Briefing realizado pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 10 de novembro de 2021
Sobre a reunião do Conselho de Cooperação Rússia-França para a Segurança
O Conselho de Cooperação Rússia-França para a Segurança realiza, no dia 12 de novembro, em Paris, uma reunião ordinária no formato "2+2". Do lado russo, participam o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, e o Ministro da Defesa, Serguei Choigu. Do lado francês, o evento conta com a participação do Ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros da França, Jean-Yves Le Drian, e a Ministra das Forças Armadas da França, Florence Parly.
A reunião tratará especialmente das questões da estabilidade estratégica e segurança europeia, não-proliferação e controlo de armas, prevenção de uma corrida aos armamentos no espaço e das relações Rússia-UE e Rússia-NATO.
Os Ministros tencionam trocar opiniões sobre questões regionais de maior atualidade: Ucrânia, Afeganistão, Irão e Líbia. Entre outros temas estão o processo de paz no Médio Oriente, a situação na Ásia-Pacífico, a situação em África e a segurança na região do Saara-Sahel.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, participa na Conferência Internacional sobre a Líbia
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, participa, no dia 12 de novembro, na Conferência Internacional sobre a Líbia em Paris convocada por iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron. O objetivo do evento, bem como o das reuniões representativas que o precederam e ocorreram em Palermo e em Berlim, é mobilizar esforços adicionais da comunidade internacional para facilitar o processo de paz na Líbia, precisar os objetivos da normalização abrangente e duradoura da situação neste país. A Rússia tem participado sempre em todos os grandes eventos multilaterais concebidos para ajudar os líbios a solucionar os problemas que enfrentam e que não foram por eles criados. O nosso país procurou dar uma contribuição construtiva para os esforços para a criação desse Estado. Nesta altura em que a Líbia está a atravessar um período de viragem da sua história, esperamos que as resoluções adotadas no Fórum de Paris contribuam para uma resolução, o mais rapidamente possível, da prolongada e devastadora crise na Líbia e a recoloquem no caminho do desenvolvimento progressivo em benefício de todos os líbios.
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, recebe o Presidente da Comissão da União Africana e o Vice-Primeiro Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros da Moldávia
Já anunciámos os eventos agendados para o dia 16 de novembro. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, tem agendada para este dia a reunião com o Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, devendo encontrar-se, no dia 17 de novembro, em Moscovo, com o Vice-Primeiro Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros da Moldávia, Nicu Popescu.
Ministro dos Negócios Estrangeiros Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, reúne-se com Presidente em exercício da OSCE
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, reúne-se, no dia 19 de novembro, em Moscovo, com a Presidente em exercício da OSCE e Ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Anne Linde.
A reunião tem na agenda um vasto leque de questões relacionadas com as atividades correntes da OSCE, com destaque para os preparativos para a reunião do Conselho Ministerial agendada para os dias 2 e 3 de dezembro.
Será dada especial atenção às atividades da Missão Especial de Monitorização da OSCE na Ucrânia e aos trabalhos do Grupo de Contacto, no qual representantes da Rússia e da OSCE estão a ajudar as partes beligerantes: Kiev, Donetsk e Lugansk, a cumprir o Pacote de Medidas de Minsk para a resolução do conflito em Donbass.
Também serão abordadas questões relacionadas com o aumento da eficácia da própria Organização, o reforço do seu papel na resposta a desafios e ameaças comuns e a formação de uma agenda unificadora em assuntos interestatais.
Serão debatidas as questões das relações russo-suecas e da cooperação dos dois países em formatos regionais, sobretudo no contexto da presidência russa do Conselho do Ártico em 2021-2023.
Sobre os resultados das eleições na Nicarágua
No dia 7 de novembro, a Nicarágua foi às urnas em eleições gerais.
Segundo dados oficiais, o atual Presidente do país, Daniel Ortega, obteve uma vitória expressiva, conquistando mais de 75% dos votos.
O partido governista, a Frente Sandinista de Libertação Nacional, conseguiu a maioria dos assentos no parlamento.
Como é sabido, as principais avaliações dos resultados do processo eleitoral na Nicarágua foram feitas pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, durante o seu encontro com os meios de comunicação social a 8 de novembro deste ano.
Gostaria de salientar que, nos últimos anos, especialmente após a tentativa de golpe de Estado na Nicarágua em abril de 2018, o país tem sido alvo de uma interferência aberta e cínica nos seus assuntos internos, de pressões e de sanções ilegítimas. O seu objetivo declarado, o qual ninguém escondia, é criar novos problemas para o governo sandinista independente liderado pelo Presidente Daniel Ortega.
Não se tem em conta que tais ações são prejudiciais, e não só violam o direito internacional e anulam todas as garantias de compromisso com a democracia e o direito dadas pelo Ocidente, mas também têm um efeito devastador para um país politicamente estável e economicamente bem-sucedido que se situa numa região da América Central muito turbulenta. A desestabilização desta região tem o potencial de agravar ainda mais os problemas decorrentes do aumento dos fluxos migratórios regionais, da intensificação do crime organizado e da criação de mais um foco de tensão na América Latina.
A questão em aberto é: a quem interessa? Não é do interesse da Nicarágua, nem do seu povo nem dos países vizinhos. Isso é do interesse da comunidade internacional? Certamente que não. É do interesse daqueles que têm a respetiva estratégia política. Temos regularmente dado as nossas avaliações a estas atitudes.
Gostaria também de recordar que a Constituição da República da Nicarágua qualifica qualquer ingerência estrangeira nos assuntos internos do país ou tentativa de minar a sua independência, soberania ou autodeterminação nacional como crime contra o povo nicaraguense.
Condenamos os comentários feitos pelos EUA, UE e vários outros países no sentido de não reconhecer os resultados eleitorais. É evidente que tais declarações não têm implicações legais para a Nicarágua.
Continuaremos a apoiar por todos os meios os nicaraguenses na defesa do seu direito ao desenvolvimento soberano e independente. Vamos intensificar e reforçar a parceria estratégica russo-nicaraguense e trabalhar para concretizar os projetos de cooperação socialmente orientados, concebidos para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar do povo nicaraguense amigo.
Livre Nicarágua, estamos contigo!
Ponto da situação no Afeganistão
Constatámos que o Movimento Talibã continua a fazer esforços para normalizar a situação nos sectores socialmente importantes, tendo lançado, com a assistência da UNICEF, uma campanha de vacinação em massa contra a poliomielite. A iniciativa deverá abranger até 10 milhões de crianças (quase um terço da população do Afeganistão). Está em curso a emissão de bilhetes de identidade. Em apenas um mês, foram emitidos cerca de 90 mil documentos de identidade. Cerca de 200 pessoas apanhadas a abusarem da autoridade foram expulsas do Movimento Talibã. Constatámos os esforços para a criação de um sistema de administração regional: 17 das 34 províncias ganharam governadores e vice-governadores, enquanto outras 10, chefes de polícia.
