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Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 5 de abril de 2023

640-05-04-2023

 

Ponto da situação na crise ucraniana

 

No passado dia 2 de abril, foi perpetrado em São Petersburgo um atentado terrorista que culminou na morte do correspondente de guerra russo Maksim Fomin conhecido pelo seu pseudónimo "Vladlen Tatarski", deixando dezenas de outras pessoas feridas. A polícia e as autoridades de investigação criminal chegaram rapidamente ao local. Uma mulher suspeita de estar relacionada com a explosão foi detida e está a prestar depoimento. A investigação sugere que o crime pode ter sido organizado na Ucrânia. Foram feitas declarações oficiais a este respeito. Este é um ato de terrorismo, um crime contra civis, contra um jornalista que lutou pela verdade e pela liberdade de expressão. É ilustrativa a reação, ou melhor, a falta de reação do Ocidente "democrático" Os ocidentais fazem-se passar pelos "civilizados", "excepcionais" e "líderes", diferentes dos outros, fazem-se passar por um "belo jardim". No entanto, este "belo jardim" não proferiu uma só palavra de condolências, nem mesmo se deu o trabalho de dizer secamente que este foi um  atentado terrorista. Quem desconhece a sua  tática, a sua filosofia e ideologia não pode acreditar nisso. Aqueles que as conhecem, não veêm nada de surpreendente nisso. Sangue frio absoluto, porque eles sabiam porque precisavam do regime de Kiev. Eles sabem porque é que estão a utilizar a Ucrânia. Eles falam muito em fazer tudo por este país. Na realidade, não é verdade. Estão a usá-la cinicamente como cabeça de ponte, campo de ensaio, ferramenta para fazer frente à Rússia. Esta é uma outra vertente, daí o silêncio, não há nenhuma declaração por parte dos ocidentais no sentido de este ter sido um ataque terrorista. No entanto, por apreço à justiça, devemos admitir que nem todos eles permanecem em silêncio. O representante permanente do Canadá na ONU e famoso russófobo Robert Rae escreveu na sua conta da rede social que Vladlen Tatarski não era jornalista, mas um " ardente" propagandista que espalhava ódio e desinformação. O Ministério da Verdade está no Canadá? Alguém investiu o Canadá de poderes de dizer quem é o jornalista "certo" e quem é o jornalista "errado"? Não há nenhum acordo internacional que conceda ao Canadá o direito de fazer declarações do gênero. Este é o primeiro ponto a destacar. O segundo ponto é o seguinte:

 tenho uma pergunta para as autoridades oficiais do Canadá. A nossa Embaixada irá repetir a minha pergunta. Na opinião do Canada, há pessoas, profissionais, personagens contra os quais é possível cometer atos terroristas? É algo novo. Poderá o Canadá desenvolver este assunto? Não estou a pedir uma explicação. A própria lógica é interessante. Francamente, é a primeira vez que ouço dizer que, do ponto de vista da comunidade ocidental "progressista", existem certas categorias de pessoas contra as quais um ato terrorista pode ser considerado como algo natural, normal. Ouvi muita coisa que indica a lógica da segregação das pessoas em "certas" e "erradas", "dignas" e "indignas", "criadoras" e "submissas". Falei repetidamente, citei Josep Borrell considerado diplomata principal da União Europeia que dividiu o mundo num "belo jardim" e numa "selva".  Mas esta é a primeira vez que ouvimos falar da segregação de pessoas pela razão de algumas serem vítimas de ataques terroristas e outras, não, porque, para elas, um atentado terrorista é uma coisa normal. Exigimos que o Canadá nos explique e demonstre a sua lógica. Porque isto é algo novo.

Conhecemos períodos históricos em que esta lógica não era apenas aceite como normal, mas era dominante em alguns países e chamava-se nazismo. Foi nas décadas de 1930 e 1940 que aqueles que juraram fidelidade ao nazismo e ao fascismo acreditavam que havia pessoas que mereciam e deviam ser aniquiladas por ser "diferentes", piores, não adaptadas geneticamente aos parâmetros da futura humanidade aprovados nesses países. Infelizmente, o Canadá tem muitos  descendentes diretos de nazis e fascistas. Mas, até agora, eu não sabia que esta já era a posição oficial de Otava. O Ocidente coletivo estava silencioso quando Daria Dugina foi assassinada. Já a reação dos responsáveis governamentais ucranianos não se fez esperar. Foi muito ilustrativa. Imediatamente após o ato terrorista ter sido noticiado, Volodimir Zelenski declarou que não estava a seguir os acontecimentos em Moscovo e São Petersburgo e que o regime de Kiev não tinha nada a ver com isso. Contudo, a mulher suspeita começou a depor sobre os seus contactos com os serviços secretos ucranianos, com representantes do regime de Kiev. E depois algo correu mal. Algo deu errado na encenação que tinha sido cuidadosamente planeada pelas pessoas com problemas mentais em Kiev. Como resultado, a retórica começou a mudar dramaticamente. Vimos uma petição publicada no website do Presidente ucraniano a pedir que uma rua da cidade recebesse o nome do homem suspeito de ataque terrorista. Se alguém lhes disser que foi um incidente técnico ou que nada de anormal aconteceu porque os cidadãos ucranianos têm o direito de publicar as suas obras no website do Presidente ucraniano, não acreditem nisso. Um grande número de iniciativas humanitárias publicadas no website que deveriam ter sido deferidas não foram deferidas e foram retiradas do webiste presidencial. De acordo com alguns meios de comunicação social, o gabinete do Presidente ucraniano agradeceu à Direção-Geral de Informações do Ministério da Defesa ucraniano o êxito da "operação". É necessário comentar isso? Penso que sim. Os nossos órgãos de investigação irão comentar isso. Fá-lo-ão com toda a certeza. Como estão a fazer agora, publicando as informações verificadas e confirmadas.

O silêncio do Ocidente, as declarações dos detratores mais radicais, a raiva do regime de Kiev já não têm nada a ver com Volodimir Zelenski como enfant terrible do Ocidente. Têm a ver com o "Ocidente coletivo" (quero dizer regimes que estão no poder no Ocidente) que se vem tornando o enfant terrible da comunidade internacional. Volodimir Zelenski é um simples implementador.

A 31 de março passado, o regime de Kiev organizou outro "espetáculo", desta feita, a "cimeira de Bucha". Que "cimeira" foi esta? Que nome é este? Lembram-se do espetáculo de Bucha? Encenações como esta haviam sido feitas antes, por exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial e a Grande Guerra Patriótica, pelos nazis alemães. Agora foram feitas na cidade de Bucha que deu o seu nome à referida "cimeira". Recorde-se, enquanto as tropas russas estiveram em Bucha, os seus habitantes circularam livremente pela cidade e utilizaram telefones móveis, a Internet, e contactaram livremente com os que estavam fora da cidade. Nenhuma reclamação sobre as ações dos militares russos foi registada durante este

período. No dia seguinte à retirada das tropas russas, a 31 de março de 2022, o Presidente da Câmara local,  Anatoli Fedoruk, confirmou publicamente que não havia militares russos na cidade e nada mencionou um só facto de civis locais terem sido baleados pelos militares russos. Ele falou livremente e teve a oportunidade dizer se algo semelhante tivesse acontecido. Chamámos muitas vezes atenção a este facto.

