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Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 30 de março de 2023

595-30-03-2023

Ponto da situação na crise ucraniana

 

Ontem, dia 29 de março, fez um ano que a terceira ronda de conversações russo-ucranianas teve lugar em Istambul. Na reunião, as partes chegaram ao entendimento quanto aos parâmetros de eventuais acordos. Recorde-se que o regime de Kiev solicitou negociações quase imediatamente após o início da operação militar especial e que a parte russa atendeu ao seu pedido. Quando surgiu a perspetiva de alcançar acordos mutuamente aceitáveis, o regime de Kiev interrompeu o processo de negociação, deixando sem resposta as nossas propostas de acordo e solução da situação na Ucrânia apresentadas a 15 de abril de 2022. Obviamente, a perspetiva de uma solução pacífica da crise assustou os ocidentais, e estes proibiram Vladimir Zelensky de continuar as negociações. Depois disso, a retórica do regime de Kiev e dos seus patrões ocidentais endureceu. Eles ficaram obcecados em "derrotar a Rússia no campo de batalha", rejeitando categoricamente a própria hipótese de diálogo com Moscovo. Cinco meses e meio mais tarde, esta posição foi legalmente fixada pelo regime ucraniano: a 30 de setembro de 2022, Vladimir Zelensky assinou um decreto para proibir quaisquer negociações com as autoridades russas. Imediatamente após a referida reunião em Istambul, a fim de criar condições favoráveis a um acordo de de paz, a Rússia tomou medidas "no terreno". Em resposta, as autoridades ucranianas organizaram uma provocação grosseira e cínica na cidade de Bucha. Não é por acaso que me refiro a esta questão. O facto é que o tema de Bucha não sai da pauta da imprensa ocidental quando a situação em torno da Ucrânia é abordada. O tema de Bucha é sempre invocado por políticos, personalidades públicas, jornalistas, analistas políticos para provar a natureza alegadamente ilegal das ações do nosso país. O tema de Bucha vem sempre à tona. Recordemos-lhes e continuaremos a recordar o que realmente aconteceu ali. Quando os militares russos estavam na cidade, a população local circulava livremente pelas ruas e utilizava telemóveis, o que aqueles que realmente fazem jornalismo de investigação podem facilmente verificar. Salientámos repetidamente: dado que a rede de telefonia móvel não estava cortada e as suas capacidades tecnológicas não estavam comprometidas, os habitantes locais tinham a possibilidade de enviar mensagens ou telefonar aos seus familiares ou aos meios de comunicação social para fazer uma reclamação, enviar fotografias e vídeos. Se algo semelhante ao mostrado nas fotos e vídeos postados na internet e divulgados pelas cadeias de televisão internacionais após as tropas ucranianas terem entrado na cidade tivesse realmente acontecido ali, teria havido, certamente, algumas mensagens de telemóvel sobre isso. Nenhuma mensagem do gênero foi detetada. Portanto, não havia nada para enviar. Não há provas daquilo que o Ocidente está a tentar apresentar como verídico. Eles próprios já começaram a crer que isso teve realmente lugar. Eles estão realmente a tratar este episódio como facto real que, na realidade, nunca ocorreu. O que houve na realidade foram falsificações, manipulações da consciência pública. Mas é preciso investigar o que lá aconteceu. As estradas de Bucha para o norte e aquelas para a Bielorrússia não foram bloqueadas. Os militares russos trouxeram e distribuíram 452 toneladas de ajuda humanitária entre os habitantes da Região de Kiev. Enquanto isso, as tropas ucranianas bombardearam com projéteis de grande calibre e mísseis os subúrbios sul da cidade e bairros residenciais, durante as 24 horas por dia.

A 30 de março, ou seja, no dia seguinte à ronda de conversações russo-ucraniana de Istambul, há exatamente um ano, as unidades das Forças Armadas russas retiraram-se completamente de Bucha. A 31 de março de 2022, o Presidente da Câmara da cidade, Anatoli Fedoruk, confirmou publicamente que não havia soldados russos na cidade e não disse uma só palavra sobre se havia nas ruas da cidade os corpos das pessoas alegadamente baleadas pelos soldados russos. Passaram-se quatro dias. O que aconteceu durante esse lapso de tempo? Durante esses quatro dias, foi preparada uma cínica e terrível provocação ao estilo das tropas nazi-fascistas da Segunda Guerra Mundial. Coisas como esta eram típicas deles. Oficiais do Serviço de Segurança e "jornalistas" ucranianos começaram a trabalhar lá. Foi então que os corpos das pessoas alegadamente baleadas apareceram nas ruas. Foi então declarado que tinham sido assassinadas pelos militares russos. A partir desse momento, o regime de Vladimir Zelensky e os seus supervisores ocidentais começaram e continuam a espalhar uma falsificação sobre o alegado massacre de civis pelo exército russo. Gostaria de recordar o que aconteceu a seguir. Foram organizadas viagens de jornalistas estrangeiros a Bucha e estrondosas ações de propaganda. No entanto, o regime de Kiev não conseguiu transformar Bucha na Srebrenitsa ucraniana. É óbvio que esta provocação foi concebida para justificar um novo pacote de sanções antirrussas preparado de antemão, fazer fracassar as negociações russo-ucranianas e a implantar na consciência pública teses necessárias, associá-las a determinados locais geográficos e apoiá-las com fotocolagens. Repito, para apurar a verdade, é preciso realizar uma investigação honesta, imparcial e independente para responder a quatro questões: a identificação de corpos, a data e a causa de morte, se os corpos foram movidos de lugar. Gostaria de recordar que o nosso pedido ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, ao qual não até agora não recebemos resposta, para receber uma lista completa dos habitantes de Bucha mortos nesse período de tempo continua a ser relevante. Ouvi vários representantes do Secretariado da ONU dizerem que tudo isto está disponível na Internet e nas redes sociais, que tudo foi publicado. No entanto, se estamos a falar de Bucha e de factos, gostaríamos de dispor de materiais oficiais. Penso que nunca tinha havido antes tantas falsificações na Internet, e infelizmente, nos meios de comunicação social (inclusive os que têm uma longa história). A quantidade de "plantios de notícias falsas" e a rapidez com que se divulgam são de surpreender. Nunca antes tinha sido tecnologicamente possível manipular a consciência pública com tanta celeridade e em tantas proporções. Não faz sentido navegar pela internet à procura de algumas listas. Elas devem ser oficialmente apresentadas pelo regime de Kiev ao Secretariado da ONU. Se este tópico ainda for a tese que nos é apresentada como "prova". É de salientar que, nos finais de abril de 2022, o jornal The Guardian publicou um artigo que nos corpos dos civis mortos na cidade de Bucha haviam sido encontrados ingredientes metálicos usados nos recheios dos projéteis de 122 mm. A publicação afirma sem rodeios que os ataques de artilharia contra Bucha foram efetuados quando a cidade estava sob controlo das tropas russas. A conclusão é óbvia. As tropas russas não podiam ter-se bombardeado a si próprios. Ouvimos repetidamente esta tese. Lembrem-se da "história" sobre a central nuclear de Zaporojie. Quando perguntávamos quem a estava a bombardear, diziam-nos: vocês. Portanto, estávamos na central a bombardear-nos a nós próprios. É uma lógica interessante. Esta, infelizmente, não é a primeira e não a última vez que se apresenta esta visão distorcida. Não admira que, quase um ano após o incidente, apesar dos nossos apelos, ainda não tenham sido publicadas listas oficiais de pessoas cujos corpos tenham sido mostrados espalhados nas ruas, nem resultados dos exames forenses. O regime de Vladimir Zelensky tem algo a esconder. Este é um dos exemplos. Ainda não há progressos na investigação do caso dos franco-atiradores na Praça Maidan, em 2014. Lembro-me bem das opiniões que corriam naquela altura no cenário internacional e na própria Ucrânia. Todos diziam: o culpado é aquele que começou a disparar, quem possuía e controlava os franco-atiradores, ele era "o mal em carne e osso". Lembramo-nos bem disso. Então, onde estão os culpados e onde está a investigação sobre o que levou a situação na Ucrânia para onde ela está hoje? Acontece que não há culpados. Ninguém tentou encontrá-los. Apagaram todos os rastos e "enterraram ainda mais fundo" o que podiam para não permitir que a verdade viesse à luz. Mas todos estes ideólogos estão muito enganados tentando esconder os factos, porque a história prova o contrário. Todos os segredos guardados com muito cuidado acabam por vir à tona. Ao mesmo tempo, vemos também o processo inverso. O regime de Kiev tenta ocultar tudo o que está relacionado com documentos e factos e está a mitificar a chamada "Centena Celeste", fazendo dela um culto. Verifica-se, porém, que na Centena há pessoas que morreram de morte natural e nada tiveram a ver com os acontecimentos na Praça Maidan. Quem se lembra disso, a quem isso interessa? É um mito. Foram feitos filmes, fotografias e vídeos, foram escritos livros. Foram publicadas infografias, slogans, memes, etc.