As novas autoridades afegãs estão a fazer esforços para combater o grupo EI, tendo realizado incursões para reforçar a segurança e monitorizar a situação em torno da região onde se encontram as bases dos terroristas. Trata-se da província de Balkh, onde as operações na província de Nangarhar resultaram na captura de 25 elementos do grupo terrorista EI. O número total de elementos deste grupo terrorista rendidos nos últimos dois meses é de 250.
Prestámos atenção à declaração do Representante Especial dos EUA para o Afeganistão, Thomas West, sobre a necessidade de uma estreita cooperação com a Rússia e a China para estabilizar a situação no Afeganistão. Consideramos isso como sinal positivo e esperamos continuar a cooperar frutuosamente com os EUA no âmbito dos mecanismos da Troika alargada do formato Moscovo de consultas sobre o Afeganistão.
Constatamos a intenção do Governo alemão de estabelecer contactos com representantes do Movimento Talibã e de reabrir a sua Embaixada em Cabul com vista, inclusive, a prestar ajuda humanitária ao Afeganistão, o que foi visto com bons olhos pelas novas autoridades afegãs.
Ponto da situação no sudeste da Ucrânia
A deterioração da situação na linha de contacto entre as partes do conflito em Donbass é motivo de grande preocupação. No último mês, desde 8 de outubro deste ano, a Missão Especial de Monitorização da OSCE na Ucrânia (SMM) registou quase 12.000 violações do cessar-fogo. Estes não são números simples, são casas destruídas, pessoas mortas e mutiladas. Os observadores registaram dezenas de veículos blindados e peças de artilharia fora das áreas de retirada, fora dos locais de armazenamento dedicados e em estações ferroviárias próximas da linha de contacto. Isto aponta diretamente que Kiev se está a preparar para tentar "libertar" militarmente Donbass.
Outra prova da indisponibilidade de Kiev para resolver o conflito política e diplomaticamente são as suas atividades de fachada no Grupo de Contacto. As reuniões dos subgrupos especializados do Grupo de Contacto realizadas ontem não deram resultado. Também não temos grandes esperanças em relação à reunião plenária de hoje. Ao entrar em funções na delegação ucraniana ao Grupo de Contacto, a recém-nomeada Ministra da Reintegração da Ucrânia, Irina Verechuk, declarou que os acordos de Minsk não são um "mapa de estrada" para o conflito em Donbass. O seu antecessor e atual titular da pasta da Defesa da Ucrânia, Aleksei Reznikov, disse que estes acordos não eram uma «cabeça de ponte para a paz". Esta declaração pôs em evidência as intenções de Kiev. O detalhe é que a cabeça de ponte é um território utilizado para a invasão ou preparação para a invasão do território inimigo como base para a concentração de tropas. Quando o representante ucraniano no Grupo de Contacto e responsáveis governamentais ucranianos falam de uma cabeça de ponte para a paz, deixam bem claros os seus verdadeiros objetivos e a interpretação que dão à palavra "paz". Como se diz, um deslize freudiano.
Temos de constatar: hoje, em vez de cumprir, de boa-fé, os seus compromissos decorrentes do Pacote de Medidas de Minsk com vista ao entabulamento de um diálogo com os representantes de Donbass, Kiev tenta evitar quaisquer contactos, por menores que sejam, com os seus concidadãos no sudeste do país.
É impossível encontrar uma explicação para a recusa da Ucrânia em retomar o seu trabalho com Donetsk e Lugansk no âmbito do Centro Conjunto de Controlo e Coordenação (CCCC), o que dificulta a busca de pessoas desaparecidas. Aparentemente, Kiev não deseja deliberadamente apurar as circunstâncias da sua morte. Isto também dá origem a certas especulações.
Neste contexto, gostaríamos de abordar mais uma vez o caso do representante de Lugansk no CCCC Andrei Kosiak que possui também a nacionalidade russa e que foi raptado por soldados ucranianos perto da linha de separação de forças nas proximidades da aldeia de Zolote. Apesar de o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ter prometido publicamente conceder aos nossos funcionários consulares a possibilidade de visitá-lo, eles não receberam essa possibilidade, tendo agora o seu pedido de visita negado. Passadas duas semanas, Kiev "descobriu", de repente, que Kosiak tinha a nacionalidade ucraniana. Sem dúvida, isto desvaloriza as declarações dos governantes ucranianos, mostrando não tanto a sua hipocrisia, mentira, mas o caos descontrolado que está presente nesse país.
É também revelador que a SMM da OSCE não tenha sequer mencionado o facto do rapto nos seus relatórios diários, embora o mandato da missão estipule explicitamente que esta deve "identificar e relatar factos, respondendo a incidentes concretos e notícias dos incidentes". Os observadores registam, com precisão de um minuto, demoras forçadas quando esperam por um passe para cruzar a linha de contacto. Pelos vistos, o tempo passado em cativeiro pelo referido representante de Lugansk preocupa muito menos os observadores da OSCE do que os minutos que eles passam à espera de passes. Gostaríamos de receber uma resposta da OCSE a esta pergunta feita em público.
Gostaríamos de nos debruçar sobre o papel dos nossos colegas ocidentais, que não só fazem vista grossa à inação de Kiev, como também encorajam diretamente a retórica agressiva e a atitude militarista dos representantes de Kiev. Desde 30 de outubro, no Mar Negro encontra-se o contratorpedeiro de mísseis guiados "Porter", desde 4 de novembro, o navio de comando "Mount Whitney". No dia 6 de novembro, dois bombardeiros estratégicos B-1B voaram a 100 km da fronteira russa a fim de treinar a utilização de aeronaves estratégicas. Estas medidas dos EUA levam à criação de uma força-tarefa multinacional e desestabilizam a situação na região do Mar Negro, nas imediações das fronteiras russas. Gostaria de usar mais uma vez a famosa expressão do Ministro da Defesa ucraniano, Aleksei Reznikov. Não é uma "cabeça de ponte para a paz" que está a ser criada pelos nossos parceiros ocidentais nesta região? Afinal, Kiev encara esta conduta dos seus patronos da NATO como carta branca para uma operação militar em Donbass. Ninguém está a esconder isto; estimulando-se de todas as maneiras estas tendências.