Os primeiros vídeos que mostravam os corpos de civis que foram alegadamente mortos pelos militares russos na cidade apareceram no Telegram ucraniano no dia 1 de abril. No dia 2 de abril, os corpos foram mostrados a jornalistas estrangeiros. Desde então, Bucha tornou-se um símbolo do cinismo da propaganda ucraniana, apoiada e talvez inspirada pelo "Ocidente coletivo". Esta produção foi encenada a fim de fazer fracassar as negociações russo-ucranianas e lançar um pacote de sanções antirrussas previamente preparado. Este espetáculo havia sido concebido para que o regime de Kiev  pudesse contar mitos sobre nós fazê-los passar por realidade.

Não menos cínicos foram a "cimeira" e a "declaração", por ela adotada, cheia de apelos antirussos desligados da realidade. Naturalmente, nenhuma palavra foi dita sobre os numerosos crimes cometidos pelos neonazis ucranianos e que foram documentados e que não chegaram a ser investigados passado um ano. Não foi feita uma lista de pessoas cujos corpos foram encontrados em Bucha. Todas as declarações de que as listas com os nomes das vítimas estão disponíveis nas redes sociais, em alguns sítios desconhecidos, ou em sítios controlados pelo regime de Kiev, não representam nenhum interesse. Quando dizemos que deveria ter havido uma investigação, que as listas deveriam ter sido fornecidas, dirigimos os nossos apelos ao Secretariado da ONU. Foi assim que o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, formulou o pedido durante as suas reuniões com o Secretário-Geral das Nações Unidas Guterres. No entanto, não recebemos nenhuma resposta ao nosso pedido. Não há informações sobre quando e como morreram pessoas, onde viviam e como acabaram na cidade e se a localização dos corpos foi ou não alterada. O que nos contam são apenas mitos. Ainda não é claro porque é que os jornalistas, e não peritos forenses, foram os primeiros a chegar ao local. A falta de respostas a estas perguntas confirma que estes acontecimentos foram uma ação de propaganda planeada pelo regime de Kiev. É óbvio que os organizadores da "cimeira" tiveram o objetivo de desviar a atenção da comunidade internacional dos seus próprios crimes e inconsistências no espetáculo apresentado no ano passado, bem como fazer com que a opinião pública dos países ocidentais creia que os civis de Bucha teriam sido mortos pelos militares russos. Aí surge uma pergunta: naqueles mesmos dias, houve um ataque terrorista numa cidade russa. Como o "Ocidente coletivo", que se declara preocupado com o destino das pessoas, não conseguiu ver o destino das pessoas atingidas pelo atentado terrorista? Ou lá vem de novo com as suas tentativas de segregar as pessoas em "certas" e "erradas", aqueles pelos quais é permitido chorar e aqueles sobre os quais não vale a pena saber? Ficou claro que os organizadores tinham tido o objetivo consolidar este "símbolo" e fazer com que seja automaticamente conhecido. É uma tecnologia psicológica, terrível, nojenta que está fora da lei e da moralidade. Mas o quanto disto já vimos e, infelizmente, ainda veremos. A flagrante violação dos direitos dos crentes na Igreja Ortodoxa Canónica na Ucrânia continua a ganhar ímpeto.

Não alcançado sucesso no campo de batalha, o regime de Vladimir Zelensky decidiu mostrar força na luta contra padres e paroquianos ortodoxos. Estou a dizer à comunidade ocidental, há lá mulheres e crianças. Sabemos o quanto os ocidentais gostam de acentuar o fator género. A fim de deixar tudo claro, estou a salientá-lo. No dia 1 de abril, o Tribunal de Kiev colocou o Metropolita Pavel de Chernobyl e Vyshegorodsky, superior do Mosteiro de Kiev-Pechersk, sob prisão domiciliária por 60 dias. O Serviço de Segurança da Ucrânia afirma ter alegadamente recolhido provas suficientes para acusar o sacerdote de incitar ao ódio religioso. Isto é absurdo, é uma loucura. Se isto tivesse sido dito fora do contexto atual, todos teriam pensado que isto foi uma partida do primeiro de Abril, terrível e idiota. É também acusado de justificar e negar a agressão armada da Rússia contra a Ucrânia. Ou seja, ele nega e justifica ao mesmo tempo. Mas o mais absurdo é que ele é acusado de incitar ao ódio religioso. Na verdade, ele estava no templo e no local que têm sido ortodoxos desde os primórdios dos tempos. Ele, estando na sua casa, na  casa de Deus, estava a professar aquilo a que este mosteiro se dedicava, para o que este mosteiro foi construído e restaurado após ter sido praticamente destruído. Ele não pediu mais nada, apenas que os crentes e religiosos fossem deixados onde estavam, que não fossem separados do lugar a que pertenciam. Simultaneamente com a prisão do superior do mosteiro,  o local foi invadido pelos ativistas neonazis para dificultar e zombar da celebração dos ritos religiosos. Isto se chama blasfémia. Isto é o  incitamento ao ódio (se usarmos a linguagem secular).

A 31 de março passado, numa entrevista a um canal de televisão ucraniano, Mikhail Podoliak, conselheiro do gabinete de Vladimir Zelensky, disse que a situação em torno da Igreja Ortodoxa Ucraniana é "uma excelente oportunidade para limpar fisicamente os padres pró-russos". Isto é terrível. Onde estão todos aqueles que no Ocidente não se cansaram de falar dos direitos humanos, que elaboraram relatórios anuais sobre a liberdade religiosa em todo o mundo, que criticaram os outros e usurparam o direito de perdoar ou punir. Onde estão todos eles? Não se trata de  centenas, mas de milhares de "profissionais" ocidentais que, entre outras coisas, elaboram normas internacionais, no seio da OSCE e de outras organizações, destinadas a proteger a humanidade, países, nações contra a xenofobia, inclusive por motivos religiosos. Onde estão todos eles? Nenhum deles prestou atenção a esta frase de Miklhail Podoliak, nenhum dos funcionários internacionais que são obrigados a fazê-lo. Vou repetir. O funcionário de Vladimir Zelensky disse: "Uma grande oportunidade para limpar fisicamente os padres pró-russos". A Ucrânia deveria seguir este caminho para que "só reste uma igreja canónica ucraniana no país". Quem decide isto? Ele? O representante de Vladimir Zelensky?

É Vladimir Zelensky que decide quantas igrejas devem existir no país?

