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Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 4 de outubro de 2023

1946-04-10-2023

Ponto da situação na crise da Ucrânia

 

O regime de Kiev continua a bombardear civis, cidades e aldeias a sangue frio. Os militares ucranianos não hesitam em utilizar contra civis armas pesadas, munições de fragmentação e drones de ataque fornecidos pelo Ocidente.

As suas ações cínicas provocam não só a morte de pessoas inocentes, mas também a destruição de infraestruturas civis, incluindo edifícios residenciais, escolas, hospitais e jardins de infância. No dia 1 de outubro corrente, as forças ucranianas bombardearam a zona do mercado central em Chebekino, na Região de Belgorod. Três pessoas ficaram feridas, as fachadas dos pavilhões comerciais, as garagens municipais e três automóveis foram danificados. Na noite de 2 de outubro corrente, os nacionalistas ucranianos abriram fogo contra bairros residenciais da cidade de Novaia Kakhovka. Como resultado, um civil foi morto.

Muitas vezes, os neonazis ucranianos alvejam locais religiosos. Por exemplo, a 30 de setembro passado, as forças ucranianas bombardearam o mosteiro de São Nicolau na República Popular de Donetsk, ferindo duas pessoas.

As autoridades policiais russas estão constantemente a registar todos os crimes cometidos pelo regime de Kiev. Os tribunais russos continuam a julgar, com base nas provas recolhidas pelo Comité de Investigação da Rússia, militantes ucranianos que cometeram crimes graves contra civis.

Na semana passada, os dois elementos das unidades punitiva ucranianas D. Skorlupov e A. Pukhalsky foram condenados a 28 e 19 anos de prisão, respetivamente, a cumprir numa colónia de segurança máxima, pelo massacre de civis e pelo bombardeamento de bairros residenciais da República Popular de Donetsk na primavera de 2022. E. Varbansky, da unidade neonazi Azov, foi sentenciado a 22 anos de prisão por ter disparado um morteiro contra bairros residenciais de Mariupol em março do ano passado.

O militante ucraniano A. Lozovik foi condenado a 28 anos de prisão por ter matado um prisioneiro de guerra da República Popular de Donetsk ferido em Mariupol, em março de 2022. Três neonazis, V. Bondar, D. Ivashchenko e S. Yaremkevich, foram condenados a 20 anos de prisão cada um por terem bombardeado carros civis em Mariupol na primavera do ano passado.

Cada crime do regime de Kiev, independentemente de quem o cometeu, será severa e inevitavelmente punido. Há dias, o Comité de Investigação da Rússia anunciou a conclusão de uma investigação contra o deputado ucraniano V.Z. Parasyuk, que, em março de 2016, entrou ilegalmente no território do Consulado Geral da Rússia em Lvov, durante uma manifestação organizada pelos extremistas ucranianos, tirou a bandeira nacional da Federação da Rússia do mastro, levou-a aos manifestantes e espezinhou-a. Além disso, apelou publicamente aos presentes para que cometessem atos ilícitos contra a missão diplomática russa e o seu pessoal. O caso Parasyuk foi levado a tribunal, tendo o próprio Parasyuk sido incluído na lista internacional de procurados.

Além disso, o Comité de Investigação da Federação da Rússia apresentou, à revelia, acusações formais contra o Diretor do Serviço de Informações do Ministério da Defesa ucraniano, Kirill Budanov, o comandante da Força Aérea ucraniana, N.N. Oleshchuk, o comandante da Marinha ucraniana, A.L. Neizhpapa, e o comandante do 383.º regimento de aeronaves pilotadas remotamente da Força Aérea ucraniana, S. Budenyuk por ataques terroristas com drones no território da Rússia. Serão colocados numa lista de procurados.

