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Principais pontos do briefing proferido pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, Moscovo, 27 de setembro de 2023

1893-27-09-2023

Ponto da situação na crise ucraniana

 

O regime neonazi de Kiev continua a bombardear as regiões russas, utilizando mísseis e projéteis fornecidos pelos países da NATO. A 22 de setembro corrente, Sebastopol voltou a ser atacada. Não há a menor dúvida de que este ataque foi planeado com a utilização de meios dos serviços secretos ocidentais, entre os quais satélites e aviões espiões da NATO, e foi efetuado a mando e em estreita coordenação com os serviços secretos norte-americanos e britânicos.

Nos dias 23 e 24 de setembro corrente, a artilharia dos neonazis ucranianos bombardeou a cidade de Tokmak, na Região de Zaporojie. No dia 25, os ataques de artilharia ucranianos atingiram povoações na região de Belgorod e a cidade de Krasnodon, na República Popular de Lugansk, fazendo vários mortos e feridos e danificando casas e infraestruturas civis.

Obviamente, o objetivo destes atos terroristas é desviar a atenção das tentativas fracassadas das forças ucranianas de lançar uma contraofensiva, assustar a população civil, semear o pânico na nossa sociedade e, em última análise, desestabilizar a situação política interna na Rússia.

Por muito que aqueles que estão em Kiev e do outro lado do oceano tentem alcançar os resultados desejados, não o conseguirão. Estamos determinados a pôr termo a todas as manifestações de neonazismo e práticas odiosas na Ucrânia.

Os tribunais russos continuam a julgar os neonazis ucranianos que cometeram crimes graves contra civis, com base em provas recolhidas pelo Comité de Investigação da Rússia.

Na semana passada, o combatente ucraniano D. Gangale foi condenado a uma pena de prisão perpétua numa colónia de alta segurança por ter aberto fogo contra carros em que seguiam habitantes de Mariupol, em março de 2022. Como resultado, três civis foram mortos e um ficou ferido.

Os militantes ucranianos Y. Buchkovsky, S. Hrytsiv, S. Dolyagin, A. Kamenev, A. Kashirin, Y. Kucheryavenko, A. Liverchuk, A. Perets, S. Pilipovich tiveram penas de prisão de 25 a 28 anos enquanto A. Kashirin e D. Moskva, de 22 a 24 anos, pelo massacre de civis em Mariupol na primavera de 2022. Os condenados irão cumprir as suas penas em colónias de segurança máxima. O criminoso de guerra ucraniano V. Katranich foi condenado a 24 anos de prisão numa colónia de segurança máxima por ter matado a tiro um habitante de Mariupol em fevereiro de 2022 por ter visitado a Crimeia.

Os neonazis ucranianos não poderão escapar à responsabilidade pelas suas atrocidades hediondas. Serão certamente levados à justiça. Informá-los-emos regularmente sobre isso.

Os crimes bárbaros do regime de Kiev não impedem os países da NATO de fornecerem armas à Ucrânia. A 21 de setembro corrente, os EUA anunciaram nova ajuda militar às forças ucranianas no valor de 325 milhões de dólares. A nova ajuda inclui equipamento de defesa antiaérea, peças de artilharia e munições de fragmentação. De acordo com o The New York Times, o primeiro lote de tanques Abrams norte-americanos foi entregue à Ucrânia a 23 de setembro corrente.

No dia 22, a Comissão Europeia informou que 1,5 mil milhões de euros tinham sido enviados ao regime de Kiev como parte de um "pacote" de ajuda macrofinanceira para 2023. Contando com esta nova tranche, o governo de Vladimir Zelensky já recebeu 13,5 mil milhões de euros dos 18 mil milhões de euros prometidos este ano.

Berlim também anunciou uma nova ajuda militar (no valor de 400 milhões de euros) ao regime de Zelensky. Kiev receberá sistemas de defesa antiaérea autopropulsionados Gepard, veículos blindados MRAP, obuses de 155 mm, mísseis de médio alcance IRIS-T, 50 drones marítimos de superfície e outro material de guerra.