Gostaria de chamar a atenção para o fato de que ninguém deve ficar calado: não os representantes dos países ortodoxos, onde o cristianismo é a religião mais popular. Ninguém deve permanecer em silêncio. Nem os países, nem as organizações sociais, nem os povos que professam o Islão, o Budismo, o Judaísmo. Também afectará aqueles que praticam estas religiões na Ucrânia. Eles não irão parar. Porque o prefixo "pró-russo" é irrelevante. Eles deixam apenas correntes, partidos, ideologia, filosofia, que servem o seu regime. Isto é tudo. Nada mais. Não deve haver outras oportunidades de opinião alternativa, dissidência, pluralismo. Talvez aqueles que permanecem em silêncio possam aguardar que esta situação acabe. Mas esta é uma opinião errada. Talvez eles não sintam nenhuma pressão neste momento. Mas é uma falsa sensação de segurança. Tudo isto prova que o regime de Kiev transformou a esfera religiosa num dos instrumentos da sua política nacionalista destinada a limpar o país dos dissidentes. O silêncio de Washington, dos seus satélites e da sua comunidade de peritos "controlada" em relação à perseguição criminosa da Igreja Ortodoxa Ucraniana pelo regime de Kiev é ilustrativa. Temos dito isso muitas vezes. Normalmente, os norte-americanos denunciam imediatamente qualquer violação de direitos e liberdades, especialmente se tiver a ver com a Rússia. Desta vez, contudo, o apoio oficial às ações das autoridades ucranianas contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana seria contrário aos objetivos declarados pela "Cimeira para a Democracia" que teve lugar em Washington, no final da semana passada sob os auspícios da Casa Branca. Isto não é apenas uma duplicidade de critérios políticos. É uma hipocrisia. É uma mentira.

Em fevereiro passado, o jornalista ucraniano D. Skvortsov, que estava a expor a perseguição do Estado à Igreja Ortodoxa Ucraniana, foi detido pelo serviço de segurança ucraniano quando estava num mosteiro ortodoxo e foi colocado num centro de prisão preventiva por 53 dias. A sua sentença expira em meados de abril. Onde estão os organismos especializados das Nações Unidas? Onde está a UNESCO? Onde está a OSCE? Onde estão todos os Repórteres Sem Fronteiras e entidades de direitos humanos? Ou ele também não é um jornalista? Ou não é um jornalista igual aos outros? Todos são silenciosos. Esta situação convém à comunidade internacional. Entretanto, os países ocidentais continuam a encher a Ucrânia de armas, a recrutar mercenários em todo o mundo, e a fazer tudo para tornar o conflito na Ucrânia o mais longo e sangrento possível. Ontem, o serviço de imprensa do Pentágono anunciou que um novo pacote de ajuda militar de 2,6 mil milhões de dólares tinha sido atribuído a Kiev. A Ucrânia receberá munições para sistemas de defesa antiaérea, assim como os sistemas Patriot e NASAMS, Grad e HIMARS e projéteis de artilharia de calibre NATO. Assim, desde o início da operação militar especial, o montante da ajuda militar dos EUA à Ucrânia excede os 35 mil milhões de dólares. Segundo o Secretário de Defesa dos EUA,  Lloyd Austin, nove países da NATO concordaram em fornecer a Kiev mais de 150 tanques Leopard para formar nove brigadas de cavalaria blindada. Segundo a agência noticiosa TASS, todos os países ocidentais prometeram à Ucrânia 293 tanques em 2023, dos quais 19 por cento (57 tanques) já foram entregues ao regime de Kiev. Vou citar os países que forneceram ou tencionam fornecer a Kiev tanques para combater a Rússia: EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, Espanha, Holanda, Dinamarca, Noruega, Polónia, Portugal, Finlândia e Suécia. Muitos deles já tentaram lutar contra o nosso país no passado. Por seu lado, a UE, como se soube após a reunião do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em Bruxelas, a 4 de abril, já atribuiu cerca de 13 mil milhões de euros para assistência militar à Ucrânia. Grande parte dela vem através, por mais cínico que pareça, do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz. Muitos países europeus estão a utilizar os combates na Ucrânia para se livrarem do seu equipamento obsoleto e o substituírem por modelos mais modernos. Pode surgir a pergunta: para que utilizar o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz para transferir dinheiro para o regime de Kiev? Para que a população da UE não comece a protestar. Foi-lhe dito que este dinheiro se destina a boas ações, às necessidades humanitárias, ajuda, medicina. Escondem aquilo a que exatamente se destina este dinheiro. É por isso que lhe chamam Mecanismo Europeu de Apoio à Paz. E o dinheiro destina-se à guerra. Ao mesmo tempo, estes países tentam obter boas compensações através do referido Mecanismo, fornecendo à Ucrânia o material de guerra retirado do serviço. Ladrões e vigaristas. Eles são responsáveis por tantas mortes humanas. Eles fazem passar o seu equipamento baixado do inventário como análogos norte-americanos modernos. Sublinho que esta não é a minha lógica. Estou a tentar analisar a sua forma de pensar. Posso de alguma forma compreendê-los,  eles fazem dinheiro deste modo. Mas dizem que o fazem para o bem da Ucrânia. Eles têm vindo a empurrar a Ucrânia para esta situação há muitos anos. É um pesadelo. Enquanto as empresas ocidentais ganham dinheiro com os fornecimentos de equipamento militar e a revenda de cereais ucranianos, a economia da Ucrânia continua a deteriorar-se, afundando-se cada vez mais em dívidas. A dívida nacional da Ucrânia já ascende a 98,1 mil milhões de dólares. De acordo com as previsões do governo ucraniano, em 2023, atingirá 106% do PIB (de acordo com a Fitch Solutions, o valor ascenderá a 135% do PIB). O défice orçamental em 2022 foi de 20% do PIB (38 mil milhões de dólares). De acordo com os peritos do Fundo Monetário Internacional e da UE, a necessidade de financiamento externo de Kiev já é de 3 a 5 mil milhões de dólares por mês, enquanto que a estimativa do Ministério das Finanças dos EUA é de 8,5 mil milhões de dólares por mês. Estas estatísticas mostram que a economia ucraniana só pode funcionar com o dinheiro dos seus patrões ocidentais, que estão praticamente a tomar a economia ucraniana sob o seu controlo. Por seu lado, o regime de Kiev tem um interesse declarado na continuação das hostilidades, pois se estas cessarem, não só não poderá receber ajuda estrangeira, como também terá de voltar a lidar com os milhares de milhões de dólares de empréstimos. Os militares russos continuam a lutar para atingir os objetivos da operação militar especial e acabar com todas as ameaças que emanam do território da Ucrânia. Não vou repetir o que os líderes russos dizem diariamente em relação às metas e objetivos da operação. São confirmados não só pelas nossas palavras, mas também pelos fatos que são revelados diariamente.

 

Sobre a presença militar dos EUA na Síria

 

Houve recentemente uma polêmica sobre a atuação dos EUA. Alguns disseram que não é por acaso que os EUA, um país tão "maravilhoso", tão "democrático", tão "aberto", tão "honesto", tão "justo", está a lutar contra nós. Tudo porque não somos como eles, porque nós somos "maus" e eles são sempre "bons". É por isso que eles têm o direito de convocar "cimeiras para a democracia", de distribuir "prémios" pelo nível de desenvolvimento da democracia, de seguir políticas, que vão desde a contenção até à agressão direta, contra países aos quais não entregaram os "prémios da democracia". Passarei agora à distribuição dos meus "prémios".