Nestas circunstâncias, é de surpreender o alvoroço provocado pelos nossos colegas alemães e franceses a propósito da hipótese de uma reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros no formato Normandia, apesar de termos dado todas as explicações tanto nos contactos bilaterais como em público. Em vez de deixar de militarizar a Ucrânia e a região do Mar Negro, de explicar a Kiev que a sua retórica belicista e o seu comportamento agressivo em Donbass são inadmissíveis e, mais importante, que é necessário iniciar imediatamente negociações com Donetsk e Lugansk, Paris e Berlim parecem estar mais preocupadas em melhorar o seu perfil no cenário internacional ou em criar um álibi para o regime de Kiev.
Instamos os nossos parceiros ocidentais, sobretudo a Alemanha e a França, como coautores do Pacote de Medidas de Minsk e mediadores do formato Normandia, a fazerem os possíveis para obrigar Kiev a retomar o caminho de uma resolução política do conflito através de um diálogo direto com Donbass.
Ponto da situação na região do Tigray, na Etiópia
Continuamos a acompanhar de perto a situação político-militar na amigável República Federal Democrática da Etiópia. Estamos muito preocupados com os confrontos entre o exército etíope e as Forças de Defesa do Tigray apoiadas pelo Exército de Libertação de Oromo, nas regiões do Tigray, Amhara e Afar. Como resultado, o número de baixas em combate e entre os civis está a crescer, as infraestruturas civis estão a ser destruídas e a já difícil situação humanitária está a deteriorar-se.
De acordo com a Embaixada russa em Adis Abeba, não há vítimas entre os russos que se encontram naquele país. Ao mesmo tempo, recomendamos que os cidadãos nacionais se abstenham de viajar para a Etiópia, onde o estado de emergência foi decretado por seis meses.
Partimos da premissa de que, para preservar a unidade e integridade territorial da Etiópia, todas as partes envolvidas no conflito devem mostrar a vontade política e acordar um cessar-fogo, o que, a nosso ver, deveria permitir avançar para um acordo político e a pacificação do país.
Primeiro Comité da 76ª sessão da AGNU aprova projeto de resolução russo-americano sobre segurança da informação internacional
O Primeiro Comité da 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU aprovou por consenso, no dia 3 de novembro, o projeto de resolução russo-americana sobre segurança da informação internacional, cuja autoria foi compartilhada por um número recorde de países (108).
Na nossa opinião, conseguimos produzir, juntamente com o lado americano, com base no texto original russo, um documento equilibrado e objetivo que consolida a conclusão bem-sucedida dos trabalhos do primeiro Grupo de Trabalho Aberto da ONU (GTA), criado em 2018 por iniciativa da Rússia e do Grupo de Peritos Governamentais (GPG), criado pelos EUA naquele mesmo ano. De facto, o documento une a comunidade global em torno da ideia da necessidade de dar continuidade às negociações sobre a problemática da segurança da informação internacional sob os auspícios da ONU, no formato de um mecanismo único. Neste contexto, o lançamento de um novo Grupo de Trabalho Aberto para a segurança das TIC entre 2021 e 2025 é visto com bons olhos, reconhecendo-se o seu mandato em conformidade com a Resolução 75/240 da AGNU.
O documento estipula os princípios indiscutíveis e fundamentais da segurança da informação internacional como a promoção da utilização das TIC para fins pacíficos, a prevenção da sua utilização para fins criminosos e terroristas e a prevenção de conflitos no espaço de informação. Prevê a possibilidade de elaboração de regras, normas e princípios adicionais de comportamento responsável dos Estados, incluindo acordos vinculativos. O facto de um projeto de resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas conter esta disposição que tem importância fundamental para a Rússia e para os seus correligionários não tem precedentes.
A decisão de elaborar um texto único da resolução em cooperação com os EUA é um passo político extraordinário da nossa parte, dado o contexto geral das relações bilaterais. Neste contexto, podemos afirmar que estamos a assistir a uma convergência gradual das posições da Rússia e dos EUA sobre as perspetivas de uma maior cooperação na área da segurança da informação internacional. A maioria dos Estados membros da ONU elogiou a flexibilidade demonstrada pelos nossos dois países, encarando a aprovação deste documento comum como fim do "dualismo" de resoluções sobre a segurança da informação internacional no Primeiro Comité da Assembleia Geral e como importante sinal para o mundo de que Moscovo e Washington podem e estão prontos a assumir responsabilidades e a chegar a acordo sobre as questões mais prementes, incluindo este tópico.
Esperamos que, em dezembro de 2021, o referido projeto de resolução seja também aprovado por consenso pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Conselho de Segurança da ONU prorrogou por mais um ano o mandato da Força da União Europeia Althea na Bósnia-Herzegovina
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou por unanimidade, no dia 3 de novembro, uma resolução que prorrogou o mandato da Operação Althea por mais um ano. Esta operação é realizada pela Força da União Europeia na Bósnia-Herzegovina, em cumprimento dos aspetos militares do Acordo-Quadro Geral de 1995 (Dayton) para a Paz na Bósnia-Herzegovina.
O trabalho no projeto foi intenso; não há nada a esconder. É com prazer que constatamos que, no final de contas, uma atitude responsável e construtiva prevaleceu. A resolução saiu despolitizada e equilibrada, na forma como foi concebida por aqueles que procuraram prorrogar o mandato da EUFOR na Bósnia-Herzegovina e não promover uma agenda estranha ao assunto. Gostaríamos de agradecer aos nossos parceiros a sua colaboração.
Naquele mesmo dia, o Conselho de Segurança passou em revista a situação na Bósnia-Herzegovina através do prisma do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas. A troca de pontos de vista mantida mostrou que os países membros do Conselho continuam a dividir-se quanto às circunstâncias e às causas da crise política interna naquele país e às vias da sua resolução e ao papel da comunidade internacional.
Sobre o incidente com um veículo da MINUSCA
No dia 1 de novembro, em Bangui, na República Centro-Africana, ocorreu um incidente que resultou em ferimentos provocados por tiros a soldados egípcios da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA). Segundo as informações disponíveis, um dos veículos do comboio de automóveis da MINUSCA desviou-se da rota e se aproximou do palácio presidencial. Os seguranças interpretaram a aproximação do veículo como ameaça. O veículo, enquanto manobrava, passou por cima de uma mulher que morreu atropelada.
Constatámos que as autoridades centro-africanas se declararam imediatamente dispostas a investigar o incidente, juntamente com os dirigentes da MINUSCA. Esperamos que a investigação permita apurar as causas do incidente e tomar medidas exaustivas para prevenir incidentes semelhantes no futuro.