No dia 2 de outubro corrente, Kiev acolheu uma reunião informal dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, sob a presidência do Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança (ou melhor, Política de Insegurança), Josep Borrell. Ele definiu a reunião como "tempestade cerebral" (acho melhor chamar-lhe "turbilhão no cérebro" da UE) no contexto das perspetivas obscuras de novo apoio financeiro ao regime de Kiev, que os europeus, ainda que em palavras, prometeram continuar. É de salientar que os Ministros da Hungria e da Polónia não chegaram à capital ucraniana por várias razões. Tanto Budapeste como Varsóvia têm reclamações a fazer contra a política de Vladimir Zelensky.

No final de contas, o "brainstorming" da UE não teve resultados significativos. Os diplomatas europeus não conseguiram chegar a acordo sobre a nova ajuda militar à Ucrânia, no montante de 5 mil milhões de euros, em 2024 e adiaram esta questão para o fim do ano em curso. Temos de ser honestos. Não é uma ajuda de 5 mil milhões de euros à Ucrânia, são as verbas disponibilizadas pelo Ocidente para o regime de Kiev massacrar os cidadãos ucranianos. Terá isso contribuído para que o montante da ajuda não fosse acordado e para que Washington deixasse, por 45 dias, embora um período não longo, os seus pupilos de Kiev sem dinheiro? Muitos analistas políticos dizem que sim. O orçamento temporário aprovado pelo Congresso dos EUA a 30 de setembro passado não prevê a disponibilização de uma ajuda financeira à Ucrânia. Esta situação causou muita preocupação em Bruxelas, a sede da UE. Josep Borrell já disse que a UE iria pedir à Administração Biden que não corte o financiamento à Ucrânia. Eles devem dar formulações mais claras. O financiamento de que se trata não é um financiamento para a Ucrânia, mas para o massacre praticado pelo regime de Kiev com o dinheiro do Ocidente.

Temos dito repetidamente que a UE perdeu, há muito, a sua autonomia, independência e soberania. É óbvio que as populações dos países comunitários não têm direito de se pronunciar nem mesmo nos seus respetivos países, porque nem todos os países desta associação estão dispostos a continuar a gastar dinheiro cegamente para sustentar a camarilha de Kiev, atolada em corrupção, especialmente numa altura em que, apesar dos esforços dos patrões ocidentais, o défice orçamental ucraniano está a crescer rapidamente.

O "Ocidente coletivo" não tenciona abandonar o seu objetivo de infligir uma derrota estratégica à Rússia, como dizem. O Bundestag alemão exorta a entregar, o mais rapidamente possível, ao regime de Kiev mísseis de cruzeiro Taurus. O anúncio foi feito pela presidente da Comissão de Defesa do parlamento alemão, Marie-Agnes Strack-Zimmermann. A deputada sublinhou que considera justificado que as forças ucranianas utilizem estes mísseis para atacar o território russo.

Esta declaração, impregnada de russofobia e revanchismo, mostra que Berlim ainda não compreende até onde podem levar os seus irrefletidos fornecimentos de armas ao regime criminoso de Kiev. Além disso, há dias, solicitado por um partido da oposição a qualificar publicamente a atuação da divisão SS "Galizien", da qual faziam parte os efetivos do Exército Insurreto Ucraniano durante a Grande Guerra Patriótica, o Governo alemão disse que não estava preparado para chamar antissemitas e nazis aos banderites. Tenho a mesma pergunta para Marie-Agnes Strack-Zimmermann. O que é que ela acha da divisão SS "Galizien"? É muito fácil responder a esta simples pergunta. Todos compreenderemos porque é que ela é a favor de continuar a fornecer armas ao regime de Kiev e considera justificado que as forças ucranianas ataquem o território russo. Quando? Afinal, não será difícil responder à pergunta sobre a sua atitude para com a divisão SS "Galizien" e ao Exército Insurreto Ucraniano?