Em setembro de 2014, os EUA, atuando no quadro da sua "Coligação Internacional anti-EI", criada de forma precipitada, começaram a atacar alvos em território sírio em áreas então ocupadas pelo EI sem consultar o governo sírio nem conseguir a sua aprovação. Não é que não tenha recebido a sua aprovação, não a solicitaram sequer. Damasco foi meramente notificada do início da operação militar e ao mesmo tempo advertida contra as tentativas de utilizar os resultados desta ação para expandir a zona de controlo do governo. A Síria é um país soberano, o governo e o Presidente sírio,  Bashar al-Assad, foram eleitos, mas os norte-americanos não acharam necessário consultá-los. Mais do que isso, "abanaram o dedo" para não tentarem aproveitar-se da situação para "aliviar" os seus problemas, porque isso "não esta a ser feito por vocês".

Gradualmente, os norte-americanos, tendo estabelecido uma estreita cooperação com as unidades curdas que lutam contra o EI, passaram a realizar operações terrestres e implantaram para este fim uma série de bases para alojar as suas tropas no nordeste da Síria. Além disso, criaram uma grande base em al-Tanf, no sul do país, na junção das fronteiras da Síria, Iraque e Jordânia. Ao fazê-lo, cortaram uma importante via de transporte entre Damasco e Bagdade. Uma área com um raio de 55 quilómetros foi declarada por eles foi fechada para as autoridades militares e civis da Síria. Recorde-se, este é um território sírio. Todas as tentativas de entrar foram coibidas com salvas de foguetes e ataques aéreos.

Os sírios, cidadãos deste país, perguntaram: porque eles, que se encontravam no seu território nacional foram atacados com mísseis? Mas a "comunidade mundial" ficou em silêncio e fingiu não ouvir. Porque os meios de comunicação social ocidentais não escreveram nada sobre isso? Porque receberam a "ordem" de Washington? Em 2018, a presença militar ilegal dos EUA na Síria foi estimada em 2.000a 2.500 soldados. Mais uma vez: sem o consentimento da Síria. Agora a sua presença foi reduzida para cerca de mil homens. Mesmo assim, isso permite aos norte-americanos controlar até 20% do território da Síria, negando ao governo sírio o acesso às áreas que forneciam cerca de 70% das receitas de exportação do país antes da crise. Como chamariam a isso? "Ocupação"? Não. "Ocupação" é algo mais leve. É uma apropriação do que não pertence aos EUA.

Sob a sua vigilância está a ser pilhada sistemática a riqueza nacional da Síria, acima de tudo, petróleo, trigo e algodão. Eles mantem em cativeiro, sem julgamento, dezenas de milhares de membros do Estado Islâmico e pessoas suspeitas de terem relações com o EI, assim como os seus familiares. É fácil adivinhar que tipo de trabalho os serviços secretos norte-americanos estão a fazer com estas pessoas. Os meios de comunicação social têm repetidamente relatado o envio dos terroristas aliciados pelos norte-americanos para o Afeganistão e outros países, e a sua utilização para atos de sabotagem contra as autoridades sírias legítimas. Tem havido mesmo histórias sobre o seu envio para a Ucrânia como mercenários para lutar do lado do regime de Kiev. Em mais de oito anos de presença ilegal na Síria, os norte-americanos cometeram muitos atos que podem ser chamados "crimes de guerra". Com efeito, arrasaram a cidade de Raqqa, a capital da província homónima, com uma população de milhões de habitantes. Ninguém calculou o número de vítimas do bombardeamento norte-americano contra as cidades de Hajin e Baguz na margem oriental do Eufrates por eles "libertadas". Os militares norte-americanos bombardearam repetida e deliberadamente as posições das forças governamentais sírias e das forças aliadas, ceifando a vida dos que combatiam os terroristas. Tanto na Síria como na vizinha Turquia, oficiais e cidadãos comuns interrogam-se sobre o alcance e a quantidade de equipamento militar, armas e munições que os norte-americanos trouxeram para a Síria sem nenhum controlo. A maioria deles foi transferida para curdos e outros grupos armados, cujas atividades não são reguladas pela lei síria e são, pura e simplesmente, proibidas. Como e contra quem poderão ser usadas estas armas no futuro? Quem será o responsável por isso? Esta não é uma questão hipotética. Conhecemos muito bem a história do armamento americano que foi fornecido aos "combatentes da democracia", "rebeldes", "libertadores", podemos citar muitos "epítetos", que na realidade, foram bandidos e terroristas e utilizaram estas armas não só em territórios distantes do "belo jardim" do "Ocidente coletivo", mas também dentro dele. É claro para nós que a presença prolongada de militares norte-americanos na Síria sem o consentimento do governo legítimo daquele país e sem a sanção do Conselho de Segurança das Nações Unidas é uma ocupação ilegal. Este termo é ainda mais justo na situação em que, sob o guarda-chuva militar americano, numa parte do território de um Estado soberano estão a ser implantadas regras contrárias à lei síria. Dados os recursos limitados enfrentados pelo Governo da Síria em resultado das sanções ilegítimas impostas pelos EUA e do bloqueio financeiro e económico, a situação provoca objetivamente tendências separatistas no nordeste da Síria, sobretudo entre parte da população curda. Outro barril de pólvora está a ser colocado na já explosiva região do Médio Oriente. O acima exposto sugere a principal conclusão – por melhores que sejam as intenções invocadas por Washington para explicar a sua intervenção enérgica no Médio Oriente e noutras regiões do mundo, o resultado das suas ações é sempre destrutivo. Tais experiências custam caro aos países que tiveram a infelicidade de as sofrer na sua pele. Muitos deles tiveram ilusões ou não foram capazes de fazer frente aos EUA. Quanto mais cedo isto for feito parar, melhor será. Os interesses da segurança global, paz, estabilidade e desenvolvimento exigem-no.

 

Sobre a posição dos EUA relativamente à regulamentação do espaço de informação no contexto da “cimeira para a democracia”

 

Prestámos atenção a uma série de declarações feitas pela direção dos EUA sobre a utilização das tecnologias da informação e comunicação durante a "cimeira para a democracia". Trata-se da sua decisão de defender os direitos humanos e opor-se às "autocracias" no ambiente digital, negando-lhes o acesso a spyware e combatendo a censura. Isto é "absurdo e vergonha". Em primeiro lugar, se quiserem combater as "autocracias", poderiam prestar atenção aos seus próprios monopólios, os gigantes das TI que monopolizaram esta esfera (num contexto internacional), não "deixando" agir as legislações nacionais (não falando de empresas de outros países). “Encomendam a música” e interpretam-na.

A ironia é que Washington, que defende em palavras a liberdade na internet, traça na rede linhas divisórias. Pela lógica da administração Biden, as democracias pró-norte-americanas têm o direito de usufruir de todos os benefícios das modernas TIC, e os países que seguem o seu próprio caminho, independente, e têm políticas soberanas e independentes (externas e internas) são automaticamente rotulados de "autocracias", devendo, portanto, os seus direitos ser limitados.

