Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 13 de março de 2024
Sobre o 10.º aniversário da reunificação da Crimeia com a Rússia
Estaremos a celebrar, em breve, o aniversário de um acontecimento histórico marcante, sem exageros. A 18 de março de 2014, foi assinado o Tratado sobre a Admissão da República da Crimeia na Federação da Rússia. Esta foi uma decisão justa e longamente almejada pelos crimeanos e por todos os cidadãos do nosso país.
No referendo de 16 de março de 2014, os habitantes da Crimeia escolheram, de forma independente e consciente e com o risco das suas vidas (porque sabiam o que o regime de Kiev estava a preparar para eles), um futuro melhor para si e para os seus filhos. Não será demais recordar que, com uma afluência às urnas de 83,1% dos eleitores recenseados da Crimeia, 96,77%, e, em Sevastopol, 96,5%, com uma afluência às urnas de 89,5%, votaram a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia.
A sua escolha implicou muita coragem naquela altura: ninguém esqueceu a promessa do regime de Kiev de enviar à Crimeia "comboios da amizade", repletos de nacionalistas. Também nos lembramos bem das inúmeras tentativas do regime ucraniano de complicar a vida na Crimeia de todas as formas possíveis e punir a sua população pela sua escolha. A questão da pertença da Crimeia, como a Rússia tem afirmado repetidamente, está resolvida. Da nossa posição não cabe revisão nem discussão.
A natureza tendenciosa da campanha de informação desencadeada contra os crimeanos é óbvia. As tentativas de qualificar a escolha feita pela população da Crimeia como ilegal e de apresentar o nosso país como "invasor" são inconsistentes em termos jurídicos internacionais. A comprová-lo estão as conclusões feitas por especialistas estrangeiros de renome em direito e por instâncias internacionais.
É sabido que, entre 1992 e 2014, o governo ucraniano financiava a península e os seus habitantes numa base de "conceder o que sobra". Sob o regime ucraniano, a economia da península praticamente não se desenvolveu, as suas infraestruturas degradaram-se, as áreas humanitárias foram submetidas a uma total ucranianização, a problemática ambiental foi completamente ignorada.
Desde que a Crimeia se reunificou com a Rússia, a situação tem vindo a melhorar. As infraestruturas de transportes e de engenharia foram substancialmente reconstruídas. Em 2018, foi inaugurada a Ponte da Crimeia, que, do ponto de vista do regime de Kiev, não poderia ser construída devido à inviabilidade tecnológica do projeto. Não obstante, a Ponte tornou-se realidade e símbolo da reunificação da Crimeia com a Rússia, tendo passado por muitas provações.
Foi construído um novo aeroporto de Simferopol, o "Aivazovski", e uma moderna autoestrada, a "Tavrida". Entraram em funcionamento as centrais elétricas de Balaklava (Sevastopol), de Tavricheskaia (distrito de Simferopol) e de Sakskaia. Está a ser construída uma rede de distribuição de gás natural: quase todos os meses, o gás natural encanado chega a uma nova povoação. A construção de habitações está em franco crescimento. Estão a ser construídas a ritmo acelerado instalações sociais e desportivas. A agricultura está a galvanizar-se, com a vinicultura e a economia balnear e turística a crescer e a reforçar as suas posições. Tudo isto foi feito em menos de dez anos, numa altura em que a Rússia e a Crimeia são alvos de duras sanções impostas pelos "países civilizados". A Crimeia não foi sequer representada nas conferências internacionais realizadas em capitais ocidentais e dedicadas à problemática da península porque os seus representantes tiveram os seus pedidos de visto negados. Do ponto de vista do "Ocidente coletivo", qualquer um, exceto os crimeanos, tiveram o direito de se pronunciar sobre a Crimeia. Porquê? Porque têm uma democracia à norte-americana.
Nos últimos anos, a República da Crimeia e a cidade de Sevastopol têm vivido num ambiente de conciliação religiosa que é apoiado pela participação ativa das associações religiosas na vida social da península. Estão prestes a ser concluídas as obras de construção de uma mesquita congregacional de Simferopol.
Nos dez anos decorridos, conseguimos resolver muitos problemas que se vinham acumulando há décadas, desde a desagregação da URSS. Uma coisa é clara: trabalhando em conjunto, podemos alcançar resultados ainda maiores. Não apenas acreditamos nisso, mas estamos a trabalhar para que isso aconteça.