O que nos diz tudo o que apresentei sob a forma de citações diretas e factos? Que parece que os dirigentes alemães esqueceram as lições da história, embora, ao que parece, devessem tê-las recordado melhor do que os outros para serem mais sensíveis e intolerantes a quaisquer manifestações de ideologia misantrópica, onde quer que ocorram. Mas o que vemos é o contrário. Berlim nega o facto, geralmente reconhecido, da cooperação dos nacionalistas ucranianos com o Terceiro Reich de Hitler. Daí a conclusão lógica: na Alemanha de hoje, o processo de reabilitação do nazismo está em pleno andamento.

Os anglo-saxónicos são ainda mais cínicos. Estão dispostos a exterminar todos os ucranianos para atingir os seus objetivos, a reabilitar tudo: os nacionalistas ucranianos da OUN-UPA e a divisão SS "Galizien". Em breve começarão a glorificar os "heróis" do Terceiro Reich. O ex-Ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, lamentou que a idade média dos soldados ucranianos fosse de 40 anos e instou Vladimir Zelensky a mobilizar mais ativamente os jovens. Não vos faz lembrar nada? Isso faz-me lembrar a história da "Juventude Hitleriana". Londres não se preocupa com o futuro da Ucrânia. Afinal, o que está em causa é a realização do seu sonho de longa data: infligir uma "derrota estratégica" à Rússia por intermédio de outros. E, para isso, acha necessário lançar os ucranianos para o campo de batalha, sem considerar as perdas, até o último habitante deste país outrora populoso morrer. Se o seu objetivo não for alcançado, Londres não exclui a hipótese de enviar um contingente de tropas para a Ucrânia. Não estou a inventar nada. Este é o roteiro proposto recentemente pelo atual Ministro da Defesa britânico, Grant Shapps. É este o tipo de pessoas que é nomeado para cargos dirigentes no Reino Unido. É um mistério como é que este homem chegou a este cargo, tendo-se em conta o seu historial anterior. Mais tarde, depois de muito pensar ou depois de alguém tem pensado muito por ele, ele voltou com a palavra atrás. Sabemos que o que foi dito por um ministro da Defesa britânico foi pensado pelo governo britânico.

Neste contexto, o The New York Times noticiou na sua edição de 29 de setembro passado que o hospital do Pentágono na cidade alemã de Landstuhl tinha começado a receber mercenários norte-americanos feridos. Segundo o jornal, 14 norte-americanos que lutaram ao lado das forças armadas ucranianas estão atualmente a ser tratados no hospital. Foi apenas o The New York Times que descobriu esta informação? O que é que dizem o Pentágono ou o Departamento de Estado dos EUA? Eles preocupam-se sempre com o que acontece no mundo e nas regiões mais remotas do nosso planeta. Trata-se de cidadãos norte-americanos. É possível que vejamos finalmente uma declaração oficial do Departamento de Estado sobre esta situação?

Vemos como o Ocidente molda inadequadamente a sua política para os acontecimentos mundiais, vemos que a baseiam nos princípios russofóbicos, vemos como procura "ajudar" a Ucrânia, quando na realidade a está a matar. Vemos que todos os dias se confirma a relevância de todos os objetivos da nossa operação militar especial.

 

Sobre o Decreto sobre a isenção de vistos para viagens de ucranianos à Rússia

 

A 29 de setembro passado, o Presidente da Rússia assinou o Decreto "Sobre a entrada e saída de cidadãos ucranianos na Federação da Rússia".

Como é sabido, no verão passado, o regime de Kiev impôs vistos para os russos, pondo unilateralmente termo ao acordo intergovernamental bilateral sobre a isenção de vistos. Antes disso, nunca tinha existido um regime de vistos entre a Rússia e a Ucrânia. Após a desagregação da União Soviética, os russos e os ucranianos circulavam livremente entre os dois países sem necessidade de qualquer visto. A decisão de Kiev de abolir o regime de isenção de vistos tinha como objetivo dificultar ao máximo os contatos entre as pessoas.