Gostaria também de recordar a provocação sangrenta das forças armadas ucranianas em Kramatorsk, a 8 de abril de 2022, quando um míssil Tochka-U atingiu a estação ferroviária da cidade, matando dezenas de civis. Kiev e os países ocidentais tentaram, como de costume, atribuir o ataque à Rússia. Muitos analistas políticos e jornalistas ainda o mencionam. Mas a maioria esmagadora, por alguma razão, esqueceu-se imediatamente do assunto. Após a apresentação de provas incontestáveis do não envolvimento das forças armadas russas, foi dada apressadamente a ordem para "silenciar" este tópico. No século 21 o termo "silenciar" entrou em voga. Acontece que os tópicos podem ser simplesmente "silenciados" à escala global, a exemplo do foi feito no caso de Kramatorsk.

No dia 26 de março, fez cinco anos que foi realizada a primeira reunião do "Tribunal Popular" para os crimes da Ucrânia nas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk. As autoridades de investigação russas estão agora a levar a cabo um trabalho meticuloso para documentar os crimes do regime de Kiev. Não há dúvida de que os envolvidos receberão um castigo justo. O regime de Kiev continua a atacar a Igreja Ortodoxa canónica na Ucrânia. Vladimir Zelensky e outros teomaquistas ucranianos não se importam com as questões da fé, moralidade ou realidade. São movidos unicamente pelos seus interesses mercantis, ganância e o desejo de preservar o que roubaram. Estão preparados para tomar quaisquer medidas, incluindo o uso da força. Em várias regiões da Ucrânia, crentes e clérigos estão a ser expulsos dos templos da Igreja Ortodoxa Ucraniana, instalações religiosas estão a ser incendiadas. Estão a ser usadas bombas de fumo, gases tóxicos e outras substâncias químicas para dispersar os crentes, pessoas estão a ser espancadas, ridicularizadas e intimidadas. Estão a ser pedidos documentos de identidade aos que desejam entrar em igrejas para intimidá-los mais tarde. Agora os neonazis ucranianos pretendem tirar à Igreja Ortodoxa Ucraniana não só o Mosteiro de Kiev-Pechersk, mas também o segundo maior mosteiro ortodoxo da Ucrânia, o de Pochaev. Estas ilegalidades estão a ocorrer com o apoio dos EUA e Constantinopla, mergulhando cada vez mais a Ucrânia na Idade Média. Está a acontecer aquilo por que a Igreja Católica pediu, em tempos, desculpa. Tudo o que está a acontecer agora é inacreditável, vergonhoso e foi sancionado por pessoas a quem o povo delegou o direito de governar o país para o bem do Estado e do povo. O que estamos a ver agora é um crime do regime de Kiev contra o seu próprio povo. Falamos frequentemente sobre o que eles estão a fazer ao nosso país e aos cidadãos. O que o regime de Kiev liderado por Vladimir Zelensky fez aos cidadãos da Ucrânia é, na minha opinião, o pior crime, porque as pessoas acreditaram nele e votaram nele. Investiram-nos de poderes. Em termos simples, "deram-lhe de presente" a possibilidade de decidir o seu destino por eles. Não há nada pior do ponto de vista da legalidade, moralidade ou consciência do que enganar aqueles que acreditaram em ti. O facto de o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos sobre a discriminação contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana publicado a 24 de março ter provocado uma reação extremamente nervosa em Kiev é ilustrativo. Vladimir Zelensky e a sua equipa não querem que alguém lhe diga algo. Eles exigem apenas uma coisa: dinheiro, armas e permissividade, e a priori indulgência e querem que lhes paguem por isso. Para os padrões ocidentais (da filosofia, religião, catolicismo), a indulgência é comprada por aqueles que cometeram algum pecado e devem penitenciar-se. Assim, o conceito de indulgência surgiu na cultura ocidental como justificação sem arrependimento. Vladimir Zelensky foi ainda mais longe e exige não só uma indulgência como também uma boa remuneração por aquilo que está a fazer. Os tempos em que estamos a viver são espantosos, uma vez que assistimos a coisas dessas.

