou à URSS já no final de outubro. Naquela mesma altura, o Presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, informou Josef Estaline da decisão do governo americano de aplicar a Lei do Lend-Lease (empréstimo e arrendamento) à URSS para conceder à União Soviética um empréstimo sem juros no valor de mil milhões de dólares para pagar estes fornecimentos.
As resoluções da Conferência de Moscovo foram o primeiro acordo de cooperação real e um passo importante dado então na formação da coligação anti-Hitler. Falando na sessão de encerramento, Viatcheslav Molotov salientou que "...a conjugação dos esforços de grandes potências como os EUA, o Reino Unido e a União Soviética determina, em grande parte, o sucesso final da nossa luta contra os hitlerianos”. A história confirmou a importância de compreender que a ameaça comum deve ser combatida com todas as forças e meios, num espírito de solidariedade, respeito mútuo e confiança.
Por ocasião do 80º aniversário do reconhecimento pela URSS do Comité Nacional para a França Livre
Este é mais um aniversário marcante que lançou as bases das relações aliadas entre a União Soviética e a França durante a Segunda Guerra Mundial.
No dia 26 de setembro de 1941, em Londres, o Embaixador soviético, Ivan Maisky, e o general Charles de Gaulle trocaram as cartas que reconheciam o general de Gaulle como "líder de todos os franceses livres" que se recusaram a capitular perante o inimigo e optaram pela luta contra o fascismo. A União Soviética manifestou-se disposta a prestar toda a assistência possível aos patriotas franceses. Este acontecimento tornou-se símbolo da unidade do povo soviético e da melhor parte do povo francês, que não aceitou a derrota e se prontificou a lutar até à vitória final e irrevogável sobre o fascismo. As façanhas do esquadrão aéreo Normandie-Niemen enviado para a URSS, no qual pilotos e mecânicos franceses e soviéticos lutaram lado a lado, e o heroísmo dos guerrilheiros soviéticos – combatentes do Movimento da Resistência Francesa - tornaram-se um exemplo vivo da irmandade de armas soviético-francesa.
A carta do Embaixador soviético no Reino Unido, Ivan Maisky, ao general de Gaulle enfatizou, entre outras coisas, “uma firme determinação do Governo Soviético, após alcançar a nossa vitória conjunta sobre o inimigo comum, em assegurar a plena restauração da independência e grandeza da França". Como podemos ver, o apoio de Moscovo à França de De Gaulle foi inequívoco e incondicional: apesar do facto de uma boa parte do território francês estar, nesse período histórico, sob o controlo do regime colaboracionista de Vichy, a União Soviética acreditava firmemente na vitória comum que viria e fixou como sua prioridade a preservação do estatuto de grande potência para a França.
Nesta altura em que a Rússia e a França estão a enfrentar novos desafios e ameaças, é mais importante do que nunca guardar a memória da aliança e da irmandade de armas durante a Segunda Guerra Mundial e combater conjuntamente quaisquer tentativas de reescrever a história e minar a arquitetura internacional baseada no papel central da ONU que serviu muitas vezes de garantia confiável contra cenários catastróficos.
Monumento ao marechal Malinovsky inaugurado na Eslováquia
A 25 de setembro, no âmbito das comemorações do 77 aniversário da libertação do país do fascismo pelo Exército Vermelho, foi inaugurado no município de Stary Tekov, na Eslováquia, o monumento ao eminente chefe militar da Grande Guerra Patriótica, duas vezes Herói da União Soviética, marechal Rodion Malinovsky.
O monumento foi desenhado pelo famoso escultor eslovaco, Slavomír Gibej, por iniciativa e com os meios dos cidadãos eslovacos. Estiveram presentes na cerimónia o Presidente do Comité dos Assuntos Internacionais, chefe do “grupo de amizade” com a Rússia do Conselho Nacional da República Eslovaca, Marián Kéry, funcionários locais, membros de organizações dos veteranos e sociais. Participou no evento o Embaixador da Rússia na Eslováquia, Igor Bratchikov.