No que diz respeito ao spyware, há uma hipocrisia flagrante por parte das autoridades dos EUA. É este país que é conhecido pela sua prática de vigilância global em violação da soberania dos Estados e dos direitos humanos e liberdades fundamentais. Os norte-americanos estão envolvidos nisto no cenário interno e no cenário externo. Não é segredo que os seus serviços secretos utilizam spyware como a Pegasus e a Graphite praticamente sem controlo para obter acesso ilegal a dispositivos móveis e infiltrar-se nos sistemas de informação em todo o mundo. Aparentemente, ao reivindicar a necessidade de regular tais ferramentas, Washington está a tentar reservar-se o direito de as utilizar. Ao mesmo tempo, a admissibilidade das ações de espionagem electrónica, se levada a cabo por "democracias", não é questionada. Sabemos que elas "podem fazer tudo" porque são "excepcionais". A propósito, a julgar pelo número extremamente limitado de signatários da declaração conjunta sobre spyware (11 dos 74 países participantes na cimeira), mesmo muitos dos aliados norte-americanos mais próximos não concordam com esta sua posição. Em termos de luta contra a censura da Internet, a atual  administração norte-americana deve começar por si própria. O mundo não conhecia tal censura do espaço da Internet antes de Joe Biden. Por exemplo, obrigar empresas como a Meta (reconhecida como extremista na Federação da Rússia) ou a Google a parar de bloquear contas de utilizadores nos recursos de informação sob o seu controlo. Abandonar a prática de esconder da audiência páginas da Internet que são ideologicamente inconvenientes aos EUA. Deixar de impor conteúdos politicamente tendenciosos e de encorajar declarações extremistas.

Parece que os EUA estão a tentar "acabar com” a liberdade de expressão e a promover uma filosofia misantrópica. Todo o tipo de declarações xenófobas que ouvimos sobre o nosso país não são moderadas de forma alguma. Para eles, isto é "conteúdo normal". Incluindo apelos diretos de matar. Lembre-se onde tudo começou: o reconhecimento de uma série de plataformas norte-americanas como extremistas quando declararam que os apelos para matar cidadãos russos "podem ser explicados". Por conseguinte, não irão moderar este conteúdo. E depois disso ouvimos da administração Biden que, de fato, as suas "belas" democracias podem gozar de direitos e sentir-se livres no espaço da Internet. E aqueles que não estiverem na sua lista "A" serão moderados e privados dos seus direitos. Por outras palavras, o que a Casa Branca realmente precisa de fazer é não restringir o acesso dos cidadãos à informação em violação das normas do direito internacional universalmente aceites e, a propósito, da Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos da América.

De um modo geral, as odiosas declarações dos funcionários norte-americanos na "cimeira para a democracia" mostram que Washington deseja manter o seu domínio tecnológico que lhe está a escapar por entre os dedos. Incapazes de o manter através da concorrência leal no mercado, as autoridades norte-americanas estão a tentar, usando slogans políticos, vender os seus interesses egoístas. Isto não está a dar certo, como mostram os resultados mais do que modestos da "reunião" de Washington.

 

Sobre os danos causados ao património cultural e histórico do Iraque pela invasão ocidental de 2003

 

Como prometido, continuamos a acrescentar materiais à nossa secção "livros brancos" sobre os crimes dos anglo-saxões e dos seus satélites em diversas regiões do mundo. Hoje estamos a falar da perda do património histórico material do Iraque durante a agressão da coligação liderada pelos EUA em 2003. Após a captura de Bagdade pelas tropas norte-americanas a 9 de abril de 2003, a cidade foi submetida a um saque e pilhagem. As principais atrações da capital foram danificadas. As filmagens correram o mundo. Os mais afectados foram as coleções da Junta Estatal de Antiguidades e Património, do Museu Nacional do Iraque, da Biblioteca Nacional do Iraque, do Museu de Presentes de Saddam Hussein, e outros locais importantes. Numerosos casos e tentativas de contrabando de antiguidades por parte dos militares norte-americanos foram documentados. Grandes quantidades de artefactos foram levados para o estrangeiro durante todo o período de ocupação. A pilhagem foi praticada por soldados e oficiais da coligação internacional dos EUA durante o cumprimento das suas missões. Os artefactos foram levados do país a pedido de entidades especializadas e como colecionadores particulares dos EUA. Um exemplo da atitude bárbara dos anglo-saxões para com os tesouros culturais estrangeiros. A Babilónia, uma das mais importantes cidades antigas do Iraque em termos de património arqueológico, sofreu os maiores danos diretos devido à presença de forças ocidentais. Os danos foram todos documentados. Durante a ocupação, foi criado no seu território (sei que é difícil imaginá-lo, mas vou tentar chamar a sua atenção) um grande heliporto para facilitar o roubo e exportação de bens culturais para o "belo jardim". Devido a isto, vários monumentos foram simplesmente demolidos e alguns depois removidos. Para proteger a base aérea de possíveis bombardeamentos, os militares norte-americanos utilizaram um grande número de contentores que encheram com solo arqueológico, comprometendo a integridade dos monumentos. Arqueólogos, trabalhadores de museus e especialistas em proteção do património cultural de vários países envidaram muitos esforços para tentar atrair a atenção dos comandantes militares e da opinião pública em geral para o problema. No entanto, o heliporto só foi removido depois da partida das tropas norte-americanas. Segundo D. Russell, que serviu de 2003 a 2004 como conselheiro cultural da Autoridade Provisória da Coligação (administração da ocupação) no Iraque, "dezenas de milhares de antiguidades iraquianas foram vendidas abertamente no mercado dos EUA e não se conhece um único caso em a polícia tenha mostrado interesse por esta questão”. A pilhagem de sítios arqueológicos e o saque de museus e bibliotecas pela população local é um grave crime que destrói irrevogavelmente a memória histórica. A culpa por isto é inteiramente das autoridades de ocupação. A intervenção militar norte-americana em 2003 faz parte de uma série de causas que levou às atrocidades subsequentes do EI no Iraque após 2014. Até à data, investigadores locais e estrangeiros não conseguem avaliar os danos causados por terroristas ao património cultural e histórico do país.

 

Dia da Cosmonáutica

 

Uma data que demonstrou na época posterior à guerra que, apesar das divisões e horrores que a humanidade sofreu, podemos estar unidos, capazes de nos regozijarmos juntos, de empatizarmos apesar das rivalidades. O dia 12 de abril é o Dia da Cosmonáutica. Celebramos com orgulho que o primeiro voo espacial tripulado foi feito pelo nosso compatriota,  Yuri Gagarin, que deu início à era do "espaço" na história da humanidade. Outra data importante que será celebrada este ano é o 60º aniversário do voo espacial de Valentina Tereshkova, a primeira mulher cosmonauta. Sendo pioneira no espaço, o nosso país tem defendido consistentemente a exploração do espaço para fins pacíficos em pé de igualdade sem qualquer discriminação. Estamos abertos a uma cooperação construtiva com todos os países que participam nas atividades espaciais. Um bom exemplo disto é a parceria multilateral na Estação Espacial Internacional, que após 25 anos de existência, continua a ser o maior e o mais bem sucedido projeto espacial. A Rússia continua a desempenhar um papel fundamental no programa da EEI.

Continuamos a defender o reforço do papel do Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior como fórum internacional único para solucionar uma vasta gama de questões relacionadas com atividades espaciais. A Rússia está empenhada em preservar o espaço como ambiente pacífico e comum global, observando rigorosamente as normas e princípios do direito espacial internacional. Saudamos quaisquer iniciativas e projetos que visem a exploração e utilização do espaço no interesse de toda a humanidade e não de alguns países.