Rússia coopera com as Filipinas na luta contra a pandemia da COVID-19
No dia 8 de novembro, Manila recebeu um lote de 2,8 milhões de doses da vacina Sputnik V de dois componentes enviadas pelo Fundo Russo de Investimento Direto. A cerimónia solene de entrega foi realizada na Base Aérea de Villamor, na capital filipina, e teve a participação do Presidente da República das Filipinas, Rodrigo Duterte.
A cooperação no combate à propagação da nova infeção pelo coronavírus insere-se no contexto da implementação dos acordos alcançados pelos líderes dos nossos dois países. As Filipinas aprovaram a utilização de emergência da Sputnik V em março e da Sputnik Light em agosto deste ano. Até à data, as Filipinas receberam mais de 7 milhões de doses da Sputnik V.
Consideramos a conjugação dos esforços no combate à pandemia como uma das vias prioritárias da cooperação prática dinâmica entre os nossos dois países.
Por ocasião dos 50 anos da Organização Internacional de Telecomunicações por Satélite "Intersputnik"
No dia 15 de novembro, a Organização Internacional de Telecomunicações por Satélite "Intersputnik" completa 50 anos de atividades. Instituída em conformidade com o Acordo Intergovernamental de 1971 sobre a criação de um sistema Internacional e Organização de Telecomunicações por Satélite "Intersputnik", a organização engloba hoje 26 Estados de todas as regiões do mundo mais 25 organizações nacionais. A sua sede é em Moscovo. A Federação da Rússia é representada pelo Ministério do Desenvolvimento Digital e das Telecomunicações, enquanto que o participante nacional russo é a Empresa Unitária Estatal "Kosmicheskaia Sviaz".
O principal objetivo da Organização é desenvolver a cooperação internacional em matéria de redes de comunicações por satélite e a exploração do espaço para fins pacíficos no interesse de todos os seus participantes e criar um ambiente propício ao alcance dos objectivos do desenvolvimento sustentável da ONU. A "Intersputnik" tem estatuto de observador permanente no Comité do Espaço Exterior da ONU, faz parte do Sector de Radiocomunicações da União Internacional de Telecomunicações e da Comunidade Regional no domínio das comunicações.
O estatuto inédito da "Intersputnik" permite-lhe desenvolver as suas atividades comerciais com base na cooperação com operadores de telecomunicações globais e regionais, bem como com organizações internacionais especializadas. A "Intersputnik" coloca à disposição dos utilizadores interessados de todos os continentes as potencialidades de naves espaciais em órbitas geoestacionárias e não geoestacionárias com vista à prestação de toda uma gama de serviços avançados de telecomunicações e radiodifusão por satélite, incluindo a organização de redes de comunicações corporativas e institucionais por satélite, acesso à Internet de banda larga, comunicações com objetos móveis, e redes de transmissão por satélite em qualquer local geográfico. Este ano, a "Intersputnik" forneceu acesso às potencialidades de 30 veículos espaciais de diferentes operadores e infraestruturas terrestres associadas em todo o mundo, incluindo áreas offshore.
A Organização resolve eficazmente os desafios que enfrenta, moldando firmemente a sua política a longo prazo. Felicitamos esta Organização pelo seu 50º aniversário e desejamos aos membros da Organização êxitos em todas as áreas do seu trabalho frutuoso e necessário, inclusive em estreita cooperação com a Rússia e outras partes interessadas.
Sobre o programa internacional "Missão Dobró"
Este ano, a Associação de Centros de Voluntariado, juntamente com a Agência Federal de Cooperação Internacional "Rossotrudnichestvo" e a organização sem fins lucrativos "Missão Humanitária Russa" lançaram o Programa Internacional "Missão Dobró" (Missão O Bem").
O objetivo é a participação de cidadãos russos em projetos socialmente importantes no estrangeiro, bem como de voluntários estrangeiros em projetos sociais no nosso país.
Os voluntários abrangidos pelo programa participam em iniciativas sociais, eventos de caridade, projetos destinados à eliminação das consequências de situações de emergência em todo o mundo, bem como em programas ligados à ecologia: trabalham em explorações agrícolas, ajudam os funcionários de territórios naturais especialmente protegidos, restauram e reforçam paisagens naturais. Os voluntários serão também mobilizados para projetos de ensino e cultura: aulas para a população, preservação das tradições das pequenas etnias, etc.
Podem participar no programa tanto voluntários experientes como profissionais da Rússia ou do estrangeiro: médicos, socorristas, trabalhadores da construção civil, professores. Ao ajudar a resolver problemas humanitários, os voluntários e especialistas da "Missão Dobró" contribuirão para formar uma imagem objetiva do nosso país no estrangeiro como país pronto a contribuir para o desenvolvimento e, de um modo geral, a ajudar em momentos difíceis. Infelizmente, o mundo está a viver muitos desses momentos. Cada missão dura cerca de duas a três semanas.
Este ano, 27 voluntários russos participarão na Missão: são médicos, ecologistas, professores da língua russa e psicólogos. Serão enviados para o Cazaquistão, Arménia, Moldávia e Uzbequistão. As principais áreas em que as missões humanitárias terão lugar em 2021 são a medicina, ensino e a ecologia. A Rossotrudnichestvo, a Associação de Centros de Voluntariado e a Missão Humanitária Russa convocam os especialistas, estudantes russos e todos os que se importam com o país para se juntarem ao programa "Missão Dobró".
Pergunta: Como a senhora comentaria as informações sobre novas provocações contra o portal de notícias russo Sputnik Media na Estónia?
Porta-voz Maria Zakharova: Cria-se a impressão de que o Ocidente tenha elaborado um novo mecanismo de medição da popularidade dos meios de informação russos. O funcionamento é simples. Consiste em pressionar por todos os meios possíveis quando um meio de comunicação social se torna popular.
A popularidade crescente deste meio de informação em língua russa, que oferece informações objetivas, multilaterais sobre diversos temas atuais, não deixa em paz as forças antirrussas e russófobas na Estónia e não somente lá. Os “melhores” (mais exato seria dizer os piores, porque fazem uma coisa ignóbil) cérebros da NATO e de outras entidades que este bloco militar alimenta, não pensam em outra coisa senão em como prejudicar os meios russos e russófonos de informação. Foi por tais métodos totalitários, com dissuasão, ação penal e encerramento de contas bancárias, que a agência de notícias russa Sputnik Estónia ficou fechada a partir de 2020.
A situação atual não cabe nas ideias sobre valores democráticos básicos e sobre as obrigações internacionais de Tallinn de garantir o funcionamento normal dos media, a liberdade de opinião e o acesso igualitário à informação.
As acusações de “lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo” lançadas contra este portal não são somente absurdas e infundadas – são nulas. São nulas por não terem provas (é óbvio), mas também porque as pessoas que fazem estas fakes, compilações e manipulações humilham-se a si próprias, humilham o conceito de liberdade da imprensa, ofendem a profissão.