Os EUA e os seus aliados da NATO continuam a apostar na escalada do conflito em torno da Ucrânia, sem considerar quaisquer custos, acompanhando as suas ações por declarações sobre a "paz" e negociações, que a Rússia alegadamente «recusa". Não se importam de saber quais os alvos que estarão na mira das armas ocidentais fornecidas à Ucrânia. Compreendem perfeitamente que os civis estão a ser atacados.

Kiev não faz segredo de que os banderites sonham em atacar as regiões interiores da Rússia, as grandes cidades, os centros de transporte e as infraestruturas civis do país. A Ponte da Crimeia pode estar de novo na mira dos neonazis ucranianos, uma vez que o chefe da Departamento Geral de Informações do Ministério da Defesa ucraniano, Kirill Budanov, prometeu recentemente atacá-la até destruí-la completamente. Nenhuma organização não governamental no Ocidente, nenhuma organização internacional que tenha declarado como seu objetivo a proteção dos direitos humanos e dos valores humanitários reagiu a esta manifestação da ideologia misantrópica.

Vemos que o Ocidente silencia as declarações daqueles que se opõem ao fornecimento maciço de armas à Ucrânia. O tom é dado pelo regime de Vladimir Zelensky, cujos representantes não se envergonham de ameaçar diretamente os norte-americanos que se opõem ao apoio financeiro ao regime de Kiev, publicando os seus dados pessoais no escandalosamente famoso sítio Web "Peacemaker" (colocamos o seu nome entre as aspas porque não corresponde ao conteúdo do recurso) e rotulando-os de "inimigos da Ucrânia". Os banderites consideram-nos criminosos e condenam-nos. Já apareceram publicações pertinentes nos meios de comunicação social, mas ninguém na Europa e no estrangeiro se preocupa com o assunto. Para eles, os direitos humanos são apenas um instrumento político para pressionar outros países.

Na semana passada, Vladimir Zelensky fez outra viagem à América do Norte, a pretexto de participar na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. No entanto, a impressão que se teve foi a de que ele veio para prestar contas aos seus chefes. As esperanças dos visitantes ucranianos de obter novas injeções de dinheiro e fornecimentos garantidos de armas modernas, na quantidade que lhes foi aparentemente prometida na altura, não se concretizaram. Os EUA limitaram-se a disponibilizar um "pacote" relativamente pequeno de ajuda militar. No entanto, as suas despesas serão mais do que compensadas pelos enormes benefícios económicos tirados pelos EUA do conflito na Ucrânia.

Uma breve visita ao Canadá foi um prémio de consolação para Vladimir Zelensky. Ali ele arrancou os aplausos. No entanto, mais tarde, aqueles que bateram palmas tiveram de lavar as mãos. Durante o seu discurso no parlamento do país, Vladimir Zelensky, os deputados canadianos e o corpo diplomático (refiro-me ao da NATO) aplaudiram o ex-carrasco nazi da infame divisão SS "Galizien". Ao contrário de todos episódios anteriores, este teve efeito de uma bomba, repercutindo até no Ocidente. Esta união de antigos e atuais apoiantes da ideologia nazi confirma, mais uma vez, a natureza neonazi do regime de Kiev. Mais adiante abordarei mais detalhadamente este assunto.

No dia 30 de setembro corrente, celebraremos o primeiro aniversário da adesão das novas entidades federadas à Rússia: as Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk e as Regiões de Zaporojie e de Kherson, cujas populações exerceram o seu direito legal à autodeterminação, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, o Pacto Internacional sobre os Direitos Humanos de 1966, a Ata Final de Helsínquia da CSCE de 1975, bem como o parecer do Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas sobre o Kosovo, de 22 de julho de 2010, que confirmou que, se uma parte de um Estado se proclama unilateralmente independente, ela não viola nenhuma norma do direito internacional.

Os resultados dos referendos realizados entre os dias 23 e 27 de setembro de 2022 falam por si: os habitantes do Donbass, Kherson e Zaporojie não quiseram regressar à vida que lhes havia sido preparada pelo regime neonazi de Kiev. Defenderam o seu direito de falar russo e de respeitar a história e a cultura dos seus antepassados, tendo feito uma escolha consciente e livre a favor da adesão à Rússia.

O Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, propôs que o dia 30 de setembro seja celebrado anualmente como Dia da Reunificação da Federação da Rússia com as novas regiões, tendo apresentado à Duma os projetos de emendas pertinentes à Lei "Dos Dias de Glória Militar e Datas Comemorativas da Rússia".

As Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk, assim como as Regiões de Zaporojie e de Kherson são parte integrante do nosso país, que deve ser completamente libertada das forças armadas da Ucrânia.

É muito simbólico que o dia 30 de setembro marque outra data importante - o 80º aniversário do fim da operação estratégica ofensiva de Chernihiv-Poltava realizada pelas tropas soviéticas imediatamente após a batalha de Kursk e que constituiu a primeira fase da batalha pelo Dniepre. Envolveu as tropas de três frentes:  a Frente Central (comandada por Konstantin Rokossovsky), a Frente de Voronezh (comandada por Nikolai Vatutin) e a Frente das Estepes (comandada por Ivan Konev). As tropas soviéticas enfrentaram 700 mil efetivos dos exércitos alemães dos grupos "Centro" e "Sul".

Pressionadas pelo exército soviético, os tropas alemães passaram, a 15 de setembro de 1943, para o outro lado do rio Dniepre, a fim de impedir o avanço das nossas tropas. Os acontecimentos subsequentes são frequentemente referidos na literatura histórica como a "fuga para o outro lado do Dniepre". No entanto, a fuga não salvou as tropas nazis. Entre os dias 21 e 25 de setembro, as unidades avançadas das três frentes soviéticas chegaram ao Dniepre, atravessaram-no para criar cabeças-de-ponte para a ofensiva. A 23 de setembro, o inimigo foi expulso da cidade de Poltava e, a 29 de setembro, de Kremenchug. A operação bem-sucedida aproximou a derrota da Wehrmacht nos arredores de Kiev e a libertação da cidade. Os atuais seguidores de Bandera e Shukhevych em Kiev e os seus patrões ocidentais não devem esquecer estes acontecimentos.

Por muito que o Ocidente se esforce por fornecer armas ao regime de Kiev, por muito que silencie os seus crimes hediondos numa tentativa de prejudicar a Rússia, os seus esforços não darão resultado. Todos os objetivos da operação militar especial serão atingidos, como afirmaram os dirigentes russos.

 

Sobre o relatório da Comissão Internacional de Inquérito sobre a Ucrânia

 

A 25 de setembro corrente, a Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Ucrânia apresentou à 54.ª sessão do Conselho dos Direitos do Homem das Nações Unidas o seu relatório periódico sobre os resultados das suas atividades.

As alegações lançadas pelo seu presidente, Erik Møse (Noruega), que não podem ser qualificadas senão como infundadas, contra as autoridades russas e destinadas a desacreditar os militares russos, estão abaixo das críticas.

As conclusões especulativas da Comissão baseiam-se em relatos não fundamentados de indivíduos selecionados aleatoriamente que se apresentam como "vítimas" e "testemunhas oculares" de alegados crimes cometidos pelas forças armadas russas. Recorde-se que insistimos, durante muitos anos, em que os representantes, em particular da Crimeia e do Donbass e das organizações não governamentais que atuavam na região, tivessem a oportunidade de informar, em particular as Nações Unidas, o Conselho de Segurança e outros organismos seus sobre os resultados do seu trabalho. No entanto, tivemos sempre os nossos pedidos negados. Além disso, nós e os representantes destas organizações não governamentais e da sociedade civil recebemos ameaças diretas e fomos incluídos nas listas de morte do sítio web "Peacemaker" (Pacificador) por tentarmos dizer a verdade nas Nações Unidas.

O responsável norueguês não tem nenhumas restrições neste sentido. O algoritmo de "processamento" das informações deixa perguntas em aberto. Não há garantia de que os "depoimentos" obtidos pelo norueguês não sejam o resultado das respostas às perguntas sugestivas formuladas pelos funcionários da ONU.