A parte russa tem afirmado repetidamente que não seguirá o mesmo caminho nem se assemelhará ao regime de Kiev para se vingar das pessoas comuns que estão interessadas em manter laços familiares e espirituais. Guiada por esta lógica humanitária, a Rússia continuou a dar isenção unilateral de vistos aos ucranianos.

O referido decreto presidencial, cujo projeto havia sido analisado por autoridades competentes, consolidou juridicamente a situação existente após a rescisão do acordo pelo regime de Kiev. Os ucranianos podem continuar a entrar na Rússia não só sem visto, mas também com passaportes nacionais e outros documentos de identidade, inclusive os expirados.

A possibilidade de entrar e permanecer sem visto na Rússia é extremamente importante para numerosos refugiados ucranianos, habitantes das nossas novas regiões, que ainda não tiveram tempo de obter passaportes russos, e para os russos que têm familiares e entes queridos na Ucrânia.

 

Sobre o 82º aniversário da tragédia de Babi-Yar

 

Na semana passada, a tragédia de Babi-Yar fez 82 anos. Em 1941, em apenas dois dias, 29 e 30 de setembro, os invasores nazis e os nacionalistas da "Organização dos Nacionalistas Ucranianos" mataram mais de 30 mil judeus, ou seja, cerca de 20% da população judaica de Kiev.

Esta ação punitiva foi apenas o início e o prólogo da chacina de idosos, mulheres, crianças, prisioneiros de guerra soviéticos e combatentes clandestinos de todas as nacionalidades. De 1941 a 1943, foram executadas mais de 100 mil pessoas, tendo-se Babi-Yar tornado numa sepultura internacional e num símbolo sinistro da crueldade desumana dos nazis.

Este ano, durante os eventos em homenagem realizados em Kiev a 29 de setembro, o Presidente da Ucrânia afirmou que "é muito importante recordar sempre a história". Sim, como um relógio mecânico avariado que marca a hora correta duas vezes por dia. É impossível não concordar com esta afirmação. Só que o problema é que o relógio está mesmo avariado. O próprio Vladimir Zelensky tenta persistentemente esquecer tudo o que está relacionado com o passado do seu país e do seu povo ao qual ele se associa e associa a sua família. A 22 de setembro passado, todo o mundo inteiro viu imagens dele a aplaudir o ex-efetivo da divisão SS "Galizien", Yaroslav Hunka, no Parlamento canadiano, esquecendo, por instante, que o seu próprio avô havia lutado nas fileiras do Exército Vermelho durante a Grande Guerra Patriótica contra traidores e colaboradores como Yaroslav Hunka. Ou a falha da sua memória não foi instantânea, a julgar por todas as outras ações do regime de Kiev? É uma amnésia persistente.

Mas isso não é de surpreender. A glorificação dos bandidos nazis e banderites é, desde há muito, comum na Ucrânia e constitui fundamentos da política nacional do país sob o regime de Kiev. O regime de Kiev está a tentar apagar da memória dos ucranianos o heroísmo dos soldados do Exército Vermelho e o seu contributo decisivo para a vitória sobre o nazi-fascismo, branqueando, ao mesmo tempo, os capangas de Hitler, cujo papel na morte de civis não só é silenciado, como também propositadamente distorcido. Para homenageá-los, o regime de Kiev realiza procissões festivas, muda os nomes de ruas e estádios, ergue monumentos. Mas o que é isto? Apenas amnésia histórica? Não. Penso que não se trata de um problema de um homem isolado (mesmo que completamente controlado externamente), mas sim de uma traição à memória dos nossos antepassados e de um abuso da história do povo e do país.