Nem preciso dizer que tais repressões causam danos irreparáveis às relações bilaterais, que já estão em uma crise profunda, algo que os nossos parceiros deveriam levar em conta.
Apelamos às estruturas internacionais especializadas, em primeiro lugar ao Representante da OSCE para a Liberdade de Expressão, a condenar os ataques contra os meios de informação russófonos na Estónia e a tomar medidas necessárias para corrigir esta situação inaceitável.
Pergunta: A minha pergunta é sobre o confronto entre os militares norte-americanos e a Marinha do Irão no Golfo de Omã. De acordo com os nossos dados, catamarãs Shahid Nazeri foram usados pela Marinha iraniana, além de navios rápidos. O MNE da Rússia pretende dirigir-se a organizações especializadas para avaliar este incidente?
Porta-voz Maria Zakharova: Estamos contra todo tipo de escalada na região do Médio Oriente. Apelamos a todas as partes envolvidas a procurar vias de solução das divergências e não a agravá-las. Para isso, é preciso um diálogo construtivo baseado no respeito mútuo, na igualdade de direitos e assente nas normas do direito internacional e da Carta da ONU.
É isso que visa a Nova Conceção de Garantia de Segurança Coletiva na Zona do Golfo Pérsico, elaborada pelo nosso país. Teerão, um dos jogadores-chave da região, é consequente no seu apoio à doutrina russa.
A tensão no Golfo Pérsico é, em grande medida, o resultado da política irresponsável de Washington, que continua a escalar a situação em torno do Irão e na região em geral com as suas ações provocativas. Terá agido de maneira diferente em algum outro lugar? Será que estamos a observar uma situação diferente em outras regiões do mundo?
Nós falámos hoje da situação na região do Mar Negro, em torno de alguns países da América Latina. A criação de tais situações provocatórias, o aumento do grau de tensão, a utilização de métodos inaceitáveis que visam escalar as tensões – isso é, infelizmente, o “cartão de visita” dos parceiros ocidentais.
O recente incidente no Golfo de Omã exige um estudo minucioso.
Pergunta: Como a Rússia avalia os apelos dos países europeus de introduzir sanções contra Minsk como resposta à situação na fronteira? A parte russa estima que este cenário implique riscos?
Porta-voz Maria Zakharova: Acaba de ter lugar a conferência de imprensa dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia e da Bielorrússia após a sessão colegial dos MNEs dos nossos países. O tema foi estudado com muito detalhe: tanto a crise migratória na fronteira polaco-bielorrussa, as nossas abordagens dos problemas de migração, que foi a causa das ações ilegítimas, agressivas, não ponderadas das coligações ocidentais na região do Médio Oriente e do Norte da África, no Afeganistão. Falámos também das sanções.
Consideramos inaceitável fazer dos problemas da migração um pretexto para novas sanções contra a Bielorrússia e outros países, inclusive o “quinto” pacote de sanções da União Europeia. Se eles queriam introduzir novas sanções contra um país, inclusive Minsk, não precisavam inventar um pretexto.
Iniciada a conversa das sanções, começaram as divergências: do ex-Presidente da Ucrânia, Piotr Poroshenko, aos representantes dos países da UE. Não valeria a pena examinar a situação sob este prisma: serão as numerosas recusas da Polónia e de outros países que Minsk havia convidado para consultas sobre os problemas da migração, uma parte de uma abordagem premeditada que estamos a acompanhar agora? Aquilo que estamos a ouvir são as acusações contra Minsk (já se ouvem acusações contra Moscovo) de que essa teria sido uma “operação planeada”. Se considerarmos quem precisa disso e o que está por trás disso, vale a pena pensar que os adversários ocidentais de Minsk resolveram criar mais um assunto para usar o mecanismo de pressão sancionatório? Cria-se esta impressão, levando em conta a regularidade com que aparecem declarações sobre a necessidade de novas sanções.
Nós falámos muitas vezes que não se pode culpar Minsk pelo novo surto da crise de migração na Europa. Não começou em novembro, nem no verão, nem na primavera de 2021. Este êxodo das pessoas dos países em que as “democracias desenvolvidas” decidiram instaurar a sua ordem, demora já alguns anos em fase ativa. Esta crise resulta das intervenções militares do Ocidente na região do Médio Oriente e do Norte de África e também das consequências da operação fracassada no Afeganistão. O que aconteceu na República Islâmica do Afeganistão acarretou, com efeito, novas vagas da crise de migração que não continua pelo primeiro ano. Só se pode desconhecer isso se você acaba de começar a estudar este assunto hoje. Se você conhece, nem que seja superficialmente, os acontecimentos e os processos que o mundo viveu nos últimos anos, é impossível desconhecer as causas desta crise.
As sanções são uma ferramenta predileta da política dos nossos parceiros ocidentais. Os Estados fronteiriços da União Europeia preferem lidar com os migrantes ilegais não através de contactos diretos com as autoridades bielorrussas – que desde abril deste ano a sugerir à União Europeia e aos seus países membros organizar consultas sobre este assunto, – mas através de acusações obstinadas de “guerra híbrida” que são dirigidas à Bielorrússia. Deve-se fazer uma pergunta a estes países e aos representantes das entidades correspondentes destes países: por que não foi possível, neste meio ano, encontrar, pelo menos, um dia e umas pessoas para responder à proposta de Minsk de organizar consultas? Cria-se a impressão de que as autoridades polacas e lituanas estariam a criar a situação que lhes permita “punir” Minsk de novo e não resolver a crise humanitária aguda.
Nem vou falar das violações do ponto de vista do direito humanitário, das convenções e dos tratados que pressupõem a participação da Polónia e da Lituânia. É uma história à parte. Consideramos as sanções unilaterais do Ocidente contra os Estados soberanos como inaceitáveis e ilegítimas do ponto de vista do direito internacional. Ressaltamos a nossa prontidão para prestar apoio abrangente à Bielorrússia e ao seu povo.
Pergunta: Um dos assuntos relevantes para o Cáucaso do Sul é a plataforma “3+3”. As partes tocam frequentemente no assunto. Porém, de acordo com o Ministro Serguei Lavrov, não há passos positivos por parte da Geórgia. Em que fase estão hoje as negociações com este país? Há perspetiva de lançar este formato de trabalho em breve?
Porta-voz Maria Zakharova: Comentámos esta situação nos últimos briefings. A Rússia apoiou a iniciativa. Acreditamos ter chegado a hora de aplicar na prática os planos de lançar este formato.