É caraterístico que a Comissão, bem como outros mecanismos de direitos humanos do sistema das Nações Unidas, ignorem persistentemente os factos de violações maciças e grosseiras dos direitos humanos e das normas do direito humanitário internacional por parte do regime de Kiev, preferindo não reparar nos crimes das forças armadas ucranianas, apesar de existirem muitos documentos oficialmente entregues pelo lado russo. Eles fazem vista grossa ao facto de a Ucrânia possuir unidades armadas dos neonazis ucranianos, aos seus crimes contra a população civil, às tentativas de implantar as ideias nazi na ideologia política e oficial da Ucrânia moderna. Fizeram vista grossa aos abusos e às torturas a que são submetidos os prisioneiros de guerra russos retidos pela Ucrânia.

Isto apesar de estarmos constantemente a entregar ao Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos e a outras estruturas competentes das Nações Unidas os respetivos documentos, incluindo os recolhidos pelo Tribunal Público Internacional para os Crimes dos Neonazis Ucranianos e dos Seus Cúmplices, entre os quais mais de 400 entrevistas em vídeo com vítimas das ações das forças armadas ucranianas.

Assim, o novo relatório da Comissão apenas confirma a natureza tendenciosa, motivada e corrupta das suas atividades, conforme a resolução 49/1 da CDH antirrussa, que criou este mecanismo em março de 2022. Foi por estas razões que a Rússia se recusou imediatamente a cooperar com este organismo.

As provocações semelhantes às encenadas em Bucha foram necessárias para ter um argumento a favor da elaboração de resoluções como as acima citadas e criação de mecanismos como este e para apoiar as suas atividades, citando como argumento os acontecimentos de Bucha como provando o "crime" da Rússia. Mas, afinal, onde estão as listas das pessoas que morreram naquela cidade? Onde estão os seus historiais? Onde estão os seus familiares? Vimos as fotografias e imagens apresentadas pelo lado ucraniano. Nelas havia um grande número de pessoas. O que é que impede, há mais de 18 meses, o regime de Kiev de conceder informações sobre as vítimas de Bucha? O problema é que não houve vítimas em Bucha. O que ali houve foi um espetáculo encenado em conformidade com os padrões elaborados pelos nazis na Segunda Guerra Mundial. Os britânicos e os serviços secretos britânicos conhecem muito bem esta tecnologia.

 

Sobre a homenagem prestada pelo Parlamento canadiano ao ex-soldado nazi ucraniano

 

Esta é a apoteose da imoralidade do Governo canadiano. Não significa que tenha sido ou venha a ser pior, mas é um bom exemplo do que temos vindo a falar há muitos anos.

A homenagem prestada pelo Parlamento canadiano, a 22 de setembro corrente, ao ucraniano Yaroslav Hunko, de 98 anos, ex-soldado voluntário da divisão SS "Galizien", que foi aplaudido pelo Primeiro-ministro, Justin Trudeau, pelo líder e os deputados da Câmara dos Comuns, pelo corpo diplomático ocidental convidado, incluindo, carateristicamente, o embaixador alemão, continua a causar indignação e condenação mesmo entre os aliados mais próximos do Canadá. Isto não era de modo algum esperado pelos liberais no poder no Canadá. Tudo isto os apanhou de surpresa. 

O próprio Justin Trudeau está a tentar desculpar-se dizendo que não tinha conhecimento da iniciativa do Presidente da Câmara. Este último assumiu a responsabilidade e demitiu-se. A equipa do Primeiro-ministro começou a "limpar" a Internet para esconder as imagens comprometedoras. Que gente engraçada.

Não acreditamos que o Primeiro-ministro e o seu vice, H. Freeland, neta do banderite M. Khomyak, não tenha sabido nada. Querem dizer que não sabiam a quem estavam a aplaudir? Como é que eles governam o país, então?