Os discursos solenes destacaram o papel especial do marechal Malinovsky: ele estava no comando da 2a Frente Ucraniana, que libertou uma grande parte das atuais Eslováquia e Chéquia dos ocupantes fascistas e seus cúmplices, sublinharam a necessidade de preservar a verdade sobre a Segunda Guerra Mundial e a inadmissibilidade de deturpar a sua história.
A filha do marechal, Natalia Malinovskaya, dirigiu-se online aos presentes para agradecer-lhes por terem eternizado a memória do seu pai na terra eslovaca.
É notável que, quando alguns Estados europeus vizinhos da Eslováquia as autoridades fomentam a derrubada dos monumentos aos soldados e oficiais soviéticos, que tinham libertado os seus povos dos terrores do nazismo, e às vezes da eliminação total, este país preserva a memória dos guerreiros libertadores. Nós estamos gratos por isso ao povo e às autoridades da Eslováquia.
Rússia ajuda Abkházia na luta contra Covid-19
A Federação da Rússia continua a prestar auxílio multifacetado à República da Abkházia na luta contra a propagação da infeção pelo novo coronavírus.
O funcionamento do hospital móvel multidisciplinar do Ministério da Defesa da Rússia, enviado para Sukhumi a 17 de agosto deste ano, vem fazer uma contribuição importante nestes esforços. Além disso, um regimento conjunto de defesa radiativa, química e biológica da Frota do Mar Negro tomou medidas de desinfeção entre 19 de agosto e 24 de setembro.
Vale notar que esta é a segunda visita do hospital móvel à Abkházia (a primeira vez que os médicos militares trabalhavam nesta República foi desde outubro de 2020 a março de 2021) e a terceira, do regimento de defesa radiativa, química e biológica (que já esteve no país em abril e outubro de 2020).
A Rússia também envia regularmente à Abkházia vacinas contra o coronavírus, sistemas de teste e vários equipamentos médicos; os especialistas médicos russos prestam uma ampla ajuda prática, metódica e consultiva aos seus colegas abkhazes.
Tencionamos continuar a intensa cooperação com a República irmã na área da saúde.
Media islandesa alega que hackers russos atacaram empresa Geislataekni
Surgiram informações nos media islandeses alegando um ataque de hackers desde a Rússia contra a empresa islandesa Geislataekni exigindo um resgate financeiro.
Cria-se a impressão de que existe uma instrução no Ocidente fomentando estas acusações contra a Rússia. Afinal, é o turno da Islândia. Gostaríamos muito que o plano de ataques sem justificação acabasse por aqui.
Lembramos que existe na Rússia, desde 2018, o Centro Nacional de Coordenação de Reação a Incidentes Digitais (NCIRCC), que tem poderes para interagir com os órgãos competentes dos países estrangeiros para lutar contra atividades nocivas no espaço informático.
De acordo com os dados que temos, em 2019-2020, o Centro não recebia queixas dos serviços de reação a incidentes digitais ou de empresas privadas da Islândia. Por isso, gostaria de aconselhar aos media islandeses evitar a divulgação de informações falsas.
A Rússia manifesta-se consequentemente pelo reforço da cooperação internacional na área do combate ao crime informático. Por iniciativa do nosso país, foi criado o comité especial da ONU para a elaboração da Convenção abrangente de combate ao uso das tecnologias de informação e comunicação com fins criminosos. Em junho de 2021, a Rússia apresentou o projeto desta Convenção para a consideração do Comité especial e espera que todos os países participem na elaboração do texto do futuro documento.
Postura russa a respeito dos “salões de injeção” na França
Foi com preocupação que percebemos que os países da Europa costumam lançar mão de programas do “mal menor” no contexto do vício em heroína na época da pandemia. Recentemente, Paris deu luz verde à abertura de “salões de injeção”, onde os viciados em drogas terão condições “seguras” para usar drogas pesadas que eles trouxerem consigo.