 

Resumo da sessão de perguntas e respostas:

Pergunta: O julgamento do ex-presidente do Kosovo, Hashim Thaci, acusado de crimes de guerra e crimes de lesa-humanidade cometidos durante a guerra de independência contra as forças armadas sérvias, teve início, segunda-feira, no Tribunal Especial para o Kosovo (KSC) em Haia. A senhora acha que o processo será justo e imparcial?

Maria Zakharova: Como já ouviu, muito se tem dito sobre uma tal "guerra pela independência" quando se fala do conflito do Kosovo. É uma glorificação deliberada e injustificada com vista a dar um encanto nobre ao que, na realidade, foi um terror organizado pela clandestinidade albanesa do Kosovo que durou anos. A verdadeira essência desta clandestinidade está agora a ser exposta pelo Tribunal Especializado em Haia.

Gostaria de dizer que compreendemos muito bem que tipo de jogo de informação é este. Tudo é mais prosaico e mais terrível. Estamos a ver os primeiros resultados do trabalho deste organismo e a sua intenção declarada de fazer com que o julgamento seja objetivo. Em dezembro de 2022, um dos comandantes do Exército de Libertação do Kosovo,  S.Mustafa, foi condenado a 26 anos de prisão. Quanto a Hashim Thaci e companhia, a acusação afirmou ter recolhido provas substanciais de que tinham formado uma "empresa criminosa mista" com o objetivo de perseguir aqueles que considerava "traidores" e "colaboradores". Trata-se da responsabilidade pessoal dos líderes do "Exército de Libertação do Kosovo" por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos no período entre 1998 e 1999, entre os quais raptos, tortura e assassinatos. A apresentação das provas está agendada para 11 de abril.

O julgamento em curso em Haia (sejamos diretos) é a última esperança de justiça para os familiares das vítimas dos carrascos albaneses do Kosovo e para os sobreviventes. Confiamos que o Tribunal Especial atuará de forma profissional e imparcial, com a devida atenção às questões da proteção de testemunhas.

Pergunta: Poderia comentar o novo conceito de zona de segurança em torno da central nuclear de Zaporojie, expresso pelo Diretor-Geral da AIEA? Moscovo está familiarizada com as suas disposições? O lado russo concorda com a redução da zona de segurança em torno da central como parte deste conceito?

Maria Zakharova: Estamos num diálogo permanente com o Diretor-Geral da AIEA, Rafael Grossi. Este diálogo diz respeito a todos os aspectos do funcionamento da central nuclear de Zaporojie.

Desde o início, a Rússia contribuiu para a implementação da iniciativa de Rafael Grossi de criar uma zona de segurança nuclear e física na central. Como é do seu conhecimento, o diálogo não é fácil. Dissemos isso várias vezes. Mas o seu principal objetivo é claro para nós - fazer os possíveis para evitar os bombardeamentos ucranianos da central de Zaporojie e evitar qualquer acidente, tanto mais um acidente de origem tecnológica. com consequências imprevisíveis. O principal obstáculo ao estabelecimento da zona continua a ser a posição do regime de Kiev, que não está preparado para apoiar os esforços do Diretor-Geral da AIEA e assumir o compromisso de não atacar a central.

Quanto aos parâmetros possíveis da zona, ou seja, o âmbito da zona, ainda estamos a trabalhar nesta questão. Para ser honesta, penso que é prematuro abordar o assunto publicamente e divulgar pormenores. Deixemos isto para os negociadores, para os peritos que trabalham nesta área. Só posso assegurá-lo que as consultas com a Agência continuam.

Pergunta: O Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou que a Finlândia aderiu à aliança. Que medidas irá Moscovo tomar em resposta? Serão tomadas quaisquer medidas de segurança e como a Rússia avalia as últimas notícias sobre esta questão?

Maria Zakharova: Gostaria de salientar que ontem (dia 4 de abril) foi publicada no website oficial do nosso Ministério uma declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo relacionada com a conclusão do processo de adesão da Finlândia à NATO. Quanto a medidas concretas, a declaração refere que "medidas concretas para a defesa das fronteiras noroeste da Rússia dependerão das condições concretas de integração deste país na Aliança do Atlântico Norte e da instalação de infraestruturas militares da NATO e de sistemas de armas de ataque no seu território". Este comentário é ainda hoje relevante. Se houver algo de novo do outro lado, faremos definitivamente um comentário. Sabe que normalmente reagimos rápido.

Pergunta: O Presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, disse que, para além das armas nucleares tácticas, Minsk pode também pedir a Moscovo armas nucleares estratégicas. Qual é a posição da Rússia sobre esta questão?

Maria Zakharova: Os parâmetros do desenvolvimento da cooperação Rússia-Bielorrússia na esfera nuclear militar foram recentemente expostos em pormenor pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin. Partimos do fato de que a Rússia e a Bielorrússia estão a construir um espaço de defesa comum no quadro do Estado-União. Temos o direito de resolver quaisquer questões relacionadas com a segurança nacional que surjam devido ao agravamento das ameaças externas de modo a observar da melhor maneira os nossos interesses. A redação atualizada da Doutrina Militar da nossa associação de integração com Minsk está em vigor desde novembro de 2021, ao abrigo da qual a nossa cooperação militar e técnico-militar está a ser constantemente alargada.

Possíveis medidas adicionais dependerão da evolução da situação estratégico-militar, que nesta fase, infelizmente, continua a deteriorar-se devido principalmente às políticas e ações dos EUA e dos seus aliados da NATO. Salientamos mais uma vez: a nossa cooperação militar com a Bielorrússia, incluindo na esfera nuclear, está de acordo com todas as atuais obrigações internacionais legais da Rússia.

Pergunta: O ataque terrorista num café no centro de São Petersburgo, que resultou na morte de um correspondente de guerra russo, não foi comentado nos países ocidentais. No ano passado, os países ocidentais também se mantiveram em silêncio sobre o assassinato de Daria Dugina. Poderia comentar a reação dos países ocidentais?

Maria Zakharova: Hoje, já disse muita coisa sobre este assunto. Falámos disso também no dia deste ataque terrorista que ceifou a vida do nosso correspondente de guerra. Este silêncio parece cumplicidade. Vou explicar porquê: é um sinal para todos aqueles que se envolvem em atividades extremistas e terroristas semelhante. Este sinal diz: uma vez que ninguém no Ocidente os condena, eles fazem coisas certas. Isto encoraja a continuar a cometer tais façanhas. Isto não é apenas aprovação, isso parece uma cumplicidade.

Pergunta: A Finlândia aderiu à NATO ontem (dia 4 de abril). O Secretário-Geral da Aliança disse que o apoio militar e económico à Ucrânia deve ser mantido e reforçado. Entretanto, o Ministro da Defesa alemão, Boris Pistolius, afirma que, para além dos projetos de apoio militar que foram prometidos, Berlim deixará de transferir armas do seu arsenal para Kiev. Como avaliaria as divergências crescentes na Aliança?

Maria Zakharova: No que diz respeito à Finlândia. Repito, todas as avaliações foram dadas na Declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em relação à conclusão do processo de adesão da Finlândia à NATO. Não tenho nada a acrescentar.