O mais importante é que não só sabiam, como são os ideólogos desta campanha de apoio aos banderites, representantes do Exército Insurreto Ucraniano, da divisão SS "Galizien" e aos seus seguidores. Eles também patrocinam todas essas estruturas na sua forma moderna na Ucrânia, enviam ajuda financeira para lá, fornecem informações e apoio político. Agora dizem que não "sabiam". Eles sabiam o que estavam a fazer, fazendo-o há anos. Só que, desta vez, foram longe demais na sua russofobia, insultando não só a nós, o que fazem regularmente, mas também a memória das vítimas do Holocausto e do terror em massa anti-polaco. Embora eu não perceba por que razão, quando a Ucrânia presta homenagem aos veteranos da divisão SS "Galizien e aos seguidores de Stepan Bandera, a memória das vítimas do Holocausto não é insultada? Ou está é uma questão de geografia? Porque se considera que a memória das vítimas não é insultada quando a Ucrânia permite marchas das tochas com retratos de Stepan Bandera e Roman Shukhevych, homenageia os veteranos do Exército Insurreto Ucraniano, pagando-lhes subsídios, e isso é normal do ponto de vista da lógica ocidental. E se algo semelhante acontece, por exemplo, no Canadá e envolve os dirigentes canadianos, isso não é "muito bom". Qual é o critério? Onde está a norma?

Justin Trudeau e a sua comitiva estão a tentar virar as coisas do avesso, afirmando que o que aconteceu foi o resultado de "propaganda e desinformação russas". Mas terão sido os russos a chamar Yaroslav Hunko e a escrever uma nota biográfica do convidado para Justin Trudeau, para que este pudesse decidir se queria participar neste bacanal nazi? Terá a sido a imprensa russa a fazer, durante anos, no Canadá elogios a Vladimir Zelensky e ao regime de Kiev?

O que é que Justin Trudeau se permite? De que é que ele está a falar? Tudo isso parece tão ridículo e desajeitado que alguns jornalistas no Canadá (que não são nada russófilos) exortam a não negar a realidade e a fazer uma avaliação justa do que o atual governo canadiano está a fazer.

À luz dos vergonhosos elogios a Hunko, que circulam pela Internet, como "herói ucraniano e canadiano", "veterano da Segunda Guerra Mundial que lutou pela independência da Ucrânia em relação aos russos" (assim está escrito em muitos meios de comunicação social) e que agora "inspira" as forças ucranianas, gostaria de lidarmos com os factos bem conhecidos que nos relatam como os carrascos da divisão SS "Galizien" foram recebidos e abrigados no Canadá. Estes factos abundam, inclusive porque os publicámos.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo e a Embaixada russa em Otava informaram repetidamente (1, 2, 3) sobre os crimes desta unidade nazi e sobre como se deslocou ao Canadá após a derrota do Terceiro Reich, sobre o papel dos descendentes dos seguidores de Stepan Bandera, que foram abrigados e, de facto, engordados pelos anglo-saxões. Estes documentos relatam a afirmação do regime ultranacionalista em Kiev.

A 14ª Divisão de Voluntários SS "Galizien" foi formada em 1943 e integrava ultranacionalistas ucranianos do Exército Insurreto Ucraniano, entre outros, que se dedicavam ao extermínio de civis. Era essa a sua missão. Eles exterminavam russos, bielorrussos, ucranianos, polacos e judeus. A unidade entrou diretamente na luta com o Exército Vermelho no verão de 1944, quando a situação dos hitlerianos piorou muito. A divisão "Galizien" foi lançada no campo de batalha perto da cidade de Brody, onde a maior parte da divisão foi cercada. A divisão perdeu entre mortos e feridos cerca de 60% dos efetivos. Os que sobreviveram retiraram-se juntamente com a Wehrmacht e, mais tarde, participaram na repressão das revoltas de Varsóvia e da Eslováquia, lutaram contra a resistência jugoslava em janeiro de 1945. Portanto, a atuação desta unidade, à qual no Canadá são erguidos monumentos e batem palmas, no campo de batalha foi muito breve e vergonhosa. Teve o seu melhor momento quando massacrou civis, o que é comprovado por muitos factos históricos (1,2).

Hoje, o Canadá está na vanguarda dos que, no Ocidente, falsificam a história da Segunda Guerra Mundial. O relatório do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia "Sobre a situação da glorificação do nazismo, a propagação do neonazismo e outras práticas que contribuem para a escalada das formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância conexa", publicado em agosto de 2022, dedica um capítulo inteiro à glorificação dos criminosos nazis no Canadá. Vale a pena lê-lo. Recomendo a Justin Trudeau, que acusa a Rússia de desinformação e diz que tudo o que lhe aconteceu é resultado da propaganda russa, que leia também o nosso relatório, que está disponível no sítio Web do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia há um ano. Que peça a H. Freeland que o imprima para ele. Ele encontrará muitas coisas interessantes sobre este assunto, e, pelo menos, compreenderá de que é que o Governo canadiano está a ser acusado. Embora eu tenha a certeza de que ele sabe, mas finge que não sabe.