Mais uma vez apelamos às organizações internacionais, à comunidade internacional e ao mundo ortodoxo para que deem uma avaliação de princípio às ações do regime de Kiev em relação à Igreja Ortodoxa Ucraniana e exijam que acabe com as suas arbitrariedades e ilegalidades desumanas e antirreligiosas. Prestámos atenção às notícias de que o website do Presidente da Ucrânia publicou uma petição que exige que as forças armadas ucranianas sejam proibidas de usar as munições com urânio empobrecido. É lógico, pois o regime de Kiev está a esconder dos seus cidadãos o que irá acontecer à população dos territórios onde estas munições serão utilizadas, independentemente do lado que os dispare. A petição deve recolher 25.000 assinaturas para ser submetida à apreciação de Vladimir Zelensky. Compreendemos perfeitamente que, mesmo neste caso, não há garantias de que a petição seja feita chegar ao seu destinatário. Casos semelhantes já aconteceram. As autoridades deixaram na gaveta os apelos da opinião pública local para parar de lutar contra a língua russa e perseguir os meios de comunicação social. Muitas coisas aconteceram e muitas coisas foram ignoradas, apesar das leis da própria Ucrânia. O chefe da fracção "Servo do Povo" no parlamento ucraniano, David Arakhamia, anunciou uma intensificação das medidas relacionadas com a mobilização. De acordo com os media, o regime de Kiev está a planear elaborar um pacote de leis para fazer regressar os seus cidadãos que partiram para países europeus e completar com eles as fileiras do exército ucraniano. Um ex-conselheiro do Gabinete de Vladimir Zelensky disse que a ofensiva ucraniana se transformaria num banho de sangue e de enormes perdas se o Ocidente não fornecesse mísseis de longo alcance e aviões à Ucrânia. E se o fizerem, qual será o resultado? Esta é uma lógica absurda. Pode ser que eles tenham zumbificado a sua população e por isso acham qualquer disparate é possível sem pensar nas consequências. Não há outra explicação. Olhem, se o Ocidente não entregar armas ao regime de Kiev, isso terá como consequência um maior derramamento de sangue. E se o fizer, quais serão as consequências? Haverá paz, calma, prosperidade? Tudo isto mostra que as autoridades de Kiev não se vão deter perante nada e estão prontas a sacrificar as vidas e o destino dos seus concidadãos em nome das suas intenções criminosas. Eles não se importam com os sofrimentos das pessoas que os elegeram. Os supervisores ocidentais do regime de Kiev não lhe permitem recuar, seguindo a mesma lógica criminosa. Eles exigem que o regime de Kiev esteja mais resoluto e querem certificar-se de que todos os investimentos feitos no regime de Kiev não foram em vão, que muitas pessoas já morreram, que muitos cidadãos ucranianos já se tornaram vítimas desta aventura criminosa do Ocidente e de Vladimir Zelensky. Nenhuma hipótese de trégua é permitida. Parece-me que, daqui a pouco tempo, o regime de Kiev chegará ao ponto de executar até quem apenas pensar na possibilidade de uma trégua. Não ficarei surpreendida ao saber que a Ucrânia (e também Washington) decreta um "castigo especialmente cruel" para aqueles que tenham ousado pensar em pôr termo ao derramamento de sangue. O Ocidente e Vladimir Zelensky estão a destruir o povo ucraniano. Não é claro? É uma coisa óbvia. O Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse francamente a 28 de março que as exortações a um cessar-fogo poderiam ser uma "armadilha cínica". A entrega de armas no valor de milhares de milhões de dólares não é uma armadilha cínica, é uma operação eficaz do ponto de vista de Washington. De facto, o exército ucraniano está a ser levado ao abate pelos seus supervisores de Washington e é persuadido a lutar até ao último soldado ucraniano. Todas estas ações das autoridades ucranianas e dos seus patrões ocidentais mostram que todos os objetivos declarados foram formulados no contexto da realidade existente e devem ser atingidos.

 

Sobre o fornecimento de produtos alimentares à UE

 

À luz de numerosos comentários no Ocidente sobre a importância crítica do fornecimento de produtos alimentares ucranianos aos mercados globais, gostaria de citar alguns factos.

De acordo com estatísticas do Centro Comum de Coordenação em Istambul, a 22 de março, mais de 25 milhões de toneladas de produtos agrícolas foram exportadas da Ucrânia. Quem são os principais destinatários? Os países necessitados? Afinal de contas, foi por causa dos países em desenvolvimento e afetados pela fome que todo este projeto com o "acordo de cereais" foi concebido. A propósito, foi desencadeada uma ampla campanha propagandística no Ocidente para exigir que a comunidade mundial assegurasse a exportação de produtos agrícolas ucranianos. Na realidade, aconteceu o contrário. A UE é o principal destinatário (41% do volume exportado) dos alimentos ucranianos. Em 2022, o fornecimento de trigo da Ucrânia ao mercado europeu aumentou dez vezes (para 2,8 milhões de toneladas), enquanto que o fornecimento de milho ao mercado europeu quase duplicou (para 12 milhões de toneladas). Atualmente, os cereais ucranianos, cujo custo de produção é muitas vezes inferior ao da Europa, inundaram os mercados da Europa do Leste. Isso quando se afirmou que o trigo era necessário para os países em desenvolvimento. Talvez Bruxelas e Washington considerem os países leste-europeus como países em desenvolvimento? Como conseguiram então aderir à União Europeia se ainda estão em fase de desenvolvimento? O "belo jardim" não parecia precisar de se desenvolver. Os produtos agrícolas ucranianos inundaram os mercados da Europa de Leste e colocaram os agricultores locais à beira da sobrevivência (alguns deles já estão arruinados, a propósito). Há dois meses eles haviam pedido à Comissão Europeia para pôr termo à importação descontrolada de cereais ucranianos. No entanto, o Ocidente não se importa com os produtores agrícolas da Europa do Leste, tal como não se importa com os cidadãos da Ucrânia, soldados ucranianos. Não é que eles não precisem deles, eles não lhes interessam. Petições, pedidos - tudo é posto no lixo. O objetivo do jogo é completamente diferente. Bruxelas optou por pagar milhões de euros em indenização aos agrários europeus afetados, mas só àqueles que foram por ela escolhidas. Ao mesmo tempo, os ocidentais continuam a fazer vista grossa à baixa qualidade dos cereais importados da Ucrânia. Cerca de 70% do volume total dos cereais importados são trigo e milho forrageiros. Não obstante, serão enviados à indústria alimentar para a produção de farinha. A propósito, recebemos sinais dos nossos parceiros africanos de que a UE pretende exportar matérias-primas agrícolas locais baratas para a transformação no seu território e subsequentemente "devolver" produtos alimentares acabados com maior valor acrescentado aos mercados africanos. Olhem, toda a "história" e histeria sobre a segurança alimentar começou há um ano sob slogans ocidentais sobre a necessidade de salvar a Ásia e a África atingidas pela fome. Foi um "truque de generosidade sem precedentes" por parte dos países ocidentais, que normalmente roubam a todos (especialmente Ásia e África). Dessa feita, tudo foi apresentado de forma tão intensa e tão histérica que alguns poderiam ter acreditado. Passou-se um ano. Não imaginam o quanto sujas foram as suas intenções e a sua concretização. Podem me perguntar, como isso poderia ter acontecido? Mesmo que imaginemos que eles exportam todos estes produtos agrícolas da Ucrânia para a Europa, "enchendo os bolsos" do Ocidente, especialmente de fornecedores, empreiteiros e empresas americanas. Mas porquê exportar produtos agrícolas da África? Primeiro, para fornecer de volta a esta parte do mundo produtos acabados e para lucrar com isso. Para esconder os seus planos, eles afirmam "isso facilitará o cumprimento das normas ambientais". Assim que começam a discutir algo que requer algumas explicações, factos, estatísticas, o Ocidente põe imediatamente a tocar a famosa canção sobre a necessidade de proteger o meio ambiente. Desta vez, fazem a mesma coisa. De facto, o Ocidente vai utilizar o continente africano como utiliza hoje a Ucrânia, como fonte de matérias-primas baratas para manter a indústria alimentar europeia rentável. Esta é outra forma de reprodução da dependência colonial. Mas é a primeira vez que assistimos, num ano, a todo o ciclo de engano praticado pelo Ocidente. Normalmente, os ocidentais procuram esconder o que fazem. Pelo menos, reservam-se as oportunidades para mostrar a sua natureza humanista, para que as suas empresas não roubem diretamente. Neste caso, o Ocidente não fez, ao longo do ano, nenhuma tentativa de fazer a situação voltar ao quadro da moralidade, legalidade e lei. O seu plano inicial era enriquecer-se e enriquecer as suas empresas, tirar os alimentos. Tirar o que de melhor existia e dar tudo o que não precisavam e ganhar dinheiro com isso. Fizeram este circo este ano, já vimos. Os países e empresas ocidentais passaram das declarações altissonantes sobre a necessidade de cuidar dos necessitados e famintos à pilhagem direta. Esta lógica é típica da atitude dos imperialistas para com as suas colónias. Talvez isso pareça ainda mais cínico. Não tinha havido antes tantas declarações sobre os direitos humanos, elevados padrões morais. Agora tudo isso, ensaiado durante décadas, faz parte da legislação interna dos países ocidentais e do direito internacional.