 

Sobre a lista de monumentos soviéticos destruídos em países hostis

 

Desde março passado, por iniciativa de Serguei Naryshkin, Presidente da Sociedade de História da Rússia e Diretor do Serviço de Inteligência Exterior da Rússia, é mantida uma lista de monumentos dedicados às façanhas dos nossos soldados tombados na guerra e a personalidades históricas russas e soviéticas destruídos em países hostis. Esta lista baseia-se no trabalho da Sociedade de História Militar da Rússia - o portal "Lugar de Memória" criado em 2017, por iniciativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e do nosso Departamento de Informação e Imprensa, entre outros. Neste momento, esta grande lista eletrónica contém informações sobre quase 90 mil monumentos localizados tanto no nosso país como no estrangeiro. As missões estrangeiras russas, embaixadas e consulados gerais, e os nossos diplomatas estão a recolher informações para o referido mapa. Note-se que este trabalho envolve não só o cumprimento de deveres funcionais (esta função está, de facto, entre outras atribuições dos nossos diplomatas), mas também as atividades desenvolvidas pelos meus colegas depois do horário de trabalho.

A lista de monumentos destruídos em países hostis contém dados fornecidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Defesa, bem como materiais históricos recolhidos por voluntários e compatriotas preocupados. Gostaria de referir que recebemos muitas cartas com descrições de enterros, monumentos e sepulturas que os nossos compatriotas encontram. Por exemplo, em cemitérios privados nos países da UE, onde a entrada só é permitida com a apresentação de um passe especial ou da certidão de nascimento. Eles contam-nos e ajudam-nos a restabelecer ligações históricas e contatos entre familiares. Estamos-lhes imensamente gratos por isso.

Uma das mais importantes fontes de informação tem sido os relatórios anuais do Ministério sobre a situação relativa à glorificação do nazismo, à disseminação do neonazismo e a outras práticas que contribuem para a escalada das formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância conexa, que registam em pormenor casos de vandalismo contra monumentos soviéticos.

Os ataques à memória dos soldados soviéticos que salvaram o mundo da "peste castanha" tornaram-se, há muito, uma nova normalidade nalguns países da Europa de Leste, entre os quais a Bulgária, países bálticos, Polónia, Ucrânia e República Checa. Não deixamos passar despercebido nenhum facto de vandalismo. Agora, as ações criminosas dos regimes russofóbicos também são registadas no mapa eletrónico.

Para promover o portal "Lugar de Memória", foram colocados banners que conduzem ao sítio Web do projeto nas páginas principais do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo e das missões russas no estrangeiro. Recomendamos a todos os que se interessam pela história russa e mundial que adicionem este recurso aos seus "favoritos" e, se tiverem novas informações, que participem no desenvolvimento do seu conteúdo.

 

Sobre a proibição de entrada na UE de veículos matriculados na Rússia

 

Alguns países da União Europeia (Bulgária, Letónia, Lituânia, Polónia, Finlândia, Alemanha e Estónia), bem como a Noruega, anunciaram a proibição da entrada de automóveis de uso pessoal matriculados na Rússia, mesmo que se estes sejam utilizados para viagens turísticas.

Quando surgiram as primeiras notícias, poucas pessoas, tanto no estrangeiro como no nosso país, acreditaram nisso. Não é possível que as pessoas sejam abertamente segregadas por motivo de nacionalidade, diante dos olhos de todo o mundo, sem sequer tentar explicar isso. Verificou-se que isso não é apenas verdade, eles estão a avançar nesta direção "a todo o vapor".

Consideramos que se trata de ações ilegítimas contra cidadãos russos, baseadas no nacionalismo e na lógica neonazi. Como quer que isso se chame: uma forma moderna de racismo, neonazismo - a essência é a mesma. Estas decisões de países europeus individuais basearam-se em argumentos igualmente absurdos. Por exemplo, as sanções da UE contra o nosso país, como foi afirmado na explicação da Comissão Europeia sobre o procedimento de aplicação do embargo às importações de certos bens provenientes da Rússia que "trazem receitas significativas" para o nosso país.