As três convenções antidrogas da ONU estipulam que a escolha do método de tratamento do vício em drogas é da responsabilidade do país concreto. Não obstante isso, os programas do “mal menor” não têm por objetivo a cura completa, levando de facto ao reconhecimento do vício em drogas como uma norma social, até à incitação. A Federação da Rússia não pode concordar com esta atitude, que vai contra o objetivo principal dos esforços internacionais na área do combate às drogas: a construção de uma sociedade livre do uso excessivo das drogas.
Esperamos continuar a cooperação intensa com a França no intuito de reforçar o regime vigente de controlo das drogas e do cumprimento dos documentos políticos adotados nesta área na ONU. Queremos convidar os parceiros para mais uma sessão da iniciativa internacional “Pacto de Paris”, de combate à ameaça de drogas do Afeganistão, prevista em Moscovo a 15-16 de dezembro, para discutir os aspetos transfronteiriços do problema das drogas opioides.
OCX organiza Fórum dos Chefes de Regiões
Gostaríamos de destacar para vocês as inovações que a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) adotou no seu funcionamento, visando ligar os potenciais das regiões dos países membros, algo que é um fator adicional muito importante para a solução das tarefas de desenvolvimento nacional.
A 29 de setembro, teve lugar em Tcheliabinsk, presidida pelo Governador da região de Tcheliabinsk, Alexei Téksler, a segunda sessão do Fórum dos Chefes de Regiões dos países membros da OCX. Participaram nele altos funcionários das administrações regionais, dos órgãos de índole económica e representantes de círculos de negócios da Rússia, Índia, Cazaquistão, China, Quirguistão, Paquistão, Tajiquistão e Uzbequistão (o evento aconteceu no formato híbrido).
Estiveram no centro das atenções as questões relacionadas com o desenvolvimento da cooperação comercial, económica e de investimentos entre as regiões dos países da OCX, inclusive no contexto das tarefas do cumprimento do Programa de Cooperação Inter-regional dos Estados membros da OCX, aprovado no decurso da sessão do Conselho dos Chefes de Estado de junho de 2019 em Bisqueque.
O Fórum dos Chefes de Regiões, que teve a sua sessão fundadora em outubro de 2020 (também presidida pela região de Tcheliabinsk) abre boas oportunidades para abranger os observadores e parceiros de diálogo da OCX. Isso ganha uma dimensão especialmente importante no contexto da nova etapa do crescimento da OCX, aprovada na cimeira da Organização que aconteceu a 17 de setembro em Dushanbe.
Para que o potencial deste mecanismo seja realizado com eficácia, a parte russa do Fórum foi instituída por iniciativa da região de Tcheliabinsk, formada pelas regiões de Astracã, de Kurgan, de Omsk, de Samara, etc.
“Às margens” do evento deu-se a assinatura de um “roteiro” russo-quirguiz de cooperação comercial, económica, técnico-científica e cultural entre as regiões de Tcheliabinsk e Issyk-Kul.
Instituto Matías Romero, do México, abre cursos de língua russa
A 27 de setembro, teve lugar no Instituto Matías Romero do Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos do México (análogo da Academia Diplomática do MNE russo) uma cerimónia de inauguração de cursos de língua russa para os empregados do Ministério mexicano.
O desenvolvimento da parceria russo-mexicana, inclusive no âmbito do Memorando de Compreensão na Área Acadêmica e Diplomática, assinado em 2017 entre a Academia Diplomática do MNE da Rússia e o Ministério dos Negócios Estrangeiros do México, atinge um novo patamar, o que é comprovado pelo interesse sempre crescente dos diplomatas mexicanos pela língua russa.