 

Sobre as decisões do Tribunal Penal Internacional

 

Uma vez continuamos a receber perguntas sobre as atividades do Tribunal Penal Internacional, reiteramos as nossas avaliações anteriores de que as suas atividades são ilegítimas e nada têm a ver com justiça.

Repito, não reconhecemos as decisões absurdas do TPI que foram tornadas públicas recentemente. É importante compreender que mesmo o processo de adoção foi acompanhado de maquinações internas. Soubemos pelo comunicado de imprensa do Tribunal Penal Internacional que o Procurador do TPI enviara o pedido de mandados à Câmara de Pré-Julgamento no dia 22 de fevereiro passado. No dia anterior, no dia 21 de fevereiro, o juiz da República Democrática do Congo fora subitamente substituído por um costa-riquenho. Isto não é a coisa mais absurda que aconteceu à volta de processos de tomada destas decisões. Como sabem, foram divulgados os dados (que não foram desmentidos) de que o irmão do Procurador do TPI Imran Khan saiu da prisão antes de cumprir a sentença por pedofilia. Note-se que ele foi libertado logo na véspera de o Procurador enviar o pedido de mandados de captura à Câmara. Que conclusões podem ser feitas? Obviamente, toda esta história foi concebida de antemão. Tudo foi organizado de modo a levar à prática esta história a todo o custo. Em qualquer caso, é evidente que o TPI, o seu Procurador e os juízes estão a seguir obedientemente o rumo traçado pelos seus patrocinadores ocidentais. Este órgão nunca investigará crimes cometidos na realidade. Será sempre usado para a manipulação da opinião pública e como ferramenta de informação e política por aqueles que pagarão generosamente e patrocinarão tudo ou prestarão os serviços que já mencionei hoje aos elementos deste grupo. Não chegaremos a ver a investigação de crimes no Iraque, Afeganistão, onde centenas de milhares de civis foram mortos (estou a falar do Iraque), e um grande número de civis morreu no Afeganistão, ninguém sequer calculou o número de mortos ali, apesar do facto de um contingente de tropas da NATO ter sido oficialmente instalado naquele país. Os ocidentais utilizaram a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas como pretexto e nunca informaram, em nenhum momento, a comunidade internacional e este organismo internacional sobre o que lá fizeram durante vinte anos.

Assim, a Grã-Bretanha, que é parte no Estatuto de Roma, a fim de dar razões formais ao TPI para encerrar as suas atividades em relação às suas tropas, declarou que iria realizar uma investigação fictícia dentro do país. Não obstante, o Procurador, que é de nacionalidade britânica, afirmou que a justiça fora feita e que o TPI não tinha mais nada a fazer nesta vertente, e encerrou o assunto. Neste caso, os russos dizem "uma mão lava a outra".

Washington tem uma atitude peculiar para com o TPI. É preciso saber isso. A sua atitude depende da situação política. Por exemplo, Mike Pompeo, enquanto Secretário de Estado em 2018, chamou ao TPI "tribunal pária" por tentar lançar uma investigação sobre os acontecimentos no Afeganistão. Ele também disse que os EUA iriam "tomar todas as medidas necessárias para que os cidadãos americanos não sejam presentes a este tribunal para abordar a questão da retaliação política". John Bolton também disse, em tempos, que o TPI já está "morto" para os EUA. Lembram-se?

Há anos que funcionários norte-americanos vêm dizendo que o TPI é um instrumento de retaliação política e que, no final de contas, já está "morto". Tenho agora uma pergunta a fazer a Joe Biden e a toda esta equipa. O TPI ressuscitou, certo? Deveria ele ter ressuscitado por algum tempo para ser usado contra o nosso país? E depois vão declará-lo morto novamente? Isso é tão típico dos norte-americanos. A retórica agressiva foi apoiada por sanções contra o Procurador e outros funcionários do Tribunal. Assim que os Estados Partes no Estatuto de Roma elegeram, em 2021, o britânico Karim Khan como novo Procurador do TPI, em substituição da gambiana Fatou Bensouda, a nova administração dos EUA levantou as sanções e o TPI ressurgiu. Como é que isso foi possível? O TPI é uma estrutura e não uma pessoa que pode ou não agradar, pode ou não causar simpatias. É uma "estrutura". Primeiro, os EUA demonizam-na e deslegitimam-na. Depois acham que o TPI pode ser usado se alguns dos seus membros forem substituídos e se for usado contra outros países. Assim, o TPI começa a ter valor para os EUA quando estes passam a ter um certo interesse geopolítico. Eu diria um objetivo concreto. Por exemplo, agora o Presidente, Joe Biden, diz que a recente decisão da Câmara de Pré-julgamento (de emitir um mandado de captura) tem razões de ser. Isso quando os EUA não fazem parte do TPI. Consequentemente, não o reconhecem. Se estivéssemos a falar de uma pessoa, e não de um país ou de um regime, que, uma vez por ano, mudasse a sua opinião para a oposta e sustentasse esta mudança com argumentos, todos diriam que esta pessoa é mentirosa ou não está bem de saúde. E o que dizer se tais coisas são feitas por um país, um país tão grande e poderoso como os EUA que manipula a opinião dos outros e a opinião pública nacional, falsifica factos, e muda regularmente (uma vez, duas ou três vezes por ano) a sua atitude exatamente para a oposta? Para concluir este tópico, direi que a Rússia não cooperou e não cooperará com o TPI. As suas ações em relação aos cidadãos do nosso país são legalmente nulas e não tem efeito.

 

Sobre as eleições parlamentares na República de Cuba

 

A 26 de março, Cuba realizou eleições parlamentares para a Assembleia Nacional unicameral. O escrutínio direto secreto foi realizado em estrita conformidade com as normas da legislação cubana, num clima de tranquilidade e foi muito bem organizado. De acordo com os resultados provisórios oficiais divulgados a 27 de março, a afluências às urnas, para votar nas legislativas, foi mais de 75,9% (mais de 6,1 milhões de eleitores) dos eleitores inscritos. Todos os 470 candidatos a deputado foram eleitos. Consideramos isto como prova clara do apoio da população cubana aos esforços do Estado para enfrentar os atuais desafios enfrentados pelo país. Saudamos o fim bem-sucedido do processo eleitoral em Cuba, que demonstrou a maturidade e a consolidação da sociedade cubana com base na política de Havana voltada para defender os seus interesses e a soberania nacionais. Reafirmamos o nosso desejo de reforçar ainda mais a multifacetada cooperação estratégica russo-cubana. À luz das eleições que tiveram lugar, temos de chamar mais uma vez a atenção para a interferência aberta dos Estados Unidos nos assuntos internos cubanos. Mesmo antes da votação, alguns altos funcionários norte-americanos declararam quais dos candidatos seriam, para eles, "legítimos" e quais seriam "ilegítimos", descrevendo o processo eleitoral a realizar em Cuba como ilegítimo e não democrático. A retórica é bem conhecida.