Quanto à postura da Geórgia, ouvimos de Tbilissi declarações ambíguas sobre a participação neste mecanismo de consultas. Mas é a posição de um país soberano. Partimos da premissa de que o formato “3+3” responde aos interesses de todos os Estados da região.
Pergunta: No contexto do Comunicado do MNE de 9 de novembro, como a Rússia, sendo intermediário-chave na solução das relações arménio-azeris, vê as funções do Grupo de Minsk da OSCE? Em que áreas da gestão pós-guerra o trabalho do Grupo de Minsk é preciso?
Porta-voz Maria Zakharova: O formato de copresidentes do Grupo de Minsk da OSCE goza de apoio internacional amplo. Como ressalta o Comunicado do MNE da Rússia de 9 de novembro de 2021, consideramos importante continuar os esforços do “trio”, antes de tudo, no contexto da solução de tarefas sociais, económicas e humanitárias que a região enfrenta.
Vou lembrar que a 24 de setembro, os copresidentes do Grupo de Minsk da OSCE se reuniram, no âmbito de 76a sessão da Assembleia Geral da ONU, com os Ministros dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão e da Arménia no formato “3+2”. Agora, o “trio” está a preparar-se para contactos em várias capitais da Europa. Acreditamos que é importante retomar o mais breve possível a prática de viagens abrangentes dos copresidentes à região.
Pergunta: A 4 de novembro, teve lugar uma sessão do Conselho Estatal Supremo da União da Rússia e da Bielorrússia, foi assinado o Decreto do Conselho Estatal Supremo e foram aprovadas a Doutrina Militar e a Conceção da Política de Migração da União Estatal.
É de esperar que Minsk e Moscovo coordenem as suas posturas, iniciativas? Inclusive no que toca aos refugiados na fronteira com a Polónia, às relações com a UE, à Ucrânia?
Porta-voz Maria Zakharova: Nós sempre temos coordenado as posições e as iniciativas nas plataformas internacionais de acordo com o Programa de Ações Coordenadas na área da política externa dos Estados membros do Tratado da União Estatal, adotada a cada dois anos, ou seja, desde o momento da assinatura do Tratado da União Russo-Bielorrussa.
Fazemos consultas, hoje teve lugar a sessão conjunta dos colégios do MNE da Rússia e do MNE da Bielorrússia. Foram divulgados os resultados do cumprimento do Programa para os anos 2020-2021 e um novo Programa, para os anos 2022-2023, foi assinado. Veio registar a necessidade de apoio político externo e de acompanhamento diplomático no cumprimento do pacote de documentos de integração mencionado, aprovado na sessão do Conselho Estatal Supremo da União da Rússia e da Bielorrússia no passado dia 4 de novembro deste ano.
O Programa dedica uma atenção especial à elaboração de uma abordagem coordenada para a interação com a União Europeia e para a coordenação das abordagens necessárias para a construção das relações com os seus Estados membros. Reflete também o combate conjunto ao tráfico de pessoas e à migração ilegal (mesmo que a questão dos migrantes na fronteira com a Polónia seja muito mais ampla e multifacetada do que eu já falei). Gostaria de chamar a sua atenção, mais uma vez, ao discurso proferido hoje pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, em conferência de imprensa. Ele também se pronunciara várias vezes a respeito deste assunto durante a semana.
Quanto ao assunto ucraniano, os nossos Ministérios dos Negócios Estrangeiros também fazem consultas regulares.
A Rússia e a Bielorrússia são aliados estratégicos próximos. Por isso, tencionamos prosseguir a cooperação estreita no intuito de garantir o respeito dos interesses dos nossos países no palco internacional.
Respondendo à sua pergunta sobre a coordenação das abordagens: eu já disse hoje que a parte bielorrussa tinha sugerido, desde abril deste ano, à UE em geral e a países concretos da União Europeia a organizar consultas sobre a migração. Nos nossos contactos com a União Europeia, em diferentes formatos, temos atraído a atenção dos parceiros da UE a esta iniciativa de Minsk, temos persuadido os representantes da UE a usar essa proposta para resolver os problemas existentes e futuros que redundem em crises. Por isso, temos este exemplo da cooperação prática com Minsk e com representantes de outros países para revolver assuntos difíceis. Não só coordenamos as abordagens nossas, mas também apoiamos um ao outro no plano prático.
Este exemplo é muito relevante. Todos discutem isso porque veem estas imagens terríveis e ouvem as declarações horrendas dos representantes da Polónia, da Lituânia, de outros países da União Europeia, em vez de utilizar estes esforços para resolver a crise. Estas pessoas são mulheres, crianças, idosos, que precisam de ajuda prática, concreta, urgente, necessitando de medicamentos, roupa, alimentos. Nem menciono a ajuda psicológica. Precisam disso para sobreviver.
Em vez de aplicar os esforços necessários agora, vemos mais um surto de emoções, manipulação dos factos e informação, impedimento ao funcionamento dos media. É terrível. Eu estava preparada para muita coisa, mas fiquei chocada com o tratamento dos mass media pela parte polaca. Foi uma operação especial de impedir os media, que estavam do lado bielorrusso a trabalhar, a dar cobertura da situação. Houve meios técnicos de som, supressão de sinais de rádio e Internet, projetores luminosos que ofuscavam. Mas a coisa mais selvagem foi feita por eles contra os seus próprios correspondentes, os polacos. Quando eles pediram às suas autoridades a autorização para informar sobre o segmento polaco da fronteira, a sugestão que receberam foi a de passarem para o lado bielorrusso, se quisessem fazer isso e dar cobertura a partir do território da Bielorrússia. Resulta que as próprias autoridades polacas recusaram aos seus jornalistas dar a cobertura da situação de que os funcionários polacos falam a todo o mundo, comentando o seu ponto de vista sem permitir que os jornalistas se expressem e deem a cobertura necessária. E ainda nos acusam de deturpar os factos. Então permitam que os jornalistas deem a devida cobertura, compreendam bem que tem a razão e quem não, compreendam o que está a acontecer lá.
Não posso acreditar que isso possa acontecer no ano 21 do século XXI, existindo um enorme número de estruturas que deveriam guardar a liberdade de imprensa, a democracia e todos os princípios que devem proteger os jornalistas. Mas o impossível é possível.
Pergunta: Os media alemães levam uns dias a discutir a morte de um funcionário da Embaixada russa em Berlim. Os jornalistas ora dizem que o morto era um filho de um general do FSB, ora teria sido funcionário “secreto” desta estrutura. Ao mesmo tempo, os media alegam o comportamento “suspeito” da parte russa, que se recusou à autópsia e à investigação. Antes, a Embaixada russa já se recusara de comentar as circunstâncias do acontecimento por questões éticas, mas eu posso pedir à senhora para comentar as especulações a respeito do envolvimento do diplomata morto nos serviços especiais russos? Em geral, como o MNE avalia um enorme interesse dos media alemães sobre este caso, passadas mais de três semanas desde o acontecimento?