Quanto aos desacordos no seio da NATO. Não se trata de divergências na Aliança, mas de contradições sistémicas. A própria vida e os resultados das suas atividades mostram aos países membros da NATO e da UE (agora consideramo-las como um único conglomerado, uma estrutura que ainda não foi institucionalizada, mas já unida por uma filosofia e "programas" comuns para o futuro) que o que eles estão a fazer é contraproducente e perigoso. Em cada país, os seus "processos" estão a ganhar ímpeto. Os seus líderes interrogam-se sobre o que fazer a seguir, se devem repetir o que fizeram e seguir este caminho ou começar a reavaliar de alguma outra forma a sua contribuição para a destruição da estabilidade e segurança globais e a segurança alimentar. Não se trata apenas de retórica ideológica. É mais os resultados que estão agora a enfrentar devido aos seus próprios passos e ações.

Pergunta: Após a detenção de Eduard Gershkovich, mais de 35 jornalistas dos meios de comunicação social mundiais enviaram uma carta em defesa do jornalista ao embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoli  Antonov, através do Comité para a Proteção dos Jornalistas. Irá o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo responder a esta mensagem?

Maria Zakharova: Porque devemos reagir à carta se vemos que os seus autores são hipócritas? Se as pessoas estivessem realmente preocupadas em apoiar o jornalismo livre e independente e a própria profissão, provavelmente prestariam atenção ao fato de um jornalista ter  recentemente morrido. Podem chamar-lhe como quiserem: um correspondente de guerra, uma pessoa que cobre a situação na região, mas ele era jornalista. Todos o conheciam como tal. Não vi qualquer reação coletiva ou individual por parte daqueles que assinaram a carta. Portanto, francamente, para mim, esta mensagem perdeu qualquer significado.

Antes de 2 de abril, ainda prestei atenção ao que estas pessoas diziam, fingindo estarem preocupados com a liberdade de expressão e o jornalismo. Agora isso não mê interessa de modo algum. Quem não consegue ver o óbvio e recusa-se a ver a tragédia e a solidarizar-se, não pode falar de coisas elevadas. Quando ocorreram ataques terroristas em Paris e noutros países da NATO e da UE, houve manifestações de solidariedade: as pessoas mudaram os seus avatares nas redes sociais, publicaram fotografias de velas acesas, pintaram prédios centrais nas suas cidades com as cores da bandeira do país cujos cidadãos foram mortos. Também participámos. Fizemo-lo sinceramente, não por "ordem" de alguém que recebeu a orientação da NATO. Sentimos assim. Manifestámos as nossas condolências, comentámos a situação e condenámos os atos terroristas contra jornalistas. Por exemplo, depois do que aconteceu na sede do Charlie Hebdo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, participou na Marcha da Solidariedade. E o que vemos da "comunidade jornalística" que mencionou (não me refiro a toda a comunidade, apenas a uma parte da mesma)? Nenhuma reação e a falta de vontade de discutir ou mesmo de reparar nisso. Isto sugere que existe uma segregação de pessoas em “pessoas boas, certas e necessárias” e em pessoas "mais ou menos" e não importa o que elas façam. Elas não merecem nenhuma atenção. Se formos tratados desta forma, então as suas exigências, pedidos e observações também não merecem a nossa atenção. Isso não significa que eu não tenha empatia, não simpatize, e que se, Deus nos livre, tragédias semelhantes acontecerem de novo, não mostremos simpatia. Mostraremos a nossa simpatia como sempre mostrámos. Isto significa que também podemos não responder a tais apelos. Responderemos sempre a perguntas, porque esta é a nossa profissão. Mas quando algo a mais se exige de nós, temos de ver até que ponto eles dão a mesma reação, até que ponto são sinceros na sua convicção da necessidade de defender a liberdade de expressão e o jornalismo.

Pergunta: Após o último briefing, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo disse que seria garantido a Gershkovich o apoio consular.

Maria Zakharova: O apoio consular deve ser garantido pelo país do qual uma pessoa é nacional. Podemos garantir o acesso consular. Estas são coisas diferentes.

Pergunta: Um diplomata norte-americano já visitou Eduard Gershkovich? (De acordo com as últimas informações, ainda não.) Existe algum entendimento sobre quando é que isto poderá acontecer?

Maria Zakharova: A questão do acesso consular está a ser estudada e solucionada de acordo com a prática consular vigente e a  lei russa.

O senhor ou os seus colegas irão provavelmente escrever sobre o assunto. Conforte os fatos para ver como as autoridades norte-americanas se comportaram em casos semelhantes em relação aos cidadãos russos e outros nacionais. Comportaram-se de formas diferentes.

Repito: esta questão está a ser estudada e será resolvida de acordo com as práticas consulares existentes e a nossa legislação.

Pergunta: O Conceito de Política Externa Russa refere a segurança da informação internacional e o reforço da soberania russa no espaço da informação global. Como é que estas duas questões (segurança, soberania) se aplicam ao seu trabalho e ao trabalho do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em geral?

Maria Zakharova: Garantir a segurança da informação internacional e reforçar a soberania no espaço da informação global são as orientações estratégicas básicas da Federação da Rússia. Partimos do fato de que cada Estado goza da soberania no seu espaço de informação e na Internet, que é regulada pela legislação nacional. Contudo, mesmo este direito natural necessita de ser defendido no cenário internacional e no campo político-diplomático, no plano jurídico e na prática. Os Estados Unidos e os seus aliados da NATO adotaram a prática de violar a soberania de outros países e de interferir nos seus assuntos internos - utilizando cada vez mais as tecnologias da informação e comunicação. Além disso, isto está a ser feito principalmente por intermédio das empresas multinacionais. Empresas ocidentais de TI como a Meta extremista, assim como a Google e a Microsoft, cujos produtos e serviços são utilizados em todo o mundo, seguem persistentemente a agenda ideológica de Washington, ignorando as exigências de outros países. Não é claro, elas operam ao abrigo da lei norte-americana? Estou a tentar compreender até que ponto cumprem as suas próprias leis, bloqueando as informações, rotulando os perfis, etc.? Creio que ainda ninguém lá tentou realmente analisar este assunto.

Podemos ver quão intensa é esta luta, incluindo o fator económico de pressão, a instrumentalidade política. É difícil determinar quem está de que lado, quem quer o quê. No ardor da luta política, todos se esqueceram da lei, da legislação. A  luta está a ser travada sem se ter em conta as obrigações para com a legislação nacional dos EUA.

O reforço da soberania digital está inextricavelmente ligado à tarefa de garantir a segurança dos recursos nacionais de informação, incluindo, acima de tudo, as infraestruturas críticas de informação. Esta é uma questão urgente, dada a dimensão sem precedentes de ataques informáticos realizados a partir do território da Ucrânia com o apoio logístico dos seus patrões ocidentais.