Os EUA continuaram a sua política de impor receitas "corretas" do processo eleitoral, desconsiderando as normas e peculiaridades legislativas e tradições nacionais de Cuba. Isso quando os próprios críticos não estão dispostos a transformar o seu sistema eleitoral arcaico, intrincado e não transparente. O que mais se pode dizer do sistema eleitoral dos EUA quando a votação pode ser efetuada em postos de gasolina, quando nos cadernos eleitorais aparecem pessoas mortas, quando um furador de papel é um dos principais instrumentos de votação. Mas isso é, como dizem os próprios norte-americanos, o seu assunto interno. Por outro lado, os "excecionais" não querem saber que os outros Estados também têm assuntos internos. 

 

Sobre a presidência russa do Conselho de Segurança da ONU em abril de 2023

 

Em abril próximo, a Rússia exercerá a presidência do Conselho de Segurança da ONU. Este órgão, de acordo com a Carta da ONU, tem a principal responsabilidade pela manutenção da paz e segurança internacionais. Como um dos eventos centrais da presidência russa, a nossa delegação planeia realizar, a 10 de abril, uma reunião do Conselho de Segurança sobre o tema "Os riscos decorrentes da violação dos acordos de regulamentação das exportações de bens militares". Nas atuais circunstâncias, estamos convencidos da necessidade de realizar uma análise aprofundada das consequências do incumprimento das obrigações contratuais do "utilizador final" durante o fornecimento de bens militares, bem como identificar as formas de fazer frente a estes passos destrutivos.

Outro evento chave da presidência russa será um debate aberto de alto nível do Conselho sobre "Multilateralismo efetivo através da defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas". Esta reunião será presidida por Serguei Lavrov, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia. Este assunto está a tornar-se cada vez mais relevante no contexto de tentativas cada vez mais intensas de alguns países de subordinar as Nações Unidas exclusivamente aos seus interesses e, no futuro, de minar completamente o sistema de relações internacionais com a ONU no centro, substituindo-o pelo conceito odioso de "uma ordem mundial baseada em regras". Gostaria de lembrar que nunca ninguém viu estas "regras". Embora ultimamente se tenha verificado (pelas explicações dos representantes americanos) que estas "regras" que servem de base para a ordem mundial são o direito internacional. Se estas "regras" são o direito internacional, então devemos chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes e dizer "a ordem mundial baseada no direito internacional". Ninguém terá quaisquer perguntas, menos uma: "Quando é que vocês começarão a cumpri-lo". Repito, ninguém viu estas regras. Elas não constam de nenhum documento. Tudo isso não passa das palavras destinadas a encobrir o "excecionalismo" dos Estados Unidos e não contém quaisquer normas, regras ou leis vinculativas. O objetivo do debate aberto a ser promovido pela Rússia é, portanto, reafirmar uma firme fidelidade à Carta das Nações Unidas, ao princípio da igualdade soberana dos Estados, e considerar em pormenor como reforçar as bases de um multilateralismo genuíno que pressupõe a consideração das opiniões e preocupações de todos os Estados. Haverá também uma série de eventos como parte do ciclo de mandato e relatórios no Conselho de Segurança em abril. Em particular, o debate ministerial aberto trimestral sobre o acordo no Médio Oriente está agendado para 25 de abril e será presidido por Serguei Lavrov. Somos guiados pela necessidade de enfatizar mais uma vez a necessidade de uma resolução justa e duradoura para os problemas há muito existentes na região com base no direito internacional. Pretendemos também realizar - reunião da Fórmula Arria" do Conselho de Segurança da ONU sobre a retirada de crianças da zona da operação militar especial russa. Tencionamos informar detalhadamente os nossos colegas sobre as medidas tomadas pelo nosso país para proteger os menores de bombardeamentos realizados pelas tropas ucranianas, prevenir outras violações contra crianças e colocá-las em áreas seguras.

Entre outras questões importantes na agenda do Conselho de Segurança da ONU em abril, destacamos os aspetos políticos e humanitários da situação na Síria, a situação no Iémen, Líbia, Mali e Região dos Grandes Lagos, Haiti e Colômbia, e a resolução da questão do Saara Ocidental.

O briefing semestral sobre a situação na área da Missão de Administração Provisória da ONU no Kosovo merece uma atenção especial.

A Rússia, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e integrante responsável da comunidade internacional, fará os possíveis para assegurar o trabalho eficaz deste organismo no interesse da resolução política e diplomática de gravíssimas crises e da manutenção da estabilidade global.

 

Sobre o Salão Internacional de Educação de Moscovo

 

Nos dias 23 e 24 de março, Moscovo acolheu a 10ª Edição do Salão Internacional de Educação, no âmbito do qual se realizou a maior exposição das principais instituições de ensino e de peritos da Rússia. A mostra foi visitada por mais de 20 mil pessoas; mais de 100 mil espetadores, entre os quais 15 mil de 82 países, seguiram online os eventos do Salão. O programa de atividades teve como lema "Globalização - uma nova realidade", o que implica a possibilidade de se ter em conta as tendências globais em matéria de educação e de se manter simultaneamente as especificidades regionais. Peritos de numerosas secções utilizaram exemplos práticos para demonstrar a competitividade do sistema de ensino nacional no ambiente global e discutiram as formas de desenvolvimento da cooperação internacional mutuamente benéfica.

Registamos o crescente interesse do público estrangeiro pelas realizações, soluções e abordagens nacionais modernas no domínio da educação, bem como pelo equipamento didático produzido no nosso país. Isto demonstra que a experiência russa avançada no campo do ensino geral, superior e profissional tem procura internacional.

 

Resumo da sessão de perguntas e respostas:

Pergunta: A declaração conjunta da Rússia e da China na sequência da visita de Xi Jinping a Moscovo refere-se, entre outras coisas, a várias regiões do mundo, do Nordeste Asiático, passando pelo Médio Oriente, América Latina, África, ao Ártico, sem qualquer menção à Península Balcânica. O Presidente, Vladimir Putin, e o Presidente chinês, Xi Jinping, levantaram esta questão na sua reunião, dado que, tanto a Rússia como a China, como membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no contexto da pressão ocidental sobre a Sérvia para reconhecer a autoproclamada independência da sua província meridional, defendem a integridade territorial e a soberania da Sérvia no Kosovo e Metohija, em conformidade com a resolução 1244 do Conselho de Segurança das Nações Unidas?