A russofobia atingiu uma fase tão clínica que o Canadá está pronto a declarar até as unidades das SS como seus atuais aliados na luta contra a Rússia. Além disso, o Canadá financia e treina os seguidores ideológicos da divisão "Galizien" na Ucrânia. Isto também é um facto. E ninguém o esconde. Os deputados canadianos ovacionaram o carrasco que jurou fidelidade a Hitler e que lutou contra os russos. Não houve um único deputado antifascista na Câmara dos Comuns que abandonasse a sala em protesto contra a traição da sua própria história e da memória de dezenas de milhares de canadianos que morreram na guerra contra o nazismo alemão. Afinal, os deputados conheciam de antemão a agenda do evento.

A conclusão é que a russofobia e o fascismo liberal, que andam de mãos dadas, foram elevados à categoria de ideologia de Estado no Canadá. A homenagem a um nazi, negada retroativamente pelo Primeiro-ministro Justin Trudeau como "propaganda russa", é uma prova disso. O "Ocidente coletivo" demonstra a sua atitude padronizada: se não sabem como e de que acusar alguém, acusem a Rússia, e tudo lhes será perdoado. Isto já não é ridículo. Esta é a tragédia da comunidade ocidental moderna e de todos aqueles que lhe prestam juramento.

É muito sintomático que a russofobia se transmita por herança na elite governante canadiana. A já referida H. Freeland decanta (não se sente envergonhada nem tente dissociar-se) a memória dos seus antepassados "heroicos". Quem era o seu avô? M. Chomiak (como já se escreveu muitas vezes), durante o período de ocupação da Polónia por Hitler, publicava em Cracóvia e depois em Viena o jornal "Krakowskie Vesti". Que jornal era este? Foi tirado ao editor judeu polaco M. Kafner para servir o regime ocupacionista nazi. O que é que fizeram a Kafner quando o jornal lhe foi retirado? Está certo. Ele e os seus familiares foram exterminados no campo de concentração de Bełżec. O jornal passou a servir os nazis porque era supervisionado pelos serviços secretos nazis, como porta-voz da propaganda do Reich. Era o que fazia o avô de H. Freeland, que é atualmente a vice-primeiro-ministro do Governo canadiano. Acreditam que eles não sabiam a quem convidaram para vir ao Parlamento canadiano? Acreditam que foi apenas o Presidente do Parlamento canadiano que "errou o tiro"? Acham que foi um tiro errado? Não, trata-se de uma política deliberada e de longa data do establishment canadiano.

Estou curiosa para saber se algum dos netos, bisnetos daqueles que lutaram contra a máquina de morte de Hitler no Canadá terão alguma coisa a dizer? Alguém vai dizer alguma palavra, escrever um artigo ou falar no Parlamento canadiano? Esta manhã, vi o Parlamento canadiano começar a inventar urgentemente desculpas e a emitir algumas declarações.

Pensam mesmo que vão conseguir encobrir com um papelzinho muitos anos de patrocínio político e financeiro o colaboracionismo com o regime hitleriano? É preciso fazer um grande trabalho sistemático para tirar o púlpito aos colaboracionistas e a todos aqueles que juraram a fidelidade ao nazi-fascismo colocá-lo em posse dos antifascistas. Este trabalho compreende um apoio financeiro e político aos movimentos antifascistas no Canadá, um arrependimento total pelo que fizeram e uma rejeição da ideologia nazi que permeia o establishment canadiano.  

O mais fantástico nesta história é a reação dos EUA, do Reino Unido e da França. Países que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e que só conseguiram os seus lugares porque as suas tropas e soldados arrancaram o mundo ao nazismo, dando a vida. Pelo menos, uma palavra, uma frase ou um pequeno comentário nas redes sociais.