Um total de 45 empregados de cargos altos e menores do MNE do México passaram a ser alunos do curso, inclusive aqueles que servem nas missões mexicanas no estrangeiro. Grupos de nível iniciante e avançado já foram formados. Sugere-se que os diplomatas que estudam a língua russa nos cursos passem a fazer parte da reserva de nomeação para missões diplomáticas do México não só na Rússia, mas também em outros países da CEI, na Ucrânia, na representação permanente na ONU.
Quero agradecer à administração do MNE do México e do Instituto Martín Romero o apoio e a promoção da língua russa no México.
Da nossa parte, a Embaixada da Rússia e o escritório da Agência Federal para Assuntos da CEI, Compatriotas Residentes no Estrangeiro e da Cooperação Humanitária Internacional (Rossotrudnichestvo) vão prestar o auxílio necessário, inclusive no envio de professores de russo e na escolha de manuais.
Estamos convencidos de que o cumprimento deste projeto permitirá aumentar e aperfeiçoar o domínio da língua russa, bem como irá expor a história e a cultura do nosso país aos alunos.
Pergunta: O Presidente da República Checa, Miloš Zeman, assinou um decreto afastando as empresas russas e chinesas da ampliação da central nuclear de Dukovany. Como o senhor avalia esta decisão e o efeito que surtirá nas relações russo-checas?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: É verdade que em 27 de setembro, o Presidente da República Checa, Miloš Zeman, assinou uma lei sobre medidas de transição da República Checa para a energia de emissões reduzidas, aprovada antes por ambas as câmaras do Parlamento checo. Por iniciativa da oposição liberal da direita, a lei passou a incluir cláusulas realmente discriminatórias para os potenciais participantes do projeto de ampliação da central nuclear checa de Dukovany da Rússia e da China. A lei estipula que na construção de novos blocos na República Checa podem ser usadas somente as tecnologias fornecidas por Estados membros do Acordo sobre Compras Governamentais da OMC (1996), mas nem a Rússia, nem a China fazem parte deste acordo. A lei prevê ainda outros mecanismos que impedem a participação de empresas destes países nos projetos nucleares no território da República Checa. A lei entra em vigor a partir de 1 de janeiro de 2022.
Ficamos tristes que Praga preferiu esta atitude politizada à lógica económica, prejudicando os interesses do empresariado checo deste perfil. Não é nenhum segredo que a nossa Corporação Estatal Rosatom tencionava participar na licitação de projetos de alargamento da central nuclear checa de Dukovany, sendo, além de ser líder mundial na energia nuclear, um parceiro tradicional e de longa data da República Checa, com a qual temos desenvolvido uma parceria muito frutuosa por décadas.
Notámos também que o chefe de Estado checo já se havia recusado a apoiar tal lei, apontando com toda a razão que a redução do número de participantes em licitações diminui, logicamente, a concorrência, aumentando o preço do projeto.
Pergunta: Aconteceu, no âmbito da Assembleia Geral da ONU, com a mediação dos copresidentes, a primeira reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros da Arménia e do Azerbaijão depois da guerra. Como a Rússia, enquanto copresidente, avalia esta reunião? Pode-se constatar que as negociações sobre Nagorno-Karabakh foram retomadas sob a égide da copresidência?
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, disse a 28 de setembro que os copresidentes aprovaram em Nova Iorque a retomada de visitas regionais, de reuniões locais com os representantes da Arménia e do Azerbaijão. Para quando fica prevista a visita regional dos copresidentes e qual será a sua agenda?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: Confirmamos de novo a avaliação positiva dos esforços dos copresidentes do Grupo de Minsk da OSCE, feita por Serguei Lavrov na conferência de imprensa a 25 de setembro. O resultado importante dos contactos que aconteceram em Nova Iorque a 24-25 de setembro é um consentimento de ambas as partes do conflito à visita do “trio” dos copresidentes à região no intuito de continuar à procura de vias de solução das tarefas prioritárias na região. O Ministro observou que se trata, antes de tudo, da possibilidade de fomentar e consolidar as tendências positivas garantindo a coexistência in loco, assim como a cooperação entre as comunidades arménia e azeri.