Porta-voz Maria Zakharova: Quero prestar a sua atenção ao facto de que todas as informações que são da competência do MNE já foram relatadas no comentário da nossa Embaixada em Berlim. Não posso acrescentar nada mais.
Quanto às insinuações e a todas as teorias de conspiração que vimos nos media alemães, inclusive a respeito do atraso dos comentários. Parece que queriam preparar um “veneno mediático”, por isso precisavam de algum tempo. Não se trata de cobertura profissional.
Gostaria de corrigir-lhe um pouco. A Embaixada da Rússia em Berlim não se recusou de comentar, mas fez o respetivo comentário.
Pergunta: Há algum tempo, a revista norte-americana The Hill publicou um artigo do oficial da Marinha dos EUA, Brian Harrington, que sugeria, entre outras coisas, medidas cujo objetivo era privar a Rússia do domínio no Mar Negro. Entre outras coisas, o oficial sugeriu instalar sistemas de mísseis adicionais na Roménia, na Bulgária e na Turquia. E na véspera, os chefes das diplomacias da Roménia e dos EUA discutiam questões de segurança no Mar Negro, inclusive certas “medidas de contenção”. Como o MNE encara as tentativas dos EUA de envolver as potências do Mar Negro num conflito com a Rússia, colocando lá os armamentos norte-americanos? Como Moscovo planeia reagir a estes riscos?
Porta-voz Maria Zakharova: Sabe, pretendiam isolar-nos, mas não deu. Pretendiam conter-nos, e não deu. Pretendiam punir-nos com sanções, mas não conseguiram. Pretendiam minar muitos projetos económicos nossos, e não deu. Pretendiam fazer-nos muita coisa ruim, e não deu. Há uma proposta concreta: se querem ter êxito, que tentem fazer algo bom. Isso pode dar certo.
Pergunta: Anunciou-se recentemente o envio da ajuda humanitária russa ao Afeganistão neste mês. Poderia esclarecer o que será enviado: alimentos, medicamentos ou algo mais?
Porta-voz Maria Zakharova: Com efeito, estão em curso os preparativos para o envio da carga humanitária ao Afeganistão. Farão parte dela alimentos, medicamentos e objetos de primeira necessidade.
Pergunta: Os media informaram que a 15 de novembro o novo Enviado Especial dos EUA no Afeganistão, Tom West, iria visitar Moscovo. O que planeiam discutir?
Porta-voz Maria Zakharova: Posso confirmar que a reunião do Enviado Especial dos EUA no Afeganistão, Tom West, com o Enviado Especial do Presidente da Federação da Rússia no Afeganistão, Zamir Kabulov, é planeada para realizar-se em 15 de novembro em Moscovo. Planeia-se dedicar estas consultas à discussão da situação atual no Afeganistão, ajustando as abordagens às questões principais da agenda afegã.
Pergunta: Que questões relativas à situação no Afeganistão se pretende discutir numa reunião do “trio” no Paquistão a 11 de novembro?
Porta-voz Maria Zakharova: Planeia-se a sessão do “trio alargado” sobre o Afeganistão para o dia 11 de novembro em Islamabad. Planeia-se discutir questões práticas da cooperação e coordenação dos esforços para a paz e estabilidade sustentáveis e duradouras no Afeganistão.
Pergunta: Quanto à situação no Afeganistão, em que o “Estado Islâmico” desqualifica com as suas ações as asseverações dos talibãs a alegar que com o poder deles, o Afeganistão teria sido seguro. Além disso, alega-se uma intervenção dos países vizinhos do Afeganistão na situação no país. Que passos a Rússia vai tomar na questão do Afeganistão?
Porta-voz Maria Zakharova: A ameaça de propagação do terrorismo e as atividades do “Estado Islâmico” no Afeganistão é fonte de uma preocupação especial para nós, o que não deixamos de repetir. Sublinhamos a importância de coordenar os esforços internacionais e regionais para lidar com a ameaça terrorista proveniente do Afeganistão. Visando garantir a estabilidade e a segurança regional, coordenamos as nossas atividades nesta área, inclusive com os parceiros da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) e da Organização para Cooperação de Xangai (OCX).
Pergunta: Têm surgido discussões acirradas entre a China e os EUA quando os EUA acusaram a China de reforçar o seu potencial nuclear. Pode-se tratar de uma guerra nuclear em perspetiva. Como a Rússia irá reagir a estes cenários?
Porta-voz Maria Zakharova: A Rússia tem a possibilidade de discutir os problemas de segurança internacional e estabilidade estratégica tanto com os EUA, quanto com a China. Temos mantido contactos estreitos e de confiança sobre estes problemas com os amigos chineses. Já com os EUA, lançámos o diálogo estratégico complexo, conforme foi aprovado pelos Presidentes dos dois países. Obviamente, o estado das nossas relações com Washington (onde a Rússia e a China são vistas pelo doutrinamento e pela análise política como potenciais adversários) difere-se radicalmente das relações com Pequim, a que estamos ligados por relações de boa-vizinhança, parceria abrangente e cooperação estratégica. Estamos abertos à discussão de problemas de segurança internacional e estabilidade estratégica no “quinteto” nuclear, que inclui tanto a China, quanto os EUA.
Essencialmente, os EUA fariam bem tratando mais dos seus problemas internos e avaliando o seu próprio comportamento no palco internacional.
Pergunta: Em relação ao reconhecimento mútuo de passaportes de vacinações, inclusive da vacina russa Sputnik entre o Cazaquistão e a Rússia. A maioria dos cidadãos do Cazaquistão foram vacinados pela Sputnik e a percentagem dos vacinados é bastante elevada. Mas ao tentar entrar na Rússia, os cidadãos do Cazaquistão veem os seus certificados de vacinação não reconhecidos na Rússia. Já o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, apelou, na cimeira do G20, a tratar o mais rápido possível do reconhecimento dos certificados nacionais de vacinação. Em que medida a situação em torno do reconhecimento dos passaportes de vacinação entre o Cazaquistão e a Rússia contradiz esta postura?
Porta-voz Maria Zakharova: Um trabalho ativo e consequente está a ser feito neste sentido com todos as entidades interessadas dos dois países. Mais uma reunião em que estavam presentes funcionários do Serviço Federal de Vigilância na Área de Proteção dos Direitos do Consumidor e do Bem-Estar Humano (Rospotrebnadzor), do Ministério da Digitalização e do MNE da Rússia, em formato de videoconferência, teve lugar a 2 de novembro.