Sabem o que disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA? Disse que não tinha conhecimento do facto e que estava de trabalho na Assembleia Geral da ONU. Acreditam nisso? Não. Porque a Assembleia Geral está a decorrer no território dos EUA, na cidade de Nova Iorque, onde os jornais, os sites e as televisões transmitem em inglês. Além disso, a Internet funciona bem dentro da sede. Acreditam que o Departamento de Estado dos EUA não se terá apercebido deste facto? Afinal de contas, o Canadá é o aliado e vizinho mais próximo dos EUA? Acreditam que os norte-americanos não se aperceberam do que se passava diante do seu nariz, metendo o nariz na vida de países que estão a milhares de quilómetros de distância dos EUA, que não são seus aliados, não partilham alianças militares com os EUA nem querem ter nada a ver com os EUA, que se intrometem constantemente nos seus assuntos e na sua política interna, acusando-os constantemente de violações dos direitos humanos? E o Canadá? É aqui ao lado. Tudo lá está em inglês, pelo que não precisa de ser traduzido. No final de contas, não importa em que língua o discurso foi proferido. O problema é que o Parlamento ovacionou um nazi.

Não ouviremos nenhumas declarações de Downing Street, da Casa Branca ou dos Campos Elísios a este respeito porque não se trata de banir os jornalistas russos, mas do Parlamento canadiano para onde veio um nazi. Para eles, é uma coisa "sagrada".

É um escândalo que a comunidade ocidental e os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU não tenham reagido de forma alguma a este facto gritante de apoio ao neonazismo. É uma vergonha que as grandes potências se tenham recusado a condenar oficialmente o facto de prestação de homenagem a um veterano da divisão SS "Galizien", é uma traição à memória dos soldados norte-americanos, franceses e britânicos que deram a vida na luta contra o nazismo e é especialmente cínico numa altura em que a administração dos EUA dispensa tanta atenção aos direitos humanos e à luta contra o antissemitismo, mas só quando isso lhe rende uma vantagem e lhes é necessário. Depois vira-se a página e esquece-se. Não imaginam quantas declarações foram feitas sobre o Holocausto, quantos eventos foram realizados e quanto dinheiro foi gasto. Até se aprovam leis para impedir as tentativas de negar o Holocausto e processá-las judicialmente. Este é um facto que passou por eles despercebido e não foi por eles comentado.

Esta seletividade nas avaliações demonstra, mais uma vez, que o Canadá assume uma atitude cínica e sistémica para com a organização de tais eventos. Não há dúvida de que este país (que está a correr à frente dos EUA) continuará a apoiar os neonazis em Kiev. É tempo de o Centro de Amigos Simon Wiesenthal e outros guardiães da memória das vítimas da Segunda Guerra Mundial (como eles dizem, as vítimas do Holocausto) se aperceberem: primeiro eles, os nazis, vieram buscar os russos, depois virão buscar-vos a vós. Pensam que estão protegidos? Não, claro que não.

Gostaria de salientar que o flerte de Otava com os nazis e as sistemáticas invetivas hostis não ficarão sem consequências. As consequências desta situação não se limitarão a protestos, mas terão inevitavelmente um impacto nas relações russo-canadianas, que atravessam uma gravíssima crise devido à posição de Otava.

Consideramos o Canadá como país extremamente hostil, cujas autoridades se mancharam de cumplicidade com o nazismo ao traírem a sua própria história, pelo que elaboraremos a nossa política para esse país de modo conforme.

 

Sobre os 195 anos das relações diplomáticas entre a Rússia e o Brasil

 

O dia 3 de outubro marca os 195 anos das relações diplomáticas entre a Rússia e o Brasil. Por esta ocasião, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, em cooperação com a Embaixada do Brasil em Moscovo, planeou uma série de eventos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia acolherá uma exposição de documentos de arquivo e fotografias dedicadas à história das relações bilaterais, que teve início com o decreto, de 3 de outubro de 1828, que nomeou Franz Borel como primeiro embaixador russo no Brasil. A abertura da exposição (a data será anunciada posteriormente) contará com a presença do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, dos chefes das missões diplomáticas dos países latino-americanos e dos países membros do BRICS acreditados na capital russa, de representantes dos círculos sociopolíticos, científicos, académicos e empresariais nacionais e dos meios de comunicação social.