Os prazos e as modalidades desta viagem serão divulgados comunicadas pelos copresidentes do Grupo de Minsk quando acharem necessário.
Pergunta: Ontem, completou-se um ano desde o início da guerra, porém o Azerbaijão continua a descumprir as obrigações assumidas nas Declarações trilaterais, retendo os prisioneiros de guerra arménios. Como o senhor avalia a violação por Baku da Convenção de Genebra?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: Sabemos que a Arménia e o Azerbaijão organizaram eventos de luto comemorativos alusivos ao primeiro aniversário do início do conflito armado em Nagorno-Karabakh de 2020. Partilhamos integramente o pesar dos familiares, dos amigos e dos próximos de todos os mortos de ambas as partes do conflito.
Partimos da premissa de que as declarações dos líderes da Rússia, da Arménia e do Azerbaijão de 9 de novembro de 2020 e de 11 de janeiro de 2021 são uma garantia segura de inadmissibilidade de semelhantes acontecimentos trágicos no futuro. Esforçando-se para estabilizar a situação na região, a Rússia faz enfoque na solução de tarefas provenientes destes acordos trilaterais, no progresso em todas as direções.
Continuamos os esforços destinados à libertação dos prisioneiros de guerra arménios em troca à apresentação de mapas dos campos de minas. Estamos convencidos que a eliminação rápida e definitiva destes fatores irritantes fomentará a normalização das relações entre Yerevan e Baku.
Pergunta: Há uns dias, o Vice-Primeiro-Ministro da Rússia, Alexei Overtchuk, disse que a questão de um corredor não fazia parte da agenda do formato trilateral. Não obstante isso, o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, continua a deturpar o teor dos acordos trilaterais. Em particular, o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, voltando a manifestar agressão aberta e ameaça, mencionou que devia ser aberto o dito Corredor de Zangezur. “A Segunda Guerra de Nagorno-Karabakh demonstrou o que acontece quando nós perdemos a paciência. Por isso, damos à Arménia a possibilidade de cumprir todas as condições da declaração de 10 de novembro e de agir em conformidade com ela”. Como o senhor avalia as ameaças contínuas por parte das autoridades do Azerbaijão? A deturpação dos acordos trilaterais não abala a abertura das comunicações regionais?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: Compreendemos a paixão dos media por notícias e declarações “quentes”. Portanto, é evidente que a promoção de assuntos de teor exclusivamente confrontacionista não ajuda a superar as divergências existentes. Em vez disso, é crucial garantir a possibilidade de buscar soluções mutuamente aceitáveis. A prontidão para virar a página nas relações, para a sua normalização gradual, manifestada a alto nível por Baku e por Yerevan, veio confirmar que esta atitude é obviamente necessária. No nosso trabalho, concentramo-nos precisamente nestes momentos positivos.
O Grupo de Trabalho trilateral encarregado do desbloqueio das relações económicas e dos transportes na Transcaucásia continua a operar a nível dos Vice-Primeiros-Ministros da Rússia, do Azerbaijão e da Arménia. Da nossa parte, observamos o desejo positivo de Yerevan e de Baku de alcançar pacotes de acordos mutuamente aceitáveis, o que permitirá, em perspectiva, transferir o trabalho conjunto para a área de cooperação em projetos.
Pergunta: A resolução da APCE inclui a proposta do ombudsman da República da Arménia sobre a criação de uma zona desmilitarizada perto das fronteiras da Arménia. A resolução contém um apelo, dirigido aos dois países, de considerar a criação da zona desmilitarizada com a participação de forças de monitoramento pacificadoras ou militares. A criação de tal zona é um único meio eficaz de prevenir crimes dos militares azeris, que permanecem, depois da guerra, na proximidade de municípios perto das fronteiras da Arménia. Qual é a opinião da parte russa a este respeito?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: Se compreendemos bem, trata-se da Resolução intitulada “Sobre as consequências humanitárias do conflito entre a Arménia e o Azerbaijão”, adotada pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa a 27 de setembro. No decurso da discussão deste documento, a delegação russa na APCE recebia pedidos dos colegas arménios e azeris. Em virtude do papel mediador da Rússia, a nossa delegação na APCE não participava na votação sobre o documento, cujas cláusulas causaram de antemão contradições entre as partes.