O "turbilhão do cérebro" da União Europeia vai levá-los a um abismo. Quando as pessoas seguem nos seus automóveis para os seus países, isso gera receitas significativas para os seus países, e não para a Rússia. As pessoas que viajam de carro gastam dinheiro no país por onde o seu carro passa: postos de gasolina, hotéis, alimentação, serviços sociais, atrações.

Sabemos como as coisas estão distorcidas atualmente. No passado, os heróis da Segunda Guerra Mundial e da Grande Guerra Patriótica eram homenageados. Eram-lhes erigidos monumentos, havia feriados em homenagem dos mesmos, incluindo no território da Europa de Leste (como antes se chamava esta parte da Europa). Atualmente, se chama o extremo ocidental da Europa. Agora, os monumentos estão a ser demolidos e, no seu lugar, estão a ser erguidos monumentos aos colaboradores nazis. A lógica é a mesma. Porquê tentar buscar argumentos e factos? Pode simplesmente dizer-se: os carros com placa russa estão proibidos de entrar no território de países da UE porque isso "beneficia a Rússia". O que comentar?

No contexto do fiasco cada vez mais evidente da política de sanções antirrussas da União Europeia, os países membros não escondem que gostariam de tentar tirar a vingança e punir todos os russos. Falam diretamente sobre isso. É precisamente esta a razão das novas medidas proibitivas, que violam normas jurídicas internacionais fundamentais. Está à vista a falsidade das anteriores afirmações dos políticos e funcionários europeus de que as sanções não eram alegadamente dirigidas contra os russos comuns. Agora dizem que são. Recentemente, a tarefa de infligir danos a todo o povo russo foi abertamente declarada nas capitais europeias. É como se a UE não se apercebesse de que, com estas ações descaradamente discriminatórias, está a pôr fim a toda a política social, humanitária e de direitos humanos que tem vindo a implementar, aprovando as respetivas leis.

Primeiro, a UE tentou intimidar os políticos russos e as destacadas personalidades públicas com as suas sanções, depois chegou a vez dos empresários russos, depois, a vez dos jornalistas. Não conseguiram obter o resultado desejado. As listas de visados pelas sanções incluíam funcionários públicos, militares, funcionários do poder judicial, representantes de comissões eleitorais e provedores de justiça. Tudo em vão. Os ocidentais tentaram intimidar, durante anos, as populações das novas regiões russas. Desde 2014, os habitantes da Crimeia não conseguem obter um visto para os países da União Europeia, estrutura que não se cansava de apregoar a necessidade de observar os direitos humanos e condenar a discriminação. Agora chegou a vez de todos os russos, sem exceção.

No início, havia pessoas que pensavam que o mais importante era jurar fidelidade ao regime de Kiev, levantar uma bandeirinha, declarar que "não estavam com a Rússia", mas com o Ocidente, e então poderiam tornar-se heróis do "frenesim" russofóbico ocidental. Também não resulta. Essas mesmas pessoas tornam-se objeto de perseguição dentro dos países da União Europeia. Tudo o que é inventado para tentar exercer pressão sobre todo o povo russo está condenado ao fracasso.

Consideramos que proibir carros com placas russas de entrar na UE como mais uma tentativa de recriar não só uma "cortina de ferro" na Europa, mas um verdadeiro ressurgimento do nazismo em várias neo-formas.

Esta medida destina-se a reduzir ainda mais as já pequenas, mas ainda existentes, oportunidades de contacto entre pessoas no nosso continente europeu comum e impor a lógica da segregação por motivo de nacionalidade àqueles a quem foi ensinado durante décadas que tal coisa é impossível, nem mesmo em teoria.

Neste momento, as autoridades competentes do nosso país estão em contacto entre si para encontrar uma resposta a esta situação. Informar-vos-emos quando tomarem uma decisão acordada. Tal como antes, as ações destes países da UE não ficarão sem resposta adequada.