No âmbito da celebração do 195.º aniversário das nossas relações diplomáticas, os Ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países trocarão mensagens e estão previstos eventos nas missões russas no Brasil e na missão diplomática brasileira em Moscovo. A revista The International Affairs publicará um artigo de Serguei Lavrov sobre a história e o estado atual das relações russo-brasileiras.

Atualmente, os nossos dois países estão ligados por relações de parceria estratégica. O Brasil é o parceiro mais importante da Rússia na América Latina e nas Caraíbas e no mundo em geral. Os nossos dois países mantêm um intenso diálogo político, expandindo a cooperação nas áreas comercial e económica, científica e técnica, cultural e humanitária, e a interação construtiva nos principais fóruns internacionais, em primeiro lugar, na ONU, nos BRICS e no G20.

 

Resumo da sessão de perguntas e respostas:

Pergunta: O que pensa da recusa das autoridades norte-americanas em convidar a Rússia para a cimeira da APEC?

Maria Zakharova: Conhecemos a decisão de Washington. Enquadra-se perfeitamente no comportamento dos EUA, que habitualmente abusam das suas obrigações internacionais enquanto país anfitrião.

Basta recordar que esta prática perniciosa se verifica há muitos anos nas Nações Unidas, onde a parte norte-americana viola descarada e sistematicamente o Acordo de Sede de 1947, recusando-se a emitir vistos a representantes oficiais da Rússia e de outros países. Durante a semana de Alto Nível da 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, recentemente concluída, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Serguei Lavrov, foi forçado, uma vez mais, a apelar ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, para que lançasse um processo de arbitragem contra os EUA sobre este assunto, o mais rapidamente possível. Entristece ver que a direção do Secretariado se está a esquivar de dar este passo que há muito está na ordem do dia, encorajando assim ações irresponsáveis por parte dos norte-americanos. Este é apenas um exemplo que nos dá motivo para recordar que os EUA têm assumido esta atitude para com muitos países.

Quanto à APEC. Não somos as únicas economias do fórum a enfrentar este problema. O confronto fomentado pelos norte-americanos, como todos nós podemos ver, não se limita à Rússia. Os EUA acreditam no seu excecionalismo, arvoram-se em árbitro internacional e utilizam a linguagem dos ultimatos nos contactos com os mais diversos parceiros internacionais. Agora estão a "exercitar-se" na APEC.

O que é que vamos fazer? Continuaremos a insistir em que os EUA cumpram plenamente as suas obrigações como país presidente da APEC. Estamos convictos de que é extremamente importante manter a APEC como fórum construtivo para um diálogo inclusivo, que não pode ser usurpado por um país para satisfazer os seus interesses egoístas. Trabalharemos em estreita colaboração com outros parceiros que partilham a nossa posição, incentivando os nossos colegas a protestar mais ativamente contra a política norte-americana prejudicial. Divulgaremos a nossa reação à medida que os acontecimentos se forem desenrolando.

Pergunta: Tem alguma informação sobre a entrada de novas armas ocidentais de alta tecnologia na Ucrânia nos últimos dias ou semanas? Há quem diga que alguns dos novos mísseis foram utilizados contra a Crimeia? Em caso afirmativo, a Rússia irá impor sanções aos países fornecedores? Poderia também comentar a declaração do Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, de que o primeiro lote de tanques Abrams norte-americanos já chegou à Ucrânia?

Maria Zakharova: Já comentei parcialmente este assunto. Posso acrescentar que, de acordo com as informações disponíveis, os EUA e os seus aliados da NATO já enviaram para a Ucrânia um número limitado de tanques Abrams em versões antigas, provenientes dos armazéns norte-americanos, como parte de nova ajuda militar. Para alguns peritos, isto não irá alterar a situação na zona de contacto entre as forças armadas da Federação da Rússia e as forças do regime de Kiev.

No que se refere aos recentes ataques com mísseis à península da Crimeia e ao Estado-Maior da Frota do Mar Negro, em Sevastopol, foram utilizados mísseis ar-terra britânico-franceses Storm Shadow fornecidos por Londres. Os mísseis foram lançados pelos aviões MiG-29 e Su-24 da aviação tática ucraniana, convertidos para o efeito.


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