Nós sublinhámos muitas vezes que a solução sustentável e duradoura do problema dos incidentes em trechos concretos da fronteira arménio-azeri seria a criação da comissão de delimitação da fronteira estatal entre a Arménia e o Azerbaijão com a sua ulterior demarcação ao longo da mesma. A parte russa formulou e transmitiu a Yerevan e a Baku propostas visando garantir estas negociações. Aguardamos a reação dos parceiros.
Pergunta: O Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, disse ontem estar pronto para uma reunião pessoal com o Primeiro-Ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, sob a égide do Grupo de Minsk da OSCE, caso o Grupo de Minsk o sugira. Como a Rússia aprecia esta declaração? Há detalhes a revelar sobre esta reunião, estará em vias de preparação?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: A Rússia sempre tem partido da tese que um diálogo regular, especialmente a níveis alto e ao mais alto, tem vindo a facilitar a compreensão mútua e a atmosfera construtiva, indispensável para a solução de problemas. Foi graças aos contactos intensos do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, com os líderes do Azerbaijão e da Arménia que foi possível parar o derrame de sangue em Nagorno-Karabakh, assinando a declaração trilateral de 9 de novembro de 2020, que lançou as bases para a restauração da vida pacífica na região.
É óbvio que a organização de tais reuniões de mais alto nível requer uma preparação séria. Esperamos que a viagem regional dos copresidentes do Grupo de Minsk venha fomentar as condições favoráveis para isso.
Pergunta: Como o MNE da Rússia comentaria a declaração da dita “presidente” do Kosovo separatista, Vjosa Osmani, alegando que “as autoridades de Belgrado, influenciadas pela Rússia, teriam incitado ambiente de tensão no norte de Kosovo e Metóquia, tentando provocar a desestabilização em toda a região”? Qual é a correlação entre estas acusações e a postura da Rússia, que prevê elaborar a decisão sobre Kosovo com base no direito internacional, respeitando os acordos já assinados entre Belgrado e Pristina?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: As avaliações russas, drasticamente diferentes da opinião tendenciosa da dita “presidente” de Kosovo, foram relatadas duas vezes (1, 2) nos dias recentes. Os comentários podem ser conferidos no site oficial do MNE da Rússia.
Pergunta: Os separatistas kosovares justificam a proibição de entrada para o território por eles controlado de automóveis com placas sérvias referindo-se ao acordo “Sobre a Reciprocidade”, de 2016, que pressupõe o uso das placas de Kosovo separatista na Sérvia central; sublinham que o documento leva a assinatura da parte sérvia. O MNE da Rússia considera legítimo este acordo e as ações dos separatistas kosovares, legais? Na opinião do MNE da Rússia, a Sérvia deve cumprir este acordo, se já foi por ela assinado?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: O acordo de 14 de setembro de 2016 entre Belgrado e Pristina, proveniente do Tratado sobre a Liberdade de Movimento de 2011 (os documentos estão disponíveis no site da Chancelaria do Governo da Sérvia para assuntos de Kosovo e Metóquia) diz com clareza o seguinte: veja-se o ponto 5º - “Kosovo prorroga a vigência das placas de registo “KS” por um período de cinco anos. Depois, as partes voltarão a discutir esta questão (se for necessário, com a intermediação da UE)”.