Maria Zakharova: Não tenho informações detalhadas sobre a sua pergunta (no contexto de contactos de alto nível). Existe uma posição de princípio do nosso país. A posição de princípio da China sobre o cumprimento do direito internacional e das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas é também conhecida.

A Rússia e a China mantêm estreita coordenação em todas as questões prementes da política externa, realizando regularmente consultas sobre a política externa e durante o trabalho diário dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países. Relativamente à situação na Península Balcânica, gostaria de salientar que a única base jurídica internacional para a resolução do estatuto do Kosovo é a Resolução 1244 do Conselho de Segurança da ONU, que não prevê a secessão da província e permanece em vigor até que o Conselho de Segurança da ONU adote outra decisão sobre esta matéria. O respeito pela soberania da Sérvia e a inviolabilidade das suas fronteiras é juridicamente vinculativo para todos os Estados membros das Nações Unidas. Não irei repetir a nossa posição de princípio sobre o Kosovo.

Pergunta: Ultimamente, os contactos, inclusive os de alto nível, entre os EUA e Taiwan tem-se vindo a intensificar. Recentemente, noticiou-se sobre a visita da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, aos EUA. Tem algum comentário sobre isso?

Maria Zakharova: Prestámos atenção ao facto de a chefe da administração de Taiwan, Tsai Ing-wen, pretender deslocar-se, no final de março, princípios de abril, à América Central através dos EUA. Segundo consta, existe a intenção de organizar uma série de reuniões entre ela e políticos norte-americanos de alto escalão. Vemos isto como mais uma provocação no espírito da política norte-americana voltada para conter a China, política essa que vai contra os compromissos declarados por nos comunicados conjuntos China-EUA e viola, de forma flagrante, o princípio de "uma China única". Temos salientado constantemente a nossa posição. Penso que é bem conhecida. Vou aproveitar para me debruçar mais uma vez sobre ela. Partimos da premissa de que existe uma China única, o governo chinês é o único governo legítimo que representa toda a China, e Taiwan é parte integrante da China. Acreditamos que a relação entre os dois lados do Estreito de Taiwan é estritamente uma questão interna da China. O lado chinês tem o direito de tomar as medidas necessárias para proteger a sua soberania e integridade territorial na questão de Taiwan.

No entanto, gostaria de salientar que este é mais um exemplo de provocação dos EUA nos assuntos mundiais. Eles não conhecem outras formas de atuação senão provocar, fomentar, agravar a situação internacional e inventar pretextos para interferir nos assuntos internos de outros países. Não me lembro de nenhum caso em que os EUA tenham ajudado as partes em conflito a resolver questões difíceis.

Pergunta: Os meios de comunicação ocidentais noticiaram que alguns países europeus estão a utilizar o "Mecanismo Europeu de Apoio à Paz" para atualizar os seus arsenais de armas. O Politico citou como exemplo a Estónia, que fornece as suas armas obsoletas à Ucrânia, e exige uma compensação baseada no preço das armas modernas. Poderia comentar esta notícia?

Maria Zakharova: Eu vi estas notícias. Não há nada de novo aqui. Dizemos constantemente que o famigerado "Mecanismo Europeu de Apoio à Paz" só está empenhado em fomentar o derramamento de sangue e em levá-lo a um novo nível. As suas atividades são completamente contrárias ao seu nome e aos seus objetivos declarados. Temos repetidamente afirmado que o beneficiário do conflito desencadeado pelo Ocidente na Ucrânia são os países da NATO. Também temos explicado as razões por que NATO e a UE estão a prolongar este conflito. Evidentemente, o principal beneficiário da crise ucraniana são os EUA, que enriquecem as suas corporações militares e reforçam o seu controlo militar, financeiro, económico e político sobre a União Europeia. Por outras palavras, à custa do dinheiro e da segurança dos Estados europeus. Afinal, a "ilha de estabilidade" americana está a milhares de quilómetros da Europa. Desta forma, Washington está a resolver simultaneamente vários problemas estratégicos internos e externos. Obriga as economias europeias a trabalhar para a guerra e a comprar armas e produtos de guerra americanos. Sob o pretexto da solidariedade transatlântica, acaba com a União Europeia como ator político e o seu direito a uma política externa independente para conter a Rússia, a China e outros países por intermédio dos europeus. Porque eles encaram o nosso desenvolvimento como fator capaz de fazer frente à sua hegemonia. Não é de estranhar que os apoiantes mais fervorosos do regime de Kiev na UE estejam entre aqueles que não se esquivam a lucrar com o conflito na Ucrânia, rentabilizando o seu envolvimento no mesmo. Por exemplo, a Estónia entregou à Ucrânia os sistemas de defesa antiaérea portáteis Strela retirados da produção e solicitou uma compensação à UE equivalente ao valor dos novos Stingers dispendiosos. É uma lógica monstruosa. É assim que atuam os "ladrões" da UE nos tempos modernos. Este é apenas um exemplo. De facto, há um grande número deles: a retirada de fundos, a não entrega das armas prometidas ao regime de Kiev. O próprio Vladimir Zelensky fala sobre isso. Os produtos fornecidos ao regime de Kiev são apresentados como os de alta qualidade, não cumprindo, porém, a nomenclatura.

Tudo isto tem como pano de fundo as declarações patéticas sobre o futuro da Ucrânia, do povo ucraniano, da liberdade e a democracia. Mas, na realidade, assistimos a um nexo sangrento de corrupção entre o Ocidente e o regime de Kiev. Quanto mais longe forem as coisas, mais notícias como esta aparecerão. Já se fala da necessidade de investigações internas nos EUA, nos países da UE e na própria Ucrânia.

Pergunta: O Conselho de Segurança da ONU não aprovou a resolução da Rússia e da China sobre a necessidade de investigar o ato de sabotagem nos gasodutos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que "a Rússia continuará a insistir em que todas as medidas necessárias sejam tomadas para identificar os responsáveis e levá-los à justiça. Que medidas concretas estão previstas? Em particular, para chamar a atenção do Conselho de Segurança da ONU para as questões da segurança, por exemplo, na central nuclear de Zaporojie?

Maria Zakharova: Apesar do nosso projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a criação de uma comissão internacional independente pelo Secretário-Geral da ONU para investigar as circunstâncias das explosões nos gasodutos Nord Stream não ter obtido um número suficiente de votos, ninguém irá conseguir abafar esta questão, varrê-la para debaixo do tapete. A 27 de março, durante a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas que analisou o documento, vários países da Ásia, África e América Latina exortaram a Alemanha, Dinamarca e a Suécia a apresentar, sem mais delongas, ao Conselho os resultados das suas investigações. Ninguém contestou que os responsáveis por este ato de sabotagem sem precedentes, por este ataque terrorista que teve graves consequências ambientais e económicas, deveriam ser levados à justiça. Até Berlim, Copenhaga e Estocolmo estarem prontas a cooperar plenamente na investigação com os países diretamente afetados, entre os quais a Rússia, não haverá transparência nem abertura. Por enquanto, estamos a ver o contrário, ou seja, o seu desejo de dificultar as investigações na medida do possível. Continuaremos a levantar esta questão. Obviamente, este assunto é inconveniente ao Ocidente. Continuaremos a voltar a este assunto e a fazer com que estes países também voltem a esta questão e a exigir deles relatórios sobre as investigações realizadas nos seus respetivos países. Só será possível evitar a repetição de tais ataques no futuro e proteger as infraestruturas energéticas globais quando for esclarecida a verdade e forem punidos aqueles que estiveram por detrás do ataque terrorista e que o levaram a cabo.