A Rússia apoia essencialmente a iniciativa dos parceiros cazaques de reconhecer os certificados de vacinação. A aplicação “Viaja sem Covid-19” poderia ser uma das plataformas para uma iniciativa semelhante. Informámos sobre isso em detalhe, e o MNE acolheu a apresentação do mesmo.
Existe na Rússia um Grupo de Trabalho Interministerial que trata da questão de reconhecimento dos certificados de vacinação. Foi elaborado um projeto do tratado respetivo, que está agora em vias de aprovação pelos órgãos federais e ministérios do nosso país. Planeia-se estruturar o reconhecimento dos certificados de vacinação com um grupo de países.
Gostaria de sublinhar que se trata- de um trabalho complexo com a participação de vários Ministérios que está a realizar-se ativamente.
Pergunta: Pode-se falar em prazos?
Porta-voz Maria Zakharova: Não posso dizer. Não sei os prazos concretos. Só posso assegurar que o trabalho é muito intenso.
Pergunta: Qual é a postura da Rússia antes da conferência sobre a Líbia, a ser convocada em Paris e dedicada à retirada das tropas estrangeiras desse país? A Rússia está pronta para cooperar com os principais atores mundiais visando organizar este processo em breve?
Porta-voz Maria Zakharova: A nossa postura permanece intacta. Manifestamo-nos consequentemente pela retirada sincronizada, equilibrada, gradual e por etapas deste país de todos os grupos armados não líbios e das unidades militarizadas. Caso contrário, se a atitude for diferente, persiste o risco de violar o equilíbrio atual que tem ajudado a manter o cessar-fogo por mais de um ano.
Cooperamos ativamente sobre todo os aspetos dos problemas líbios com os jogadores regionais e internacionais interessados, como a Turquia, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a França, a Itália. Tencionamos participar em todos os esforços coletivos que visam promover a solução abrangente do conflito na Líbia através da cooperação consequente com as próprias partes líbias e em formatos multilaterais, inclusive no âmbito da Conferência Internacional sobre a Líbia em Paris, a ser realizada a 12 de novembro. A Rússia será representada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.
Pergunta: O 7o Congresso dos Compatriotas deverá desempenhar um grande papel na vida de muitos compatriotas. A senhora já participou nele, apresentando ideias de grande valor. Os materiais do Congresso serão publicados? E os estabelecimentos estrangeiros da Rússia vão participar, junto com o MNE da Rússia, no processo de informação da milionária diáspora russa, das decisões, recomendações e atividades do Congresso?
A seu ver, os compatriotas residentes no estrangeiro tornaram-se mais ativos na vida política e social, na solução de questões russas, no esclarecimento da política da Rússia e na divulgação da verdade sobre a Rússia?
Porta-voz Maria Zakharova: O 7o Congresso Mundial dos Compatriotas, que teve lugar a 15-16 de outubro, tornou-se o primeiro fórum de grande escala da diáspora no período pós-Covid e depois da inclusão na Constituição da Federação da Rússia, em 2020, de uma cláusula sobre a proteção dos direitos e interesses dos compatriotas e sobre a manutenção da sua identidade cultural russa. O fórum reuniu cerca de 400 gestores e ativistas de associações sociais da diáspora de 102 países, funcionários de órgãos federais do poder executivo e legislativo, dos órgãos do poder executivo das unidades da Federação da Rússia, fundações russas, organizações não governamentais e media.
Foram destacados os resultados do trabalho feito no período transcorrido desde o fórum anterior, de 2018, e definidas as tarefas para o futuro. No âmbito das sessões plenárias e de cinco secções temáticas aconteceu a discussão dos assuntos mais relevantes. Entre eles: o papel do Mundo Russo multinacional e multiconfessional, a preservação da verdade histórica (que discutimos frequentemente aqui) e a identidade, a proteção dos direitos e dos interesses legais dos compatriotas, o papel da língua russa na consolidação da comunidade, dos compatriotas na cooperação económica das regiões da Rússia com os países estrangeiros, com os media do Estrangeiro Russo na época digital, no desenvolvimento do movimento dos jovens compatriotas.
Tudo isso ficou refletido na Resolução final do Congresso e nas recomendações das sessões temáticas, que serão colocadas em breve no site do Conselho Mundial de Coordenação dos Compatriotas Russos.
Quero chamar a atenção especial à intervenção inicial do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, dirigida aos participantes do Fórum e ao discurso do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Presidente da Comissão Governamental para os Assuntos dos Compatriotas Residentes no Estrangeiro, Serguei Lavrov, na cerimonia de abertura do Congresso. Nele, formulou-se a ideia de que a Rússia vai continuar a prestar ajuda e apoio aos compatriotas russos. Isso faz parte das prioridades e tarefas nacionais mais importantes.
Os estabelecimentos estrangeiros russos possuem todas as informações sobre os resultados e as decisões do Congresso. Já começaram a cumpri-las na prática. Claro que se faz um trabalho de divulgação. Esperamos que os próprios participantes compartilhem as impressões sobre o Fórum e que sejam utilizados os recursos informáticos das organizações dos compatriotas russos.
O senhor observa com toda a razão que a diáspora está a se tornar mais ativa. Talvez o exemplo mais claro disso seja a participação ampla dos compatriotas russos nas eleições para a Duma de Estado em setembro deste ano (é o mais visível dos últimos acontecimentos, mas são muitos) e o auxílio da sua cobertura mediática.
Outro sinal desta tendência é a organização de numerosos eventos pelas associações dos compatriotas, que visam, entre outras coisas, consolidar o movimento e cumprir os resultados do Congresso. Entre eles, há a recente conferência dos compatriotas residentes na Europa, as conferências tidas na Arménia e na Turquia. Em novembro deste ano, haverá fóruns de juventude no Cazaquistão e na Bulgária, conferências na Sérvia, Egito, Tunísia, Países Baixos e Bulgária.
Vemos que os nossos compatriotas manifestam a tendência e o desejo de serem verdadeiros representantes da diplomacia popular e de servirem a Pátria. Isso não abrange um só momento histórico, mas toda a nossa história, a cultura, todos os nossos êxitos, as perdas, as nossas vitórias, os nossos erros, isso tudo. Só neste sentido verdadeiro da palavra é que os nossos compatriotas manifestam o amor e o serviço à Pátria no seu trabalho heroico de cada dia. Pode ser chamado de trabalho? Talvez não. Servir é algo mais do que trabalhar. É um destino. Temos isso em alto apreço. Da nossa parte, vamos sempre prestar-lhes apoio abrangente.