Fica claro que as discussões mencionadas no acordo de 2016 devem ser conduzidas à mesa de negociações com a participação dos representantes plenipotenciários das partes. Em vez disso, as autoridades de Pristina enviaram para as zonas de Kosovo com a população sérvia a sua força-tarefa na tentativa de impor as suas decisões. De modo que vemos uma violação direta, grosseira e cínica das obrigações dos albaneses kosovares perante o processo político ainda em vias de conclusão que visa resolver o problema da liberdade de movimento.
Pergunta: Numa reunião do Ministro Serguei Lavrov com o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, na AGNU, discutia-se a “estabilidade e a previsibilidade” nas relações. Para a Rússia, imagino que seria o papel a desempenhar pela UE na solução da crise em Donbass. Kiev tenciona, desde há muito e com obstinação, fazer parte da União Europeia. O que se pode esperar neste sentido de Bruxelas – na área de “estabilidade e previsibilidade” da política da UE na Ucrânia?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: Sim, com efeito, as perspetivas das relações entre a Rússia e a UE eram objeto da discussão no decurso da reunião entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, com o Alto Representante da União Europeia para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, em Nova Iorque, “às margens” da 76a sessão da Assembleia Geral da ONU. Constatou-se o interesse mútuo em desenvolver estas relações de maneira previsível e mutuamente vantajosa. Devem ser munidas de “resistência ao frio”, protegidas da conjuntura. Nós somos vizinhos, somos parceiros comerciais e económicos, e a geografia não muda com a política.
Dificilmente faria sentido condicionar o desenvolvimento das relações entre a Rússia e os seus vizinhos europeus, inclusive os que participam em alianças integracionais, como é a União Europeia, com a solução de conflitos regionais e internos concretos, seja na Ucrânia ou em outra parte. E esta é precisamente a lógica viciosa, sujeita à concentração nas contradições em prejuízo da cooperação europeia universal, seguida por nossos colegas em Bruxelas, capital da UE. As perspetivas da cooperação entre a Rússia e a UE, a qual, no mundo de hoje de elevada concorrência, poderia vir a reforçar significantemente as posições do continente europeu, foram relacionadas de forma míope pela União Europeia com o cumprimento dos Acordos de Minsk. No entanto, é óbvio que são as autoridades de Kiev as principais responsáveis por ignorarem o “pacote de medidas” de Minsk.
Falando da “estabilidade e previsibilidade” nas relações com a União Europeia, referimo-nos, numa perceção mais ampla, à importância de restabelecer, no nosso diálogo, a prioridade da cooperação construtiva igualitária, que vise satisfazer os interesses de longo prazo dos países e dos povos. Claro que dificilmente poderemos voltar em breve ao “negócio de costume”, sendo tão grave a crise de confiança, alimentada pelos passos adversários de certos países membros da UE. Ao mesmo tempo, estamos sempre interessados em trabalhar com a União Europeia e os seus países membros no espírito de pragmatismo e de boa-vizinhança.
Contudo, os bons vizinhos comportam-se de maneira correta, respeitam e esforçam-se por levar em conta os interesses legítimos e as opiniões do outro. Não se permitem intervir nos assuntos internos, desrespeitar o sistema judiciário, os procedimentos democráticos e os processos sociais, divulgar acusações sem fundamento e usar medidas restritivas, ilegítimas no âmbito do direito internacional. E em geral, as premissas manifestadas que vêm a ser abertamente proclamadas hoje nos documentos programáticos da UE em relação ao nosso país - “contenção” e “supressão” – são, infelizmente, muito pouco compatíveis com a perspetiva de construção das relações Rússia-UE “estáveis e previsíveis”.
A nosso ver, esta situação não é do interesse de nenhuma das partes e exige uma correção. Esta verdade óbvia ganha vulto gradualmente, encontrando uma compreensão crescente nos Estados europeus. Quanto à metodologia da melhoria das relações com a UE, não devemos inventar a bicicleta. Existem para isso os princípios universais, fundamentais do direito internacional consignados, acima de tudo, pela Carta da ONU. São os princípios de igualdade soberana, de não intervenção nos assuntos internos, de cooperação entre os Estados, de cumprimento assíduo das obrigações internacionais assumidas.