Não imaginam quantas declarações foram feitas no sentido de não podermos responder. Isso foi dito no caso do "acordo dos cereais", de outras medidas e ações discriminatórias contra o nosso país. Nós podemos responder e fizemo-lo. Não respondemos da maneira como muitos gostariam, mas de modo a que a nossa resposta seja do nosso interesse em primeiro lugar. E assim será desta vez.

 

Resumo da sessão de perguntas e respostas:

Pergunta: Já comentou a declaração da porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, segundo a qual o Presidente russo, Vladimir Putin, não conseguirá resistir na Ucrânia mais tempo do que os Estados Unidos, referindo-se a Bashar Assad. No entanto, se a questão é saber quem poderá resistir mais tempo, podemos dizer que a Rússia (tal como os EUA) se prepara para um longo conflito?

Maria Zakharova: Espere, o senhor é da Reuters. Deveria saber que os Estados Unidos da América declararam sem rodeios que este conflito deveria ser longo. A NATO proclamou como estratégia fazer com que este conflito se tornasse longo. Porque é que me está a perguntar sobre se as partes estão dispostas a resistir e se este conflito vai ser ou não de longa duração e quem está mais preparado para isso? A NATO declarou isso, os Estados Unidos da América, a Grã-Bretanha e os outros países que juraram fidelidade à dupla anglo-saxónica também declararam isso. Disseram que esta é a sua estratégia. A sua tática de guerra-relâmpago falhou, então eles optaram por prolongar o conflito. Eles disseram-no. Os ocidentais não querem saber o que pensa Vladimir Zelensky, que já não há mais ucranianos, que o regime de Kiev já não sabe quem mobilizar e recrutar. A principal coisa que lhes interessa é o seu próprio objetivo, ou seja, "infligir uma derrota estratégica" ao nosso país. Não conseguiram fazê-lo em pouco tempo, decidiram prolongar o conflito, do que falam abertamente.

Quanto às declarações inadequadas dos oradores que mencionou. Não posso dizer que Josep Borrell seja o chefe de uma espécie de diplomacia europeia, da UE, penso que ele se tornou simplesmente numa espécie de orador inadequado e não num diplomata. Mas isso não é problema nosso.

Tentem perceber o que é que eles querem dizer. É difícil compreender isso. Tentamos decifrar todas as suas declarações que citamos e compreender o que se entende por elas. Isso me faz lembrar as declarações da Administração Obama. Boa parte dos seus funcionários integram a Administração Biden. O próprio Joe Biden foi vice-presidente na época de Barack Obama, que "governou" o país durante oito anos. Agora, Joe Biden é Presidente. Todo esta "companhia" liberal-democrática instalou-se na Casa Branca como nova Administração dos EUA, sendo na realidade a mesma dantes.

Lembre-se que, durante todos estes anos, eles diziam que "Assad tem de sair". Era uma diretriz sua. Agora sabe como é a situação na Síria, que Síria regressou ao mundo da política árabe e está a restaurar a sua economia.  Seria bom que a atual administração norte-americana adotasse um novo slogan "USA must go from Syria finally", o que significa que "Os Estados Unidos da América têm de sair da Síria finalmente". A Síria é um país soberano ocupado pelos EUA. Isso me faz lembrar a tese maníaca que eles estavam sempre a "implantar". Pode ver como tudo isso acabou. Pergunte a Karine Jean-Pierre o que ela queria dizer.

Pergunta: Já comentou a Resolução da 67ª Conferência Geral da AIEA. Como é que tudo isto se relaciona com a atmosfera em que a equipa da AIEA está a trabalhar na Central Nuclear de Zaporojie? Em particular, com os atrasos na rotação dos peritos da Agência? Porque é que a rotação tem de passar pelo território da Ucrânia?

Maria Zakharova: Esta é a primeira pergunta, que consiste em quatro perguntas. E depois haverá mais quatro perguntas, cada uma composta por quatro perguntas. Muito bem.