Em contatos com parceiros estrangeiros e em fóruns multilaterais, a Rússia tem defendido consistentemente a formação de um sistema mais justo de segurança da informação internacional. Este deveria basear-se num tratado universal que regulasse as atividades dos Estados na utilização das tecnologias da informação e comunicação, garantindo a sua igualdade e respeitando a soberania de cada país. As respectivas propostas estão estipuladas no conceito de uma convenção sobre a garantia da segurança da informação internacional apresentada pela Rússia à ONU. Gostaria de  assegurar (este não é tanto um tópico para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas também para os nossos outros ministérios): temos algo com que nos proteger na prática.

Pergunta: Em março passado, o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que o Conselho Europeu deveria tomar uma decisão sobre a questão das negociações de adesão da Ucrânia e da Moldávia até ao final de 2023. Ao mesmo tempo, numa recente conferência de imprensa em Bruxelas, na véspera da reunião ministerial da NATO, o Secretário-Geral da Aliança, Jens Stoltenberg, disse que a questão da adesão da Ucrânia não importaria, a menos que este país vencesse o conflito militar. Salientou, em particular, que os conselheiros estavam longe de atingir este objetivo: 65 mil milhões de euros em ajuda militar. De acordo com o Financial Times, uma carta de adesão e o próprio pedido já se encontram em cima da mesa. Mas a Aliança está a ignorá-la. Como é que o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo avalia a possibilidade de adesão da Ucrânia nas referidas condições?

Maria Zakharova: Estas perguntas não são para nós. Devem ser dirigidas a todas estas estruturas. Acredita mesmo que alguém na UE está interessado em que a Ucrânia esteja lá? Alguém pensa realmente nos interesses dos cidadãos daquele país ou no respeito pelos seus direitos e obrigações para com as pessoas que foram seduzidas durante tantos anos? Não, claro que não. A única coisa em que eles estão a pensar é que o regime de Kiev cumpra completamente a missão que lhe foi confiada e que se resume a fazer frente à Rússia, agredir o nosso país. Viu a lista de exigências: o regime de Kiev deve fazer com que nós "desapareçamos”,  "sejamos cancelados", "sejamos destruídos". Isto é o que se espera do regime de Kiev. Nada mais. Daí a censura total dentro da Ucrânia. Agora até os jornalistas ocidentais estão "a reclamar". Aprenderam agora que, se vierem à Ucrânia com a intenção de fazer uma reportagem, serão acompanhados por um agente do Serviço de Segurança da Ucrânia que selecionará para ele materiais “certos”. Isso é para que a voz da razão (não falar agora de consciência) e da autopreservação não seja ouvida. Apenas a voz de Volodimir Zelenski deve ser ouvida. Compreende? Este homem,  viciado, inadequado e doente tem de implementar o plano concebido. No entanto, quando este plano estava a ser elaborado, não consultaram ninguém: nem a população ucranianas, nem os políticos ucranianos. E eles não existem lá. Só há aqueles que foram colocados por Washington, Londres e Ottawa e recrutados dos países bálticos e pós-soviéticos conforme a lista aprovada pela Casa Branca. Foram feitas promessas aos ucranianos de que "agora" ou "em breve" a Ucrânia será membro igual da UE e que todos os benefícios fluirão daqui. Deram-lhes mesmo a oportunidade de visitar a Europa sem visto, embora a população europeia tenha ficado horrorizada com esta perspetiva. Compreendemos que isto foi feito para "seduzi-los". Assim que o plano global de transformação do  conflito num confronto em larga escala foi posto em prática, toda a história sobre a adesão e participação da Ucrânia passou imediatamente para uma categoria completamente diferente. A ajuda prestada não se destina à reconstrução, nem à restauração da economia, nem para fins e objetivos cívicos. Só serve para que o derramamento de sangue e o confronto durem  o quanto o Ocidente precisar, para que o nosso país deixe de existir. Este é o seu sonho de longa data. Procedamos a partir das avaliações reais do que está a acontecer. Se quiser comparar o que eles costumavam dizer antes e o que estão a dizer agora, peça-lhes que comentem as suas próprias declarações. Os ocidentais recusam-se agora a fornecer armas já prometidas. Dizem que é "demasiadamente caro" e que "não podem pagar por isso", e que a reconstrução ou quaisquer planos de reconstrução não são da responsabilidade apenas da União Europeia ou apenas dos países ocidentais, dizem que precisam de juntar dinheiro de todo o mundo.

A atual direção da União Europeia continua a tentar explorar geopoliticamente o espaço pós-soviético e procura, a todo o custo (mesmo à custa da estabilidade da UE), "atrair" o maior número possível de países para a sua esfera de influência. Isto não significa, de forma alguma, que desejem torná-los prósperos. Estes são dois aspectos diferentes.

A propaganda da UE está a trabalhar ativamente para criar determinações antirrussos nos Estados membros da UE. Tanto mais que os povos dos países europeus não têm praticamente nenhum acesso a pontos de vista alternativos e meios de comunicação independentes. Quanto aos países que "se esforçam" por aderir à UE, gostaríamos que vissem o que são agora os atuais líderes da UE. O projeto, outrora bem sucedido, genuinamente próspero e não militar, de integração, transformou-se numa associação político-militar subordinada aos objetivos antirrussos dos EUA  e da NATO. A UE segue uma política conflituosa e essencialmente neocolonial à escala global, ignorando um dos princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas relacionado com a soberana dos Estados. A UE utiliza o seu peso económico (ou melhor, os seus restos) como arma numa guerra híbrida para manter a hegemonia ocidental. Evidentemente, a aproximação de uma estrutura político-militar tão agressiva às fronteiras da Rússia não traz nada de bom para a segurança europeia e global, provocando apenas a tensão adicional no continente e no mundo em geral.

Também não é claro como o processo de aproximação da Moldávia à União Europeia se relaciona com os "critérios de Copenhaga" de 1993 para a adesão à UE, que dão prioridade à observância dos princípios democráticos pelos países candidatos. Onde estão estes princípios democráticos? A Moldávia é governada por uma pessoa com o passaporte romeno que "transformou” a língua moldava em romeno e faz tudo o que é contrário aos interesses nacionais deste país. Onde está a democracia aqui? Ao mesmo tempo, os meios de comunicação social estão a ser encerrados e as opiniões alternativas estão a ser bloqueadas. O documento de 1993 refere o respeito pelos direitos e liberdades, reforço da  economia e a esfera social. Alguém observa estas disposições? Pode ser a Moldávia ou a Ucrânia? Quem, onde e até que ponto está a observar estas disposições? Provavelmente, quando designam um agente secreto para acompanhar um correspondente estrangeiro no território da Ucrânia. Esta é a aproximação ao cumprimento destes critérios? Chisinau segue uma  política oposta, limpando o espaço político interno do país de qualquer dissidência, os políticos oposicionistas e os meios de comunicação social são perseguidos. A situação socioeconómica está a desmoronar-se.

Veja como a Moldávia está a avançar rumo à adesão à UE. Não está a avançar no sentido do reforço da economia, do reforço da democracia e do desenvolvimento da esfera social. Está a avançar para a centralização do poder, para a censura, o controlo total sobre todo o espaço social e político, aplicando os mais diversos métodos de intimidação e pressão sobre a oposição, em  violação dos critérios anunciados. No caso da Ucrânia, a situação é ainda pior. Mas a Moldávia está a seguir o "caminho" de Vladimir  Zelensky. Acho que precisam de o fazer.


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