Quanto à “estabilidade e previsibilidade” da política da UE para com a Ucrânia, esperamos que a UE deixe de fechar os olhos à sabotagem descarada por Kiev dos Acordos de Minsk, e a Alemanha e a França, sendo participantes do formato de Normandia, estimulem as autoridades ucranianas a começar a cumprir o “complexo de medidas”, aprovado pela Resolução 2202 do CS da ONU. O seu objetivo é conceder o estatuto especial a Donbass, aprovando-o por meio do diálogo direto de Kiev com os representantes de zonas concretas das regiões de Donetsk e de Lugansk, o que deve garantir o retorno da região para a Ucrânia, assim como a solução abrangente do conflito interno ucraniano.
Esperamos que a União Europeia não ignore a violação premeditada dos direitos da população russófona pelas autoridades de Kiev, que não somente entra em contradição com os compromissos internacionais da Ucrânia, mas também com a Constituição do país.
Pergunta: O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Toshimitsu Motegi, declarou que o regime de atividade económica nas Ilhas Curilhas do Sul sugerido pela Rússia é inaceitável para o seu país. Esta postura será obstáculo para a cooperação com investidores de outros países?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: Partimos da premissa de que as medidas tomadas pelo Governo da Federação da Rússia a fim de incentivar o desenvolvimento rápido das regiões do Extremo Oriente do país, inclusive a região de Sacalina, poderão servir de estímulo adicional para o estabelecimento da atividade económica conjunta com o Japão nas Ilhas Curilhas do Sul que fazem parte desta unidade federal. Agradar-nos-á a participação de investidores estrangeiros interessados, inclusive os parceiros japoneses, na cooperação prática nestes territórios.
Pergunta: A exposição itinerária “Não pode ser sujeito ao esquecimento” já começou na UE. Os numerosos materiais contam dos crimes hediondos da Alemanha nazista e dos seus aliados nos anos da Segunda Guerra Mundial. A verdade do passado é dura, muita coisa é difícil de perceber. Na Eslováquia, a exposição foi aberta no recinto da União Eslovaca de Guerreiros Antifascistas, para depois fazer uma digressão pelo país. Isso é muito importante e útil (agradecemos imenso à Embaixada da Rússia na Eslováquia por este trabalho, bem como o apoio e a ajuda!). Haverá tais exposições em outros países? Será possível organizá-las em países contaminados pelos ânimos russofóbicos? Em que países da UE a exposição não se realizará?
Vice-Porta-voz Alexei Zaitsev: Com efeito, o projeto da exposição histórica documental “Não pode ser sujeito ao esquecimento”, que demonstra os crimes dos nazistas e dos seus cúmplices contra a população pacífica da URSS nos anos da Segunda Guerra Mundial, está a ser cumprido sob os auspícios da Sociedade Histórica Russa na Bélgica, Bulgária, Reino Unido, Hungria, Grécia, Dinamarca, Espanha, Itália, Países Baixos, Noruega, Polónia, Portugal, Roménia, Sérvia, Eslováquia, Eslovénia, Finlândia, França, Alemanha, Croácia, República Checa e na Suécia. As primeiras exposições já decorreram na Alemanha, França e Eslováquia. Atualmente, a Sociedade Histórica Russa está a ampliar o número de línguas europeias para divulgar os materiais e colocar as placas correspondentes nos Estados da Europa que ainda não participam no projeto.
Os organizadores não veem esta exposição como uma ação de propaganda. A sua tarefa é transmitir às pessoas que se interessam pela história trágica e pelas lições da Segunda Guerra Mundial, sobretudo, aos jovens, a verdade histórica sobre a façanha dos soldados soviéticos e sobre os sacrifícios sem fim que os povos da URSS fizeram pela libertação.