Pergunta: A administração Biden convidou líderes de mais de uma centena de países para a segunda cimeira pela democracia. Desta vez, um grande número de países da Ásia, África e América Latina estão a participar. O Paquistão recusou o convite, a Turquia e a Hungria não foram novamente convidados. Entretanto, no dia 27 de março, o chamado centro de pensamento americano Instituto Quincy de Governança Responsável afirmou num artigo: "É pouco provável que a cimeira resulte em algo útil". A melhor coisa que os EUA poderiam ter feito para 'reforçar' a causa da democracia no mundo é melhorar a nossa própria prática da mesma aqui". Na sua opinião, quais são os objetivos desta cimeira? Serão os EUA capazes de alcançar os seus objetivos?

Maria Zakharova: Temos salientado repetidamente a nossa atitude negativa para com esta iniciativa tóxica da administração Biden. Recomendo a todos os que querem saber mais sobre a posição da Rússia em relação a esta questão que leiam o nosso comentário de 28 de março, bem como uma recente entrevista do Secretário do Conselho de Segurança da Federação da Rússia, Nikolai Patrushev, ao jornal Rossiyskaya Gazeta. A reunião promovida pelos americanos termina hoje. O que vimos até agora deixa uma impressão sombria de que esta reunião é artificial e estéril. O seu caráter artificial revela-se em todos os aspetos. As nossas afirmações de que o principal objetivo da chamada "cimeira" é traçar linhas divisórias, consolidar artificialmente a comunidade ocidental para se opor aos "regimes autocráticos", para atrair outros possíveis apoiantes, dividir novamente o mundo em "países certo" e "países errados".  foram confirmadas. Antes, havia um "eixo do mal". Depois foram inventados "lados certo e errado" da história. Agora criam agrupamentos sob a forma de "democracias certas", que também têm as suas "divisões", e "regimes autocráticos". Isto é algo novo. Um novo estratagema.

A cada cerca de cinco anos, os EUA produzem uma nova "ideia" conceptual, um meme que tentam "pôr em circulação". Refiro-me ao caso de "ordem mundial baseada em regras". Recentemente, o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que estas "regras" são o direito internacional. Vê como esta história está a começar a ser modificada. É um meme, uma tentativa de plantar algum idiologismo por detrás do qual não há nada. Se os EUA não realizarem esta "cimeira" no próximo ano, nada irá mudar. E, se o fizerem, também nada mudará. Portanto, estas reuniões só são convocadas para marcar a presença. A seguir, discutirão infinitamente o assunto nos meios de comunicação social certos, divulgarão reportagens, relatórios, infografias, fotografias, vídeos. Nada mudará no mundo. O problema da superação de doenças não será resolvido, nem haverá mais alimentos nos países necessitados, os conflitos armados no mundo não terminarão e a situação não se tornará menos previsível. Globalmente, as pessoas não irão ficar pior ou melhor. Nada irá mudar. Estas reuniões servem para completar o curriculum vitae, para encontrar fundamentos para a consolidação em que não há a palavra "anti", porque todos já estão cansados destas infindáveis tentativas de envolver a NATO nesta dominação dentro de uma "ordem mundial baseada em regras". Isso não é mais percebido. Toda a gente está cansada disso. Não é uma conquista, há apenas anticonquistas. É uma tentativa de mudar de alguma forma o curso do debate sobre as ciências políticas. Se é apenas para falar, para "fazer barulho", para inventar um novo brinquedo teórico para discussão em fóruns de ciência política, então acho que devemos dizer que eles estão a realizar outra campanha propagandística. Por falar em realidade, já o disse. Não tem nada a ver com moldar ou refletir a realidade. Eles usam os slogans de defesa e promoção da democracia. Nos bastidores, como é bem sabido, fazem promessas financeiras, chantagem e diktat. Os americanos são talvez os melhores nestas coisas. Mas, a julgar pelo que estamos a ver, desta feita, as coisas não estão a correr bem. Porque a ideia em si estava destinada ao fracasso desde o início. Se houvesse alguém na equipa de Biden que pudesse encarar de frente a verdade, ele teria de admitir que tais iniciativas divisórias estão condenadas ao fracasso na época de multipolaridade.

Os EUA ainda não estão preparados para trabalhar com a multipolaridade como idieologema. O mundo inteiro já reconheceu que o mundo é multipolar, policêntrico e que há "centros" não foram previstos pelo Ocidente. Mas, para dizer isto, Washington ou tem de humilhar o seu orgulho, ou inventar um estratagema para explicar quem eles são neste mundo multipolar. Se dizem ser o principal centro da multipolaridade, é ridículo. Por isso, eles inventam um novo esquema de distribuição de lugares no mundo, uma nova divisão do mundo que lhes permita ser o líder de uma parte do mundo e colocar a outra parte em outras "tabelas". É evidente que a hegemonia de um centro, quer em teoria, quer na prática, já não é realizável. Eu caracterizaria a referida reunião como segunda pseudo-cimeira inútil. Se continuarem a seguir este caminho, o resultado será o mesmo, ou seja, nulo. Reuniões como estas confirmam claramente que a era da dominação ocidental está a chegar ao fim e não voltará mais. Está a dar lugar a uma ordem mundial mais justa, baseada na igualdade soberana dos Estados, no direito à autodeterminação e numa escolha independente do caminho do desenvolvimento. E as "cimeiras para a democracia" cairão no esquecimento juntamente com a "ordem baseada em regras", assim como todos os fóruns civis que costumavam ocorrer estrondosamente em todo o mundo. Lembro-me das cimeiras cívicas, fóruns para as liberdades civis realizadas no centro de Paris. Discutiram a liberdade dos meios de comunicação social. Vejam o que aconteceu à liberdade dos media na própria UE, e onde estão todos aqueles que falaram nessas cimeiras de Paris em nome dos EUA, Reino Unido, etc. Passados uns dois anos, eles fecharam um monte de perfis dos meios de comunicação social nas redes sociais, baniram tantos jornalistas, blogueiros e meios de comunicação social na internet. Agora estão a perseguir plataformas. Há alguns anos, o Twitter era o guru na promoção de todas as coisas bonitas, liberais, democráticas. Agora é um pária em muitos países. Os utilizadores são exortados a abandonar a rede. Ainda há pouco tempo, o TikTok era aplaudido e visto como "novo veículo de comunicação". Era usado para transmitir conteúdos e gravar vídeos nos fóruns sobre a liberdade e democracia. Hoje, exigem que os seus funcionários que organizam estes fóruns que não participem, não assistam, não se cadastrem no TikTok. Com o tempo, nada restará desta cimeira a não ser um sorriso amargo.

Pergunta: O povo da Ucrânia assinou uma carta a pedir para proibir o uso de munições com urânio empobrecido porque trazem pó radioativo e contaminam o solo. Acha que Vladimir Zelensky terá em conta as preocupações do seu povo ou continuará a sua guerra com a Rússia até ao último ucraniano?