A resolução adotada pela 67ª sessão da Conferência Geral da AIEA sobre a questão ucraniana não é vinculativa e distorce grosseiramente a realidade. É jurídica e politicamente nula e sem efeito para nós. Agora os argumentos. Tendo em conta o número impressionante de países que não apoiaram ou se distanciaram desta ideia e que não sucumbiram às ameaças e pressões do Ocidente, podemos dizer com certeza que uma resolução tão odiosa não funcionará. A Rússia não tem nenhuma intenção de cumprir as suas disposições.

A resolução não afetará as atividades dos peritos da Agência na Central Nuclear de Zaporojie nem os nossos esforços conjuntos com o Secretariado da AIEA para evitar ameaças à segurança da Central criadas pelo regime de Vladimir Zelensky.

No que se refere às rotações dos especialistas da Agência na Central, a Rússia dá todas as recomendações necessárias e faz os possíveis para garantir que elas se realizem em segurança e que o trabalho dos peritos da AIEA seja efetuado nas condições de conforto de acordo com as suas atribuições ao abrigo do mandato da Agência.

O regime de Kiev tem tentado repetidamente fazer provocações destinadas a perturbar as rotações e a pôr em perigo a vida e a saúde dos peritos da AIEA. Lembre-se de quantos incidentes de bombardeamento se registaram. Já os mencionámos. Só graças aos esforços da parte russa é que todas estas provocações não tiveram consequências trágicas.

Não há dúvida de que a forma mais segura de fazer rodar os peritos da Agência é fazer com que eles viagem pelo território russo. Propusemos repetidamente isso à direção da AIEA. No entanto, a pedido do Secretariado, a parte da rota para a Central continua a passar pelo território da Ucrânia e pela linha de contacto.

Tomamos nota desta decisão da AIEA e continuamos a cooperar estreitamente com a Agência na questão das rotações e da garantia do trabalho dos peritos do Secretariado na Central Nuclear de Zaporojie. Isto é importante para neutralizar as ameaças criadas pelo regime de Kiev à segurança da Central.

Todos, incluindo o Diretor-Geral da AIEA, Rafael Grossi, estão bem cientes de que a Central de Zaporojie está sob jurisdição russa e é gerida em conformidade com a nossa legislação nacional e com as normas de segurança e proteção nuclear. Por definição, não existem nem podem existir quaisquer ameaças à segurança da Central de Zaporojie provenientes do lado russo. A única fonte de ameaças é o regime de Kiev, que não abandona as suas tentativas de conquistar a Central e tenta intimidar o seu pessoal e os habitantes da cidade de Energodar.

Esperamos que a direção da Agência demonstre imparcialidade e uma abordagem não tendenciosa para garantir a segurança da Central Nuclear de Zaporojie.

Pergunta: O Comité de Investigação da Rússia acusou, à revelia, representantes do alto oficialato da Ucrânia de cometerem atos terroristas em território russo. Qual é a probabilidade de a Rússia conseguir levá-los à justiça?

Maria Zakharova: Hoje já comentei as sentenças lavradas pelos tribunais e sobre a responsabilidade pelos crimes cometidos. Todos os dias recolhemos informações. Os tribunais russos continuam, com base nas provas recolhidas pelo Comité de Investigação Russo, a julgar neonazis ucranianos que cometeram crimes graves contra civis. Este trabalho está em curso e vai continuar e não vai ser abandonado. Algo será feito agora, e algo será feito numa perspetiva de longo prazo.

Yaroslav Hunka, da divisão SS "Galizien", teve o seu "momento de glória". É espantoso. Viver até aos noventa e oito anos e pensar que é nesta idade que terá o ponto culminante do seu passado pseudo-heroico, e acabar por ser alvo de desprezo mundial. Nem tudo acontece de uma só vez no processo histórico. Algo é adiado por várias razões, pela história, pelo fado, pela providência. Mas pode ver que até os crimes cometidos há décadas acabam por ser punidos e condenados do ponto de vista moral, ético, social e jurídico.


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