Maria Zakharova: Já respondi a esta pergunta na apresentação inicial. Disse que nem todas as petições, mesmo as que recolheram as 25 mil assinaturas necessárias, chegaram ao seu destinatário. Muitas foram retiradas, apesar de serem relevantes as questões nelas levantadas. Até citei alguns exemplos. Vladimir Zelensky não é um ator independente. Ele faz parte do "esquema" e procederá em relação às munições de urânio da forma como a Grã-Bretanha lhe disser. Ele e a sua equipa estão a ser auxiliados por um monte de "conselheiros" e "instrutores» britânicos que, de facto, estão a dirigir esta aventura. O dinheiro está também a vir de Londres. O apoio político, político-militar e militar é um grande segmento neste esquema. Quando calcularem os bónus financeiros a ser obtidos com o fornecimento de munições com urânio empobrecido, eles dirão ao regime de Kiev como este deve proceder. Ninguém no Ocidente ou no Gabinete do Presidente ucraniano pensa na saúde, destino e vidas dos cidadãos da Ucrânia ou dos que se encontram nos territórios onde podem ser utilizados os projéteis com urânio empobrecido. Exemplos disso podem ser encontrados nos casos de uso destas munições no passado. Nem o regime de Kiev nem os seus patrões ocidentais se preocupam com o fator humano nem com a saúde de um representante individual do povo ucraniano nem de toda a população ucraniana. Não é da sua conta. Nem pensam na segurança alimentar, da qual tanto falam. Já citámos hoje bastantes exemplos. Outro aspeto relacionado com a utilização de munições com urânio empobrecido. Não quero dividir os países por qualquer princípio. Quero apenas chamar a atenção para o facto de a Ucrânia ser um país agrícola. Tem sido sempre assim. Ocupou (ou reteve) uma parte significativa da economia mundial nesta qualidade, fornecendo os seus produtos agrícolas. A questão é tão óbvia que não exige resposta: que tipo de produtos agrícolas é que a Ucrânia (quer sob o regime atual quer sob o regime seguinte) irá fornecer aos mercados mundiais nas próximas décadas se o urânio empobrecido for aí utilizado? Ou esta é uma parte do plano cínico do Ocidente de destruir a Ucrânia. Primeiro, permitiram que alguns países e regimes, nomeadamente a Polónia, retirassem o solo fértil da Ucrânia, agora irão explicar tudo o que pensam na realidade sobre a Ucrânia usando o "238º urânio empobrecido".

Pergunta: Poderá a razão ser que eliminar os resíduos nucleares armazenados nos EUA custe 3 mil milhões de dólares? É provavelmente muito mais barato fornecer à Ucrânia e não eliminar os produtos armazenados em armazéns? Eles não pensam nas pessoas, nós compreendemos isso.

Maria Zakharova: Nem sequer nos apercebemos do que estão a fazer na Ucrânia. Lembra-se da rede de biolaboratórios, cujas metas e objetivos só foram revelados após o início da operação militar especial? Cerca de 30 laboratórios estavam a operar sob os auspícios e com dinheiro do Pentágono e estavam a realizar experiências com tudo o que podiam. Tudo isto não foi feito no interesse do povo ucraniano, foi feito em segredo. Os EUA começaram por desmentir as informações divulgadas, depois reconheceram, depois negaram-nas novamente. Factos são factos. Os nossos colegas do Ministério da Defesa da Rússia fazem regularmente briefings em que falam sobre esta atividade biológica e apresentam provas. Tudo isto veio à tona. Foram encontrados documentos, os dados disponíveis foram corroborados. O que mais pode surgir? Pode-se conjeturar o quanto se quiser. É quase impossível descartar nada. Podemos vê-lo agora.

Pergunta: Vladimir Zelensky intimida o mundo inteiro, dizendo que se a Ucrânia perder, a Rússia irá atacar os países europeus. Recentemente, o general checo J. Shedivy disse que não haverá guerra mundial se a Ucrânia perder. Como encara a perspetiva, do ponto de vista do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo?

Maria Zakharova: Se esta fosse uma história relacionada com a Rússia e a Ucrânia, então poderíamos provavelmente especular o que acontecerá quando a Ucrânia for derrotada. Mas esta história é muito mais ampla, mais complicada. O Ocidente está a lutar contra a Rússia por intermédio da Ucrânia. Se antes visava conter económica, política e humanitariamente a Rússia, agora passou a uma fase ativa. Em dezembro de 2021, foi anunciada a decisão da cimeira para a democracia de proclamar 2022 como o Ano de Ação. Não fomos nós, mas eles quem o anunciou. Agora podemos ver de que tipo de ações se tratava.

Esta história não é tanto sobre a Ucrânia. É uma das primeiras e principais vítimas desta lógica criminosa de Washington e Londres.

A segunda vítima são os próprios países da União Europeia, que sentiram na sua pele todas as experiências dos seus "Grandes Irmãos". Esta não é uma história do regime de Kiev a oferecer resistência a alguém. Ele está a ser utilizado. Vladimir Zelensky não se pode permitir admitir que ele é apenas um instrumento. Ele vê a si próprio como personalidade. Ele tem sido feito acreditar nisso há muitos anos. Todos os meses é-lhe mostrada uma nova capa, um novo filme, um anúncio, um jornal, um artigo, uma plataforma, concursos de canções, prémios, onde ele vai falar.

Pergunta: Vladimir Zelensky disse estar pronto para se encontrar com o Presidente da China, Xi Jinping, na Ucrânia. Uma fonte do Financial Times afirmou que após a sua viagem a Moscovo, Xi Jinping pode telefonar a Vladimir Zelensky, pois Pequim "quer afirmar-se como potencial pacificador". Como podemos ver, nenhumas negociações foram realizadas. Quais são as hipóteses de uma reunião ou de um contacto telefónico entre os líderes da China e da Ucrânia?

Maria Zakharova: Em primeiro lugar, esta questão deve ser dirigida a Pequim ou às pessoas capazes de descrever o estado em que se encontra Vladimir Zelensky. Em segundo lugar, a própria China anunciou as suas próprias capacidades de pacificação e mediação, avançando a respetiva iniciativa (pode ser chamada, por exemplo, de "plano de paz").

Muitos meios de comunicação ocidentais começaram a gritar histericamente que tudo era possível, exceto a paz. Gritaram que não era o "momento certo" e que era necessária mais luta. Esta é a resposta à sua pergunta. Ninguém duvida que Pequim e Moscovo se mantêm firmes e atuam de acordo com o direito internacional, respeitam a Carta das Nações Unidas e tratam a paz e a segurança de modo conforme. Atuaram muitas vezes como moderadores, mediadores, amigos e parceiros de confiança que ajudaram a resolver situações difíceis. Pequim demonstrou a sua boa vontade e disponibilidade para mediar. A Rússia agradeceu e, mais uma vez, tomou nota da determinação de Pequim. O Ocidente começou a ridicularizar a iniciativa chinesa e a comportar-se de forma inadequada.

Toda esta história mostra muito bem a posição dos países ocidentais.


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